A Substituição do Dia do Senhor

Este estudo tem 100% de suporte bíblico. Sendo assim, que o Espírito de Deus nos ajude a compreender a Sua Santa Palavra.

A SUBSTITUIÇÃO DO DIA DE DEUS POR UM DIA PAGÃO. “O quebrantamento da Lei de Deus no início foi a porta de entrada para o pecado, ainda hoje, milhões continuam pisando os preceitos divinos.” – Carlos A. Trezza, A Suprema Esperança do Homem, 1.ª ed., 1970, pág. 48. A substituição do sábado pelo domingo não é um assunto que a Igreja Católica negue ou procure esconder. Ao contrário, ela admite francamente e aponta na verdade com orgulho, como evidência de seu poder de mudar até um dos mandamentos de Deus. Leiamos alguns trechos do catecismo Católico.

A obra do Rev. Peter Geiermann, C.S.R., The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine, recebeu em 25 de janeiro de 1919 a “bênção apostólica” do Papa Pio X. Com referência ao assunto da mudança do sábado, diz o citado catecismo:

Pergunta: Qual é o dia de repouso?
Resposta: O dia de repouso é o sábado.
Pergunta: Por que observamos o domingo em lugar do sábado?
Resposta: Observamos o domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica, no Concílio de Laodicéia (336 d.C.), transferiu a solenidade do sábado para o domingo.” – Segunda edição, pág.50.

Foi, pelo Rev. Stephen Keenan, Arcebispo de Nova Iorque, aprovada uma obra intitulada: A Doctrinal Catechism. Faz ela estas observações quanto à questão da mudança do sábado:

“Pergunta: Tendes qualquer outra maneira de provar que a igreja tem poder para instituir dias de guarda?
Resposta: Não tivesse ela tal poder, não teria feito aquilo em que todas as modernas religiões com ela concordam – a substituição da observância do sábado, o sétimo dia, pela observância do domingo, o primeiro dia da semana, mudança para a qual não há nenhuma mudança escriturística.” – pág. 174.

An Abridgment of the Christian Doctrine, de autoria do Rev. Henry Tuberville, D.D., de Douay College, França, contém estas perguntas e respostas:

Pergunta: Como podeis provar que a igreja tem poder para ordenar festas e dias santos?
Resposta: Pelo próprio fato de mudar o sábado para o domingo, com que os protestantes concordam; e dessa forma eles ingenuamente se contradizem, ao guardarem estritamente o domingo e transgredirem outros dias de festa maiores e ordenados pela mesma igreja.
Pergunta: Como podeis provar isto?
Resposta: Porque ao guardarem o domingo, eles reconhecem o poder que a igreja tem para ordenar dias de festa, e ordená-los sob a ameaça de pecado; e, ao não observarem o repouso [dos dias de festas] por ela ordenados, eles de novo reconhecem, com efeito, o mesmo poder.” – pág. 58.

NEM UMA LINHA BÍBLICA EM FAVOR DA OBSERVÂNCIA DO DOMINGO. O Cardeal Gibbons, em The Faith of Our Fathers, diz o seguinte: “Podeis ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse, e não encontrareis uma linha autorizando a santificação do domingo. As Escrituras exalta a observância religiosa do sábado, dia que nós nunca santificamos.” – Edição de 1893, pág. 111.

“A Igreja Católica… Mudou o Dia”

The Catholic Press of Sydney, Austrália, é claro em afirmar que a observância do domingo é de origem exclusivamente católica.

“O domingo é uma instituição católica e a reivindicação à sua observância só pode ser defendida nos princípios católicos… Do princípio ao fim das Escrituras não há uma única passagem que autorize a transferência do culto público semanal do último dia da semana para o primeiro.” – 25 de agosto de 1900.

Em seu livro Plain Talk About the Protestantism of Today, Monsenhor Segur afirma: “Foi a Igreja Católica que, por autorização de Jesus Cristo, transferiu este repouso para o domingo em memória da ressurreição de nosso Senhor. Dessa forma, a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que eles prestam, contradizendo-se a si próprios, à autoridade da igreja [católica].” – Edição de 1868, parte 3, sec. 4, pág. 225.

No ano 1893, o Catholic Mirror, de Baltimore, Maryland, foi o órgão do Cardeal Gibbons. Em seu número de 23 de setembro daquele ano publicou ele está notável declaração: “A Igreja Católica, mais de cem anos antes da existência de um único protestante, em virtude de sua divina missão, mudou o dia de sábado para o domingo.” “O descanso cristão é, por conseguinte, neste dia, o conseqüente reconhecimento da Igreja Católica como esposa do Espírito Santo, sem uma palavra de protesto do mundo protestante.” – Reimpresso pelo Catholic Mirror como um folheto, The Christian Sabbath, págs. 29 e 31.

A OBSERVÂNCIA DO DOMINGO SEM AUTORIZAÇÃO DIVINA. Burns e Oates, de Londres, são publicadores de livros católicos romanos, um dos quais eles se comprazem em chamar The Library of Christian Doctrine. Uma parte deste é intitulada: “Por que não guardais o sábado?” E apresenta o seguinte argumento de um católico para um protestante:

“Vós me dizeis que o sábado era repouso judaico, mas que o repouso cristão foi mudado para o domingo. Mudado! Mas por quem? Quem tem autoridade para mudar um mandamento expresso do Deus Onipotente? Quando Deus disse: ‘Lembra-te do dia do sábado para o santificar’, quem ousaria dizer: ‘Não, podeis trabalhar e fazer qualquer tipo de negócio secular no sétimo dia; mas santificareis o primeiro dia em seu lugar?’ Esta é a pergunta mais importante, à qual não sei como podeis responder.

Sois protestante, e afirmais seguir a Bíblia e a Bíblia apenas: e mesmo neste importante assunto, qual seja o da observância de um dia em sete como dia santificado, ides contra a clara letra da Bíblia e pondes outro dia no lugar daquele em que a Bíblia ordenou. O mandamento que ordena santificar o sétimo dia é um dos Dez Mandamentos; vós credes que os outros nove sejam ainda obrigatórios; quem vos deu autoridade para violar o quarto? Se quiserdes ser coerentes com os vossos princípios, se realmente seguis a Bíblia e ela unicamente, deveis ser capazes de apresentar alguma porção do Novo Testamento na qual o quarto mandamento seja expressamente alterado.” – págs. 3 e 4.

Após cuidadoso exame da Bíblia, da História tanto civil como eclesiástica, dos escritos teológicos, comentários, manuais de igrejas, somos levados a concluir que não há nenhuma autorização nas Sagradas Escrituras para a observância do domingo, nenhuma autoridade concedida ao homem para fazer tal mudança do sétimo para o primeiro dia, nenhuma sanção foi dada à essa mudança.

Esta substituição do verdadeiro Sábado do Senhor por um falso sábado foi a obra de um movimento inteiramente anticristão, o qual adotou a observância de um dia puramente pagão e presunçosamente o implantou na igreja cristã. Está observância não representa obrigação alguma para os cristãos, mas deve ser imediatamente abandonada como preceito, e o verdadeiro sábado do Senhor seja restaurado ao seu justo lugar, tanto no coração do Seu povo como na prática de Sua igreja.

Carlyle B. Haynes, Do Sábado Para o Domingo, 8.ª ed., 1999, págs. 47-52.

DESPRESO OSTENSIVO PELO QUARTO MANDAMENTO

COMO CRISTO CONSIDEROU O SÁBADO. Toca ás raias do absurdo a vesguice dialética dos que tentam demolir o dia de Deus, relegá-lo ao desprezo e evitá-lo de toda forma, principalmente os que acham que Cristo considerou desrespeitosamente o Sábado. Citam Marcos 2:27, que reza: “O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado”, e pontificando com ares doutorais declaram: “Isto quer dizer que o sábado ou dia de descanso, deve servir ao homem e não o homem estar sujeito a ele.” Aí está uma pueridade de causar pena.

Vejamos o que o Mestre quer dizer com estas palavras: Há aí duas proposições: uma do sábado servir ao homem; outra, do homem sujeitar-se ao sábado. Considerando a primeira. É de clareza meridiana:

1.ª – O sábado foi instituído e oferecido ao homem como algo muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo traduz: “O sábado foi feito em contemplação ao homem.” O sentido evidente é que o sábado foi instituído para o bem-estar físico, moral e espiritual das criaturas humanas. O sábado é assim uma instituição a favor do homem, em seu benefício, uma benção grandiosa. Só uma perversa distorção do texto poderia levar à conclusão de que o sábado deva ser considerado contrário ao homem. Portanto, a dedução dos que são contra o sábado é infeliz, errônea e contrária ao sentido bíblico.

2.ª – A segunda proposição contida no texto diz: “e não o homem por causa do sábado”. Simples demais para ser entendida. Deus não criou o homem porque Ele tivesse um sábado a ser guardado por alguém. Ao contrário, criara primeiro o homem, e depois o sábado para atender-lhe às necessidades de repouso e recreação espiritual. Assim o sábado lhe seria uma benção e não uma carga. O farisaísmo dos dia de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os rabinos o acumularam de exigências extravagantes que o tornaram um fardo quase insuportável. A atitude de Cristo para com o sábado foi a de purificá-lo, limpá-lo desses acréscimos, devolvendo-o à real pureza. A atitude de Cristo para com o Seu santo dia foi de reverência e não de desprezo.

E de passagem cabe aqui uma observação: o sábado foi feito por causa do homem, e isto não pode ser verdade em relação ao domingo, porque no primeiro dia da semana o homem ainda não fora criado!

Citam em seguida Mateus 12:8: “O Filho do homem até do sábado é Senhor”. E concluem desastradamente que Cristo é Senhor do sábado para mudá-lo, alterá-lo, suprimi-lo, enfim. Incrível! Diríamos de início que, sendo o sábado um mandamento da Lei de Deus, se Cristo o transgredisse de qualquer maneira Se tornaria um pecador, e nessa condição não poderia ser o nosso Salvador! No entanto, Cristo permaneceu em completa adoração e obediência ao Deus Pai. Teve uma vida humana impecável, um caráter irrepreensível. (Filipenses 2:5 a 11). E Ele mesmo declara:

 “Porque eu não falei por Mim mesmo; mas o Pai, que Me enviou, Esse Me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar. E sei que o Seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que Eu falo, falo-o exatamente como o Pai Me ordenou.” (João 12:49 e 50)

 “Como o Pai Me amou, assim também Eu vos amei; permanecei no Meu amor. Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor; do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai, e permaneço no Seu amor.” (João 15: 9 e 10)

 “Tenho-vos dito estas coisas, para que em Mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” (João 16:33)

JESUS DECLAROU-SE SENHOR DO SÁBADO. Solene e importantíssima declaração! Frise-se bem que Ele é Senhor do sábado e não do domingo, embora a cristandade semi-apostatada averbe este dia como “dia do Senhor”. Cristo porém reafirmou Sua soberania sobre o sábado. É o Autor do sétimo dia, consagrado ao repouso e, nessa qualidade, sabe o que lícito ou não fazer nele. Os fariseus que censuraram os discípulos por apanharem espigas, foram além dos reclamos divinos, “além do que está escrito”. Punham restrições descabidas à guarda do sábado. E Jesus para mostrar-lhes Sua autoridade, apresenta-Se como Autor do sábado. Nada há de derrogatório na declaração do Mestre. Ao contrário, reafirma o valor e a vigência do sábado, livre, no entanto das aderências talmúdicas.

Broadus, renomado comentarista, tratando deste texto, assim conclui: “Mas o sábado permanece ainda, pois que existia antes de Israel, e era desde a criação um dia designado por Deus para ser santificado (Gênesis 2:3)…” 1

 Cristo não foi contra o dia, mas contra a maneira errônea e extremista de guardá-lo.

A. H. Strong, grande teólogo, diz: “Nem nosso Senhor ou os apóstolos ab-rogaram o sábado do decálogo. A nossa dispensação abole as prescrições mosaicas quanto à forma de guarda do sábado mas ao mesmo tempo declara sua observância de origem divina e como sendo uma necessidade da natureza humana… Cristo não cravou na cruz qualquer mandamento do decálogo… Jesus não se defende da acusação de quebrar o sábado, declarando que este foi abolido, mas estabelece o verdadeiro caráter do sábado em atender uma necessidade humana fundamental…” 2

Ryle, erutido comentarista evangélico, tratando do texto diz: “Não devemos deixar-nos arrastar pela opinião comum de que o sábado é mera instituição judaica, que foi abolido ao anulado por Cristo. Não há uma só passagem das Escrituras que isso prove. Todos os casos em que o Senhor Se refere ao sábado, fala contra as opiniões errôneas que os fariseus propagaram a respeito de sua observância. Cristo depurou o quarto mandamento da superfluidade profana dos judeus… O Salvador que despojou o sábado das tradições judaicas e que tantas vezes esclareceu o seu sentido, não pode ser inimigo do quarto mandamento. Pelo contrário Ele engrandeceu e o exaltou.” 3

PERPETUIDADE TEMPORÁRIA?

Surge sempre a cediça afirmação de que o sábado não é “perpétuo”, porque em Êxodo. 12:14; 30:21 e Levítico 23:21 o adjetivo “perpétuo” também é aplicado à “páscoa”, “lavagem de mãos”, e “festas judaicas”, e estas coisas cessaram de existir. Aqueles que declaram tal absurdo, precisam saber que o adjetivo hebraico olam, traduzido por “perpétuo” nos textos em tela e por “para sempre” em outros lugares, tem o seu sentido condicionado à natureza daquilo que se aplica. Sendo assim, as festas cerimoniais teriam duração até ao tempo em que seriam necessárias.

 Jonas, ao descrever as peripécias pelas quais havia passado no interior do peixe, diz: “… os ferrolhos da Terra correram-se sobre mim para sempre [olam]”, Jonas 2:6. Esse “para sempre” durou apenas três dias e três noites. Foi uma duração curtíssima, não acham?

No entanto, quando o mesmo adjetivo está junto de palavras que, pela natureza, têm duração ilimitada, significa realmente “duração sem fim”. Junto de “Deus”, “vida”, “amor”, etc., indica perpetuidade. O “argumento” nada prova contra a permanência sabática, pois, segundo a Bíblia, o sábado será observado na Nova Terra pelos remidos:

“Pois, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e o vosso nome. E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.” (Isaías 66:22 e 23)

BLASFÊMIA. O cúmulo do contra-senso é afirmar que o sábado não santifica o homem, e os que observam decaem na vida espiritual. Mas a Palavra de Deus desmente frontalmente tal afirmação, declarando que o sábado é um sinal de santificação. Notemos:

 O dia foi santificado pelo próprio Deus. (Gênesis 2:3)
 O quarto mandamento manda lembrar o sábado para o santificar. (Êxodo 20:8; Isaías 58:13 e 14)
 Sinal entre Deus e Seu povo, pelo qual Deus os santifica. (Ezequiel 20:12; Ezequiel 20:20)
 Chamado dia santo. (Êxodo 31:14; Neemias 9:13 e14). Preferimos crer na Bíblia. Ela fala a verdade.

Estranham alguns que afirmamos que os “santos do Altíssimo” são os milhares que pereceram na Idade Média, porquanto guardaram eles o domingo. Respondemos: Sim, eram santos do Altíssimo. Foram sinceros dentro da luz que tinham. A verdade do sábado foi restaurada séculos depois que eles viveram… E hoje que esta luz está sendo irradiada a todo o mundo, quem deliberadamente se insurge contra ela estará debaixo do juízo de Deus!!!

“A Igreja mudou a observância do Sábado para o domingo pelo direito divino e a autoridade infalível concedida a ela pelo seu fundador, Jesus Cristo. O protestante, propondo a Bíblia como seu único guia de fé, não tem razão para observar o domingo. Nesta questão, os Adventistas do Sétimo Dia são os únicos protestantes coerentes.” – Boletim Católico Universal, pág. 4, de 14 de agosto de 1942.

O CONCÍLIO DE LAODICÉIA. Tornou-se costume, a apresentação de falsos ensinos sobre o Concílio de Laodicéia, visando tirar-lhe toda autoridade legislativa para a igreja romana. O intuito é evidente: enfraquecer nossa argumentação baseada em um dos cânones votados por aquele sínodo da igreja apostatada. Veremos, no entanto, como também essa investida não atinge os objetivos, e falha completamente.

Quem lê nossa literatura percebe que, de fato, costumamos citar o Concílio de Laodicéia como outro forte sustentáculo da implantação da observância do falso dia de repouso. Essa assembléia eclesiástica, cuja data mais admissível é 364 d.C., depois de alguma discussão sobre a disparidade do dia de guarda, e motivada em parte pela vigência do edito constantiniano, estabeleceu no Cânon 29: “Os cristãos não devem judaizar e descansar no sábado, mas sim trabalhar neste dia; devem honrar o dia do Senhor e descansar, se for possível, como cristãos. Se, entretanto, forem encontrados judaizando, sejam excomungados por Cristo.” – Hefele, History of the Councils of the Church, vol. II, livro 6, sec. 93, pág. 318.

Aí está, com a maior fidelidade possível, a transcrição do Cânon 29, legislado sobre o dia de guarda. Os cristãos fiéis observavam o sábado. Contudo a apostasia gradual já se manifestava com certa ascendência nos meios eclesiásticos, tendo tomado vigoroso impulso com o célebre edito do imperador Constantino em 321, além de outras leis dominicais promulgadas por ele nos anos seguintes. Contudo, o sábado continuava sendo observado. Eis alguns depoimentos:

“O sábado foi religiosamente observado na Igreja do Oriente, durante mais de trezentos anos depois da paixão do Salvador.” – E. Brerwood (professor do Gresham College de Londres), Learned Treatise of the Sabbath, pág. 77.

Outro historiador sincero, criterioso e imparcial, afirma: “Retrocedendo mesmo até o quinto século, foi contínua a observância do sábado judaico na igreja cristã, mas com rigor e solenidade gradualmente decrescentes, até ser de todo abolida.” – Lyman Coleman, Ancient Christianity Exemplified, cap. 26, seção 2.

Mais forte se nos afigura ainda o depoimento do historiador Sócrates, que escreveu em meados do quinto século. Diz ele: “Quase todas as igrejas do mundo celebram os sagrados mistérios no sábado de cada semana; não obstante os cristãos de Alexandria e de Roma, em vista de alguma antiga tradição, recusarem-se a fazê-lo.” – Eclesiastical History, livro V, cap. 22.

Sozomen, outro historiador do mesmo período, escreveu: “O povo de Constantinopla e de outras cidades, congregam-se tanto no sábado como no dia imediato; costume esse que nunca é observado em Roma.” – Eclesiastical History, livro VII, cap. 19.

Estas citações provam que o sábado era observado pelos fiéis, naquele tempo, mas a igreja de Roma e as de sua órbita de influência já começaram a implantar o domingo. O “festival da ressurreição”, sem nenhum caráter de dia de guarda, tivera grande incremento com a imposição oficial pelo edito de Constantino. O resultado foi a confusão, a guarda de ambos os dias por muito tempo. Pois bem, é um ambiente assim que o Concílio de Laodicéia vota o Cânon 29. Nesse contexto histórico é que se vê a apostasia ganhando terreno, e melhor se percebe o sentido desse voto.

Ninguém pode negar que esse cânon foi estabelecido, e salta à vista que se trata de uma lei eclesiástica impondo a guarda do domingo. Se a observância dominical era, na ocasião, ponto pacífico, fato estabelecido, coisa indiscutível – como querem alguns – então por que o Concílio de Laodicéia cogitou deste assunto em suas sessões? Por que legislou a respeito de um ponto líquido e certo?

O fato inegável é que o conclave traçou diretrizes a respeito do dia de guarda. É vão, inútil o esforço com o objetivo de minimizar a autoridade desse concílio, alegando que se realizara no Oriente e não em Roma, que a cidade de Laodicéia era grega e não romana, que a igreja de Roma não esteve presente nele, que era concílio local, sem amplitude, que só havia 33 bispos e outras arengas.

Tudo isso, no entanto, em nada, absolutamente em nada, enfraquece a tese adventista. Não destrói o fato de um concílio católico, ou melhor, um concílio da igreja chamada cristã mas praticamente em plena integração da apostasia, ter legislado solenemente a respeito do dia de guarda.

Mas perguntamos: Para que invocar o sábado, se ele fora cancelado na cruz e ninguém se lembrava mais dele?

Repetimos que essas alegações são de todo improcedentes. Analisemo-las. O local da instalação do concílio nada significa contra a autoridade, eis que os primeiros concílios, e concílios gerais, ecumênicos e importantes da igreja romana realizaram-se no Oriente. Por exemplo:

• O primeiro concílio geral realizou-se em Nicéia (Ásia Menor) no ano 325 d.C., e na mesma cidade o segundo em 787 d.C.
 Em Constantinopla (Turquia) houve nada menos que quatro concílios, sendo o primeiro em 381 d.C., o segundo em 553 d.C., o terceiro em 681d.C. e o quarto em 889 d.C.
 Em Calcedônia (Ásia Menor) reuniu-se o concílio de 551 d.C.
 Excetuando-se o Concílio de Éfeso em 431 d.C., só a partir de 1123 d.C. os concílios romanos tiveram lugar em cidades européias. E mais ainda: em Roma propriamente dita só se realizaram os cinco concílios de Trento, e o do Vaticano em 1870. O fato de a maioria desses sínodos se terem realizados fora de Roma não lhes enfraquece a autoridade, por isso que a tese é insustentável.

A afirmação de que era concílio local, sem amplitude, revela ignorância dos fatos, pois essa assembléia foi totalmente confirmada pelo concílio geral de Calcedônia, sendo aí aceitos, ratificados e oficializados todas as suas decisões e cânones, inclusive o Cânon 29, o cânon que ordena a guarda do domingo. À vista deste fato, o Concílio de Laodicéia pode ser considerado geral. Tem o mesmo peso de autoridade.

A História e os fatos desmentem as afirmações levianas, pois o que interessa saber é se as medidas ali tomadas ficaram circunscritas a Laodicéia apenas, ou tornaram-se diretrizes para toda a cristandade de então. Isto é fundamental. O Cânon 29 do Concílio de Laodicéia, que veda o trabalho no domingo, tornou-se diretriz para a igreja romana, e é neste ponto indesmentível que baseamos nossa tese.

MAIS AINDA. Este concílio teve autoridade de estabelecer o cânone dos livros sagrados da Escritura, excluindo, como excluiu, os livros apócrifos. Essa medida também foi de aplicação universal. Nessa ocasião o livro do Apocalipse não foi aceito, porém foi ele finalmente incluído no cânon no Novo Testamento por outro concílio local, realizado também fora dos domínios romanos: o Concílio de Cartago (África) no ano 397 d.C.

NOTEMOS BEM: graças a esses dois concílios locais, realizados fora de Roma, e mesmo com pequena representação da igreja romana, é que os nossos acusadores possuem hoje suas Bíblias como está, com o cânone em ordem, com todos os livros inspirados, e excluídos os deuterocanônicos. Por isso não se deve minimizar a autoridade do Concílio de Laodicéia, eis que suas decisões tornaram-se leis e regras da igreja. Verdade é que, na contra-reforma, a igreja romana voltou a incluir no cânon os apócrifos, com o fim evidente de combater o protestantismo.

Diz Eduardo Carlos Pereira: “O Concílio de Laodicéia (364), confirmado pelo Concílio de Tolo e pelo Concílio Geral de Calcedônia (451), excluiu do seu catálogo os livros apócrifos.” – O Problema Religioso na América Latina, pág. 78.

Diz a abalizada Enciclopédia New Schaff-Herzog: “Também [nesse Concílio de Laodicéia] se estabeleceu o cânone dos livros sagrados, com exclusão do Apocalipse.”

E a Enciclopédia Britânica acrescenta: “Todos os cânones [do Concílio de Laodicéia] foram confirmados pelo Concílio de Calcedônia em 451.”

Tanto isto é verdade que o “Cânon n.º 1” do Concílio Geral de Calcedônia, assim começa: “Os cânones até esta data elaborados pelos santos pais em todos os concílios terão validade.” – Hefele, obra citada, vol. 3, pág. 385.

E AINDA MAIS: o imperador Justiniano tomou conhecimento desta ratificação de decisões sinodais, em sua Novella 131, quando se refere aos cânones adotados e confirmados pelos primeiros quatro concílios gerais. E esses cânones foram incorporados no código imperial, com força de lei civil, constituindo sua infração crime contra o Estado.

E a afirmação bastante conhecida de William Prynne, em seu livro Dissertation on The Lord’s Day, págs. 33, 34 e 44: “O sábado do sétimo dia… solenizado por Cristo, pelos apóstolos, e pelos cristãos primitivos, até que o Concílio de Laodicéia, de certo modo, aboliu sua observância… O Concílio de Laodicéia (364 d.C.)… primeiro estabeleceu a observância do dia do Senhor.”

 De tudo isto é fatal a conclusão de que a igreja apostatada, em conluio com o Estado, é responsável pela mudança do dia de repouso, fato que ocorreu gradualmente, a princípio com a celebração cerimonial do “festival da ressurreição” na parte matinal do primeiro dia da semana, depois foi se consolidando com leis civis e com decisões sinodais.

Jamais afirmamos, que um determinado papa aboliu o sábado como dia de guarda. Repetimos que a mudança foi um processo lento, porém sob a tutela do papado, como chefe visível, ostensivo e diretivo da igreja. É bom esclarecer que nos referimos ao papado como instituição, que existia embrionária e em potencial, mesmo nos primeiros séculos da nossa era. Essa instituição cuidou de “mudar os tempos e a lei”. (Daniel 7:25). E o fez com maestria, embora a longo prazo.

Os catecismos romanos estão cheios de citações que reconhecem a autoridade da igreja romana como responsável pela mudança do dia de repouso. O fato essencial é que tal mudança não tem aprovação das Escrituras Sagradas, nem um preceito de Cristo, nem recomendação apostólica. Não é, portanto, bíblica. Ao contrário, tem fundamento unicamente na tradição. E tradição, para nós, não constitui regra de fé e prática. Deve, pois, ser rejeitada.

A. B. Christianini, Subtilezas do Erro, 2.ª ed., 1981, pág. 241.
A. B. Christianini, Subtilezas do Erro, 2.ª ed., 1981, pág. 184.
1. John A. Broadus, Comentário de Mateus, vol. 1, pág. 345.
2. A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 409.
3. J. C. Ryle, Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Lucas, pág. 79.

 

Autor: Weleson Fernandes

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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