483 – As Leis de Saúde foram abolidas?

É muito fácil identificar inúmeras leis no Velho Testamento. Entretanto, há muitas indagações sobre o que ainda está ou não em vigor. 

Abaixo faremos uma distinção das leis contidas na Torá (ou livro da lei), mas é preciso salientar que o decálogo, ou os Dez Mandamentos, é a revelação moral da vontade de Deus e expressa princípios para a conduta moral e ética. Essa Lei se resume no mandamento do amor a Deus e ao próximo.

1. Lei Moral: Os 10 Mandamentos (Êxodo 20:3-17) exprimem os princípios eternos do amor devido a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Essa Lei não foi abolida, pois o amor é o eterno princípio dos 10 mandamentos e não foi abolido. 

Essas leis já existiam antes do Sinai, quando Deus entregou a Moisés as tábuas da Lei. Gênesis 2:1-2 revela a origem do sábado, dia em que Deus descansou, abençoou e o santificou. 

Outra evidência de que a Santa Lei de Deus existia antes do Sinai é o fato de Caim matar Abel, violando a lei do amor ao próximo, que se enquadra no sexto mandamento. Contudo, a maior evidência da Eterna Lei de Deus, é o pecado de Adão e Eva, pois pecado é transgressão da Lei (1 João 3:4). 

 

A Bíblia revela que sem lei não há pecado (Romanos 4:15). Qual lei foi transgredida no Éden? A eterna lei do amor e lealdade para com Deus, da qual os 10 Mandamentos são um reflexo.

 

2. Leis Civis: Eram leis relacionadas aos assuntos do dia-a-dia comercial, econômico, familiar, pecuniário, etc. 

a. Leis acerca dos servos (ver Êx. 21:1-11;  Dt. 15:12-18);

b. Leis sobre a violência, assassinato, etc. (Êx. 21:12-36; Lv. 24:17-22);

c. Leis acerca das propriedades (Êx. 22:1-15);

d. Leis referentes ao casamento (Êx. 22:16; Dt. 24:1-5);

e. Leis a favor dos pobres e dos escravos (Êx. 21:1-11; Lev. 25:35-55; Dt. 15:1-18);

f. Leis de procedimento de guerra (Dt. 20:1-20; 21:10-14; 24:5);

g. Leis para filhos insubordinados e rebeldes (Dt. 21:18-21);

h. Deveres dos juízes (Êx. 23:6-9; Dt. 16:18-20);

i. Outras.

Com os avanços sociais que envolveram a indústria, a economia, a política, etc., essas leis foram suplantadas por modernos sistemas jurídicos e conjuntos de leis que mantêm a  ordem e a justiça na sociedade moderna.

Quando os israelitas saíram do Egito – lá viviam como escravos – não tinham bons costumes, viviam em um caos e sem leis que regulamentassem a vida social no deserto e na terra prometida. Imagine! Havia 600 mil homens, sem contar mulheres e crianças (Êx. 12:37). 

Estima-se que o povo era constituído de aproximadamente dois milhões de pessoas. As leis civis organizaram aquele povo, naquela época e para aquele contexto; embora muitas daquelas regras ainda estejam vigentes em diversos sistemas jurídicos (de forma mais modernizada). Outras regras ou leis ficaram obsoletas e foram substituídas de acordo com as necessidades da sociedade. 

3. Leis Cerimoniais: Eram aquelas leis relacionadas ao ritual do santuário, aos sacrifícios expiatórios e todas as regulamentações para o serviço do santuário. Essas leis incluíam responsabilidades e deveres dos levitas e sacerdotes. A maioria dessas leis está descrita no livro de Levítico.

a. A Páscoa, Festa dos Pães Asmos, Festa das Semanas (das primícias), Festa da Colheita, Festa dos Tabernáculos, Festa das Trombetas, Etc. (Êx. 23:14-19; 34:18-28; Lv. 23:4-21, 33-44; Dt. 16:1-17);

b. Leis sobre sacrifícios, ofertas e holocaustos, matanças de animais (Lv. 1-7; 17:1-9);                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

c. Regulamentações para os sacerdotes (Lv. 10:8-20; 21-22);

d. Regulamentações para o dia da expiação (Lv. 16);

Essas leis tinham um caráter transitório. “O Novo Testamento deixa claro que os rituais do santuário do Antigo Testamento chegaram ao fim por meio do sacrifício de Cristo na Cruz e do seu ministério sumo sacerdotal no santuário celestial. 

A lei que regulamentava o sistema israelita de adoração era ‘sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas’ (Hb 10:1), e encontrou seu cumprimento em Cristo.” (As Festividades Israelitas e a Igreja Cristã; Parousia, Ano 6, n. 1, p.35).

4. Lei para a manutenção da obra de Deus:

a. Dízimo (Dt. 14:22-29; Ml. 3:10).

Essa lei não foi abolida e é praticada por todas as igrejas cristãs para a manutenção da pregação do evangelho. 

5. Leis universais: Leis que têm aplicação universal e que ultrapassam o limitado enfoque da lei cerimonial.

a. Os 10 mandamentos já vistos (Êx. 20);

b. Proibição da mutilação do corpo, dilacerações e marcas (Êx. 20:13; Lv. 19:28; Dt. 14:1-2). Encontramos princípio semelhante no Novo Testamento nos seguintes textos:

• 1 Coríntios 10:31  – “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”

• 1 Coríntios 6:19-20 – “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.”

c. Proibição de comer carne com o sangue (Lv. 17:10);

• Esse mandamento tem um caráter universal aplicável para todos, em todas as épocas.

“Portanto tenho dito aos filhos de Israel: Nenhum de vós comerá sangue; nem o estrangeiro que peregrina entre vós comerá sangue” (Lv. 17:12). 

“O peregrino e o estrangeiro” referidos no verso acima refletem o caráter universal desse mandamento.

Antes da existência de uma entidade conhecida como Israel, já em Gênesis 9:4 encontramos a lei universal que proíbe o comer sangue.

“A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gn. 9:4).

 

E a lei prossegue com aplicação ao “israelita e ao estrangeiro” em Levítico 17:10-12. Mais uma prova de que essa proibição tem caráter universal e é a decisão do primeiro concílio da igreja registrado em Atos 15:20: “mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue”.

d. Proibição de comer a carne de animais imundos:

• Em Deuteronômio 14:3-21 e Levítico 11, encontra-se a lista dos animais impuros ou “abomináveis” (tô’ebôth). O termo to ebôth (abominável) é empregado no início da declaração introdutória de Deuteronômio 14:3-21. 

A palavra “abominação” tem várias conotações, mas significa, essencialmente, algo que por sua natureza é definido em oposição ao que é aceitável e/ ou permissível por Deus (Diether Kellermann, Theological Dictionary of the Old Testament, II:447).

• As leis não-cerimoniais e universais de Lev. 18 aplicam-se novamente tanto ao israelita quanto ao “estrangeiro”. Essas leis incluem casamentos proibidos (Lev. 18:6-17), pecados contra a castidade (Lev. 18:18-21), homossexualismo (Lev. 18:22), e bestialidade (Lev. 18:23). 

Essas leis universais fizeram com que nações pagãs fossem expulsas (Lev. 18:24) de modo que “a terra vomita os seus habitantes”(vs. 25). O vs. 26 sintetiza: “Nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós” praticará essas “abominações” (tô’ebôth).

• Neste ponto há uma consideração linguística adicional de que a lei de animais puros e imundos é uma lei não-cerimonial universal. As “nações” pagãs de Canaã envolviam-se em “abominações” (tô’ebôth) que eram proibidas nas leis universais e sofreram as consequências de tais atividades em juízo divino por atacado (Lev. 18:24-30). 

Exatamente nessa linha, comer animais imundos é algo “abominável”, envolvendo outra lei universal que é válida para toda a humanidade (ver também Isa. 66:16-18).

• A distinção entre animais limpos e imundos (o que é abominável) aparece em Gênesis 7:2-8, isto é, muito tempo antes da existência de Israel. O ambiente de Gênesis 7 é de caráter universal e assim, aplicável a todos. 

Essa distinção de animais puros e imundos não é produto de legislação, mas precede a lei de Moisés desde os tempos antes do dilúvio. Tal distinção une-se a outras instituições fundamentais que antedatam os tempos israelitas e remontam à história dos próprios inícios de tudo, partilhando de tais verdades eternas como o casamento (Gn. 2:18-15) e o sábado (Gn. 2:1-3) (Dr. Gerhard F. Hasel, Ph. D).

Conclusão:

As leis universais não têm caráter cerimonial e transitório. As leis cerimoniais encontram seu cumprimento em Cristo. As leis universais são instituições divinas que em sua natureza têm abrangência universal. Para todos, tanto israelita como estrangeiro, pois Deus rejeita o que é abominável (tô’ebôth).

Os animais impuros, abomináveis de Deuteronômio 14:3-21 e Levítico 11 (tô’ebôth) são tão abomináveis (tô’ebôth) quanto as práticas abomináveis (tô’ebôth) das nações pagãs (Levítico 18).

A consequência para esses atos abomináveis estão descritos em Levítico 18:25 e Isaías 66:16-18.

Para aquele que atende às orientações de Deus há uma belíssima promessa:“Sobre ti não enviarei nenhuma das enfermidades que enviei sobre os egípcios; porque eu sou o Senhor que te sara” (Êxodo 15:26).

Deus jamais criaria um sistema de leis de saúde para beneficiar apenas uma nação em detrimento das outras. As leis de saúde são universais, pois Deus ama a todos, e quer que Seus amados estejam protegidos contra doenças e pestilências. As escrituras revelam o cuidado e amor de Deus para com os Seus filhos. 

Um forte abraço,

Pr. Frederico Branco


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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