Considerações sobre a virgindade

Recentemente, teci um breve comentário afirmando mais ou menos o seguinte: não devemos deixar que aqueles que zombam da virgindade pareçam (à sociedade) superiores a quem escolhe se preservar até o casamento. Defendi (e defendo) categoricamente que quem assim o faz está agindo de modo irracional e deve ser exposto como um tolo que não tem a menor ideia do que está dizendo. Detalhei a questão em outro comentário, o qual exponho aqui agora.

A questão da virgindade gira em torno de um raciocínio bem simples e óbvio: se você se submete a dormir com uma pessoa que não tem a menor pretensão de construir uma vida ao seu lado, você está sendo usado. Se você é que não tem essa pretensão, você está usando. Se ambos não pretendem, ambos estão usando e sendo usados. Por outro lado, se você e a pessoa pretendem construir uma vida juntos, esperar é a maior prova de compromisso que você pode dar. E sua maior segurança caso descubra que aquela pessoa não serve para viver ao seu lado para o resto da vida. Em suma, se há pretensão de se unir totalmente à pessoa, não existe razão para não esperar. Ela será sua para o resto da vida. Se não há, você não será usado, nem usará.

A castidade ou virgindade antes do casamento tem uma razão lógica: ela nos humaniza, nos impede de sermos tratados como objetos na relação mais íntima e importante que existe, evita comparações com antigos parceiros, preserva a sua maior intimidade para uma só pessoa e faz do casamento algo mais sério. Se só posso ter sexo assumindo um compromisso sério e eterno, a tendência é que eu escolha muito bem a pessoa com quem vou me casar. Se posso ter sexo com qualquer pessoa, o casamento perde grande parte do sentido.

O sexo reservado ao casamento não só faz da primeira vez algo extremamente sublime e único para o casal como faz da relação não física o foco principal. Afinal, a partir do momento em que eu percebo que preciso casar para ter sexo, percebo que preciso de alguém que realmente me preencha para estar ao meu lado; alguém de muita confiança para eu dividir toda a minha vida; alguém que me dê certeza que não quebrará nossa aliança perpétua; alguém que mereça possuir meu corpo pela primeira vez e para sempre. Ao mesmo tempo que isso eleva a importância do sexo, eleva muito mais a importância da relação não-fisica, colocando o sexo em segundo plano.

A promiscuidade, em oposição, eleva o sexo para o lugar da relação não física, mas o rebaixa à mero divertimento, o que empurra o amor para uma posição menor que o divertimento. Ou seja, o amor deixa de ser obrigação e deixa até de ser divertido. Porque o amor completo inclui capacidade de sacrifício, de altruísmo, de empatia e esforço. Para quem focaliza o sexo em primeiro lugar, esses elementos se tornam um estorvo.

Não obstante, mesmo a mais promíscua das pessoas, por mais egoísta que seja, sentirá falta de receber mais que mero contato físico. Ela desejará, no seu íntimo, ainda que inconsciente, alguém que não a olhe como objeto, que não a trate como ela tem tratado seus parceiros sexuais.

A promiscuidade é ilógica e insensata. E o que os liberais e progressistas chamam de quebrar tabus é a raiz de diversos problemas. Meninas grávidas na adolescência, pais que não assumem os filhos, proliferação de doenças, normatização da infidelidade, vício, desprezo à família e ao matrimônio, antipatia por crianças, abortos, egoísmo, hedonismo, objetificação, famílias desestruturadas, etc. Tudo isso é resultado direto e indissociável de relações sexuais fora do casamento. Tudo isso seria evitado se a prática da castidade antes do casamento e da fidelidade ao matrimônio fossem observadas por todos. Mesmo considerando que a observação unânime é e sempre foi uma utopia, o fato é que se a grande maioria seguisse a prática, os problemas acima mencionados seriam drasticamente reduzidos.

A virgindade e a visão do sexo como como algo sagrado não são crendices e ideias sem sentido. Elas tem uma razão lógica de ser, assim como tudo na visão judaico-cristã de moralidade tem. Por isso repito: quando alguém quiser te rebaixar por sua escolha, mostre que sua opção é superior e que a promiscuidade é uma idiotice sem tamanho. Sua fé é racional. Não aceite rótulo de ignorante e retrógrado. Você está certo e não deve sentir vergonha disso, mas sim pena de quem insiste em estragar a própria vida e a de outros. Preserve sua virgindade até o casamento e seja feliz.

Por Davi Caldas

Fonte: Reação Adventista


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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