Sermão XXV (Adicional): A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

INTRODUÇÃO

Antes de Sua ascensão ao Céu, Cristo prometeu aos Seus discípulos que enviaria o Espírito Santo: – Atos 1:8

Essa promessa cumpriu-se por ocasião do Pentecostes (Atos 2); porém a Sra. White declara que “a grande obra do evangelho não deverá encerrar-se com menos manifestação do poder de Deus da que a que assinalou o seu início.” (O Grande Conflito, p. 611).

Como a promessa do Espírito Santo é extensiva também aos “últimos dias” (Atos 2:17-21), muitos cristãos sinceros têm acalentado dúvidas com respeito à[s modernas manifestações “carismáticas” e “pentecostais” Seria isso o cumprimento da profecia bíblica?.

Para uma melhor compreensão do assunto, analisaremos qual é o verdadeiro conceito bíblico sobre a “Obra do Espírito Santo”.

Basicamente, a obra do Espírito Santo pode ser dividida em dois aspectos:

(a) A obra do Espírito Santo em chamar os pecadores ao arrependimento e neles tornar eficaz o sacrifício expiatório de Cristo. Esta obra que é de natureza universal, isto é, que o Espírito Procura efetivar em todos os seres humanos, diz respeito à salvação.

(b) Porém aparece também um outro aspecto da Sua obra, que visa a capacitar aqueles que já se submeteram ao Seu chamado à salvação, com um poder especial, de acordo com as necessidades, para testemunhar aos outros pecadores, da salvação em Cristo. Esta é portanto uma capacitação de natureza evangelística.

E, nesta oportunidade, além de analisarmos esse duplo aspecto da obra do Espírito Santo, consideraremos também as condições para sermos cheios do Espírito Santo e também as evidências de que Ele habita em nós.

I – A OBRA UNIVERSAL DO ESPÍRITO SANTO


A – A Sua Obra Fundamental do Mundo

a) A missão individual do Espírito Santo no mundo é vividamente descrita nas palavras de: – Apoc. 3:20

– E o conselho divino é: “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações. . .” (Heb. 3:15)
 
b) Cristo afirmou que o Espírito Santo viria para convencer “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8). Estes são aspectos cruciais da salvação.

c) E Cristo afirmou também que o Espírito Santo viria para O glorificar: – João 16:14

d) E mais do que isso, o Espírito Santo é também o agente regenerador (Tito 3:5) que torna eficaz o sacrifício de Cristo na vida do crente.

B – A Sua Obra em Relação à Verdade

a) Outro aspecto da missão do Espírito Santo aparece na declaração de Cristo em: – João 16:13

b) Esta é uma obra de santificação, pela qual o próprio Cristo orou: – João 17: 17
 
c) E o salmista acrescenta: “a Tua Lei é a própria verdade” (Sal. 119:142)

d) “O Espírito é chamado ‘o Espírito da verdade’, pois Sua obra é guiar os seguidores de Jesus a “toda a verdade’. Enquanto os dias passam o Espírito os guiará mais e mais profundamente no conhecimento da verdade.” (Leon Morris, The Gospel According to John, p. 700).

e) Como foi o Espírito Santo que inspirou a Bíblia, Ele jamais guiará os genuínos cristãos de maneira contrária a ela.

C – A Sua Obra não Iniciou Apenas por Ocasião do Pentecostes
a) A Bíblia apresenta a atuação do Espírito Santo mesmo antes da semana da criação: – Gên. 1:2

b) Inúmeras vezes é Ele mencionado no Velho Testamento. Deus mesmo prometeu aos israelitas após o êxodo: “O Meu Espírito habitará no meio de vós”. (Ageu 2:5)

c) E ainda antes do Pentecostes Cristo afirmou que o Espírito Santo já habitava nos Seus discípulos: – João 14:17

d) Portanto, o Espírito Santo não iniciou a Sua obra apenas por ocasião do Pentecostes, como querem alguns.

II – A OBRA ESPECIAL DO ESPÍRITO SANTO


A – Uma Capacitação Especial de Poder para Testemunhar

a) A natureza da obra especial do Espírito Santo é bem clara na própria promessa de Cristo: – Atos 1:8
 
b) Este texto declara que essa obra especial do Espírito Santo seria de natureza cristológica e evangelística – o Espírito Santo lhes concederia um poder especial para testemunharem de Cristo!

B – Os “Dons Espirituais”

a) O apóstolo S. Paulo chama esta capacitação especial de “dons espirituais” (I Cor. 12:1).

b) E o apóstolo Paulo não diz que esses dons são concedidos sem motivo, mas “visando um fim proveitoso” (I Cor. 12:7).

c) Em Efésios 4:12 ele confirma a natureza evangelística dos “dons espirituais”, ao declarar que eles são concedidos visando o “aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.

C – O Dom de Línguas no Pentecostes

a) O exemplo clássico desta capacitação especial para testemunhar de Cristo é o dom de línguas que os discípulos receberam no Pentecostes. (Atos 2).

b) Nesta ocasião estavam em Jerusalém pessoas das mais diversas nacionalidades (Atos 2:5, 9-11), as quais, ao ouvirem o testemunho dos discípulos ser-lhes dado na sua “própria língua materna” (Atos 2:8), maravilharam-se profundamente; e o resultado para a igreja cristã foi “um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (Atos 2:41).
 
c) Portanto a manifestação do dom de línguas no Pentecostes não tinha um fim em si mesmo, para a satisfação e orgulho pessoal dos apóstolos, mas sim um objetivo evangelístico.

d) E o próprio apóstolo S. Paulo esclarece ainda mais este assunto ao dizer que “as línguas constituem um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos” (I Cor. 14:22), e ele acrescenta: – I Cor. 14:19

D – A Diversidade de Dons

a) A Bíblia afirma ainda que “os dons são vários, mas o Espírito é o mesmo” (I Cor. 12:4), e que esses dons são concedidos a cada um individualmente, segundo apraz ao Espírito Santo (1 Cor. 12:11).

b) Portanto não é o indivíduo que escolhe os dons que deseja possuir, pois isto é obra do Espírito Santo.

c) A Parábola das Talentos, em Mat. 25:14-30, ilustra muito bem este princípio.

III – CONDIÇÕES PARA O RECEBIMENTO DO ESPÍRITO


A – Quanto ao Recebimento da Espírito Santo

a) Uma vez que a iniciativa da nossa salvação é divina (Apoc. 3:20), a parte que nos corresponde para o recebimento do Espírito Santo é simplesmente aceitarmos o Seu convite; pois é Ele quem efetua em nós “tanto o querer como o realizar” (Filip. 2:13).

b) Todos os impulsos de nossa parte para aceitarmos a salvação, são por Ele motivados; porém cabe a nós a decisão de os aceitar ou de os rejeitar.

c) Mas “a todos os que aceitam a Cristo como um Salvador pessoal, o Espírito Santo vem como consolador, santificador, guia e testemunha.” (Atos dos Apóstolos, p. 49).

B – Condições para que o Espírito Santo Permaneça em nós e nos capacite com poder especial para testemunharmos de Cristo:

1º) Em primeiro lugar, é necessário que nos arrependamos dos nossos pecados: – Atos 2:38

2º) É necessário crermos: – Gál 3:14

3º) É necessário que obedeçamos toda a vontade de Deus como expressa em Sua Palavra e nos Dez Mandamentos:

– Atos 5:32 ú.p.; João 14:15 e 16; Ezeq. 36:26 e 27
4º) É necessário perseverarmos em oração – Luc. 11:13; Atos 4:31

– Mas mesmo a nossa oração deve sempre ser submetida á vontade de Deus (Mat. 6:10).

C – O Batismo no Espírito Santo

a) Biblicamente o batismo em nome de Cristo e do Espírito Santo são simultâneos: – Mat. 28:19

b) Assim como Cristo recebeu a unção do Espírito Santo por ocasião do Seu batismo nas águas do rio Jordão, por João Batista (Mar. 1:10), todos aqueles que aceitam as boas novas da salvação devem ser batizados ao mesmo tempo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mat. 28:19).

D – A Busca de Milagres

a) Cada cristão deve buscar com profundo ardor e insistência diariamente o poder regenerador e santificador do Espírito Santo na vida; porém a escolha dos “dos espirituais” não lhe cabe decidir, pois isto pertence à vontade do Espírito Santo, de acordo com as necessidades e conveniências (I Cor. 12:11).

b) É por esse motivo que Cristo condena a busca de milagres:
– Mat. 16:4

c) E em Seu diálogo com Tomé, Cristo valoriza a fé sem milagres, ao afirmar: – João 20:29

IV – EVIDÊNCIAS DO RECEBIMENTO DO ESPÍRITO 


A – A Operação de Milagres não é em si uma prova decisiva de que alguém possui o Espírito Santo

a) Muito embora um cristão cheio do Espírito Santo possa receber poder para operar milagres, como ocorreu com os apóstolos por ocasião do Pentecostes, não é esta evidência decisiva de alguém possuir o Espírito Santo na vida.

b) Cristo, com o Seu olhar profético, declarou que nos últimos dias surgiria um grande movimento de simulação da verdadeira obra do Espírito Santo:

– Mat. 24:24

– Mat. 7: 21-23

– É interessante notarmos que Cristo não faz a salvação depender sobre o poder de realizar milagres, mas em fazer a vontade de Deus.

c) A experiência ocorrida no Egito, quando os sábios de Faraó simularam os milagres que o Senhor operara através de Moisés e Arão (Êxo. 7:11), repetir-se-ia nos últimos dias:

– II Tess. 2:9-l1

d) É por essa razão que o próprio Espírito Santo inspirou o apóstolo João a alertar os crentes a esse respeito: – João 4:1

B – A verdadeira evidência de que alguém possui o Espírito Santo

a) Na verdade, a evidência da presença do Espírito Santo na vida de uma pessoa “é tão ampla quanto a Sua obra”. (Wilson H. Endruveit. Movimento Carismático, p. 27).

b) Cristo disse que “pelos seus frutos as conhecereis” (Mat. 7:20), e o apóstolo S. Paulo acrescenta que “o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” (Gál. 5:22 e 23).

c) Portanto, a evidência concreta de que alguém possui o Espírito Santo é o fato de sua vida ter sido transformada de acordo com o padrão divino, procurando conhecer e viver em conformidade com “toda a verdade” (João 16:13), pois esta é a obra do Espírito Santo.

d) Jesus disse que os que entrarão no reino dos céus são aqueles que fazem a vontade de Deus (Mat. 7:21).

e) A Bíblia declara que João Batista era “cheio do Espírito Santo” (Luc. 1:15), mas “não fez nenhum sinal, porém tudo quanto disse a respeito dEste era verdade” (João 10:41). E isto foi suficiente para Cristo afirmar que “entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João” (Luc. 7:28).

C – A Diversidade de Dons não Permite que Generalizemos a Obra Especial do Espírita Santo

a) Muito embora a obra universal do Espírito Santo seja universalmente a mesma, isto não ocorre com a Sua obra especial de capacitação especial para testemunhar.

b) Há certas pessoas que afirmam que a evidência de alguém possuir o Espírito Santo é falar em outras línguas, isto é, possuir o dom de línguas. Tal conceito, porém, é uma demonstração clara de ignorância do verdadeiro conceito bíblico sobre os “dons espirituais”.

c) A Bíblia diz que “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo” (I Cor. 12:4), e que esses dons são distribuídos pelo Espírito a cada um, “como Lhe apraz” (I Cor. 12:11); portanto o fato de um genuíno cristão viver em plena conformidade com a vontade de Deus, mas não possuir determinado dom (como é o caso do dom de línguas), não é evidência de que ele não seja cheio do Espírito Santo.

d) Por outro lado, o próprio fato de alguém vangloriar-se de possuir determinado dom que outra pessoa não possui, é evidência clara de que ele não está sendo guiado pelo Espírito Santo (Gál. 5:25 e 26).

CONCLUSÃO


Na verdade, aquilo que em muitos meios religiosos de nossos dias é tido como sendo obra do Espírito Santo, nada mais é do que uma simulação da Sua verdadeira obra e falta de reverência na casa de Deus.

Em nossos dias tem-se cumprido literalmente as palavras da Sra. White:
“O Espírito e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos.

O inimigo das almas deseja estorvar esta obra; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação. 

Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. 

Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão.” (O Grande Conflito, p. 464).

Em realidade, a experiência ocorrida no Egito, quando os sábios de Faraó simularam a obra do poder divino (Êxo. 7:11), está se repetindo largamente em nossos dias.

Mas a promessa divina é que Deus há de operar poderosamente, antes que chegue o fim. Diz a Sra. White que:

“Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro para proclamar a mensagem do Céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da Terra, será dada a advertência. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão aos crentes. 

Satanás também opera com prodígios de mentira, fazendo mesmo descer fogo do céu, á vista dos homens. (Apoc. 13:13). Assim os habitantes da Terra serão levados a decidir-se.” (O Grande Conflito, p. 612).

E a característica distintiva daqueles que estarão sob a influência direta do poder do Espírito Santo, no desfecho final da grande controvérsia, reside no fato de que as suas palavras e a sua vida está em perfeita harmonia com a Palavra de Deus (Isa. 8:20).

Preparemo-nos para estar entre aqueles que darão o último e final testemunho cósmico em favor do evangelho eterno! .

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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