O apelo de Deus à geração do fim

Aceitar o evangelho requer um decidido esforço de nossa parte para vencer o pecado. Exige abnegação pessoal, humilhação, sacrifício de si mesmo, morte para o eu, e renascimento para uma nova vida em Cristo.

Esse diligente esforço para silenciar o velho homem (Romanos 7:22-25; I Coríntios 9:27) e viver em harmonia com a vontade de Deus (I Tessalonicenses 4:3, 7) deve atuar em conjunto com o poder divino para salvar (Romanos 1:16; Filipenses 2:12-13), de modo que, uma vez renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos sensata, justa e piedosamente na perspectiva da volta de nosso Senhor Jesus (Tito 2:11-13).

Nada deve ser mais importante do que a realização dessa suprema obra em nossa vida. O Senhor não virá buscar pecadores, mas pessoas santificadas pelo poder de Seu Espírito. Não virá buscar aqueles cuja vida foi pesada na balança e achada em falta, mas apenas os que foram completamente cobertos pela justiça de Cristo e declarados puros diante da corte celeste (Apocalipse 3:5).

E a minuciosa, exaustiva e perseverante obra em favor de nós mesmos é ainda mais imprescindível face ao solene apelo do primeiro anjo para temer, glorificar e adorar o Criador no contexto do tempo do fim (Apocalipse 14:7).

A comissão final de Cristo à Sua igreja

A abertura do evangelho eterno dentro de sua estrutura assinalada do tempo do fim não poderia ser mais impressionante e significativa:

Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. (Apocalipse 14:6-7)

A dimensão mundial da obra do primeiro anjo, que se segue imediatamente à obra profética do “anjo forte” de Apocalipse 10, é enfatizada pelo fato de o mensageiro celestial voar no zênite do céu e pregar, em grande voz, a todos os habitantes da Terra, a cada nação, tribo, língua e povo. Esse anjo e os dois seguintes que se juntam a ele (Apocalipse 14:8 e 9) representam a igreja remanescente de Deus, a qual recebe do próprio Salvador a comissão de pregar o evangelho em seu marco do tempo do fim (Apocalipse 10:1-11).

A igreja, contudo, não pode cumprir tão elevado encargo sem que primeiro, à semelhança da experiência visionária de João, tome o livro aberto da mão do “anjo forte” e faça de seu conteúdo sua própria experiência e missão.

Apoderar-se da verdade presente significa permitir também que essa verdade se apodere de cada fibra de nosso ser e exerça na alma sua influência santificadora. O senso de urgência que deve impelir e orientar o povo de Deus na obra de anunciar o evangelho ao mundo, bem como o extraordinário poder que deve acompanhá-la resultam dessa experiência pessoal com a mensagem de Deus para os últimos dias.

Assim, o derradeiro convite da graça deve primeiramente ser recebido por aqueles aos quais foi confiada a mensagem da salvação para o tempo do fim, pois, do contrário, como “invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Romanos 10:14).

Essa experiência com a mensagem resultará em “um remanescente segundo a eleição da graça” (Romanos 11:5), uma igreja santificada pelo poder do evangelho, de maneira que possa partilhar com outros os benefícios que ela mesma recebeu.

O apelo de Deus na perspectiva do juízo

Há três imperativos de Deus em Seu derradeiro convite à humanidade que merecem nossa especial consideração: “temei”, “glorificai” e “adorai” o Criador! Esses três imperativos, que por si só devem despertar-nos de nosso torpor espiritual, têm sua importância aumentada em virtude da obra judicial de Cristo em Seu santuário, cuja solene sentença a ser proferida (Apocalipse 22:11) estabelecerá a distinção definitiva entre “o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Malaquias 3:18).

A tríplice exortação de nosso Senhor na primeira mensagem angélica é, com efeito, apresentada em seu evidente vínculo com a obra divina de julgamento, a qual decidirá o futuro eterno de cada pessoa em termos de justificação ou condenação.

O clamor do primeiro anjo, “é chegada a hora do seu juízo”, é paralelo à grandiosa cena do julgamento celestial testemunhada por Daniel em visão, quando “assentou-se o tribunal, e se abriram os livros” (Daniel 7:10). Ambas as visões antecedem a vinda do Filho do Homem e culminam com a inauguração de Seu reino eterno (Daniel 7:9-10, 13-14; Apocalipse 14:14-20).

Essa proclamação do primeiro anjo anuncia, portanto, que a última fase do plano divino de redenção já começou, que o tribunal celeste está em sessão desde o fim do período profético de Daniel 8:14, e que em breve o reino de Cristo se tornará uma realidade histórica irrevogável para os Seus súditos!

A recepção a essa mensagem, seja positiva ou negativa, determinará a maturação da Terra para a ceifa final (Apocalipse 14:14-20). O veredito não será pronunciado do trono de Deus sem que a última geração seja advertida durante o tempo de sua oportunidade.

A proclamação final do evangelho eterno está, pois, intimamente ligada à fase preliminar do juízo de Deus no santuário celestial, a qual será seguida pelo juízo executivo na vinda do Filho do Homem, quando então o Senhor retribuirá a cada um segundo as suas obras (Apocalipse 22:12).

O fato de vivermos no tempo do juízo transmite-nos esperança, pois representa o tempo da vindicação final dos santos juntamente com Cristo e a condenação de todos os poderes opressores que se opõem a eles (Daniel 7:21-22, 25-27; Apocalipse 11:15-19; 14:1)!

Nossa fonte de esperança

Uma vez percebida a clara relação entre o clamor do primeiro anjo, que anuncia “a hora” do juízo de Deus, e a abertura da sessão do tribunal divino na sede de operações no Céu, em Daniel 7, compreende-se com mais propriedade o sentido de urgência que acompanha a obra dos três anjos de Apocalipse 14. Aqui está o fundamento do mandato divino para a igreja do tempo do fim. A partir desse ponto de vista, o solene chamado de Deus na primeira mensagem angélica para temerglorificar e adorar o Criador adquire um significado incomparavelmente superior.

Com efeito, devemos abrir o coração a esse tríplice chamado de Deus na voz do primeiro anjo, mantendo os olhos fixos em nosso Sumo Sacerdote e em Sua obra no santuário celestial como mediador e juiz de Seu povo!

Nada é mais fundamental para a igreja do que um conhecimento prático do juízo divino apoiado na convicção íntima da justificação e vindicação da parte de Deus, as quais serão ratificadas na obra final de julgamento! É preciso, portanto, ordenar a vida segundo o evangelho eterno, pois se o evangelho não for adequadamente recebido, não haverá nenhuma garantia de justificação para o homem.

Nós desejamos compreender mais profundamente a natureza desses três imperativos de Deus para a geração do fim à luz do juízo pré-advento. Essa compreensão está longe de ser abstrata. Como mencionado acima, precisamos alcançar uma experiência de fé com Cristo e Sua mensagem para o tempo do fim, de modo que, mediante Sua justiça, nossos nomes permaneçam escritos no Livro da Vida do Cordeiro (Apocalipse 3:5)! A aprovação de Deus no juízo é a certeza de nossa vitória sobre o pecado e sobre as potestades deste mundo tenebroso. Ser aprovado por Deus é a única coisa que realmente importa.

É bem possível que eu esteja escrevendo para alguém que enfrenta lutas renhidas contra o pecado. Todos nós as temos. Muitas deixam marcas difíceis de apagar, outras simplesmente permanecem…

Todavia, assim como no passado o israelita olhava para o tabernáculo em busca de orientação, conforto e esperança, nós também devemos hoje buscar a Cristo em Seu santuário, “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2)!

É nessa certeza que vamos buscar compreender e responder positivamente ao último apelo de Deus ao mundo na voz do primeiro anjo de Apocalipse 14!


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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