Oração a Jesus ou a Deus, o Pai?

Já ouvi pessoas orando a Jesus e concluindo a oração “em nome de Jesus”. Teologicamente falando, isso é correto?

A verdade é que toda a Trindade está interessada em nossas orações. Deus, o Pai deseja dar “boas coisas aos que Lhe pedirem” (Mt 7:11), Deus, o Filho promete que, se pedirmos alguma coisa em Seu nome, isso Ele fará (Jo 14:14), e Deus, o Espírito Santo “intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis […], porque não sabemos orar como convém” (Rm 8:26).

Mas esse interesse de todos os membros da Trindade em nossas orações não significa que devamos passar por cima das orientações bíblicas quanto à maneira correta de fazer nossas orações e orar, por exemplo, ao Espírito Santo “em nome de Jesus” ou a Jesus “em nome de Jesus”. Não negamos que tais orações possam ser atendidas, devido à ignorância quanto às orientações bíblicas, mas seria bom atentarmos para o que a Bíblia diz sobre a oração:

1. Toda oração deve ser dirigida a Deus, o Pai. Eis alguns textos: “[…] A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai […] Ele vo-lo conceda” (Jo 15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá” (Jo 16:23). O próprio Jesus deixou-nos a oração-modelo, o Pai nosso, que assim começa: “Pai nosso, que estás nos Céus […]” (Mt 6:9). Em Suas orações, Jesus Se dirigia ao Pai. Veja alguns exemplos: “Pai nosso, que estás nos Céus […]” (Mt 6:9 – ao ensinar os discípulos a orar); “Pai, graças Te dou porque Me ouviste” (Jo 11:41 – em Sua oração, antes de ressuscitar Lázaro); “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador” (Jo 14:16 – ao prometer o envio do Espírito Santo); “Pai, é chegada a hora” (Jo 17:1 – no início de Sua oração sacerdotal); “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice” (Mt 26:39 – na noite de agonia no Getsêmani); “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34 – ao estar suspenso numa cruz romana e, mesmo
assim, perdoando Seus algozes).

2. Toda oração deve ser concluída com a expressão “em nome de Jesus”, com “nome” indicando a “pessoa” de Jesus. Ou seja, pedimos confiados nos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual deu Sua vida como resgate pelos nossos pecados (Mt 20:28). Ou seja, pedimos para que tudo o que Jesus merece seja creditado para nós, pois, naturalmente, o que merecemos é a morte, como “salário do pecado” (Rm 6:23). Eis alguns textos sobre pedir em nome de Jesus: “E tudo quanto pedirdes em Meu nome, isso farei” (Jo 14:13); “A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em Meu nome, Ele vo-lo conceda” (15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá em Meu nome” (16:23).

3. Mesmo que em nossas orações não necessitemos pedir ao Espírito Santo que o faça, Ele atua como nosso intercessor junto ao Pai: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26).

Mais uma palavra sobre a oração: não devemos orar sempre para pedir coisas a Deus. Pedidos são apenas parte de uma oração. A oração deve incluir “confi ssão (Sl 51), adoração (Sl 95:6-9; Ap 11:17), gratidão (1Tm 2:1), petição pessoal (2Co 12:8) e intercessão pelos outros (Rm 10:1). Para ser atendida, a oração requer purifi cação (Sl 66:18), fé (Hb 11:6), vida em união com Cristo (Jo 15:7), submissão à vontade de Deus (1Jo 5:14-15; Mc 14:32-36), direção do Espírito Santo (Jd 20), espírito de perdão (Mt 6:12) e relacionamento correto com as pessoas (1Pe 3:7)” (Bíblia do Obreiro. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007, p. 1.654).

Como está sua vida de oração? Tem se valido desse meio tão poderoso, colocado à sua disposição, para falar com o Altíssimo? Mas ore dirigindo-se ao Pai, conclua sua oração com a expressão “em nome de Jesus”, e conte sempre com a divina intercessão da pessoa do Santo Espírito.

Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de Teologia no Salt – Unasp 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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