Predita uma grande apostasia mundial

A mulher que representa Roma papal (sobre isso, clique aqui) não se encontra sozinha no mundo, como claramente revela a frase inscrita em sua fronte (Apocalipse 17:5).

Pelo que foi visto sobre a identidade e o caráter da mãe, pode-se concluir que as filhas partilham da mesma natureza, ou seja, também se prostituíram com falsos ensinos.

Toda igreja que abandona o “primeiro amor” (Apocalipse 2:4) para seguir um caminho que Deus não determinou adultera espiritualmente.

A atitude dessas igrejas lembra muito a atitude de certas mulheres de Jerusalém durante os períodos de crise da nação:

“Sete mulheres, naquele dia, lançarão mão de um homem, dizendo: Nós mesmas do nosso próprio pão nos sustentaremos e do que é nosso nos vestiremos; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.” (Isaías 4:1)

O profeta se refere às orgulhosas “filhas de Sião” que se tornaram tão degeneradas quanto os líderes de Israel. Para atrair a atenção dos homens, elas andavam pelas ruas como meretrizes, “fazendo tinir os ornamentos de seus pés” segundo o costume das nações corruptas.

Naturalmente, ao escassearem os homens em virtude da guerra, várias dessas mulheres não hesitavam em abordar um mesmo homem na esperança de obter vantagens pessoais.

A triste realidade das igrejas cristãs de hoje

As igrejas representadas pelas filhas meretrizes de Babilônia apresentam um comportamento semelhante à das mulheres israelitas mencionadas pelo profeta.

Há um sem número de igrejas que se ligaram ao cristianismo de forma nominal, superficial e hipócrita, tendo em vista obter certas vantagens para si mesmas na qualidade de instituições.

Cristo se referiu a Si mesmo como o Pão da vida (João 6:35, 41, 48 e 51), e, por extensão, o pão representa também a Sua igreja (I Coríntios 10:17).

Isto significa que há apenas um único caminho para o reino de Deus, e os homens só podem encontrá-lo participando do pão que desceu do Céu na pessoa de Jesus Cristo e da igreja que O representa (João 6:50-51, 56-57; Atos 4:12; Efésios 4:4-6; I Timóteo 2:5).

Permanecer na fé em e de Jesus é o maior desafio para todo aquele que deseja ser Seu discípulo.

Permanecer ou firmar-se na verdade divina corresponde a ouvir as palavras de Cristo e viver em função delas (Mateus 7:24-27). Nisto consiste a fé genuína, único meio que nos coloca na verdadeira relação com Deus mediante a graça de Jesus (Hebreus 11:6; Romanos 10:17; Efésios 2:8-9; Tiago 2:14-26).

Entretanto, as igrejas falsas têm o seu próprio pão, isto é, sua própria doutrina ou meio de salvação pelo qual pretendem se legitimar como representantes de Deus.

Dentre as crenças que não suportam o testemunho das Escrituras e que se alinham indubitavelmente com Roma papal destacam-se a doutrina da imortalidade natural ou inerente da alma e a santificação do domingo em lugar do sábado.

Nosso Salvador ilustrou através da parábola das bodas (Mateus 22:1-14) a urgente necessidade de substituir as “vestes sujas”, símbolo do pecado (Isaías 64:6) por “finos trajes”, os quais representam a justiça de Cristo (Apocalipse 19:8) atribuída na justificação e comunicada na santificação.

A plena restauração à graça de Deus requer completa entrega a Ele e, como consequência, incondicional obediência aos Seus preceitos pela fé em Jesus.

Mas as igrejas que se prostituíram com falsas doutrinas possuem suas próprias vestes.

Como o homem na parábola das bodas que não portava a vestimenta nupcial necessária para participar do banquete do Rei, há cristãos nominais que querem participar das bodas do Cordeiro exatamente como estão – confiantes na justiça própria.

Na prática, não desejam a experiência de salvação alcançada pelo sumo sacerdote Josué, cujas vestes de injustiça foram substituídas pelas vestes da justiça de Cristo (Zacarias 3:1-7).

Sustentam-se com o próprio pão e usam as próprias vestes, mas estas igrejas querem ser chamadas pelo nome de Jesus Cristo!

Desejam ardentemente servi-lO, porém em flagrante desobediência aos mandamentos de Deus. Seguindo o exemplo de Caim, escolheram depender dos seus méritos, dos seus frutos, produtos de seu trabalho.

Não obstante sua sinceridade, elas estão trilhando os mesmos passos de Roma ao se apegarem às suas próprias doutrinas e tradições, sacrificando a verdade para estabelecer uma aliança ilícita com o mundo.

Quando a tradição ameaça a verdade

É neste sentido que as igrejas nominais abandonaram o primeiro amor. Possuem o mesmo espírito dos fariseus, acerca dos quais nosso Salvador afirmou:

Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Esse povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. (Mateus 15:7-9)

Quando um mandamento humano se sobrepõe a um mandamento divino estamos diante de um grave problema moral que não se restringe ao tempo e lugar em que Cristo fez esta declaração.

Os líderes judaicos eram tão zelosos quanto às tradições que, na prática, chegaram a considerá-las mais sagradas que a lei de Deus. Quando alguns fariseus e escribas perguntaram a Jesus por que Seus discípulos transgrediam a tradição dos anciãos relacionada à purificação ritual, Jesus respondeu com outra pergunta:

Por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? (Mateus 15:3)

O conceito de que o humano tem mais importância que o divino está além da discussão ritual e chega à questão moral, e sobre isso Jesus não podia permanecer indiferente.

Ele citou o quinto mandamento do Decálogo, de valor universal (Êxodo 20:12), e o mandamento de Moisés, de valor nacional (Êxodo 21:17).

“Mas vocês”, disse-lhes Jesus, “afirmam que se alguém disser a seu pai ou sua mãe: Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é uma oferta dedicada a Deus, ele não está mais obrigado a ‘honrar seu pai’ dessa forma. Assim, por causa da sua tradição, vocês anulam a palavra de Deus.” (Mateus 15:5-6, Nova Versão Internacional). (1)

Tratava-se da mais pura demonstração de hipocrisia, em que uma tradição humana pretendia superar a lei moral, e, por esta razão, o Mestre repreendeu os líderes judaicos citando a passagem de Isaías 29:13. Reconhecendo a superioridade dos Dez Mandamentos, Jesus os exaltou acima das tradições que procuravam suplantá-los.

Hoje, grande parte das igrejas evangélicas e protestantes permanece apegada às suas próprias tradições e doutrinas, algumas das quais consistindo dos mesmos erros de Roma.

Opõem-se à verdade revelada de Deus, exaltando a sabedoria humana acima da revelação divina, ao mesmo tempo em que professam o nome de Jesus. Sobre isso, nosso Redentor advertiu:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. (Mateus 7:21-23)

É evidente que professar o nome de Jesus não representa muita coisa. O verdadeiro relacionamento com Deus não se resume a meras palavras, mas é, sobretudo, um ato de fé.

Os que herdarão o reino de Deus devem desenvolver nesta vida uma fé que esteja em harmonia com a Sua vontade (I Tessalonicenses 4:3; 5:23; João 17:17; 16:13). Mediante a graça de Cristo, precisam demonstrar fé no Salvador crendo e obedecendo à Sua Palavra (Mateus 7:24-27; João 8:31-32; 14:15).

Nisto consiste a prova definitiva do genuíno discipulado. A obediência por si só não garante ao crente a salvação, porque só Cristo salva, mas com a desobediência pode perdê-la.

As palavras de Jesus demonstram que mesmo desobedientes podem eventualmente profetizar, expulsar demônios e realizar milagres, porém ficarão fora do reino de Deus.

A operação do erro

Ao abandonarem a verdade de Deus, substituindo os ensinos bíblicos pelas tradições humanas, as corporações religiosas resistem à obra do Espírito Santo e se unem em torno de pontos que lhes são comuns com o objetivo de promulgar seus erros, recorrendo à autoridade civil para impor suas ideias.

Desse modo, elas estão se tornando a “Grande Babilônia” – o conjunto de religiões falsas que se levantam contra Deus no fim dos tempos. Dois dos seus principais erros são:

1. A doutrina da imortalidade natural da alma, uma crença que contradiz o testemunho direto das Escrituras (Gênesis 2:17; Salmo 6:5; 30:9; 88:10; 115:17; 146:3-4; Eclesiastes 9:5-6 e 10; Isaías 38:18-19; Ezequiel 18:4; I Coríntios 15:22-23, 53-54; I Timóteo 1:17; 6:13-16) e prepara o caminho para que “espíritos de demônios, operadores de sinais”, reúnam o mundo inteiro para a última grande batalha entre a luz e as trevas (Apocalipse 16:13-14).

2. A santificação do domingo em substituição ao verdadeiro sábado – o dia que Deus escolheu como sinal de Seu poder criador e redentor (Êxodo 20:8-11; Ezequiel 20:12 e 20; Mateus 12:8. Para saber mais, clique aqui e aqui). A crença num falso dia de repouso desafia a autoridade de Deus e obscurece o relato inspirado das origens da humanidade e do verdadeiro meio de salvação (Gênesis 2:1-3; Eclesiastes 3:14).

Esses são pontos cruciais na grande controvérsia espiritual, e estão entre as principais demandas de grupos cristãos conservadores que buscam há muito tempo obter o apoio do poder civil de modo a ver suas crenças particulares reconhecidas com força de lei.

Quando não se tem o endosso das Escrituras é preciso buscar legitimidade por meio do Estado. Mais que uma grave ameaça ao foro íntimo de cada um, tal movimento afronta a autoridade de Deus e desafia o Seu governo.

Não admira que a primeira queda da Babilônia mística antecipada na mensagem do segundo anjo (Apocalipse 14:8) seja de natureza moral (Apocalipse 18:1-2; I Tessalonicenses 2:3).

Contudo, ela ainda não deu de beber a todas as nações de seu vinho inebriante. Sua queda tem sido progressiva, e a profecia diz tratar-se de uma igreja em declínio devido a seus erros e pecados e à sua rejeição obstinada da verdade (II Tessalonicenses 2:9-12).

A queda literal e definitiva desse poder será o resultado de sua insistente recusa em arrepender-se de seus maus caminhos (Apocalipse 2:21-23; 16:8-11; 18:21).

A esse respeito, Ellen G. White escreve:

A Escritura Sagrada declara que Satanás, antes da vinda do Senhor, operará ‘com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça’ e ‘os que não receberam o amor da verdade para se salvarem’ serão deixados à mercê da ‘operação do erro, para que creiam a mentira’ (II Tessalonicenses 2:9-11). A queda de Babilônia se completará quando esta condição for atingida, e a união da igreja com o mundo se tenha consumado em toda a cristandade. A mudança é gradual, e o cumprimento perfeito de Apocalipse capítulo 14, verso 8, está ainda no futuro. (2)

Vi que, desde que o segundo anjo proclamou a queda das igrejas, estas se têm tornado cada vez mais corruptas. Elas levam o nome de seguidoras de Cristo, mas é impossível distingui-las do mundo. Os ministros tiram os seus textos da Palavra de Deus, mas pregam coisas aprazíveis. A isto o coração natural não faz objeção. É unicamente o espírito e poder da verdade, e a salvação em Cristo, que são odiados pelo coração carnal. Nada há no ministério popular que excite a ira de Satanás, que faça tremer o pecador ou leve ao coração e à consciência as terríveis realidades de um juízo prestes a sobrevir. Homens ímpios ficam geralmente satisfeitos com uma forma de piedade sem verdadeira devoção, e ajudarão a sustentar uma religião desse tipo. (3)

“Retirai-vos dela povo meu”

Há, entretanto, muitos em Babilônia espiritual que amam a verdade (Apocalipse 18:4).

Ao mesmo tempo em que denuncia instituições ou pessoas que promovem doutrinas, práticas e procedimentos contrários ao evangelho eterno, a profecia também reconhece a multidão de crentes fervorosos e sinceros de diferentes denominações cujo viver condiz com a luz que receberam, e a quem Deus convida a romper com o sistema anticristão da igreja papal e seus associados.

Nosso Redentor se referiu a esse grupo seleto de crentes como “outras ovelhas, não deste aprisco”, mas que no momento oportuno ouvirão a Sua voz e atenderão ao Seu chamado para fazer parte do verdadeiro aprisco de Jesus Cristo (João 10:16; Mateus 8:11).

Ellen White observa:

Entre os habitantes do mundo, espalhados por toda a Terra, há os que não têm dobrado os joelhos a Baal. Como as estrelas do céu, que aparecem à noite, esses fiéis brilharão quando as trevas cobrirem a Terra, e a densa escuridão os povos. Na África pagã, nas terras católicas da Europa e da América do Sul, na China, na Índia, nas ilhas do mar e em todos os escuros recantos da Terra, Deus tem em reserva um firmamento de escolhidos que brilharão em meio às trevas, revelando claramente a um mundo apóstata o poder transformador da obediência a Sua lei. (4)

E com relação aos católicos, a serva de Deus diz:

É certo que há verdadeiros cristãos na comunhão católico-romana. Milhares na dita igreja estão servindo a Deus segundo a melhor luz que possuem. Não se lhes permite acesso à Palavra, e, portanto, não distinguem a verdade. Nunca viram o contraste entre um verdadeiro culto prestado de coração e um conjunto de meras formas e cerimônias. Deus olha para essas almas com compadecida ternura, educadas como são em uma fé que é ilusória e não satisfaz. Fará com que raios de luz penetrem as densas trevas que as cercam. Revelar-lhes-á a verdade como é em Jesus, e muitos ainda se unirão ao Seu povo. (5)

Assim como Deus exortou os israelitas para que deixassem a Babilônia e retornassem a Jerusalém (Isaías 48:20; Jeremias 50:8; 51:6, 45), os israelitas espirituais dos últimos tempos são chamados a abandonar Babilônia mística a fim de possuírem a Jerusalém celestial (Apocalipse 18:4; Mateus 25:34)!

As ovelhas sinceras que conhecem o bom Pastor responderão ao Seu último chamado para sair do meio de Babilônia antes de sua destruição final, e juntar-se à Sua igreja remanescente – “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).

Infelizmente, grande parte das pessoas rejeitará o derradeiro convite da graça, e sofrerá repentina e irreparável ruína.

Mas todo aquele que atender ao apelo divino habitará seguro “no esconderijo do Altíssimo” e à “sombra do Onipotente descansará”, “Sua verdade” lhe será “pavês e escudo”, e “nenhum mal lhe sobrevirá nem praga alguma chegará a tua tenda”. A este é garantida a promessa: “Dar-lhe-ei abundância de dias, e lhe mostrarei a minha salvação” (Salmo 91:1, 4, 10 e 16).

Quando finalmente a confederação do mal avançar em sua última grande investida contra Deus e Seu povo, a promessa divina assegura que “o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores, e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.” (Apocalipse 17:13-14).

Diante desta grande certeza, o Senhor ordena aos Seus servos fiéis:

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. (Isaías 60:1-2)

Notas e referências

1. Mário Veloso. Mateus: Contando a História de Jesus Rei – Comentário Bíblico Homilético. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006, p. 201 e 202.

2. Ellen G. White. O Grande Conflito. 19ª ed. Santo André: CPB, 1978, p. 388 e  389.

3. ______________. Primeiros Escritos. 2ª ed., 1976, p. 273.

4. ______________. O Grande Conflito, op. cit., p. 565.

5. ______________. Profetas e Reis, 2007, p. 94.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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