Em outro sentido, porém, a revelação é sobre Jesus, visto que desvenda a obra celestial do Filho de Deus após Sua ascensão.
Enquanto os evangelhos revelam a Cristo em Seu ministério terrestre, culminando na Sua morte e ressurreição, o Apocalipse revela-O em Sua glória, estando à mão direita do Pai como nosso Sumo Sacerdote e Juiz no santuário celestial (Hebreus 1:3; 8: 1 e 2), e, nas cenas finais, como “Rei dos reis e Senhor dos senhores”, O qual reinará para sempre com os Seus súditos no paraíso restaurado. Neste sentido, o Apocalipse é um complemento triunfante e glorioso dos evangelhos.
Como se sabe, há ênfases e aplicações especiais do evangelho ao longo da história, harmonizadas com as necessidades das pessoas em cada época. O livro do Apocalipse apresenta uma ênfase singular da mensagem evangélica especialmente destinada à geração que vive nos derradeiros e culminantes momentos da história humana.
Essa ênfase especial, portadora de genuína esperança para a vida presente e destino futuro, é o cerne da mensagem pastoral do último livro da Bíblia e consiste de três mensagens angélicas (Apocalipse 14:6-12), cuja proclamação prepara um povo para o bem-aventurado aparecimento de nosso Redentor.
O seguinte esquema demonstra a centralidade dessas mensagens na estrutura literária do Apocalipse. Note que a primeira metade do livro tem estrutura semelhante à outra metade, mas em ordem inversa:
a) Conclusão (22:6-21)
O anúncio do primeiro anjo conclama solenemente os habitantes da Terra a temerem a Deus e glorificarem o Seu nome, tendo em vista que o julgamento divino já começou (Apocalipse 14:7).
Esta fase do juízo, de natureza investigativa, precede o glorioso retorno de Jesus, ocasião em que Ele retribuirá a cada um segundo as suas obras (22:12).
O anjo também conclama a humanidade a adorar a Deus como único Criador e Mantenedor, um apelo que remete ao sábado como o dia divinamente escolhido para este fim (conforme Êxodo 20:8-11).
O segundo anjo anuncia a queda moral de um falso sistema religioso representado pela figura de Babilônia (Apocalipse 14:8).
Sua queda demonstra que esse poder apartou-se da verdade divina ao substituir os mandamentos e ensinamentos de Deus por mandamentos e ensinamentos de homens. Entre as doutrinas sem apoio bíblico destacam-se a salvação por obras meritórias, a imortalidade inerente da alma e a santificação do domingo.
Diante disso, Deus apela para que saiam de Babilônia mística todos os que foram enganados por suas falsas doutrinas (Apocalipse 18:1-5), e aceitem a verdade de Deus como revelada em Seu Filho, Jesus Cristo.
O terceiro anjo amplia o sentido das duas primeiras mensagens, formando com estas uma unidade indissolúvel.
Ele adverte contra a adoração da besta e sua imagem e a aceitação de sua marca espúria, símbolo de sua autoridade e poder (Apocalipse 14:9-12). Adoração e obediência são questões centrais na história da redenção. O primeiro anjo apela à humanidade para que adore somente a Deus. O terceiro anjo adverte contra a adoração da besta e sua imagem.
O conflito é entre a verdade e o erro, entre o conhecimento de Deus e a ignorância e superstição, entre o verdadeiro culto e todas as formas de idolatria, entre o domínio de Cristo e o de Satanás.
A mensagem de advertência, a mais terrível já dirigida aos homens, alerta contra as inevitáveis consequências de se aceitar as falsas reivindicações do anticristo. Quem quer que decida beber de seu “vinho” intoxicante, “beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da sua ira” (Apocalipse 14:10) – um intervenção divina sem misericórdia, consumada através dos juízos retributivos de Cristo (15:1; 16; 18:4).
Uma vez que a terceira mensagem está intimamente unida às duas primeiras em sua obra de preparar um povo para a breve volta de Jesus, destaca-se nesta tríplice advertência a necessidade de os santos perseverarem até o fim em sua lealdade a Deus, não obstante a feroz oposição protagonizada pelos poderes anticristãos em conluio, representados pela besta e sua imagem.
O fato de que há um povo que atenderá ao apelo divino para temer a Deus, glorificá-lO e adorá-lO (v. 7) indica claramente um remanescente final de verdadeiros adoradores, cuja persistente fidelidade a Deus constitui sua característica mais distintiva (v. 12).
À semelhança do apelo contundente do profeta Elias no monte Carmelo (I Reis 18:21), o terceiro anjo nos desafia a fazer a escolha certa entre adorar a Deus ou adorar Babilônia. Desta decisão solene e inadiável depende nosso destino eterno.
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