Obama assina lei que legaliza detenção indefinida

O presidente Obama assinou, no Havaí, onde passa os feriados de fim de ano, a National Defense Authorization Act (NDAA) [Lei de Autorização da Defesa Nacional]. Com a sanção do presidente, os militares norte-americanos aproximam-se ainda mais de poder prender e manter presos quaisquer cidadãos por tempo indefinido, dentro e fora dos EUA. Como se sabe, a Casa Branca havia ameaçado vetar uma versão anterior dessa lei, mas mudou de ideia logo depois de o Congresso ter aprovado a versão agora sancionada. Embora o presidente Obama tenha distribuído uma declaração, em que diz que tem “sérias reservas” sobre o conteúdo da nova lei, a declaração só se aplica ao seu governo, e de modo algum afetará o modo como a lei será interpretada por outros governos que venham depois deste.

Durante o governo Bush, o mesmo princípio que agora está próximo de ser convertido em lei nos EUA, para prender e manter sob custódia militar quaisquer cidadãos, sem processo e sem qualquer acusação formalizada, foi usado até para prender cidadãos norte-americanos em território dos EUA. Muitos, no Congresso, dizem hoje que a nova Lei de Prisão Indefinida pode ser usada para a mesma finalidade.
A Associação Norte-Americana de Direitos Civis (ACLU) entende que qualquer tipo de prisão militar, de cidadãos norte-americanos ou quaisquer outros, é inconstitucional e ilegal nos EUA, mesmo depois de aprovada a Lei de Prisão Indefinida. Além disso, a autoridade que a nova lei dá a militares norte-americanos viola a legislação internacional, porque não se limita a autorizar a prisão de combatentes capturados em contexto de guerra, como exigem as leis internacionais.

Desaponta-nos muito que o presidente Obama tenha assinado essa lei, em momento que seu governo já enfrenta processos em vários pontos do mundo, por prisões ilegais. Felizmente, os EUA são governados por três poderes, e a palavra final sobre a extensão do poder de prender cidadãos caberá à Suprema Corte. Mas o Congresso e o Presidente também têm o dever de desfazer a confusão que criaram, para impedir que todos os cidadãos, nos EUA e em todo o mundo, passem a viver sob o medo de que o atual ou qualquer futuro presidente dos EUA dê mau uso ao poder que a Lei de Detenção Indefinida lhes outorgue.

A Associação Norte-Americana de Direitos Civis (ACLU) combaterá em todo o mundo a Lei de Detenção Indefinida, por todos os meios e em todos os fronts, nos tribunais, no Congresso e internacionalmente.

(American Civil Liberties Union)

Nota do blog Realidade em Foco: A manobra governamental norte-americana no sentido de aprovar uma lei marcial é justificada, como sempre, dentro de um conceito geral de combate ao terrorismo mundial. Ou seja, em nome do direito de o governo combater terroristas, inclusive em seu próprio território, aprova-se lei que efetivamente pode levar a algumas situações bem claras:

(1) Os critérios para definição de quem efetivamente é um suspeito de terrorismo são bastante amplos e questionáveis, portanto, é praticamente certo que excessos e erros serão cometidos nesse processo de julgamento informal.

(2) É instalada uma cultura de oficialização do cerceamento das liberdades individuais na medida em que todo cidadão passa a conviver com o medo de ser fiscalizado, autuado e até responsabilizado criminalmente, caso se enquadre no que o governo entenda que é terrorismo.

(3) Consequentemente, esse tipo de lei abre espaço para que toda e qualquer manifestação futura, ideológica, filosófica ou religiosa, que contrarie os interesses do governo e dos poderes que mandam no planeta, seja combatida dentro dos rigores da lei. Ou seja, expressar-se acerca de conceitos que não sejam exatamente aqueles defendidos pelo governo pode se tornar algo extremamente perigoso e digno de punição.

Em resumo, vejo com péssimos olhos iniciativas como essa, embora entenda que, segundo a Bíblia Sagrada, as liberdades individuais tão propagadas no passado pelos EUA (antigo berço da democracia e do respeito aos direitos humanos, inclusive os religiosos) começam a perder força em nome de um ódio a tudo que está embaixo de um enorme guarda-chuva chamado “terrorismo”.

Assista ao programa “Especial 11 de Setembro” e leia esta análise detalhada do assunto.

Diário da Profecia


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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