Projeções do Fim

Desde tempos imemoriais, o ser humano vem debatendo se o início do Universo tem ou não as digitais de um Criador. Para os ateus, a resposta é um óbvio “não”; já para religiosos, em maior número, é um claro “sim”.

Agora, os cientistas e teólogos passaram também a discutir se o fim do cosmos terá ou não o toque do dedo de Deus. Igualmente, a resposta varia de acordo com a visão de mundo assumida.

PERSPECTIVA DO CAOS

O interessante é que, nesse tipo de discussão sobre o futuro do Universo, quase todas as perspectivas dos cientistas são negativas e pessimistas. Se depender deles, ninguém escapará da lei da entropia, o movimento espontâneo da ordem para a desordem. Algum dia, o fim será uma triste realidade, em seqüência, para (1) a civilização, (2) o planeta, (3) o nosso sistema solar e (4) o Universo.

No livro The End of the World and the Ends of God (Trinity Press International, 2000), um grupo de autores de primeiro time discute o assunto de várias perspectivas. Um teólogo do Vaticano, William Stoeger, analisa as sombrias previsões dos cosmólogos e revela seu próprio pessimismo: “Se a civilização e a vida na Terra sobreviverem aos impactos ocasionais de grandes asteróides e cometas, certamente não sobreviverão às catastróficas mudanças finais no Sol.” Para ele, assim como o Sol tem sido fundamental para a vida na Terra, também será o responsável pelo nosso fim.

Um cenário prevê que, se o Universo for finito ou fechado, ele entrará em colapso fatal quando a sua expansão cessar, devido à força da gravidade. A matéria e a energia seriam comprimidas até alcançar um estado de altíssima densidade igual ao do suposto Big Bang. O Universo implodiria, eliminando tudo, inclusive o espaço-tempo. Esse cenário é chamado de Big Crunch. Alguns cientistas sugerem que o Big Crunch criaria uma espécie de denso vácuo; outros conjecturam que ele produziria um novo Big Bang, reiniciando o processo de expansão do Universo.

Outro cenário prevê que, se a força que leva o Universo a se expandir for maior do que a força da gravidade, então o Universo se tornará cada vez mais frio e escuro, até ficar inabitável. Ou seja, em vez de terminar numa explosão incandescente, o cosmos teria uma morte lenta e agonizante.

A maioria das teorias sobre o fim do Universo depende das teorias sobre o seu início. O problema é que, nesse campo, há muitas teorias rivais, e os cientistas são freqüentemente surpreendidos por novas descobertas. A teoria mais aceita hoje é a do Big Bang. Segundo ela, o Universo estaria se expandindo e se esfriando.

Ao mesmo tempo em que pintam cenários apocalípticos e desoladores para o Universo, os cientistas costumam apresentar algumas notas de esperança.

Alguns lembram que o Universo ainda vai continuar hospitaleiro por 100 bilhões de anos, pelo menos. Ou talvez 100 trilhões. Há também quem aposte na capacidade humana de criar tecnologia, alterar o ambiente e encontrar soluções. Afinal, para o bem e para o mal, o poder humano de interferir no ambiente físico é cada vez maior.

Num artigo intitulado “The End” publicado pela Time, Michael Lemonick elogia a rapidez com que a cosmologia está encontrando respostas para as grandes perguntas sobre a origem e o destino do Universo e conclui com um misto de desilusão e ilusão: “Quando o último capítulo da história cósmica for escrito – num futuro mais distante do que nossa mente possa imaginar – a humanidade, e talvez a biologia, terá desaparecido há muito tempo. Contudo, é concebível que a consciência irá sobreviver, talvez na forma de uma inteligência digital desincorporada. Se isso acontecer, então alguém ainda poderá estar por aí para notar que o Universo, uma vez aceso com a luz de inumeráveis estrelas, se tornou um lugar inimaginavelmente vasto, frio, escuro e profundamente solitário.”

VISÃO DA ESPERANÇA

Se os cientistas seculares praticamente só conseguem vislumbrar saídas para o Universo quando adicionam o fator acaso e o elemento humano, já os teólogos e os cientistas religiosos contam com um diferencial decisivo: Deus. Eles crêem que Deus é o Criador e o Mantenedor do cosmos. Ele tem poder para preservar o Universo e dirigi-lo na direção desejável.

Em matéria de futuro do Universo, a Bíblia é por excelência o livro da esperança. Se o livro sagrado dos cristãos fala do fim, enfatiza também o recomeço; se reconhece uma descontinuidade, prevê igualmente uma continuidade. A catástrofe que marca o “fim” é, na verdade, a passagem para um estágio mais significativo.

O apóstolo Pedro diz que “os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados”, mas logo acrescenta que os crentes aguardam “novos céus e nova Terra, nos quais habita justiça” (II Pedro 3:10-13).

Em várias passagens, Paulo contrasta os sofrimentos e os gemidos dos seres humanos e da natureza no presente com a glória e a alegria no futuro. O Apocalipse termina em ritmo de celebração e festa porque, quando “o primeiro céu e a primeira Terra” deixarem de existir, surgirá algo infinitamente melhor.

“Nós não estamos em um oceano de tempo sem sentido ou esperando a destruição do mal,” escreve William Schweiker no livro mencionado acima. “O testemunho da escatologia bíblica é que nós vivemos dentro do teatro da bondade de Deus e, portanto, somos comissionados e capacitados a respeitar e implementar a integridade da vida.” Ele defende que existe uma “cosmologia moral” a qual é tão importante quanto os modelos científicos ou culturais sobre o mundo e o futuro.

Outros autores destacam, no mesmo livro, o caráter paradoxal da vida eterna descrita na Bíblia. Ela é um dom futuro, mas já existe no presente. O conceituado teólogo alemão Jürgen Moltmann enfatiza que nem os mortos estão perdidos no esquecimento, porque Deus é um Deus de justiça e redenção. Ele vai trazê-los de volta à vida para decidir seu destino.

Do ponto de vista bíblico, os seres humanos vão participar do futuro glorioso do planeta Terra e do Universo. Isso acontecerá não na condição de uma inteligência digital cósmica, mas numa dimensão real e física. As pessoas ressuscitadas que herdarão a vida eterna estarão localizadas no espaço e no tempo.

A ressurreição de Cristo é a garantia e a prévia da ressurreição dos outros seres humanos. Ele ressuscitou com um corpo glorificado, mas não perdeu a Sua identidade. Seu corpo é o protótipo do corpo que os salvos terão. A ressurreição de Cristo valida tudo o que a Bíblia diz sobre Ele e abre maravilhosas perspectivas para os que nEle crêem.

É claro que as idéias opostas de cientistas e teólogos não podem estar todas certas. Um grupo está certo e o outro está errado – ou ambos estão errados. Os cristãos, sem vacilar, apostam na Bíblia e na esperança. O futuro é brilhante para aqueles que amam a Deus.

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Marcos De Benedicto é doutor em Ministério

Fonte: Sinais dos Tempos, Edição Especial.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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