A Manipulação Semântica de Esquerda

Uma das armas mais poderosas usada na guerra política é a manipulação semântica. Trata-se de uma estratégia manipulatória muito simples e eficaz. Ela consiste em mudar o sentido das palavras para que elas possam trazer ideias e sentimentos favoráveis às intenções do manipulador. Vamos aos exemplos:

1) Um socialista quer que a palavra “socialismo” remeta a uma boa ideia e gere bons sentimentos em quem a ouve ou lê. Ele, então, equipara o socialismo a “saber dividir as suas coisas”. 

A partir daí, ele pode, por exemplo, olhar para o livro de Atos dos Apóstolos, na Bíblia, e dizer que os primeiros cristãos eram socialistas porque sabiam dividir as coisas. Percebe? Houve uma manipulação semântica. O termo “socialismo” não significa isso. Mas ao fazer as pessoas pensarem que significa, gera simpatia. Afinal, saber dividir as coisas, não ser egoísta, é algo bom.

O resultado é impressionante, pois, sempre que a pessoa que “comprou” o novo significado, ouvir a palavra “socialismo”, vai pensar no sistema com bons olhos, pois pensará em “saber dividir as coisas”. E cada vez que alguém criticar o socialismo, considerará que tal pessoa é egoísta e de mau caráter.

Quando alguém mostrar a essa pessoa que o socialismo não é “saber dividir”, mas sim um regime de governo centralizador que redistribui os rendimentos por meio da coação, ela tentará equiparar os dois sentidos. E quando lhe mostrarem que os governos socialistas não foram (nem são) exemplos de virtude, a pessoa dirá que não se trata do verdadeiro socialismo. E continuará a defender outras tentativas de socialismo, mantendo a mesma ideia de que o socialismo é “saber dividir”. Curiosamente, muitas vezes, a própria pessoa que pensa isso não sabe dividir as coisas. Mas ela tentará desfazer essa sua contradição, colocando essa responsabilidade sobre terceiros, nomeadamente sobre o Governo.


FUNDAMENTALISTA


2) A palavra “fundamentalismo” é outro exemplo de manipulação semântica. Essa palavra surgiu no início do século XX para referir-se aos cristãos tradicionais e criacionistas, que criam na literalidade dos primeiros capítulos do livro bíblico de Gênesis, na inerrância das Escrituras Sagradas, nos milagres e nas doutrinas cristãs ortodoxas. 

Ou seja, eram fundamentalistas porque defendiam tudo o que foi, desde sempre, fundamento da religião cristã. Em oposição, estavam os cristãos liberais e evolucionistas, que se vinham a afastar desses fundamentos. 

Os adventistas estavam nesse grupo de fundamentalistas [exceto na questão da inerrância literal das Escrituras. Os adventistas creem na inerrância temática das Escrituras, mas não na sua inerrância textual].

Com o passar do tempo, contudo, “fundamentalista” passou a ter o sentido de “fanático”. Uma vez que a palavra “fanático” também é usada para designar grupos religiosos violentos, então todos esses grupos de pessoas foram “colocados no mesmo saco”. 

Assim, semanticamente, um adventista ou qualquer outro cristão criacionista e tradicional é considerado fundamentalista tal como um homem-bomba islâmico.

O efeito psicológico que isso causa é que, qualquer cristão que siga fielmente os fundamentos bíblicos, é considerado quase tão intolerante como um homem-bomba e está a seguir pelo mesmo caminho. 

A guerra semântica é, por conseguinte, uma guerra de rótulos e uma guerra psicológica. Cole um bom rótulo naquilo que defende e um mau rótulo no que o outro defende, e os efeitos psicológicos desse trabalho garantirão pessoas do seu lado!

3) O mesmo é feito quando se força o capitalismo a tornar-se sinônimo de consumismo, egoísmo e exploração; a fé como sendo sinônimo de crença irracional; o conservadorismo como sendo sinônimo de elitismo e defesa do status quo; o feminismo como sinônimo de “estar a favor da mulher” (o que implica, semanticamente, que quem não é feminista é contra a mulher).

Alguns movimentos são engenhosos. Muitos grupos feministas transformaram as palavras “vadia” e “p***” em termos bons. Há a Marcha das Vadias, que procura defender que a mulher tem direito de ser vadia e isso não é demérito, mas uma opção normal, viável, que emana da liberdade feminina. 

Ao mesmo tempo, muitos grupos procuraram criar um eufemismo para as palavras prostituta e meretriz. Seriam ofensivas. A ideia seria substituir por “profissionais do sexo”.

Pode parecer paradoxal, mas não é. Em ambos os casos, a intenção é tornar ou fazer parecer a promiscuidade algo bom, normal, aceitável. As meretrizes se tornam “profissionais”. E as mulheres “normais” podem ser vadias. Guerra semântica.

4) O “politicamente correto” é um exemplo de guerra semântica. A partir dele proíbe-se culturalmente algumas palavras e expressões por, supostamente, ofenderem ou discriminarem certos grupos de pessoas. 

Já foi proibido, por exemplo, chamar certas pessoas de “pretos”. Era preciso chamá-los “negros”. Depois “negro” deixou de ser o ideal e criou-se o “afrodescendente”. 

Nos EUA, há o “afro-americano”. Em relação aos homossexuais, tenta-se proibir culturalmente agora a palavra “homossexualismo”, pois o “ismo” supostamente traz a noção de doença. A palavra adotada, por enquanto, é “homossexualidade”.

Esse tipo de policiamento estende-se às piadas, aos temas abordados por filmes e às críticas aceitáveis. Qualquer ponto de um discurso pode ser taxado de ofensivo ou não inclusivo. Trata-se de um controle da linguagem. 

E quem controla a linguagem, pode mudar e manipular os termos, interpretar como quer os discursos e, desta forma, apontar como racista, discriminador, homofóbico, etc., quem não segue a cartilha de termos e temas permitidos.

5) “Homofobia” é outra palavra alvo de manipulação. O seu sentido é de aversão aos homossexuais. Ela tem sido usada, contudo, tanto para designar agressores de homossexuais, como quem simplesmente não concorda com a prática da homossexualidade. 

Qual é o efeito psicológico? Quem não concorda é quase um agressor e/ou está a caminhar para isso. A propósito, isso leva a uma outra manipulação semântica – “respeitar” passa a ser sinónimo de concordar e achar correto.

6) Três palavras muito usadas na guerra semântica são: “fascista”, “nazista” e “democracia”. “Fascista” e “nazista” tornaram-se termos insultuosos ou termos alvos de troça. 

O adversário, não importa o que defenda, é rotulado com um desses termos para que todos pensem que as suas ideias são inadmissíveis e que não podem ser sequer discutidas. É uma forma inteligente de se ser intolerante com alguém, mas dando a aparência de se ser uma boa pessoa. Afinal, não se pode tolerar o fascismo e o nazismo!

Curiosamente, é comum que quem apelide um adversário de fascista e/ou nazista, aja e pense como um fascista – saindo à rua em grupos para defender o partido, com violência, e defendendo a ideia de um Estado forte e controlador – e como um nazista – sendo antipático para com os, ou mesmo tendo ódio aos, judeus. 

E, muitas vezes, o alvo da ofensa é favorável a um Estado sem grandes aparências, simpático para com os judeus e pacífico.

Já a palavra “democracia” tornou-se um sinónimo de algo bom para o povo. E quem define o que é bom para o povo? Os “representantes do povo”, que formam um partido.

Assim, mesmo que o povo não escolha algo, se os seus representantes escolhem, é bom para todos. E, sendo eles “legítimos representantes”, se eles escolhem, todos escolheram. Com essa manipulação semântica e mental, qualquer ditadura pode ser chamada de democracia! Não é por acaso que diversos regimes socialistas se intitularam (e se intitulam) de democráticos, ao longo do tempo.

7) As palavras “puritano” e “moralista” também sofreram uma manipulação. “Puritano” é quem procura ser puro. “Moralista” é quem procura ser moral. 

Embora isso possa ser um erro espiritual quando colocado como um alvo no lugar de Cristo, em vez de ser uma consequência de se seguir a Cristo, não é, necessariamente, algo ruim. Ser puro e moral são virtudes. 

Mas os manipuladores chamarão de “puritano” e “moralista” a todos os hipócritas. E chamarão todos os que levam a Bíblia e a santificação a sério de moralistas e puritanos. Assim, servir a Deus, passa a ser coisa de hipócrita.

8) “Legalista” e “perfeccionista” serão palavras usadas para esses fins. O simples cristão obediente será lançado “no mesmo saco” de quem crê na perfeição absoluta e na salvação pelas obras da lei. 

A própria palavra “legalista” talvez seja um exemplo antigo de manipulação, pois, noutros contextos, como no do Direito, “legalista” é simplesmente aquele que segue a lei, o que é legal do ponto de vista jurídico. E isso não é ruim (conquanto que não se encare a lei como salvífica, no caso espiritual). Em Salmos 119:4, lemos: “Tu [Senhor] ordenaste os Teus mandamentos, para que os cumpramos à risca”. Obedecer a Deus é bíblico!

Com esses exemplos, fica claro o que é a guerra semântica. É uma batalha travada por manipuladores com o intuito de mudar o sentido das palavras para benefício próprio. 

Isso ocorre o tempo todo e através dessa manipulação, tornamo-nos, na visão do povo, intolerantes, hipócritas e maus, enquanto os manipuladores ficam com a aparência de boas pessoas. 

Sejamos espertos em saber identificar essa estratégia e saibamos fazer uso da verdade para barrar manipulações de palavras, que têm como objetivo a manipulação mental.


FONTE: Davi Caldas Reação Adventista ADAPTAÇÃO do Pr. Paulo Cordeiro

 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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