O remanescente de Deus e Babilônia

Por suas características, a Babilônia do tempo do fim é também um fenômeno de dimensões institucionais.

Como saber, porém, que tipo de instituição faz parte desta Babilônia moderna? Seriam todas as atuais corporações religiosas emanações desse poder que desafia a autoridade de Deus?

Para responder a essas questões, parece razoável identificar primeiro a instituição de Deus, ou seja, Sua igreja – o Israel espiritual remanescente que vive em função de um concerto vivo e de uma relação viva com Deus.

Que igreja é esta? Encontra-se revelada nas Escrituras? Pertencem todas as denominações religiosas a esta única igreja verdadeira? É possível haver uma falsificação, isto é, a possibilidade de uma igreja aliar-se às forças que se opõem à verdade de Deus, ao mesmo tempo em que professa ensiná-la e proclamá-la? Que significa ser um discípulo de Jesus?

Essas são, naturalmente, perguntas decisivas quando se pensa que a salvação do homem está em jogo.

A igreja remanescente de Cristo (1)

Não há dúvida de que Deus tem Seus filhos em cada corporação religiosa; um sem-número de almas sinceras e dedicadas que, embora transviadas por falsos pastores, procuram viver de acordo com a luz recebida, e as quais nosso bendito Salvador deseja conduzir à verdade:

Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. (João 10:16)

É um triste fato que muitas igrejas desenvolveram um conceito errado do que é realmente ser cristão, do que significa ser um verdadeiro discípulo de Jesus.

A igreja verdadeira tem a responsabilidade moral de esclarecer e orientar seus membros quanto ao significado do verdadeiro discipulado. Igrejas que conduzem pessoas com base em doutrinas e práticas humanas não podem satisfazer essa necessidade honestamente.

A igreja verdadeira começa com Cristo (Mateus 16:16-18; Atos 4:11; Colossenses 1:18). Este é o princípio fundamental que deve guiar todo crente. Nosso Redentor não está pedindo um relacionamento baseado em barganha, nem solicitando uma conduta moral respeitável.

A questão toda está no comprometimento com Cristo e para com a verdade revelada por Deus através de Sua Palavra, e se uma igreja não satisfaz essa condição não pode ser considerada uma igreja verdadeira.

Jesus prometeu manter Sua igreja unida na verdade por meio da obra do Espírito Santo. Ele diz:

Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João 14:26)

Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. (João 16:13)

Uma igreja, seja ela qual for, não pode ser considerada como tal se não cumpre o propósito de Deus de ser digna de tão grande vocação: anunciar ao mundo a revelação de Seu caráter e Sua vontade por intermédio do Espírito Santo.

A igreja precisa depositar sua confiança em Deus e orar sempre e fervorosamente: “faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10), e, então, unir-se pela fé ao Espírito Santo em seus esforços para tornar possível o cumprimento dessa oração, buscando as Escrituras como a um tesouro escondido, a fim de descobrir a vontade de Deus quanto à doutrina, à fé, à moralidade e o viver cristão.

Esse é o grande princípio que distingue entre a verdade e o erro, e se uma igreja falha neste ponto nega a fé que uma vez foi entregue aos santos.

A responsabilidade de conhecer a verdade

Infelizmente, Satanás tem sido bem sucedido em afastar as igrejas da verdade bíblica. Com frequência assustadora, os homens têm lançado a verdade de Deus por terra ao exaltar suas próprias tradições.

O célebre evangelista Leonard Ravenhill, citando Colton, escreveu:

A verdade pura, assim como o ouro puro, tem sido considerada inadequada para circular porque os homens têm descoberto que é muito mais conveniente adulterar a verdade do que se reeducarem. Eles não evoluirão a mente em direção ao padrão, por isso reduzem o padrão para adequá-lo à mente. (2)

Jesus Cristo repreendeu severamente essa conduta ao declarar:

Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens… Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. (Marcos 7:7-9)

Diante disso, surgem importantes questões: Minha igreja é um guia seguro em matéria de fé e doutrina? Ela realmente confessa e vive cada aspecto da verdade de Cristo segundo revelada nas Escrituras?

São perguntas que devem levar cristãos sinceros e de mente aberta a testar a consistência e a validade de suas crenças, usando como único critério a infalível norma da verdade.

Uma igreja pode se afastar de tal modo dos ensinos bíblicos que os seus próprios ritos, cultos e declarações formais sejam um disfarce convincente para sua apostasia. Ritos e formalidades geralmente afetam os sentidos, ao passo que as verdades bíblicas apelam às faculdades superiores da mente.

A tendência que infelizmente tem prevalecido é a de interpretar as Escrituras segundo a prática denominacional estabelecida, ao invés de julgar a prática pelo que a Bíblia ensina. Eis por que cada igreja necessita avaliar-se continuamente pela norma da verdade, a qual “não pode falhar” (João 10:35).

Por sua própria autoridade e juízo, nenhuma igreja é capaz de decidir quem está certo ou errado. Só Deus possui essa prerrogativa, e apenas Sua Palavra pode revelar a verdade e distingui-la do erro.

Qualquer igreja que deliberadamente negligencia ou rejeita alguma parte da Palavra de Deus se expõe ao terrível perigo da apostasia.

Portanto, cada ministro, cada membro leigo tem diante de si uma responsabilidade pessoal diante de Deus, não importando a que igreja pertença: Desejo realmente conhecer a verdade? Estou de fato disposto a obedecer à verdade conforme revelada na Palavra de Deus?

Tudo o que precisamos saber em matéria de fé e doutrina Deus revelou em Sua Palavra de maneira suficientemente clara para que possamos compreender a verdade e decidir aplicá-la em nossa própria vida (Deuteronômio 30:11-14).

Treva alguma é densa o bastante que não possa ser dissipada pela luz que emana das Sagradas Escrituras (Salmo 119:105). Todos têm o privilégio e o dever de examiná-la, aprender sua mensagem e guiar outros no caminho da verdade.

É lamentável que a maioria procure apaziguar sua consciência unindo-se a alguma igreja simplesmente para evitar escolher a verdade por si mesmo diante de Deus.

Ninguém que receba a plena luz da verdade encontrada em Cristo e em Sua Palavra pode permitir-se vê-la e recusá-la só porque contraria sua disposição egoísta ou porque não deseja discordar da igreja da qual é membro.

Só o remanescente fiel tem permanecido em Jesus, e só esta igreja conduzirá continuamente seus seguidores na luz de Deus, a qual “brilha mais e mais, até ser dia perfeito” (Provérbios 4:18).

A igreja não é produto da imaginação humana, mas da vontade divina. Foi o próprio Deus que a concebeu e, mediante a presença de Seu Espírito, a tem conduzido a toda a verdade.

Essa é a única igreja digna de confiança – uma igreja provada pela Palavra de Deus e pelo Cristo vivo e não achada em falta. Se uma igreja não atende a esse requisito não pode ser considerada verdadeira.

Quando a igreja cresce continuamente em fé, amor e completa lealdade a Deus, proclamando e cumprindo a Sua vontade, há poder em seu meio, e “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).

Cristo, a doutrina e a igreja remanescente

O maior perigo para a igreja hoje é desprezar a sã doutrina revelada na Palavra de Deus.

Por isso, as Escrituras salientam a importância de permanecer na boa doutrina:

Porque vos dou boa doutrina; não deixeis o meu ensino. (Provérbios 4:2)

Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. (I Timóteo 4:6)

Apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. (Tito 1:9)

Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. (Tito 2:1)

A Bíblia apresenta a sã doutrina ou a boa doutrina em contraste com as “doutrinas de homens” (Mateus 15:9) e os “ensinos de demônios” (I Timóteo 4:1). Esta distinção é da maior importância e não deve ser menosprezada.

Sem a sã doutrina, não há meios de saber o que é a verdade. Neste caso, corre-se o grave risco de reduzir a experiência cristã à religião do “siga o que o seu coração diz”, e tomar o falso por verdadeiro. Considere os seguintes exemplos:

1. Daniel 7:25 se refere a um poder apóstata que cuidaria “em mudar os tempos e a lei”. Como poderíamos saber a que lei obedecer senão pela Palavra de Deus?

2. Apocalipse 13:14-17, 14:8 e 18:2-4 diz que “a grande Babilônia” faria todas as nações beberem “do vinho da fúria da sua prostituição” (símbolo das falsas doutrinas) e seduziria o mundo a adorar a besta e a sua imagem e receber o seu sinal. Como distinguir entre as verdadeiras e as falsas doutrinas, entre o sinal de Deus e o sinal da besta, exceto pelas Escrituras?

3. Em Mateus 24:24 Jesus diz: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grande sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos”. Como poderemos estar seguros de que não seremos também enganados?

Evidentemente, não podemos confiar em nossos sentidos para aferir a verdade. Nosso único recurso deve ser a Palavra de Deus (Isaías 8:20; Mateus 4:1-11).

Igrejas e indivíduos têm o dever de buscar a verdade, a sã doutrina, e apegar-se completamente a ela. Devem viver segundo o “assim diz o Senhor”.

Curas, milagres, religião emocional, impressões e sentimentos pessoais não são meios seguros para determinar a verdade, pois Satanás e seus associados também podem servir-se desses meios para seduzir e enganar (Mateus 7:15-23; 24:24; II Coríntios 11:13-15; Jeremias 17:9).

A igreja que se julga seguidora de Cristo deve exercer sua função como instrutora da boa doutrina por preceito e exemplo, e guiar seus membros nesse caminho. Diante da indiferença e até mesmo oposição à doutrina manifestada pela religiosidade pós-moderna, este é, sem dúvida, um grande desafio.

Com frequência, a doutrina é associada ao declínio da religião, à apatia de seus membros e à perda da experiência cristã. Diz-se que o essencial é Jesus Cristo, e apela-se para um retorno a Ele.

Nenhum cristão duvida disso. Cristo é a cabeça da igreja (Colossenses 1:18), o firme fundamento de nossa fé (Isaías 28:16; I Pedro 2:4-6), e igreja alguma pode ser considerada cristã se não centraliza sua doutrina e sua vida em Jesus.

No entanto, o clamor por uma volta a Cristo pode ser completamente enganoso, especialmente quando usado para rebaixar as normas e os ensinos bíblicos. (3)

Há uma forte tendência em colocar doutrina e experiência cristã em oposição mútua, seja favorecendo o conteúdo racional da Bíblia em detrimento das verdades vivas, seja buscando uma experiência religiosa não fundamentada nos fatos racionais da Palavra de Deus. Doutrina e fé devem sempre andar juntas.

Lembre-se do exemplo de Cristo.

Ao ver as multidões, compadecia-se delas, “porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9:36). Por isso, Ele não somente supria suas necessidades físicas e emocionais, mas também as espirituais, ao nutrir-lhes a mente com as preciosas verdades da Palavra de Deus (Mateus 9:35; Lucas 13:22).

A Bíblia era o grande tema de Seus ensinos. Lembrou Seus ouvintes da importância de examinar as Escrituras (João 5:39), e os encorajou a provarem sua experiência religiosa mediante o conhecimento da doutrina (João 7:17). Antes de Sua ascensão, Ele ordenou aos discípulos que seguissem Seu exemplo (Mateus 28:19-20).

A conduta de Cristo demonstra que a verdade não depende da experiência humana para ter valor, mas do que Deus revelou em Sua Palavra. Isso significa que unicamente a verdade revelada de Deus é suficiente para desenvolver uma experiência cristã em harmonia com os desígnios divinos.

Conversão e salvação não se resumem, com efeito, à simples aceitação do evangelho pela fé, por mais importante que seja esta etapa da vida cristã.

A experiência da salvação abrange um crescimento constante “no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 3:18) – crescimento que requer do crente o pleno exercício de suas faculdades espirituais para que possa compreender, apreciar e praticar a vontade de Deus.

A genuína fé em Jesus pressupõe, portanto, uma percepção racional dos fatos fundamentais e dos princípios essenciais do plano da salvação.

Sem um entendimento adequado das grandes verdades do evangelho, não pode haver vida religiosa plena. De outro modo, “como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Romanos 10:14).

Evidentemente, a doutrina sobre Cristo não é Cristo. A doutrina da salvação não é o mesmo que experimentar a salvação.

Contudo, a doutrina bíblica comprovará se a experiência de salvação é legítima ou não.

O homem não foi deixado à mercê de seus sentimentos e impressões para encontrar a verdade.

O Espírito Santo convence do pecado, da justiça e do juízo, e conduz a toda a verdade, tornando genuína e significativa a experiência com Cristo (João 16:8, 13). Ele é o firme fundamento tanto da doutrina como da vida cristã (I Coríntios 3:11-13).

Obediência: sinal distintivo do remanescente final

Uma religião que não conduza o homem de volta à harmonia com a lei de Deus fatalmente se opõe ao Seu governo.

A verdadeira igreja provará ser o povo de Deus por obedecer aos Seus mandamentos e por seu testemunho vivo em favor de Jesus Cristo.

A disposição de seus membros em compreender e obedecer à verdade de Deus se tornará manifesta na proporção em que a virtude do dom da salvação em Cristo for recebida pela fé.

A religião da igreja remanescente insiste, portanto, em uma justa relação entre fé, amor e obediência. A fé e o amor a Cristo colocam a vida e a mente em harmonia com a vontade de Deus.

Não se trata de salvação com base em obediência meritória, pois só Cristo salva.

A salvação, porém, é do pecado para o cumprimento da justiça da lei aos que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito (Romanos 8:4). Trata-se de salvação do pecado para a santidade, da desobediência para a obediência, envolvendo a totalidade do homem, sua vida e suas relações pessoais.

Em meio à degradação moral de hoje, fidelidade a Cristo e aos Seus preceitos constitui nossa única salvaguarda.

As palavras de nosso Redentor proferidas na grande comissão instruem os verdadeiros embaixadores de Cristo a formarem discípulos “ensinando-os a guardar todas as coisas” que Ele ordenou (Mateus 28:20).

Nada deve omitir-se, visto que os ensinos de Cristo não têm prazo de validade. Nenhuma tradição ou exigência que proceda dos homens possui valor diante de Deus. Qualquer ensino que não tenha a autoridade de Cristo não deve ter lugar na igreja cristã.

É de grande significação, pois, que o remanescente final deva distinguir-se por sua perseverante fidelidade e obediência a Deus:

Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. (Apocalipse 14:12)

A perseverança ou resistência dos santos resulta de sua lealdade a Deus pela fé em Jesus.

Ao tempo em que Babilônia tem dado a beber a todas as nações de seu vinho espúrio, o remanescente fiel se mantém perseverante até o fim na fé em Jesus e na observância de Seus mandamentos, mantendo-se íntegro na presença do Senhor.

Os santos se negam a cumprir as exigências de Babilônia porque “guardam os mandamentos de Deus” pelos méritos de Cristo.

Juntamente com a adoração, este é o foco da grande controvérsia nos últimos dias, e a pedra de toque da lealdade será a observância do quarto mandamento, que ordena o repouso no sétimo dia.

Guardar a lei de Deus e a fé em Jesus é uma única experiência na vida da igreja remanescente. Para ela, é impossível professar fé em Jesus sem obedecer aos Seus preceitos, assim como não é possível observá-los sem manter a fé em Jesus.

Por Sua graça, a igreja verdadeira une novamente a lei e o evangelho.

A maioria das igrejas cristãs divorciou a lei do evangelho. Muitas argumentam que Cristo aboliu a antiga lei e que hoje vivemos sob a nova lei da graça. (4)

No que tange ao sábado, sustentam estas igrejas que o princípio ou a qualidade do repouso prescrito no quarto mandamento constitui uma obrigação moral, mas que o descanso no sétimo dia é de natureza típica ou cerimonial e, consequentemente, de caráter transitório, desobrigando, assim, os cristãos de observá-lo.

Roma papal foi além, e introduziu uma modificação na lei divina.

Recorrendo à opinião de Agostinho, “separou as últimas cláusulas [dos Dez Mandamentos] em dois preceitos distintos, e incluiu em um só preceito as palavras” do segundo mandamento [que na verdade foi omitido], para conservar o número de dez preceitos.

E, embora “a Sagrada Escritura” ordene “muitas vezes a celebração e santificação do sábado”, a “Igreja de Deus achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração” daquele dia. (5)

Uma vez que estas e outras posições doutrinárias semelhantes são biblicamente indefensáveis, as corporações religiosas que se identificam com a moderna Babilônia tendem a buscar em suas próprias tradições a razão para suas crenças e práticas, a ponto de granjearem o apoio e o reconhecimento do poder civil.

No entanto, qualquer igreja que se afaste das grandes verdades da Bíblia ou negligencie suas doutrinas em favor de conjecturas humanas pode satisfazer as necessidades reais de seus membros.

Pelo contrário, a Bíblia e a história testificam com notável clareza sobre as consequências nefastas de se pôr de lado a lei de Deus em prol de empreendimentos puramente humanos.

Babilônia: um movimento que conduz o mundo à ilegalidade

Babilônia representa um movimento religioso que enaltece as leis e tradições humanas; uma revolução radical que anula a lei de Deus e, consequentemente, conduz o mundo em direção à ilegalidade e à rejeição de toda a restrição moral.

Uma qualidade essencial observada na igreja remanescente é a demonstração de uma fé caracterizada pelo comprometimento com Cristo e Sua Palavra.

Ao pretender invalidar a lei de Deus, Babilônia escolhe ser desobediente, insubordinando-se à ordem divina.

Como Heppenstall observa, a consequência é que os homens não sentem mais o devido respeito para com as leis nem inclinação para obedecê-las, sejam estas as leis de Deus ou as leis feitas pelo próprio homem.

Há mais de um século e meio a obra de julgamento conduzida por Cristo no santuário celestial tem prosseguido. Estamos agora no limiar do reino eterno de Deus, um tempo em que a igreja remanescente, cheia do Espírito Santo, deverá levar ao mundo o último apelo divino.

Justamente nesta hora probante, devem os homens voltar-se para Cristo com humildade, confiança e esperança, em busca de uma sentença favorável.

Ao mesmo tempo, a derradeira mensagem de Deus adverte cada homem sobre uma apostasia mundial que afeta a segurança de toda a humanidade ao solapar as verdades fundamentais de Deus tão claramente expressas em Sua Palavra.

Em lugar de uma revolução sem lei, que ameaça os próprios fundamentos da vida, Deus propõe uma reforma espiritual cujo sucesso depende de o homem render-se à influência do Espírito Santo (João 16:8 e 13).

A justiça de Deus é a garantia de segurança e felicidade para todo o universo. Por meio de um cristianismo nominal representado pela figura de Babilônia, Satanás está procurando neutralizar a justiça de Deus.

Sua justiça, porém, será eternamente confirmada e exaltada, enquanto que a iniquidade será efetivamente exposta e destruída.

Esta é a mensagem que iluminará a Terra com a glória de Deus (Apocalipse 18:1-4), testificando a toda criatura que o mundo não pertence a Satanás, mas a Cristo, que pagou o preço da redenção por todos nós.

Notas e referências

1. Os parágrafos seguintes foram baseados marcadamente no livro de Edward Heppenstall, 

Nosso Sumo Sacerdote

 (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1972), capítulo 

“A Igreja Remanescente de Deus”

.

2. Leonard Ravenhill. Oração de Avivamento. Belo Horizonte: Editora Motivar, 2009, p. 180.

3. Um exemplo nesse sentido ocorreu há algum tempo, em um programa religioso transmitido pela TV, no qual o apresentador, que se autoproclama apóstolo, referiu-se desdenhosamente às igrejas que ainda valorizam o estudo do Apocalipse, argumentando que tudo o que precisamos saber está em João 3:36. Isso é verdade. Porém o apresentador usou o texto para diminuir outras verdades igualmente significativas, que não se harmonizam com o seu modo particular de ver o evangelho.

4. Sustentar que as leis cerimoniosas foram abolidas por Cristo na cruz é tão falso quando afirmar o mesmo em relação à lei moral. As ordenanças que prefiguravam as diferentes fases do plano divino de redenção – o sacrifício expiatório de Cristo, Seu ministério sacerdotal no Céu e o juízo – foram e estão sendo cumpridas pelo Salvador. Assim, não há aqui a ideia de ruptura, mas de continuidade do tipo para o antítipo, da sombra para a substância, abrangendo passado, presente e futuro. Essa posição se harmoniza com Mateus 5:18, cujo ensinamento inclui, além do código moral, o sistema cerimonial como uma prefiguração do evangelho se cumprindo em Cristo.

5. L.P. Martins. Catecismo Romano. Petrópolis, RJ: Vozes, 1951, p. 414, 435 e 440.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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