Ellen White e o racismo

Lamentavelmente, alguns cristãos se especializam em repetir mentiras sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Eu ficaria contente se tais pessoas se limitassem a discordar das doutrinas adventistas. É um direito. E o debate, ademais, é saudável. Aprendi muito nessa minha vida estudando para debates e debatendo construtivamente com pessoas que eu discordava. Algumas vezes mudei de opinião. Outras vezes, fortaleci a crença com a qual entrei na discussão. Não obstante, nenhum ganho há quando um cristão repete mentiras a respeito da igreja do outro. Isso nada mais é que falso testemunho, um pecado condenado no decálogo, inclusive.

O falso testemunho da vez é o de que Ellen White era racista e ensinava isso em seus escritos. Vi algumas pessoas compartilhando uma suposta citação dela dizendo que os negros não entrarão no céu porque a cor preta simboliza pecado. Bom, para além do fato da citação ser falsa, chama a atenção que Ellen White escreveu alguns textos durante a vida ensinando justamente o contrário. Separei alguns deles como exemplo. Eles estão disponíveis na internet e literalmente qualquer pessoa alfabetizada e com acesso à rede pode ler.

Numa publicação de 17 de Dezembro de 1895, no periódico Review and Herald, por exemplo, ela escreve:

“A nação hebraica esteve em servidão por um grande número de anos. Eles eram escravos no Egito, e os egípcios os tratavam como se tivessem o direito de controlá-los em alma, corpo e espírito. Mas o Senhor não era indiferente à condição deles, ele não havia esquecido seu povo oprimido”.

Na sequência, ela fala um pouco sobre a grande obra de Moisés em libertar esse povo e da importância que eles teriam na pregação da Palavra de Deus. Então, compara:

“Mas a nação hebraica não é a única nação que esteve em servidão cruel e cujos gemidos chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. O Senhor Deus de Israel olhou para o vasto número de seres humanos mantidos em escravidão nos Estados Unidos da América. […] Deus viu a mancha suja da escravidão nesta terra, ele marcou os sofrimentos sofridos pelas pessoas de cor. Ele mudou o coração dos homens para trabalhar em favor daqueles que eram tão cruelmente oprimidos. Os estados do sul se tornaram um terrível campo de batalha. Os túmulos dos filhos americanos que haviam se alistado para libertar a raça oprimida são espessos no solo. Muitos caíram na morte, dando a vida para proclamar liberdade aos cativos e a abertura da prisão para os que estavam presos. Deus falou sobre o cativeiro do povo de cor tão verdadeiramente quanto ele fez com os cativos hebreus e disse: “Eu certamente vi a aflição do meu povo … e ouvi seu clamor por causa de seus encarregados; pois conheço suas tristezas; e desci para entregá-los. ”

Ellen White também nota que os hebreus, por terem sido escravos, saíram do Egito com muitos vícios. No entanto, Deus os educou. Da mesma forma, ela diz que “os cristãos em geral deveriam ter olhado com compaixão a raça colorida [negra], pela qual Deus se importava. Eles deveriam ter feito um trabalho para eles que os elevaria. Eles deveriam ter trabalhado com a sabedoria de Deus para educá-los e treiná-los”.

Para White, libertar os escravos e não lhes dar educação intelectual e espiritual para que pudessem viver dignamente era condená-los a uma situação de miséria existencial, bem como seus filhos e netos. E os cristãos estavam falhando grandemente nessa missão. Ela continua: “Temos sido muito negligentes com nossos irmãos de cor [negros] e ainda não estamos preparados para a vinda de nosso Senhor. Os gritos dessas pessoas negligenciadas chegaram diante de Deus”.

Um dos pontos em que os cristãos, na sua concepção, estavam falhando era na própria pregação do evangelho para os negros que não conheciam a Jesus. Ela pontua:

“Talvez alguns de nós tenham ficado tristes com sua miséria, mas o que fizemos para salvá-los da escravidão do pecado? Quem se apoderou desse trabalho de maneira inteligente? Quem assumiu o encargo de lhes apresentar a liberdade espiritual que lhes foi adquirida a um preço infinito? Não os deixamos espancados, machucados, desprezados e abandonados pelo caminho? É este o exemplo que Deus nos deu na história da libertação dos filhos de Israel? – De jeito nenhum”.

O parágrafo seguinte é bem enfático contra o racismo:

“Paredes de separação foram construídas entre os brancos e os negros. Esses muros de preconceito caem sobre si mesmos, assim como os muros de Jericó, quando os cristãos obedecem à palavra de Deus, que lhes impõe supremo amor ao seu criador e amor imparcial aos seus vizinhos. Pelo amor de Deus, vamos fazer algo agora”.

White conclama a igreja a fazer um trabalho pelos negros e lembra que muitas igrejas fizeram isso logo que a escravidão foi abolida. Esses missionários, reforça ela, sofreram preconceitos, mas eles permaneceram firmes, pois sabiam “que Cristo havia morrido por ele [o negro] tão verdadeiramente quanto morrera por seu irmão branco”. Ela diz ainda que “Mostrar simpatia pelos escravos libertados era expor-se ao ridículo, ódio e perseguição. O preconceito dos velhos tempos ainda existe, e aqueles que trabalham em favor da raça colorida [negra] encontrarão dificuldades”. Mas isso não deveria ser desculpa.

No parágrafo seguinte, ela dá exemplos práticos: “Aqueles que afirmam ser cristãos têm um trabalho a fazer ensinando-os a ler, a seguir vários ofícios e a se envolver em diferentes empreendimentos comerciais”. E lembra que muitos negros de caráter nobre e inteligência aguçada “Se tivessem a oportunidade de se desenvolver, estariam em igualdade com os brancos”.

É interessante como durante todo o texto, Ellen White exalta o estudo. Para ela, a melhor maneira de ajudar os negros a saírem da situação terrível que a escravidão deixou para eles era oferecendo educação. Os negros poderiam vencer as dificuldades se recebessem a mesma educação dada aos brancos. E era obrigação cristã fornecer essa educação. White termina seu artigo dizendo:

“Vamos considerar em espírito de oração a raça colorida [negra] e perceber que essas pessoas são uma parte da possessão adquirida de Jesus Cristo. Alguém de infinita dignidade, que era igual a Deus, humilhou-se para encontrar o homem em sua condição caída e desamparada e tornar-se um advogado diante do Pai em favor da humanidade. Jesus não declarou simplesmente sua boa vontade em relação ao homem que perecia, mas se humilhou, assumindo a natureza do homem. Por nossa causa, ele ficou pobre, para que pudéssemos possuir uma herança imortal, ser herdeiros de Deus e co-herdeiros com Jesus Cristo”.

Está bem claro, portanto, que Ellen White não via distinção entre negros e brancos, mas os considerava como igualmente amados por Deus. Tanto o negro, quanto o branco valiam o sangue de Cristo na cruz. Essa primeira publicação pode ser lida na íntegra, em inglês, neste link: https://m.egwwritings.org/pt/book/821.14660#14667.

Uma segunda publicação que eu gostaria de compartilhar é de 21 de Janeiro de 1896, também na Review and Herald. Ela já começa seu artigo dizendo:

“A lei de Deus contida nos dez mandamentos revela ao homem seu dever de amar a Deus supremamente e ao próximo como a si mesmo. A nação americana deve uma dívida de amor à raça negra, e Deus ordenou que eles devessem restituir o mal que fizeram no passado. Aqueles que não participaram ativamente da imposição da escravidão sobre as pessoas de cor não são dispensados ​​da responsabilidade de fazer esforços especiais para remover, na medida do possível, o resultado certo de sua escravização”.

Aqui White não dá espaço para o sentimento de isenção. O cristão de sua época deveria fazer alguma coisa para ajudar os negros (que sofriam problemas diversos causados pela escravidão de seus antepassados), independente de ter feito mal ou não às pessoas dessa etnia. E isso é óbvio. O cristão não foi chamado para ajudar apenas aquele a quem fez mal. Ele foi chamado para prestar auxílio a todos os que necessitam. Ela também diz:

“Como povo, não devemos mais dizer por nossa atitude: ‘Sou o guardião do meu irmão?’. Devemos despertar-nos para fazer justiça, amar a misericórdia. Devemos manifestar por nossas ações que temos a fé pela qual os santos devem lutar. Devemos sair em busca dos oprimidos, erguer os caídos e trazer ajuda àqueles que precisam de nossa assistência”.

Também relembra os males da escravidão e enfatiza as capacidades do povo negro:

“Devemos lembrar que muitas das pessoas de cor confiada à habilidade dada por Deus, que tinham capacidades intelectuais muito superiores às dos mestres que as reivindicavam como propriedade, foram forçados a suportar toda indignidade e suas almas gemeram sob a opressão mais cruel e injusta”.

Na sequência, ela fala sobre como os cristãos não deveriam negligenciar o campo missionário dos estados com maior número de negros. Suas palavras ensejam um igualitarismo radical no que tange a dignidade de negros e brancos:

“Somos os mensageiros de Deus, e ele nos enviou para trabalhar, tanto para a raça branca quanto para a negra, sem parcialidade e sem hipocrisia. Devemos expor a verdade em advertências e pedidos. Devemos apontar o caminho da luz em linguagem clara e simples, fácil de entender por ambos, branco e preto. Não temos tempo para construir muros de distinção entre a raça branca e a negra. As pessoas brancas que abraçam a verdade no campo do sul, se convertidas a Deus, discernirão o fato de que o plano de redenção abraça toda alma que Deus criou. Os muros do sectarismo, casta e raça caem quando o verdadeiro espírito missionário entra no coração dos homens. O preconceito é dissolvido pelo amor de Deus. Todos perceberão que devem tornar-se cooperadores de Deus. Tanto a etíope quanto a branca são de Deus. Nossa posse é adquirida, e nosso trabalho é melhorar todo talento que nos foi emprestado por Deus, para salvar as almas de brancos e negros. Se homens e mulheres de qualquer raça recusarem a verdade de Deus, deverão responder a Deus por sua rejeição de Jesus Cristo, que morreu por sua salvação. Com toda a nossa força, devemos fazer nosso trabalho agora”.

Um trecho do parágrafo seguinte é bastante enfático e belo:

“Os crentes, sejam brancos ou pretos, são ramos da Videira Verdadeira. Não deve haver céu especial para o homem branco e outro céu para o homem negro. Todos devemos ser salvos pela mesma graça, todos para finalmente entrar no mesmo céu. Então, por que não agir como seres racionais e vencer nossa antipatia por Cristo? O mesmo Deus que nos abençoa como seus filhos e filhas, abençoa a raça colorida [negra]. Aqueles que têm a fé que opera por amor e purifica a alma, olharão com compaixão e amor para as pessoas de cor [negras]”.

Ela prossegue, nos próximos parágrafos, incentivando os cristãos a servirem, mesmo nos campos mais difíceis, pois Deus sempre está com seu povo. Também salienta a necessidade de cuidar dos oprimidos. Termina rechaçando a diferenciação entre as raças e aludindo a passagens bíblicas que nos colocam todos como irmãos. Esse segundo texto pode ser todo lido aqui: https://m.egwwritings.org/pt/book/821.14717#14717.

Um terceiro texto que posso citar está no livro “Testemunhos para Igreja”, volume 9, que está disponível gratuitamente na internet em pdf (assim como todos os demais livros de Ellen White). No capítulo 23, White expõe suas preocupações com o racismo e o modo como isso atrapalhava a pregação do evangelho. O capítulo inteiro fala sobre isso, mas destacarei apenas alguns trechos:

“Estou muito preocupada com a obra entre as pessoas negras. O evangelho precisa ser pregado a essas pessoas, que em geral vivem em situação de desvantagem. Entretanto, devemos revelar grande precaução nos esforços para erguer essas pessoas. Entre os brancos, em muitos lugares, existe forte preconceito contra os negros. Deveríamos ignorar tal preconceito, porém, isso não é possível. Se agíssemos como se esse antagonismo não existisse, seríamos incapazes de apresentar a luz aos brancos. Temos de enfrentar a situação tal qual ela se apresenta, lidando com ela sábia e inteligentemente.

Durante muitos anos, tenho carregado um pesado fardo em favor dos negros. Dói-me o coração quando percebo os sentimentos contrários a esse povo crescerem mais e mais, e também à medida que vejo muitos adventistas do sétimo dia aparentemente incapazes de compreender a necessidade de um eficaz e imediato trabalho. Os anos estão passando para a eternidade, e ao que parece, bem pouco está sendo feito para ajudar aqueles que até há pouco tempo constituíam uma classe de escravos” (p. 204-205).

Em outro ponto, ela diz:

“Muito mais poderia ter sido realizado pelo povo da América do Norte se esforços adequados em favor dos escravos libertos houvessem sido postos em prática pelo governo e pelas igrejas cristãs, logo após a emancipação. O dinheiro deveria ter sido utilizado livremente em favor do cuidado e educação dos mesmos, num momento em que mui grande era a sua necessidade. Mas o governo, após pequeno esforço, deixou os negros a se debaterem, sem auxílio, em suas tremendas dificuldades. Algumas das fortes igrejas cristãs iniciaram um bom trabalho, porém infelizmente fracassaram, não alcançando senão comparativamente poucos. A Igreja Adventista do Sétimo Dia também falhou na porção que lhe cabia. Alguns esforços perseverantes têm sido postos em prática por indivíduos e sociedades a fim de erguer o povo negro, e essa tem sido uma obra nobre. Quão poucos, porém, têm tomado parte em tal obra, a qual deveria haver contado com a simpatia e ajuda de todos!

Esforços nobres foram empreendidos por alguns adventistas do sétimo dia, naquilo que precisa ser realizado em favor das pessoas negras. Houvessem aqueles engajados nessa obra recebido a cooperação de todos os seus irmãos atuantes no ministério, os resultados teriam sido muito diferentes daquilo que hoje se observa. Contudo, a grande maioria de nossos ministros não cooperou, como deveria ter feito, com aqueles poucos que se debatiam no empreendimento de uma obra mui necessária, num campo tão difícil” (p. 205).

Chega a ser surreal que uma mulher que escreveu isso seja taxada de racista! Note ainda que não se trata aqui de uma defesa de pautas “de esquerda”, como alguns cristãos direitistas fanáticos poderiam pensar. É inquestionável que a escravidão deixou os negros ex-escravos numa situação muito mais difícil que a dos brancos. Então, é óbvio que algo precisava ser feito por eles nos anos que se seguiram. Reconhecer isso nada tem a ver com defender pautas de esquerda.

Pode-se questionar qual é a melhor forma de fazer isso. Pode-se questionar como a defesa dos negros muitas vezes é cooptada por movimentos de esquerda que estão mais interessados em defender partidos progressistas, inflamar conflitos raciais e defender atos violentos do que propriamente ajudar os negros. Pode-se questionar ainda como que algumas medidas em prol dos negros são mais populistas do que eficazes para colocá-los em condições iguais a dos brancos. Mas nenhum cristão deveria, ao lançar essas questões, cair no erro de achar que quando os negros deixaram de ser escravos, imediatamente entraram numa situação igual a do homem branco não escravizado. Não entraram. E é isso que White está dizendo.

Além do mais, o apelo de White era muito mais para a Igreja do que para o governo. O governo é citado de relance. A responsabilidade recaía sobre os indivíduos. Nós, cristãos, é que devemos fazer algo por aqueles que estão em dificuldades (sejam quais forem). Então, não, esquerdistas e direitistas fanáticos, Ellen White não estava fazendo um discurso político pró-esquerda. Ela estava apenas e tão-somente chamando a atenção dos cristãos para os princípios básicos do evangelho. Em outro trecho, ela deposita no Espírito Santo a esperança do fim do preconceito:

“Quando for derramado o Espírito Santo, haverá um triunfo da humanidade sobre o preconceito em buscar a salvação de todos os seres humanos. Deus dominará as mentes. Os corações humanos amarão como Cristo amou. E a barreira da cor será considerada por muitos de maneira bem diferente daquela em que é considerada agora. Amar como Cristo ama eleva a mente a uma atmosfera pura, celestial e altruísta. Quem se acha intimamente ligado a Cristo é elevado acima do preconceito de cor ou casta. Sua fé apodera-se das realidades eternas. O divino Autor da verdade deve ser enaltecido. Nosso coração deve encher-se da fé que atua por amor e purifica o coração. A obra do bom samaritano é o exemplo que devemos seguir” (p. 209).

No capítulo 24, Ellen White continua falando da questão do racismo. Um trecho de especial importância é o que fala sobre uma palavrinha que críticos parecem não gostar muito: contexto. White explica que a questão do racismo é complexa e que isso implica um modo diferente de lidar com o problema em cada lugar. Veja:

“Devemos evitar entrar em controvérsia acerca da questão da cor da pele. Se esse assunto for muito agitado, surgirão dificuldades, as quais consumirão muito de nosso precioso tempo. Não podemos estabelecer uma linha definida ao lidarmos com essa questão. Em diferentes lugares, e sob diferentes circunstâncias, o assunto terá de ser manejado de modo distinto. No Sul, onde o preconceito racial é tão forte, não conseguiríamos realizar coisa alguma em termos de apresentação da verdade, se fôssemos lidar com a questão do racismo do mesmo modo como podemos lidar em alguns lugares do Norte. Os obreiros brancos do Sul precisam movimentar-se de uma forma que os capacite a obter acesso às pessoas de cor branca. 

É plano de Satanás levar as mentes a revolver a questão étnica. Se suas sugestões forem atendidas, existirá diversidade de opinião e grande confusão. Ninguém é capaz de definir com clareza a posição adequada das pessoas de cor negra. Os homens podem desenvolver teorias, mas posso assegurar-lhes que de nada nos aproveitará seguir teorias humanas. Tanto quanto possível, a questão racial não deve ser provocada” (p. 213-214).

A estratégia de White era interessante. Pregar o evangelho e ajudar a todos, mas sempre do modo mais apropriado ao contexto do lugar e da época, com cuidado, sem atitudes radicais confrontação. Aliás, é por essa causa que alguns trechos da obra dela são recortados por críticos e usados para alegar que ela era racista. Se lidos em seu contexto, demonstram que ela era apenas uma pessoa ponderada e estratégica. Ela sabia que lidar com a questão na base do radicalismo e sem reflexão só iria alterar os ânimos e agravar um preconceito mútuo que era muito forte em sua época entre muitos negros e brancos.

No capítulo 25, Ellen White continua falando do tema racismo. Eu finalizo citando seu primeiro parágrafo do capítulo:

“A religião da Bíblia não reconhece casta ou cor. Desconhece posição, riqueza, ou honras conferidas pelo mundo. Deus avalia as pessoas como pessoas. Para Ele, o caráter decide o seu valor. E devemos reconhecer o Espírito de Cristo em todo aquele em quem Ele é revelado. Ninguém deve sentir-se envergonhado de falar com uma honesta pessoa negra em qualquer lugar, ou de estender-lhe a mão. Aquele que vive na atmosfera de Cristo, será ensinado por Deus, aprendendo a considerar os homens como Deus os considera” (p. 223).

Esse livro pode ser baixado aqui. O conselho é: leia os capítulos 23, 24 e 25 na íntegra e tome notas. É essencial, quando vamos ler os escritos de alguém, lê-los em seu contexto temático e histórico em primeiro lugar.

Ellen White rotineiramente tem sido alvo de mentiras e distorções de seus escritos, assim como a Igreja Adventista do Sétimo Dia como um todo. Particularmente, tenho tido muito trabalho escrevendo textos e fazendo vídeos para desfazer essas mentiras. A carta (de 61 páginas) e o vídeo que fiz respondendo o Augustus Nicodemus, bem como o vídeo respondendo o Yago Martins são exemplos disso. Cada vez que um cristão espalha fake news sobre a IASD, isso causa um grande transtorno para nós. É muito ruim ser acusado de coisas que não cremos.

Claro, nem todo mundo faz isso de propósito. Creio que a maioria dos cristãos que repetem essas mentiras realmente creem nelas. É um engano sincero. Mas aqui fica a pergunta: como cristãos não devemos checar alegações contra pessoas e igrejas antes de compartilhá-las? Não devemos ir aos livros originais, procurar pessoas daquela igreja que possam nos esclarecer e certificar-nos que estamos sendo justos? Creio que isso é um dever de todo o cristão.

Não, amigo cristão, Ellen White não era racista, nem ensinava isso. Também não ensinava a salvação pelas obras, nem a salvação pelo sábado, nem a salvação pela abstenção do consumo de carne, nem a salvação pela reforma de saúde, como tantos repetem por aí com base em textos isolados e sem nunca terem estudado profundamente a doutrina adventista. Ellen White também não criou uma segunda Bíblia, mentira também exaustivamente repetida. Suas visões nunca serviram de base para as doutrinas adventistas e seus escritos exaltam a Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática doutrinárias. E é justamente com base na Bíblia que esta mulher defendeu fortemente que negros e brancos são iguais em dignidade perante Deus.

Você pode não crer em Ellen White, nem nas doutrinas adventistas. Mas procure ser honesto quando for fazer alegações sobre ela e a instituição da qual ela fazia parte. É sua obrigação como cristão. E Deus o cobrará.

Por Davi Caldas

Fonte: Reação Adventista

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Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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