Aprendendo com todos

Ecumenismo, dentro do linguajar cristão, é uma palavra utilizada para expressar uma postura pró-união dos cristãos de todas as confissões. Ora, existe o bom e o mau ecumenismo. O mau ecumenismo é aquele que sacrifica a verdade nesse processo de união, passando a desprezar a relevância crer nas doutrinas corretas e pregá-las. Esse ecumenismo está sempre transitando entre o sincretismo (a mistura de crenças) e o relativismo da verdade (onde o padrão bíblico é deixado de lado e cada um sente-se livre para crer como acha melhor). Já o bom ecumenismo é aquele que prega a união entre os cristãos e o aprendizado mútuo, mas sem abrir mão da relevância de crer nas doutrinas certas e pregá-las. Nesse ecumenismo, a Bíblia é o padrão de fé e prática doutrinária, não havendo espaço para o “eu acho”.

O bom ecumenismo não é apenas uma postura adequada. Ela é necessária. Como cristãos, todos nós devemos desenvolver diariamente a capacidade de amar os irmãos de outras denominações (ou que não estão em denominação nenhuma), tratá-los bem e aprender com aquilo que eles possuem de bom. E sim, há em todos os movimentos coisas boas com as quais podemos aprender. Citemos alguns exemplos.

Dos assembleianos e pentecostais em geral podemos aprender muito sobre acolhimento, recepção calorosa, oração sincera, facilidade de cultuar e crença verdadeira no poder de Deus. Dos presbiterianos e calvinistas em geral podemos aprender muito sobre pregação expositiva, centralidade da Palavra, cosmovisão cristã aplicada a todas as áreas de estudo, seriedade na vida espiritual e visão de Deus como soberano. Dos arminianos clássicos e wesleyanos podemos aprender muito sobre a bondade e a racionalidade de Deus, bem como a liberdade e a responsabilidade do homem. Dos católicos podemos aprender muito sobre desenvolver uma vida de boas obras, estudo da filosofia e respeito quando no momento do culto/missa. Dos membros de pequenas comunidades cristãs caseiras sem hierarquia podemos aprender muito sobre o fato de que Igreja não é templo, mas sim o conjunto de cristãos reunidos para cultuar a Deus (podendo, assim, ser numa casa, debaixo de uma árvore ou num monte). Dos adventistas do sétimo dia podemos aprender muito sobre a validade da Lei na vida do cristão, a importância prática do descanso sabático, a relevância de cuidar da saúde e a ênfase no estudo de Daniel e Apocalipse.

Reconhecer pontos positivos em cada denominação e aprender com eles não é sincretismo ou relativismo. É simplesmente uma forma de ser amoroso, humilde e sábio. Não precisamos, com isso, abrir mão de nossas crenças, nem deixar de pregar aquilo que a Bíblia ensina, nem deixar de criticar (educadamente) doutrinas errôneas. “Julgai todas as coisas, retende o que é bom” (I Ts. 5.21), diz o apóstolo Paulo. É sempre possível analisar e peneirar. E todos têm esse poder de análise e não há porque não usá-lo.

No mais, que a interpretação que leva em conta todos os contextos de cada passagem bíblica (temático, histórico, linguístico, estilístico, teológico, moral e lógico) prevaleça sobre as interpretações que não o fazem. Isso é o que todo o cristão amante da verdade deseja. Mas, enquanto isso não ocorrer e existirem divergências, que essas divergências não nos ceguem para aquilo que há de melhor em cada movimento. Fazer o contrário é um terrível desperdício.

Por Davi Caldas

Fonte: Reação Adventista

 


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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