O que o caso Floyde nos ensina como cristãos?

Quando as pessoas se tornam escravas de ideologia, em vez de livres pelo evangelho, começam a complicar muito as coisas. Vejamos o caso de George Floyde, covardemente assassinado por um policial nos EUA. Ao que parece, o assassinato foi motivado por racismo. O policial foi truculento porque provavelmente tem raiva de negros e aproveitou a “oportunidade” para linchar um negro numa posição de suspeito de crime. Um ato terrível por parte do policial em questão.

O que uma pessoa decente, contrária ao racismo e cristã deveria fazer para, de alguma forma, lutar contra esse ato horroroso? As respostas são óbvias.

1) Se a pessoa vive na cidade em que Floyde foi assassinado, ela pode se unir a outras pessoas numa manifestação PACÍFICA em prol da prisão dos policiais que participaram do ato criminoso e de uma postura mais dura da polícia contra o racismo e a violência desmedida e desnecessária dentro dos quadros policiais. Essa manifestação poderia contar com repórteres, a fim de impedir a retaliação de possíveis policiais truculentos à manifestação. Ela poderia ser feita em locais estratégicos, como na frente da câmera de vereadores, da prefeitura e próxima ao departamento de polícia da cidade.

Uma vez que os policiais envolvidos sejam presos e que a polícia e as autoridades anunciem medidas para impedir outros casos como este, o objetivo da manifestação foi alcançado. Simples assim: algo objetivo, eficaz e sem violência.

2) Se a pessoa é cristã, ela pode incentivar que os pregadores e professores da escola bíblica de sua igreja enfatizem, durante algum tempo, como que a Bíblia e o evangelho condenam a violência desnecessária, a acepção de pessoas, o ódio mútuo, o conflito entre classes, a vingança com as próprias mãos, etc. Podem ser elaboradas mensagens que foquem na responsabilidade do policial cristão de cumprir o seu dever sendo justo e consciencioso. E, claro, os membros devem ser estimulados a amar o próximo para além de classe social, cor, etnia, gênero, opção sexual, religião, igreja e por aí vai (ainda que amar não signifique, por exemplo, concordar com as práticas do indivíduo, que podem ser imorais).

Além disso, o evangelho deve ser pregado mais extensa e intensamente, pois o evangelho, quando bem pregado e bem assimilado, liberta violentos da violência, assassinos do assassinato e até racistas do racismo.

3) Se a pessoa não mora na cidade em que Floyde foi assassinado, não há muito o que ela fazer. Ela pode, claro, manifestar seu lamento nas redes sociais (embora isso não ajude em nada no caso de Floyde). E pode iniciar uma conscientização sobre problemas parecidos que talvez aconteçam na sua cidade. Neste caso, incentivar que a sua igreja fale sobre as questões já citadas é louvável. Não são pautas políticas, mas apenas a repetição do que o evangelho diz há dois 2000 anos, e a Bíblia há 3500 anos: devemos amar, ser pacíficos e não usar de violência desnecessária (salvo para legítima defesa, se o contexto assim o permitir).

Tudo muito simples e lógico. Mas o que temos visto ser feito por muitas pessoas?

1) Protestos violentos, com depredação de propriedades privadas e agressão à pessoas que nada tiveram a ver com o caso de Floyde.

2) Protestos que desviam do caso Floyde para tratar de questões políticas e ideológicas, como capitalismo x socialismo, republicanos x democratas, supostos antifascistas x supostos fascistas, esquerda x direita, burgueses x proletários, etc.

3) Alegações generalistas de racismo por parte da “sociedade”.

4) Ênfase no conceito de raça/cor/etnia e inflamação do conflito entre brancos e negros.

5) Crítica generalista à Igreja.

6) Cobrança de cristãos a outros cristãos por não ter escrito algum textão repudiando o assassinato de Floyde (como se o padrão para definir o que é o verdadeiro evangelho fosse a escrita de textões nas redes sociais sobre todos os problemas do mundo, independente de terem ocorrido em outra cidade e país).

7) Cristãos acusando outros cristãos de estarem defendendo alguma pauta política ao comentarem o caso.

8) Muitos cristãos, de fato, defendendo alguma pauta política ao comentarem o caso.

9) Entendimento tácito (por parte de muitos) de que só o evangelho aplicado não adianta no caso Floyde.

10) Muito pouco de evangelho pregado e vivido por muitos dos cristãos que estão comentando o caso.

Note-se que nessa bagunça toda, fica claro que nem o policial que matou Floyde, nem os policiais truculentos que oprimem inocentes, nem os manifestantes violentos “contra” o fascismo e o racismo, estão vivendo o evangelho. Nenhum desses é cristão no sentido bíblico do termo. Diz a Bíblia:

“Aquele que diz: ‘Eu o conheço’ e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (I João 2:4-6).

Diz também a Bíblia:

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1:16).

Portanto, o problema é sim a falta de evangelho, tanto da sua pregação a todos, como a sua vivência na prática. Está faltando cristão. O racismo e a violência são efeitos do pecado. Então, a única maneira eficaz de amenizar isso é pregando poderosamente, ensinando corretamente e vivendo fielmente o evangelho. O evangelho é o poder!

Nós temos crido nisso? Temos crido que pregar o real evangelho, aquele que não vê raça nem cor, é capaz de resolver os mais terríveis problemas causados pelo pecado? Temos crido no poder regenerador do evangelho de Cristo, do Espírito Santo nos corações, da Palavra lida, estudada e interpretada sob as regras lógicas de interpretação? Temos realmente posto nossa fé em Cristo, a Palavra encarnada de Deus, e na Bíblia, a Palavra escrita de Deus? Temos tido coragem de usar o evangelho, o todo suficiente evangelho, para resolver todos os problemas de ordem moral e espiritual? Ou será que nossa fé não é tanta? Ou será que nos envergonhamos do evangelho? Ou será que queremos dar uma “ajudinha” a Deus com nossas ideias e métodos próprios?

Talvez muitos de nós estejamos tentando achar soluções fora de Deus. E aqui vai uma pergunta para auto análise e auto reflexão: há soluções fora de Deus, da Sua Palavra e do Seu amor? Mais que isso: há coisas que Deus não pode resolver, mas partidos, ideologias, políticos, violência e conflitos podem? Ao que me parece, o escravo da ideologia não consegue perceber que está colocando outras coisas no lugar do evangelho de Cristo. Por isso, ele já não consegue aplicar o real remédio ao problema. Ele está tão cego e carente de Cristo como os racistas e os que creem poder resolver tudo com a violência e as próprias opiniões. tá faltando cristão de verdade. E essa é a grande lição que o caso Floyde deixa para nós.

______

Obs.: a foto em destaque no início do post mostra o irmão de Floyde, num megafone, pedindo que as manifestações violentas “em prol” de Floyde parem. Em um trecho ele diz que sua família é pacífica e temente a Deus. O vídeo pode ser assistido aqui.

Obs.2: o conhecido pastor John Piper tem um testemunho muito bonito de como ele foi liberto do racismo pelo evangelho, há décadas. Assista aqui. O evangelho é poderoso!

Por Davi Caldas

Fonte: Reação Adventista


Descubra mais sobre Weleson Fernandes

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

Verifique também

Breve reflexão sobre a pena de morte

Eu ainda não sentei para escrever algo abrangente sobre pena de morte. Mas aqui vai …

Pregações rasas e pregadores inaptos

Neste sábado, fui a uma nova igreja com minha esposa. O sermão pregado pelo pastor …

A Bíblia não é um Self-Service

“Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir …

Deixe uma resposta