10 Perguntas Específicas Sobre a Criação do Homem e Sua Natureza

1 – Por que Moisés, no seu detalhado relato da criação do homem, não deixa a mínima pista de uma “alma imortal” como componente essencial da vida humana, exclusivo de sua existência, na criação?

Obs.: Seria esse o momento certo de tratar do assunto, sendo que Moisés oferece tantos detalhes dos atos divinos na obra da Criação em geral, e do homem, em particular.

2 – Por que Moisés emprega a mesma linguagem (palavras exatas) para “alma vivente” tanto em relação ao homem quanto aos animais (comparar Gên. 2:7 com 1:20 e Levt. 11:46)?

Obs.: Tradutores de algumas versões da Bíblia traduziram as palavras hebraicas nephesh hayyah como “criatura vivente” quando referindo-se aos animais, contudo, não há a mínima variante. É exatamente a linguagem de que Moisés se vale para tratar de “alma vivente” referindo-se ao homem.

3 – Por que Moisés não diferencia o fôlego de vida do homem com o dos animais, tratando-os na mesma base, utilizando as mesmas palavras (Gên. 2:7; 1:30, 6:17)?

Obs.: O fôlego de vida não pode equivaler a algo imaterial, imortal, que sobrevive à matéria porque não há essa definição bíblica para “alma”, e nunca tal palavra vem modificada pelos adjetivos “imortal” ou “eterno” por toda a Bíblia.

4 – Como prova que o fato de Deus ter soprado particularmente o fôlego de vida no homem faz com que tal fôlego seja uma “alma imortal”, quando não há a mínima informação sobre isso transmitida pelo autor, o que seria algo de muitíssima importância para definir a natureza humana?

Obs.: O detalhe da criação “separada”, “particular” do homem em relação à dos animais é “prova” fragilíssima em favor da visão dualista porque o detalhamento da criação do homem envolve o personagem principal da criação, além da criação da mulher. Os animais são meros coadjuvantes no cenário que retrata a preocupação divina com o ser criado à Sua imagem e semelhança, algo que não caracteriza os animais.

5 – Como prova que o fato de Deus ter soprado particularmente o fôlego de vida no homem faz com que tal fôlego seja uma “alma imortal”, quando há clara informação de que “o mesmo fôlego de vida do homem é atribuído aos animais, tanto no relato da criação, quanto milênios depois, nas palavras do sábio Salomão?

Obs.: Salomão dedica-se a uma profudna reflexão da vida humana e mostra que “tudo é vaidade”, já que nem mesmo na morte o homem leva vantagem sobre os animais. Se ele cresse na imortalidade da alma, não empregaria tal linguagem para evitar ambigüidade e/ou não transmitir noções materialistas. Mas até a descrição dele da morte do homem, com a retirada do fôlego de vida, se assemelha à forma como o salmista se refere à morte dos animais (comparar Ecl. 12:7 com Salmo 104:25-29).

6 – Por que o homem precisaria de uma alma imortal, já que não iria morrer, segundo o projeto original da criação divina, e sim viver eternamente como um ser físico, num paraíso físico (aliás, como também se daria com os animais. . .)?

Obs.: O pecado é um intruso neste planeta que trouxe morte física e espiritual ao homem. Mas o “plano de contingência” divino é a ressurreição final, uma providência tomada APÓS o pecado, como parte de Seu plano restaurador. A ressurreição integra o “esmagar a cabeça” da serpente no conflito entre o bem e o mal (Gên. 3:15), já que a vitória sobre a morte ocorre em função da ressurreição dos mortos, não de o indivíduo superá-la por contar com algum elemento espiritual que prevalece sobre a morte (ver 1 Cor. 15:52-55).

7 – Quando exatamente a “alma imortal” é introduzida no ser vivo? Quando o óvulo é fecundado? Quando o bebê sai do ventre materno e respira por primeira vez, já que se estabelece o paralelo fôlego de vida/alma imortal?

Obs.: A dificuldade de estabelecer o início da posse dessa “alma imortal” é imensa, sobretudo quando os dualistas fazem a ligação fôlego de vida/alma imortal. Pois o feto NÃO RESPIRA na bolsa maternal, estando envolvido por fluídos até ser dado à luz.

8 – Sendo que consta ser Moisés o autor do antiqüíssimo livro de Jó, não parece estranho que em tal livro ele não deixe a mínima pista de uma noção dualista, pois retrata o patriarca expressando uma visão holista, não dualista (ver observação a seguir)?

Obs.: O livro de Jó é um golpe de morte sobre a noção dualista. O patriarca compara a morte a um rio que se seca e um lago cujas águas são drenadas, e quando se refere diretamente ao estar com Deus, fala do tempo quando o Redentor “Se levantará sobre a Terra”, sem deixar a mínima pista de uma alma indo ao Seu encontro (ver 14:7-14 e 19:25-27).

9 – Onde exatamente se situa a “alma imortal”? Já que estabelece o paralelo fôlego de vida/alma imortal, e Jó declara a certa altura, “enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz” (Jó 27:3), é aí que se situa essa “alma imortal”, no nariz de cada um?

Obs.: Se o paralelo fôlego de vida/alma imortal for válido, realmente essa alma entra e sai no organismo, pelo menos em boa quantidade, o tempo todo, saindo “contaminado” (gás carbônico) e entrando novo fôlego de outra substância (oxigênio para “purificar” o sangue. Coisa bem estranha para parecer algo fluídico que tem consciência e para sempre permanece após a morte.

10 – Não parece muita coincidência que todos os povos pagãos sempre tiveram como característica a crença na imortalidade da alma, até atribuindo almas e espíritos a animais ou coisas inanimadas, como florestas, rios, lagos, vulcões?

Obs.: Não se sabe de nenhum povo pagão, do presente ou do passado, que tenha deixado de crer em “almas” e “espíritos”, para crer que “vem a hora . . . em que os que estão nas sepulturas ressuscitarão; os que fizeram o bem, na ressurreição da vida; os que fizeram o mal, na ressurreição da condenação” (João 5:28, 29).

ADENDO

Adicionalmente diríamos que a tentativa de ligar os epicureus à visão holista é inteiramente falsa, um paralelo totalmente artificial, porque estes eram meros hedonistas, materialistas, e sua filosofia em nada contemplava uma vida no além, sob qualquer forma. Paulo refere-se a tal filosofia em 1 Cor. 15:30-32, mas numa forma totalmente destrutiva à crença na imortalidade da alma. Não faria sentido dizer o que disse em tal passagem se ele fosse adepto da visão dualista–“Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”.

Se Paulo tivesse dito, “Se não temos uma alma imortal, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”, os dualistas estariam cobertos de razão, mas para o desconsolo destes, ele reforça exatamente essa visão de que a eternidade existirá em função da ressurreição nos vs. 16-19:

“Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima”.

Claramente, não fosse pela ressurreição final, confirmada e garantida pela do próprio Cristo, os mortos cristãos “estão perdidos”. Notem bem, PERDIDOS, e não com suas almas salvas no céu!

Autor: Weleson Fernandes


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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