O Louvor que Agrada a Deus

 

Há pessoas que falam de música sacra como se tivessem a fórmula da música que agrada a Deus. Elas garantem que só os hinos sem acompanhamento de guitarras ou percussão são aceitos por Ele. De outro lado, alguns afirmam que qualquer sonoridade contemporânea é capaz de satisfazer o Criador. Para esse grupo, a letra cristã santifica qualquer ritmo e melodia.

No entanto, o que ambos os lados esquecem é que a postura de agradar a Deus com esse ou aquele tipo de música não tem nenhuma base bíblica. Mas há um livro antigo que revela o estilo de louvor que Ele espera. Embora não encontremos na Bíblia um versículo sequer identificando o estilo musical preferencial ou exclusivo para louvar a Deus, ela faz várias referências à atitude de quem louva ao Senhor. Isto é, as Escrituras não dizem com qual música é possível agradar a Deus, mas elas são bem claras quanto à conduta do adorador.

Certas passagens bíblicas recomendam que o louvor seja feito com “júbilo e com arte” (Sl 33:3), com “espírito e entendimento” (1Co 14:15), e sem fingir santidade. “Afastai o estrépito de vosso cântico, porque não ouvirei a melodia de tuas liras”, a não ser que “corra a justiça como as águas” (Am 5:23, 24).

O salmista recomenda alegria, a mesma atitude manifestada por quem tem prazer em estar entre os irmãos em união (Sl 133:1). Mas isso não deve ser somente uma capa de aparência de santidade. O profeta escreve que Deus despreza os cultos solenes (Am 5:21), as melhores ofertas (5:22) e o louvor musical de um povo que detesta quem conta a verdade (5:10), pisa no pobre (5:11), oprime o justo e aceita subornos (5:12).

Deus não estava rejeitando a solenidade do culto nem os cânticos de quem se reunia no templo. Mesmo sem saber o que se cantava naquela época, ninguém pode dizer que os instrumentos e estilos musicais usados pelos levitas desagradavam a Deus. A partir desses versos, podemos entender de Amós que o cântico mais tradicional ou o mais contemporâneo se torna inaceitável se for feito por vozes que “honram a Deus com os lábios”, mas cujo coração está distante do Salvador (Is 29:13).

Alguém pode dizer: “Ótimo! Nenhuma menção sequer é feita ao estilo musical. Posso tocar o que eu quiser e Deus aceitará meu louvor, pois basta que eu toque meu violão e cante com alegria, com boa técnica, dentro do espírito de louvor e com entendimento, e também com sinceridade e como fruto de amor, justiça e obediência”.

A princípio, esse pensamento não está errado, visto que é exatamente desse tipo de coração e adoração que os versos bíblicos estão falando. Então, se os critérios são somente o coração do adorador, não há critérios para o louvor congregacional e não há regulamentação bíblica para o estilo musical na igreja, certo? Errado! Há critérios bíblicos que não precisam de partitura nem de gravações para indicar o estilo recomendável para o louvor congregacional que agrada a Deus.

E onde estariam esses critérios? Alguns deles estão na carta do apóstolo Paulo aos coríntios. Ele escreveu que “todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam” (1Co 10:23). Se não há uma clara desaprovação bíblica para nenhum estilo musical, por outro lado há uma advertência em relação à adequação ou conveniência do estilo. Então, a preocupação do cantor deve ser a mesma do pregador: edificar a igreja.

Paulo apresentou outro critério para o louvor: “Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5: 18-21).

Além de cantar com júbilo e arte, e também sem fingimento de santidade, Paulo recomendou louvar com um coração sincero e grato, “submetendo-nos uns aos outros no temor de Cristo”. É possível imaginar como uma igreja se une quando alguém, ao escolher uma música para cantar, sujeita seu pensamento musical aos irmãos e irmãs que irão ouvi-lo no culto; ou, por outro lado, quando os irmãos que ouvem sujeitam seu pensamento musical ao do irmão que louva. Todos procurando, no amor e sabedoria de Cristo, sujeitar seus gostos e habilidades musicais quando estão cantando ou quando estão escutando.

Os cristãos não discordarão de que a sujeição de “uns aos outros no temor do Senhor” é um princípio incontestável. Nesse sentido, pode existir um louvor que agrada a Deus. Um louvor em que todos sujeitam suas preferências musicais uns aos outros, em que se busca cantar com alegria, entendimento e gratidão. Um louvor que é precedido por obediência e serviço ao próximo.

Autor: Joêzer Mendonça


Joêzer Mendonça é doutor em Musicologia (Unesp) com ênfase na relação entre teologia e música na história do adventismo. Atua como professor na PUC-PR e é autor do livro Música e Religião na Era do Pop


Fonte: Revista Adventista


Descubra mais sobre Weleson Fernandes

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

Verifique também

039. O que Ellen White fala sobre Dança

Dança – uma Escola de Depravação   Em muitas famílias religiosas a dança e o …

A igreja da parede preta

Surgem das novas comunidades evangélicas, movimentos carismáticos que atraem uma verdadeira multidão de adeptos; mas, …

A música no culto e o Sola Scriptura

Há algum tempo, um pastor adventista postou um vídeo em seu canal no Youtube falando …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×

Sejam Bem Vindos!

Sejam bem Vindo ao Portal Weleson Fernandes !  Deixe um recado, assim que possível irei retornar

×