Sobre a suposta homofobia em uma escola adventista

Secularistas e cristãos liberais ficaram irritados nessa semana com a notícia de que uma escola adventista em Belém aplicou uma prova com conteúdo supostamente homofóbico. A prova continha as seguintes questões: “A pessoa nasce ou se torna homossexual?”, “A Bíblia condena a relação homossexual?”, “O homossexualismo tem perdão?” e “Como evitar o homossexualismo?”.

As acusações de homofobia são curiosas. Vejamos. A primeira pergunta – “A pessoa nasce ou se torna homossexual?” – não revela qualquer juízo de valor sobre homossexuais ou a homossexualidade. Discutir sobre se a inclinação homossexual é inata ou socialmente aprendida não deveria ser um problema. É apenas um conhecimento.

A segunda pergunta – “A Bíblia condena a relação homossexual?” – também não revela nenhum juízo de valor. Ela deseja saber a posição bíblica a respeito. Ora, a Bíblia concebe a prática homossexual como pecado. Reconhecer que a Bíblia diz isso é apenas uma questão de leitura. Ela diz e acabou. Se a pessoa que lê concorda ou não, são outros quinhentos. Mas não podemos dizer que a Bíblia não coloca como pecado. Da mesma maneira, se uma prova perguntar se o “Manifesto do Partido Comunista” condena a burguesia, a resposta será “sim”. Você pode não concordar com Marx, mas é isso o que ele diz no livro. Nem essa pergunta pode ser considerada marxista, nem a primeira pode ser considerada homofóbica.

A terceira pergunta – “O homossexualismo tem perdão?” – se refere, mais uma vez, à concepção bíblica. Ou seja, o leitor não precisa concordar com a Bíblia. Ele apenas precisa responder se, na Bíblia, a prática tem perdão ou não. Mais uma vez, não existe aqui uma pergunta “homofóbica”, mas apenas uma pergunta sobre o que a Bíblia diz.

A quarta pergunta – “Como evitar o homossexualismo?” – também não pode ser considerada homofóbica, tendo em vista que assim como todos devem ter o direito civil se tornar homossexuais, todos também devem ter o direito de deixar de ser. Se um homossexual quer seguir a Bíblia e acredita ser a prática homossexual um pecado, é útil ele saber formas de evitar a prática.

As questões, portanto, não são homofóbicas. Seria mais coerente, talvez, dizer que a própria Bíblia é homofóbica. Mas aqui entramos em um grande problema. A Constituição Federal garante a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Podemos crer e pregar o que quisermos desde que isso não fira a liberdade, a integridade física e a honra de outros indivíduos. Não me parece que dizer que algo é pecado fere a honra de alguém. Por exemplo, a Bíblia diz que a gula é pecado. Será que, por isso, as pessoas gulosas deveriam se sentir ofendidas em sua honra? Será que isso dá aos gulosos o direito processarem pastores que pregam contra a gula? Será que a Bíblia deveria ser banida porque entende a gula como pecado?

Assim como a gula, há muitas coisas que podem ser entendidas como pecado, estejam na Bíblia ou não. Há quem chame de pecado ir à praia. Outros creem ser pecado ir ao cinema. Tem quem defina tatuagem como pecado. Ora, se tudo isso for entendido como uma afronta à honra de alguém, então todos os livros religiosos e todas as religiões deverão ser banidas. A própria definição de pecado deverá ser extinta. E esse é o x da questão? Onde fica a liberdade religiosa e de expressão?

Parece-me claro, portanto, que não podemos chamar a Bíblia de homofóbica por considerar a prática homossexual (ou qualquer outra prática) como pecado.

O “crime de homofobia” foi criado para desestimular/punir agressões físicas e verbais aos homossexuais motivadas unicamente pela orientação sexual dos mesmos. Se o colégio adventista estivesse estimulando agressões físicas e verbais aos homossexuais, ou de tratamento discriminatório no cotidiano, poderia se enquadrar como promotor de homofobia. Mas não é o caso. A escola adventista, seguindo a filosofia cristã, ensina que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, independente da vida que ele leva. Em suma, ninguém vai sair xingando, tacando pedra e discriminando homossexuais por aí por incentivo da escola adventista.

Devemos lembrar ainda que a escola adventista é uma instituição privada e confessional. Tem, portanto, todo o direito de ensinar aos alunos uma cosmovisão religiosa. Todos os pais, quando matriculam seus filhos lá, estão cientes de que eles receberão essa educação. Se o mesmo ocorresse em um colégio público, sem dúvida seria um erro. O Estado é laico e o que é público não deve favorecer uma religião específica. Mas em um colégio privado, vale o que está no contrato. Matrícula o filho lá quem quer.

O episódio apenas reforça que, com a desculpa de proteger pessoas que realmente precisam de proteção, grupos secularistas (sobretudo de esquerda) sempre procuram cercear a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Estamos acostumados com isso.

Por Davi Caldas

Fonte: Reação Adventista

 

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

Verifique também

Pregações rasas e pregadores inaptos

Neste sábado, fui a uma nova igreja com minha esposa. O sermão pregado pelo pastor …

Breve Análise da Unidade Protestante

                Aproveitando o mês de outubro, quando se …

Voltando para casa

Deus criou um dia para si (Sábado), a fim de ser lembrado como Criador e …

Deixe uma resposta

×

Sejam Bem Vindos!

Sejam bem Vindo ao Portal Weleson Fernandes !  Deixe um recado, assim que possível irei retornar

×