O dragão como símbolo de Roma pagã

O poder simbolizado pelo dragão em Apocalipse 13:2 é previamente identificado no capítulo 12. No verso 1, João descreve uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça.

Já observamos que mulher em profecia simboliza igreja.

Uma mulher impura representa uma igreja corrupta ou apóstata, como em Ezequiel 23:2-4 (que descreve a igreja judaica em seu estado de apostasia), e Apocalipse 17:1-5, 15 e 18 (que descreve a Igreja de Roma e suas associadas).

Uma mulher virtuosa representa, por outro lado, uma igreja moral e espiritualmente pura, como no texto em consideração.

Considerando as características singulares dessa mulher, somente um período da história da igreja pode estar aqui representado, e este se refere, sem dúvida, ao início da dispensação cristã.

A luz do sol é um símbolo apropriado da glória e da justiça de Cristo, tal como reveladas no evangelho; a lua sob os pés representa o firme fundamento da fé nas promessas de Deus, sobre as quais a igreja descansa (Salmo 89:34-37); as doze estrelas na coroa são uma alusão aos doze apóstolos, os quais nosso Salvador escolheu para representar a continuidade das doze tribos de Israel na organização da igreja.

Em seguida, João descreve um grande dragão vermelho com sete cabeças e dez chifres, e sobre as cabeças sete diademas (Apocalipse 12:3).

O dragão se põe diante da mulher que estava para dar à luz a fim de lhe devorar o filho quando nascesse (verso 4).

O filho é descrito no verso seguinte como sendo “um varão que há de reger as nações com vara de ferro” e que “foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. Estas declarações se aplicam, sem dúvida, a nosso Senhor Jesus Cristo (Salmo 2:6-9; Efésios 1:20-21; Hebreus 1:3-4; 8:1; Apocalipse 3:21).

O dragão simboliza, em última instância, a “antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás” (verso 9), mas foi por intermédio de Roma pagã que o inimigo de Deus procurou “devorar” Jesus assim que Ele nasceu. Herodes, governador romano, foi quem investiu contra a vida de nosso Salvador por ocasião de Seu nascimento em Belém (Mateus 2:1-16). Roma era então o poder dominante (Lucas 2:1).

“Não é sem razão”, escreveu Uriah Smith, “que Roma pagã seja considerada entre os comentaristas protestantes como o poder simbolizado pelo grande dragão vermelho. E por ser isso um fato, é digno de nota que durante o segundo, terceiro, quarto e quinto séculos da era cristã, o dragão tenha sido, ao lado da águia, o principal estandarte das legiões romanas, e que fosse pintado de vermelho” (Uriah Smith, The United States in the Light of Prophecy, 1874).

E não é de admirar que, tendo recebido do dragão – Roma pagã – seu poder, trono e grande autoridade (Apocalipse 13:2), o papado tenha preservado também o símbolo que um dia representou a força de seu maior benfeitor.

Estátua de Gregório XIII, do escultor italiano do séc. XVI, Pietro Paolo Olivieri.
Ao lado da figura do papa vemos um dragão (Imagem: Roberto Piperno).

 

Brasão de Gregório XIII na Sala dos Mapas no Palácio do Vaticano (Imagem: Roberto Piperno).

 

À esquerda, detalhe do brasão de Gregório XIII na Cappella Gregoriana.
À direita, detalhe do símbolo heráldico no monumento a Gregório, de 1723,
do escultor italiano, Camillo Rusconi (Imagem: Roberto Piperno).

 

 

Para mais informações, clique aqui.

[Esta página foi revisada em 31 de agosto de 2019]

 

Fonte: Blog Três Mensagens

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