Vida sem sentido (ou: Por que muitos jovens vivem uma ficção?)

Quando pensamos em encontrar o sentido da vida, imaginamos algo muito abstrato que com um toque de mágica resolverá toda a falta de sentido da vida. Pensamos errado.

O homem é um ser histórico. Ele só sabe quem é quando sua memória o lembra dos acontecimentos de sua vida. Se você tomar uma pessoa e apagar de sua memória suas lembranças, ele, naturalmente, não saberá quem é. Sabemos quem somos quando lembramos de nossa história.

Imagine que você durma neste momento e acorde em uma peça de Shakespeare. Agora imagine que você acorde no meio da peça, sem lembrança do seu início, e sem saber nada sobre o que ainda irá acontecer. Ora, é óbvio que você não saberá que personagem você é.

A solução para isso seria refrescar sua memória. Aí, então, você saberia quem é. Você poderia ser Hamlet, e saber que seu pai foi morto por traição e você vive o dilema da vingança.

Agora, imagine que você seja um personagem que nasça na história depois dela começar, e morra antes dela terminar. É óbvio que mesmo que você lembre de sua pequena história, então, de alguma forma, você saiba “quem é”; ainda não sabe a razão de você estar ali. Esse conhecimento que você tem de si, então, ainda é muito limitado. Você conhece a si mesmo, mas não conhece tão bem. Seu conhecimento não é completo, ainda falta algo. Falta você descobrir o total da história. Só quando você souber o que aconteceu antes de você nascer e quando souber o que vai acontecer depois de morrer, somente aí, somente quando você conhecer a história por completa, é que você saberá a razão da existência do personagem que você é.

É por isso, que personagens de livros, de maneira geral, não podem ser críticos literários. O autor sabe qual o sentido das peças de Shakespeare, os leitores podem obter esse conhecimento, mas os personagens não podem pois não captam além de suas narrativas pessoais, não entendem a metanarrativa da história.

Todo homem necessita, para saber quem é, qual a sua história e qual a história acima dele. Ele precisa ter um conhecimento de sua narrativa e da metanarrativa. Não é por engano que pessoas que não veem sentido para a sua vida dizem que estão se sentido “deslocadas”. Elas não encontram o lugar delas no mundo, afinal, elas não conhecem a própria história, e quando a conhecem, não entendem como o ser delas se comunga com o Plano Geral da história.

Quando assistimos um filme (ou lemos um romance) também entramos em contato com uma narrativa. Essa narrativa é, para os personagens do filme, uma metanarrativa. O total da narrativa dirá qual o sentido da vida de cada um dos personagens.

Assistir um filme, então, é adentrar em um outro universo narrativo. É sair, por alguns momentos, da minha narrativa e adentrar outra.

A pergunta a ser feita agora é: e se eu gostar mais da narrativa do filme do que a narrativa da minha vida? Logicamente, escolherei a narrativa do filme.

Introduza agora um outro elemento. Lembre-se que em nossa época, não conseguimos mais descobrir o sentido de nossas vidas. E por que não vemos o sentido de nossas vidas? Por que não conhecemos a nossa metanarrativa. Não sabemos como a combinação dos fatos de nossa vida se estão somando para, no fim, formar um todo harmonioso.

Ora, não conhecemos a nossa metarrativa. Todavia, quando assistimos  um filme, por exemplo, logo descobrimos a metanarrativa dele. É-nos dado, então, uma escolha. Ou ficamos com a nossa verídica narrativa sem sentido, ou com fantasiosa narrativa com sentido do filme.

A escolha de nossa geração tem sido a última opção. Através dessa escolha, perdemos o peso de ter que encontrar um sentido para a nossa vida, pois na nova narrativa que adentramos (a do filme), o sentido já foi construído e agora podemos nos encaixar satisfatoriamente.

Quais as consequências disso? Sabemos que o mundo do filme é irreal, por isso, começaremos a negar o mundo real e passaremos a viver no mundo da ilusão: viveremos aqui como um personagem daquele outro mundo do filme. A aceitação de narrativa ilusória termina em ilusão.

É por isso que tantos jovens hoje sentem necessidade de se vestir como os personagens de animes, e fantasiar que são quem não são.

A solução para o problema que temos é simples: precisamos encontrar uma metanarrativa que faça sentido e seja verdadeira. Apenas assim poderemos entender completamente quem somos.

Como, todavia, compreender o sentido de algo que começou antes de nós e terminará após morrermos?

Perguntando ao autor. Apenas o autor poderá nos dar a solução.

É por isso que a única forma de entendermos a metanarrativa, e assim acharmos o sentido para nossa vida, é através da personificação do autor no mundo em que vivemos O autor precisa revelar-se a nós.

É aí que entendemos que a metanarrativa só pode ser encontrada através da Palavra de Deus. A Palavra encarnada e a Palavra comunicada.  Deus encarna, porque só assim ele pode nos transmitir sua mensagem. A Revelação é a resposta para a pergunta: há sentido na vida?

Por Patrike Wauker

Fonte: Reação Adventista

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Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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