Visão Geral: Igreja Emergente e Cristãos Pós Modernos

 

O chamado movimento da igreja emergente já tem até mesmo uma associação brasileira, fundada informalmente em janeiro de 2006,  nos seguintes termos:  Convenção Brasileira de Igrejas Emergentes: Foi iniciada no dia 2 de janeiro de 2006, com apoio da Emergent Village dos EUA, a Convenção Brasileira de Igrejas Emergentes, com o propósito de apoiar pessoas que desejam iniciar novas Igrejas no Brasil, proporcionar contatos de líderes brasileiros com líderes Americanos e fornecer material para pessoas interessadas em Igrejas Emergentes.

 

Já se encontra disponível uma bibliografia relativamente extensa sobre o  assunto, especialmente em inglês, e também alguns poucos artigos em periódicos  teológicos. Existe um notável interesse por parte de estudiosos quanto ao movimento, analisando-o e buscando as pontes para uma aproximação. Provavelmente a obra mais completa sobre o assunto foi publicada por dois  professores do Fuller Theological Seminary, Eddie Gibbs e Ryan Bolger, sob o título Emerging Churches, um projeto de pesquisa que durou cinco anos e abrange os Estados Unidos da América e o Reino Unido.

Os autores reconhecem que o movimento extrapola a área geográfica a que dedicaram a pesquisa  e admitem que não teriam como realizar uma pesquisa mais extensa do que a apresentada. Sua abordagem do movimento é simpática e positiva. Já D.A. Carson, em seu texto Becoming Conversant with the Emerging Church: Understanding a Movement and its Implications, tem uma abordagem mais  cautelosa, apontando alguns pontos positivos e tecendo longos comentários sobre os perigos que o movimento representa para a fé cristã bíblica.

A pesquisa de Carson, ao contrário da realizada por Bolger e Gibbs, é bibliográfica e concentra-se de modo especial no aspecto filosófico do movimento. A intenção deste artigo é:

(1) Entender, ainda que de maneira introdutória, o movimento da igreja emergente a partir da bibliografia sobre o assunto

(2) Avaliar a influência desse movimento e seus princípios no contexto cultural

(3) Conotar as características do movimento emergente;

(4) Avaliar os pontos positivos e negativos do movimento

 

DEFINIÇÃO

A chamada “teologia emergente” leva a uma religiosidade “emergente” que se expressa em uma eclesiologia e uma atividade missionária também “emergentes”. Há alguns anos, esse modelo de “igrejas emergentes” tem experimentado grande expansão nos Estados Unidos. John Leland afirma que essas comunidades eclesiásticas “são vistas como a nova onda de culto evangélico que impulsionou a proliferação das megaigrejas nos anos 80 e 90”.

Algumas pessoas as identificam como igrejas “pós-modernas”. “Igreja emergente é justamente isto: uma igreja que está emergindo, ou seja, saindo da ideia tradicional de igreja e emergindo para a expressão pós-modernista. Seus adeptos a veem como ‘uma igreja pós-moderna, para uma cultura pós-moderna’.” Não é muito fácil estabelecer precisamente a época do surgimento e desenvolvimento do que alguns chamam de “movimento emergente”, que está em ação desde o início dos anos 90.  Contudo, parece ser útil lançar mão da descrição feita por Wolfgang Bühne sobre as “três ondas do Espírito Santo”: Pentecostalismo, carismatismo e terceira onda do Espírito Santo.  Adotando essa sequência, podemos dizer que as igrejas emergentes são uma quarta etapa do movimento surgido no início do século 20.

O processo teria transcorrido nas seguintes fases:

 

(a) Do pentecostalismo ao neopentecostalismo (1900-1960);

(b) Do carismatismo à “terceira onda” (1960-1980);

(c) Do movimento para o crescimento da igreja às megasigrejas (1980-2000);

(d) Das igrejas modernas às igrejas emergentes (2000-2010).

 

Depois de tudo, “alguns historiadores religiosos consideram que representam a próxima onda de culto evangélico, após a expansão das megaigrejas dos anos 80 e 90”.  Nenhuma dessas etapas teve início realmente sem um período de gestação e preparação, assim como o Movimento da Santidade, na segunda metade do século 19, que aplainou o caminho para o pentecostalismo do século 20. Nesse sentido, alguns estudiosos veem nas igrejas emergentes expressões de aculturação no contexto pós-moderno, como haviam sugerido, há décadas, teólogos europeus como Dietrich Bonhoeffer, John Robinson, Harvey Cox e os teólogos da libertação latino-americanos.

As manifestações desse movimento são absolutamente diversas, portanto, difíceis de definir e caracterizar. Alguns elementos visíveis são facilmente identificáveis: Manutenção de sites na internet, weblogs, bem como publicação de livros com diagramação moderna. A arte é promovida e, certamente, destaca-se o desenvolvimento místico e não a racionalidade cúltica. Em alguns casos, há um retorno à liturgia e às práticas medievais tomadas do catolicismo ou dos ortodoxos orientais: velas, incenso, leituras, meditação e oração sobre um texto bíblico.

Para Dan Kimball, líder do movimento, essa igreja “deve combinar hinos, iconografia, mantras, cânticos beneditinos e obscuridade. Tudo isso porque, segundo ele, os pós-modernos desejam experimentar Deus com seus cinco sentidos”.  Leonard Sweet, outro líder, afirma que a igreja emergente é experimental (experimenta Deus, com todos os sentidos), é participativa (mais que sermonear, promove a conversação e a interação), usa imagens (ícones, vídeos e filmes), e é comunitária.

A ideia de “emergente” se relaciona com o surgimento de uma igreja destinada a “uma geração que tem pouco apego à igreja”, isto é, pelo menos em um princípio, trata-se de uma igreja dirigida a jovens norteamericanos menores de 30 anos sem vínculo a nenhuma igreja.  Na verdade, essas igrejas poderiam ter qualquer nome, ou nenhum, porém, pelo menos nos primeiros anos, elas têm atraído pessoas do mundo evangélico. Atualmente, o movimento está causando impacto também nas igrejas da América Latina. Reconhecidos pensadores evangélicos, como René Padilla, o estão promovendo e publicando seus livros. Mervin Rivera comenta que as igrejas estão mudando, não apenas na música, mas na teologia e na maneira de interagir com a sociedade. A liturgia tende a substituir os hinos pelos corinhos, trocam o órgão por piano eletrônico, bateria e contrabaixo, e deixam de lado a condução tradicional do culto. Por exemplo, ninguém precisa se preocupar em ficar sentado ou em pé. A evangelização pretende ser leve e diferente, com diálogo, reflexão e respostas, atendendo integralmente as pessoas em suas necessidades físicas, emocionais e materiais.

As congregações variam entre as relativamente numerosas (400 ou 500 pessoas) e pequenos grupos nos lares. Existem grupos que se reúnem semanalmente em algum bar; inclusive têm organizado um Theology Pub, onde a discussão de um tema bíblico é regada a um pouco de bebida alcoólica. Às vezes, são distribuídos protetores de ouvidos entre os participantes, por causa do intenso volume da música. Outros simplesmente se reúnem em sótãos e garagens. A informalidade é marca destacada, podendo a Santa Ceia ser celebrada como uma festa familiar, na qual as pessoas tomam vinho ou refrigerante e comem pastéis. Algumas igrejas oferecem pizza e têm seu próprio DJ. Em outros casos, o sermão é substituído por um videoclipe, seguido de debate. Leem-se poemas, e não são evitados temas polêmicos como, por exemplo, discriminação, homossexualidade e pornografia. Alguns focalizam o meio ambiente ou temas sociais.

Tudo parece descrever um movimento reacionário contra “os serviços aparatosos das mega-igrejas”. Como disse Dan Kimball, “tudo o que lembre espetáculo os afugenta”. Cansaram-se do show, da ambição, competição, busca de reconhecimento e, sobretudo, a falta de amor para com os necessitados. A ênfase dessas igrejas é dedicada aos relacionamentos.

A aprendizagem está fundamentada nas narrativas, histórias simples, na imaginação e a “desconstrução” do dogma cristão. Na verdade, querem desconstruir e reconstruir a fé cristã. O que está claro é que doutrina e teologia têm perdido importância e que tudo o que pareça institucional lhes “cheira” mal. Estão desiludidos com a igreja organizada e rechaçam o tradicionalismo: liturgia rígida, hinos, instrumentos tradicionais como órgão, códigos para vestimenta, exclusivismo, estruturas. O modelo administrativo adotado não é hierárquico nem pluralista. De acordo com Robert E. Webber, reconhecido líder do movimento de renovação litúrgica, “muitos estão iniciando grupos/igrejas portas adentro. A igreja emergente está nascendo de maneira subterrânea. Demos-lhe alguns anos, e veremos uma explosão”.

O Ministério de Apologética e Investigação Cristã define a igreja emergente como “um movimento amplo, controverso, que busca usar abordagens culturalmente sensíveis para alcançar com a mensagem cristã a cultura pós-modernista, especialmente aquelas pessoas que não têm igreja”.

A Wikipedia define esse movimento como “um movimento cristão cujos participantes buscam viver a fé na sociedade pós-moderna emulando Jesus de Nazaré, independentemente das tradições religiosas cristãs”. Eddie Gibbs, autor de um livro sobre o movimento emergente, diz: “Popularmente, o termo ‘igreja emergente’ tem sido aplicado a uma congregação de alto perfil, orientada aos jovens, que tem chamado a atenção por causa de seu rápido crescimento, sua habilidade de reter a população de 20 anos, seu louvor contemporâneo tomado de estilos musicais populares e que é promovida na subcultura cristã por meio de sites na internet e pelo diálogo.”

Por ser um movimento característico da pós-modernidade, a igreja emergente é difícil de ser definida e alguns autores até mesmo hesitam em dizer que ela pode ser caracterizada como um movimento.  Os próprios envolvidos preferem se caracterizar como uma “conversação” emergente.

Há que se lembrar  que o pós-modernismo é caracterizado pela negação da possibilidade de qualquer metanarrativa abrangente. No ambiente pós-moderno o pluralismo  relativista domina o cenário das idéias, negando a possibilidade de um único  caminho,  a possibilidade de regras fixas. As características de fluidez, imprecisão e falta de um padrão que possa abranger todas as comunidades que se reconhecem como emergentes tornam a tarefa da definição ainda mais difícil. Por outro lado, é impossível deixar de observar que um número cada vez maior de comunidades com origens dentro do cristianismo chamam a si mesmas de emergentes. Seguindo a tese de Carson – “sempre que surge um movimento cristão que se apresenta como reformista ele não deve ser sumariamente descartado” –, faz-se necessário um esforço na busca de compreender o que caracteriza de fato esses movimentos emergentes.  No que diz respeito à história, Gibbs e Bolger afirmam que o termo igreja  emergente foi usado pela primeira vez por Karen Ward (Igreja dos Apóstolos, Seattle), quando ela criou um site na Internet denominado  mergingChurch.org.

Segundo os autores, não havia qualquer intenção de se criar um movimento cristão com esse ato, mas foi assim que o nome terminou sendo empregado. A intenção de Ward era somente manifestar a sua inquietude e frustração com a igreja evangélica no início dos anos 90. Já no final daquela década, Brian McLaren, um dos nomes mais reconhecidos  dentro do movimento, começou a usar o termo “emergente” em seus livros, especialmente quando escreveu A Generous Orthodoxy. Para McLaren era necessário que a igreja descobrisse e desenvolvesse uma ortodoxia diferente da ortodoxia praticada pela igreja evangélica durante o período do modernismo.

Era necessário, segundo ele, desenvolver uma ortodoxia generosa em oposição à ortodoxia inflexível do período moderno. Ele afirma:  O significado de emergente é uma parte essencial do ecossistema da ortodoxia generosa… Pense em um corte transversal numa árvore. Cada anel representa, não a substituição dos anéis anteriores, não a sua rejeição, mas a sua adoção, a sua inclusão em algo maior. Segundo esse autor, a idéia de uma “ortodoxia generosa” seria a expressão mais abrangente do conceito de cristianismo, uma expressão inclusivista/pluralista, característica da pós-modernidade  e, portanto, um sistema cristão adaptado ao seu tempo. Cabe destacar que a proposta de McLaren aponta para uma mudança profunda do que estava acontecendo até então no meio evangélico, o reflexo de uma nova mentalidade que está se consolidando na pós-modernidade. Ainda  que se encontrassem grandes diferenças entre as comunidades cristãs no período moderno, as propostas do cristianismo evangélico das décadas de 80 e 90 do século passado eram basicamente diferenciadas pelas características daquela geração. Ainda que valores estéticos e teológicos fossem diferentes, havia a possibilidade de identificação pontual dessas diferenças, ou seja, o cerne ainda permanecia o mesmo. Essas diferenças se davam mais por estilo e estrutura teológica do que por uma abordagem filosófica da vida como um todo. Necessitando adaptar-se ao seu tempo, as igrejas consideradas evangélicas  tinham confissões bíblicas diferentes e estilos de culto, música, pregação e eclesiologia que eram destinados a diferentes públicos, mas mantinham uma base comum. Nesse período formou-se a “igreja dentro da igreja”, para satisfazer anseios de gerações diferentes, mas ainda era a mesma igreja.

Várias dessas comunidades passaram a enfatizar os ministérios para jovens adultos, a adotar estilos “com propósitos”, modelos de igreja em células e tantas outras propostas surgidas nesse tempo. No entanto, Dan Kimball defende que esses modelos tiveram um tempo curto de duração e tornavam-se rapidamente insatisfatórios.

Para ele, a igreja precisava aprender a falar uma linguagem  totalmente nova, com o fim de alcançar  a geração pós-moderna. Só uma mudança de estilos de culto não mais seria suficiente para alcançar a nova geração. Confirmando essa perspectiva, uma das obras de Mclaren reivindica “um novo tipo de cristão”, o cristão pós-moderno.

Nesse livro, McLaren apela claramente aos cristãos a que abracem o Pós-modernismo e se adaptem à maneira pós-moderna de pensar. Dentro desse  espírito, para alguém ser emergente ele deve negar, inclusive, a necessidade de uma declaração de fé e qualquer forma que sugira um dogma comum.

No site emergent-us, um dos links na página inicial é “Declaração de Fé(?)”, onde Tony Jones, o coordenador nacional, explica que a idéia de ter uma declaração de fé é “trilhar uma estrada pela qual não queremos andar”. Logo, estamos diante de algo que existe como um movimento, mas, ao mesmo tempo, pela sua fluidez de suas propostas, é essencialmente caracterizado pela ambiguidade. Essa marca se evidencia claramente no livro de Kimball, Emerging Church, prefaciado tanto por Rick Warren quanto por Brian McLaren. Enquanto Warren, um líder do cristianismo reconhecidamente moderno, prefacia o livro apontando para a proposta de Kimball como um novo estilo que mantém a essência do que é ser igreja, segundo o seu conceito, culto, comunhão, discipulado,  ministério e evangelismo, McLaren inicia a sua contribuição dizendo que “frequentemente trocamos um conjunto de estilos, métodos rígidos e tradicionais, e formas de pensar por outros ‘contemporâneos’ e igualmente rígidos”. Segundo McLaren, nossa compreensão do evangelho muda constantemente à medida que nos  engajamos na missão em nosso mundo complexo e dinâmico, à medida que descobrimos que o evangelho tem uma rica combinações variadas  de significados a oferecer, abrindo-nos camadas inexploradas de profundidade, revelando facetas  não contadas de percepção e relevância. Dessa forma, a ambivalência do pensamento é prontamente aceita e até celebrada pelos líderes do movimento. Um site emergente em português responde a pergunta “O que é igreja emergente?” da seguinte forma:

A igreja emergente é um movimento da igreja protestante, iniciado por americanos e ingleses, com a finalidade de alcançar a geração pós-moderna. Refletindo as necessidades e os valores percebidos desta geração, as igrejas emergentes enfatizam o autêntico, a expressão criativa e uma perspectiva sem julgamentos, procurando reavaliar as doutrinas (ecclesia reformata, semper reformanda…). Igreja emergente é simplesmente um termo usado para denominar as igrejas que nasceram ou que foram [re]estruturadas para um contexto pós-moderno,  pós-cristão de ser igreja no mundo de hoje.

Podemos então, provisoriamente, definir a igreja emergente como uma reação ao cristianismo do período moderno sob a pressuposição de que o cristianismo, como se desenvolveu no modernismo, tornou-se arcaico e irrelevante para a geração contemporânea. É um movimento de reação à igreja moderna.  Pode-se dizer que o termo igreja emergente é usado de maneira conveniente para descrever movimentos similares ou relacionados  que surgiram na última década e que tendem a pensar em sintonia com as mudanças propostas pelo pós-modernismo dentro do campo das artes, da  literatura e do discurso público.

Positivamente, as comunidades emergentes são missionais  e buscam, basicamente, servir dentro de seu tempo e cultura.  Pesa contra a definição acima o fato de que alguns que se consideram emergentes facilmente podem tentar desautorizá-la, dizendo que são diferentes do proposto acima ou que líderes do movimento afirmam outra coisa. Pesa a favor da definição o fato de que uma caracterização plena é praticamente impossível à luz do que a própria “emergência” significa, ou seja, fluidez e até  mesmo inconsistência lógica.

Logo, expressões como “não somos assim” ou “esses pontos são questionáveis” serão comuns diante de qualquer tentativa de definição do movimento. Cabe salientar que o movimento possui manifestações desde as mais brandas até as mais radicais, ora lidando com um “formato” do cristianismo, ora lidando com a essência do cristianismo.

 

ORIGENS E REPRESENTATIVIDADE

A epistemologia da igreja emergente, ou seja, a forma como conhecemos as coisas, é essencialmente voltada para a experiência. Esse é um aspecto que, segundo Carson, contrasta com a epistemologia do período moderno, pois no pós-modernismo “muito do que ‘sabemos’ é moldado pela cultura na qual vivemos, é  controlado pelas emoções, valores estéticos e herança”. Esse conceito aplicado ao movimento do presente estudo implica que não é possível ser emergente sem ter uma experiência emergente. Logo, uma das tônicas do movimento é que antes de ser, primeiro é fundamental pertencer.

A comunidade projeto 242 , existente  no Brasil, traz a seguinte proposta comunitária: “Queremos oferecer às pessoas um local onde elas possam se sentir parte antes mesmo de acreditar”.

A comunidade Adventista chamada de  Koynonia  também traz a seguinte proposta:  “O novo formato da Koynonia chegou definitivamente em São Paulo buscando reunir pessoas que procuram:  Adoração Profunda e Sincera, Não Superficial, que busca a Essência e não a forma. Que não se preocupa em postar e sim em SER. Que não se preocupa com coisas e sim com pessoas. Que busca entender o que realmente importa.Que AMA mais do que USA. Que valoriza o próximo cada vez mais próximo. Que sai do virtual e mergulha no mundo real de anseios sinceros.”

Outro movimento de igreja emergente  que também  tem vinculo com a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a comunidade Nova Semente, sendo que a frase do Slogan é ” Uma experiência real com Deus ” outro dado interessante conforme o site da Igreja, na parte dos valores do movimento:”Fiéis aos princípios. Sensíveis à cultura.Nós valorizamos a contextualização dos princípios bíblicos à cultura da comunidade que servimos.”

Essa abordagem pragmática, fundamentada na experiência, faz com que a análise do movimento apele para relatos pessoais de suas experiências emergentes. Geograficamente o movimento teve origem no Reino Unido, ligado a uma cultura fundamentada na experiência, a cultura clubber. Essa cultura, na verdade uma subcultura, é caracterizada pela migração dos jovens suburbanos para o centro das cidades durante os fins de semana, buscando um significado tribal para a existência. Os ajuntamentos de jovens dentro dessa subcultura propiciaram o aparecimento de “tribos” cristãs entre a população, e estes, por sua vez, produziram movimentos que, mais tarde, passariam a identificar-se como emergentes. Na Inglaterra, onde a expressão do cristianismo evangélico  tradicional é muito pequena e a freqüência à igreja está entre 2 e 3% da população,  a igreja emergente tornou-se rapidamente uma expressão importante.  A influência do movimento dentro da cultura norte-americana deu-se em um contexto bem diferente, ou seja, dentro do contexto de uma subcultura cristã já existente. Nos anos 80 desenvolviam-se no meio da igreja evangélica norte-americana as igrejas GEN-X, ou geração X, equivalente à geração “coca-cola”. Esse movimento caracterizava-se por comunidades em que o culto oferecia música em alto volume, vida apaixonada, pregação informal, relacionamentos friends e mais adiante a presença de expressões artísticas no culto, inclusive cerimônias à luz de velas.

Todavia, esse formato de igreja e culto não se mostrou efetivo no alcance da geração pós-moderna. Para tanto, seria necessário um passo a mais. Essa necessidade está, supostamente, sendo atendida mediante o surgimento das comunidades emergentes, cuja proposta é proporcionar um “retorno refrescante a um ministério focalizado em Jesus, essencialmente sagrado e voltado para a experiência de cada pessoa”. Dessa forma, os líderes do movimento  preferem divulgar as suas idéias através de histórias ou relatos pessoais, pois segundo eles essa foi uma marca fundamental do desenvolvimento do cristianismo. Normalmente a espiritualidade é abordada como uma caminhada ou viagem espiritual e na literatura as idéias são expressas pela boca de diferentes personagens e diálogos. O subtítulo do livro de McLaren, A New Kind of Christian, é “um conto de dois amigos em uma jornada espiritual”. Vários  líderes preferem chamar o movimento de uma “conversação emergente”.

Um desses relatos típicos pode ser encontrado no testemunho de Dan Kimball, autor de The Emerging Church, considerado um dos líderes do movimento.  Kimball relata a sua luta em busca de respostas para o motivo pelo qual a igreja “seeker friendly” (ou seja, “adaptada ao usuário” ou “orientada para o consumidor”)deixou de satisfazer e de ser efetiva para a geração  nascida na pós-modernidade. Ele era pastor de uma igreja com características da geração X nos anos 80 e durante um bom tempo aplicou as técnicas e modelos de uma igreja tipicamente moderna. Cabe observar que ele obteve considerável sucesso naquela empreitada em termos de padrões numéricos. Normalmente essas igrejas eram fundadas e sustentadas por mega-igrejas e usadas como um braço para atender a demanda jovem. No entanto, Kimball começou a perceber que os programas e projetos que havia desenvolvido de modo eficaz durante algum tempo já não eram mais eficientes. Ele afirma ter observado que tanto o conteúdo quanto a forma de seus projetos não comunicavam muita coisa à geração jovem pós-moderna e isso fez com que ele se lançasse à busca de formas alternativas de ministério. Foi nesse contexto que ele fundou a Vintage Faith Community Church, “desenhada” com o fim de ser atraente para a geração pós-moderna, não só empregando estratégias, mas pensando de maneira pós-moderna. Os critérios de avaliação do sucesso dessa igreja emergente deixaram de ser numéricos e passaram a ser missionais, como será visto mais adiante.

 

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Carson afirma que a igreja emergente é essencialmente um movimento “de dentro” e se opõe à igreja evangélica tradicional característica das últimas décadas do século 20. Na visão dos líderes emergentes aquela forma de ser igreja é cativa dos conceitos do absolutismo da era moderna e o movimento emergente veio trazer a liberdade necessária para um cristianismo relevante na pós-modernidade. Logo, uma das marcas principais do pensamento emergente é a aversão ao absolutismo, ou seja, a forma de pensar do modernismo, que admite o conceito de verdade absoluta com bases fundamentalistas. Consequentemente, esse movimento apresenta uma série de características comuns, algumas das quais são relacionadas abaixo.

(1) Tentativa e conscientização para alcançar os que se movem na mutante cultura pós-moderna;

(2) Esforço para usar a tecnologia (vídeo, internet, imagens);

(3) Abordagem litúrgica marcada pelo uso de velas, ícones, imagens, sons, diferentes aromas;

(4) Abordagem global a alguns sistemas de crenças, algumas vozes contraditórias;

(5) Ênfase na experiência e nos sentimentos, acima das verdades absolutas;

(6) Concentração na edificação de relacionamentos interpessoais, acima da proclamação do evangelho;

(7) Rejeição do tradicionalismo litúrgico, disposição dos bancos, música, entre outros itens;

(8) Negação de verdades absolutas e credos doutrinários;

(9) Reavaliação do lugar da igreja cristã na sociedade atual;

(10) Revisão da Bíblia e seus ensinamentos.

 

Porém, o mais interessante é que essas igrejas “diferem quanto à teologia e ao método”.  Atribuem muito valor às boas ações e ao ativismo social e político, já que a ênfase está colocada na criação do presente reino de Deus na Terra.Os autores não estão de acordo no que se refere ao número de tipos de igrejas emergentes. Ed Stetzer divide o movimento em três categorias:

(1) Os relevantes, que buscam apresentar o mesmo evangelho de maneira compreensível à cultura pós-moderna, utilizando diferentes métodos de louvor, pregação, estrutura.

(2) Os reconstrucionistas, que tomam o mesmo evangelho, porém reconstroem a igreja, promovendo, por exemplo, as “igrejas em casas”.

(3) Os revisionistas, que questionam e revisam a igreja e a compreensão do evangelho.

O website “Unidos contra a apostasia” enumera alguns tipos de igrejas emergentes: Simples, sincera, privada, orgânica, remanescente, missionária, genuína, verde, cultura alternativa, livre, pós-moderna, doméstica, liberal, anônima, pós-protestante, neomonástica, comunidade intencional, contemplativa, entre outros. Acrescenta ainda que se trata de um movimento eclético, transdenominacional e sincrético, no qual são aceitas ideias budistas, islâmicas e o melhor de cada religião.

 

C. Weiss Daniels fez uma categorização de quatro tipos:

(1) Modelo desconstrucionista, influenciado pela desconstrução pós-estruturalista relacionada com a filosofia de Derrida, Lyotard, Foucault e Caputo. É um modelo que adota o pós-modernismo em oposição ao modernismo e que frequentemente rejeita todo o institucional e denominacional.

(2) Modelo pré-modernista, que volta ao estilo supostamente renascentista, com grande respeito pela tradição e por teólogos como Agostinho e Tomás de Aquino. Aqui, a igreja institucional é vista mais positivamente.

(3) Modelo pacifista, do tipo anabatista, que proclama a não violência, o amor, cuidado dos pobres, uma espécie de ascetismo alicerçado em teólogos como Wittgenstein, Barth, Bonhoeffer, Yoder, McClendon e Murphy. Nesse caso, a igreja institucional não é vista com simpatia.

(4) Modelo fundamentalista, ou ala conservadora, com uma hermenêutica conservadora e eclesiologia tradicional, porém, abertos a inovações na forma de evangelizar: reuniões em bares, uso de tatuagens e rock pesado. Essas igrejas devem se converter em megaigrejas.

 

Mais complexa é a classificação de dez tipos de igrejas emergentes, feita por Andrew Jones:

(1) Comunidades com base na cultura, como igrejas em patins, sobre ondas, igrejas hip-hop e as igrejas de cultura alternativa com base nas músicas rock, gótica e punk.

(2) Igrejas da geração X, pós-modernas e “emergentes”, como modelo atrativo para jovens.

(3) Ordens neomonásticas e comunidades intencionais, que propiciam as comunidades espirituais de fé.

(4) Igrejas privadas, simples e orgânicas.

(5) Igrejas cibernéticas e as comunidades virtuais subentendidas.

(6) Igrejas de cultos alternativos, expressão leve, liturgia nova.

(7) Igrejas em bares e cafeterias e outras do “terceiro espaço”. Usam lugares baratos e acessíveis, em que ocasionalmente tomam bebida alcoólica e usam linguagem profana.

(8) Movimento de oração contemplativa.

(9) Cristãos que não vão à igreja, algumas vezes chamados de “cristãos sem igreja” ou “crentes não afiliados”.

(10) Empresas sociais conduzindo comunidades com sentido missionário.

 

  • Pluralismo

A proposta emergente enfatiza os sentimentos e afeições sobre o pensamento linear e a racionalidade; a experiência em contraposição à verdade; a inclusão ao invés da exclusão; a participação em contrapartida ao individualismo. Essas seriam as bases para afastar a crença cristã na verdade “absoluta” e levar à autenticidade, ao “novo tipo de cristão”, pregado por McLaren. Assim, a característica dominante da igreja emergente é a não afirmação de absolutos e a aceitação das diferença s, a saber, a marca fundamental do pluralismo pós-moderno. Grande parte das obras escritas pelos líderes emergentes demonstra o tipo de pluralismo desejado. O subtítulo do livro de McLaren, A Generous Orthodoxy, revela o espírito que projeta a sua teologia:

Por que sou um cristão missional, evangélico, pós-protestante, liberal-conservador, místico-poético, bíblico, carismático-contemplativo, fundamentalista , calvinista, anabatista-anglicano, metodista, católico, verde, encarnacional, deprimido-mas-esperançoso, emergente e inacabado.

Cada uma dessas expressões transforma-se em título de um dos capítulos  do livro de McLaren, no qual ele aplica as categorias do que chama de “pensamento emergente”. Segundo ele, o relativismo e o pluralismo filosófico não permitem que o cristão permaneça fiel à Escritura. Por outro lado, o pensamento moderno está morto e as críticas ao absolutismo modernista são muito fortes, sem possibilidade de serem combatidas. A única saída, segundo ele, é o pensamento emergente da ortodoxia generosa, como citado anteriormente:

“Pense em um corte transversal numa árvore. Cada anel representa, não a substituição dos anéis anteriores, não a sua rejeição, mas a sua adoção, a sua inclusão em algo maior” . Nesse sentido, no pensamento emergente nunca se chega a um ponto final, mas emerge-se em algo novo, sempre plural, sempre inclusivo. Simon Hall, líder da comunidade Revive, em Leeds, Reino Unido, afirma: Meu alvo para a comunidade não é ser “pós” tudo. Nós somos evangélicos e carismáticos e liberais e ortodoxos e contemplativos e ligados à justiça social e ao culto alternativo. Essa postura ilustra claramente o tipo de pluralismo almejado nessas comunidades.

 

  • Protesto

A marca do pluralismo leva o movimento emergente a uma posição de protesto. Praticamente toda a sua liderança vem de dentro da base do cristianismo evangélico tradicional e fundamentalista e manifesta o seu descontentamento com a instituição de origem. Da mesma forma como vimos a respeito de Kimball e sua percepção descontente com a igreja tradicional, Mike Yaconelli editou Stories of Emergence: Moving from Absolute to Authentic (Histórias de emergência: movendo-se do absoluto para o autêntico). No livro encontram-se narrativas de vários líderes emergentes que possuem um tom semelhante:  a autenticidade não estava presente na igreja. O próprio nome da igreja de Kimball reflete essa idéia, pois Vintage significa algo genuíno, de qualidade, em oposição à igreja “enlatada” e supostamente não genuína do século 20.

Para McLaren o que os evangélicos precisam é do novo cristão, de uma nova forma de seguir a Jesus que emerge dos escombros do cristianismo dividido por lutas teológicas, da negligência das responsabilidades sociais e da tirania do capitalismo conservador da modernidade. Para ele, cada um desses novos desafios [da pós-modernidade] requer que os líderes cristãos criem novas formas, novos métodos, novas estruturas – e requer deles que encontrem novo conteúdo, novas idéias, novas verdades e novo significado que sustente os novos desafios. As novas mensagens não são incompatíveis com o evangelho do reino que Jesus ensinou. Não, elas são inerentes a ele, mas previamente eram não descobertas, não expressas, talvez não imaginadas.

O conceito de uma cosmovisão integral com valores objetivos e absolutos é impossível de ser vivido de maneira coerente e relevante nos tempos da pós modernidade. O protesto, então, é resultado da forma incoerente como vive o cristianismo que se diz bíblico. Esta inquietação é relatada quando McLaren diz que Através desses anos [de ministério] um sentimento desconfortável começou a me mostrar que o retrato de Jesus que eu encontrei no Novo Testamento não se encaixava com a imagem do cristianismo projetada pelas instituições religiosas, tele-evangelistas carismáticos, representantes religiosos na mídia – e, às vezes, minha própria pregação.

Carson expõe o protesto do movimento emergente em três frentes: protesto contra a igreja evangélica tradicional, contra a forma como interpreta o modernismo e contra a igreja “seeker-sensitive”. Além dos três pontos observados por Carson, destaco o protesto contra os conceitos de autoridade e hierarquia. É comum encontrar nos relatos emergentes a noção de que as estruturas eclesiásticas do modernismo e suas hierarquias são antibíblicas. Em igrejas emergentes não se encontram pastores “efetivos” ou principais. Até mesmo na liderança do movimento encontra-se o constante debate. Quando Tony Jones foi apontado como diretor nacional do site emergent-US, houve grande debate e acusações de que o movimento estaria caminhando para aquilo que ele negava em sua essência: estruturas hierárquicas. Depois do debate o seu título foi mudado para “coordenador nacional” do movimento emergent-US.Esse perfil de protesto marca o movimento como desconstrucionista.

A igreja evangélica no final do século 20 precisa ser desconstruída para ser reconstruída, a começar dos conceitos de verdade absoluta que a mesma mantém.  Para Kimball a igreja vive um momento de transição entre o modernismo e pós-modernismo e isto exige que as bases do cristianismo moderno sejam realinhadas para a geração pós-moderna. O cristianismo do modernismo é fundamentado no monoteísmo racional e na religião proposicional, com uma sistemática local e uma verdade individualista. Já na era pós-moderna o cristianismo se fundamentará no pluralismo experimental, na narrativa mística, fluida, global, e na preferência comunal/tribal. Quanto mais as gerações se afastam do modernismo, menos terão condições de compreender as propostas do cristianismo daquela época. Logo, afirmam Gibbs e Bolger: As igrejas emergentes estão diante de uma tarefa formidável à medida que se esforçam para distinguir entre as partes da vida da igreja que tem as suas raízes na cultura moderna, a serem descartadas, e as partes que são evangelho e devem ser mantidas.

Esse protesto soma-se ao protesto contra a teologia sistemática. Segundo McLaren:

As teologias sistemáticas são construções maravilhosas do fim do período medieval- moderno; para mim, são como as catedrais do tempo medieval. Embora poucos de nós adoremos em catedrais, nos as valorizamos e sabemos que deveriam ser preservadas pela sua beleza. A simetria intelectual e a grande estrutura das teologias sistemáticas igualmente deveriam ser preservadas e admiradas. Mas o meu palpite (e esperança) é que não vamos viver de teologia sistemática somente, no futuro, mas vamos aprender como habitar a história bíblica… e aplicá-la em nossas vidas. Logo, o protesto emerge em todas as frentes, desde as estruturas geradas pela teologia evangélica até a própria teologia per se e a base epistemológica sobre a qual ela está fundamentada.

 

  • Missional

O termo missional é freqüente na literatura emergente. Quase todas as descrições feitas do movimento também apontam para esta como outra de suas principais características. Nesse contexto, um dos conceitos básicos de “ser missional” é ser autêntico. Gibbs e Bolger descrevem as igrejas emergentes como comunidades que praticam o caminho de Jesus dentro das culturas pós-modernas.

Essa definição envolve nove práticas. Igrejas emergentes:

(1) identificam-se com a vida de Jesus,

(2) transformam o ambiente secular

(3) vivem vidas  comunitárias intensas. Por causa dessas três atividades, elas:

(4) acolhem os estranhos,

(5) servem com generosidade,

(6) participam como produtoras,

(7) criam como seres criados,

(8) lideram como um corpo

(9) tomam parte nas atividades espirituais.

Na verdade, esse é um aspecto positivo do movimento, exatamente por demonstrar uma intensa preocupação com os incrédulos e uma considerável eficiência no alcance de não-cristãos. Por outro lado, as ênfases tendem a levar os grupos a uma relação extremamente horizontal, na qual a pregação do evangelho e a ação social, por exemplo, tornam-se indistintas e os discursos quase que se confundem, em nova embalagem, com os da teologia da libertação.

Assim sendo, a ação social, como ato de amor, já é pregação e pode dispensar a proclamação. Gibbs e Bolger afirmam que a única metanarrativa viável é a missio Dei, que “redime a nossa realidade material, acolhe os estranhos, compartilha generosamente, capacita, ouve, dá espaço e oferece a verdadeira liberdade”. Essa característica revelaria a natureza “encarnada” do cristianismo, da mesma forma que Jesus andou entre as pessoas pobres e rejeitadas e foi parte da sua transformação social. Essa confusão pode também ser percebida nos escritos de McLaren.

Para ele:

[…]a fé cristã missional afirma que Jesus não veio tornar algumas pessoas salvas e outras condenadas. Jesus não veio ajudar algumas pessoas a serem corretas enquanto deixa todas as demais erradas. Jesus não veio para criar outra religião exclusiva – o judaísmo estando exclusivamente baseado na genética e o cristianismo estando baseado exclusivamente na crença (o que pode ser um requisito mais difícil do que a genética).

Nesse sentido, ser missional é ser absolutamente inclusivista. A base bíblica usada pelo autor é o chamado de Abrão, quando Deus prometeu abençoá-lo e fazer dele uma bênção para todas as nações. Tomar esta bênção e enfatizá-la em detrimento da segunda parte (em ti serão abençoadas todas as nações da terra) é não ser missional, nem generoso e nem ortodoxo, ou seja, receber a bênção implica em distribuí-la generosamente a todos, sem exigir nada de volta. A bênção, nesse sentido, não é simplesmente levar o evangelho de Cristo, mas agir como se todos os que estão à nossa volta já tivessem recebido a bênção.

Em algumas dessas comunidades o princípio usado é de que nenhum aspecto das ações internas da comunidade deveria fazer com que um de seus membros tivesse vergonha de levar um amigo à reunião ou culto. Na igreja  moderna a ordem seria crer e depois pertencer. No movimento emergente a idéia é primeiro pertencer e depois crer.

 

  • Linguagem, culto e pregação

Uma das características visíveis da igreja emergente está no seu uso da linguagem e na sua forma de manifestação de culto, que são prontamente observáveis nos sites e literatura. Kimball tem vários capítulos descritivos em seu livro e nesta seção utilizo bastante o seu material. Um dos argumentos fundamentais é que a comunicação para a mente pós-moderna não pode acontecer de forma linear. Para a geração que cresce nos tempos contemporâneos a comunicação precisa acontecer em forma de rede, como um site na internet, onde as possibilidades de continuidade são inúmeras e, na verdade, ninguém sabe onde ela vai terminar. Uma das propostas fundamentais na comunicação emergente é a criação de um culto experimental e multi-sensorial, numa atmosfera trabalhada por luzes, velas, símbolos, mensagens multimídia, arte estática e em movimento, espontânea e participativa, dando sempre lugar à experiência. Isto seria uma reação ao culto na igreja moderna que coloca os adoradores mais como expectadores e que exige muito pouco envolvimento no ato de adoração. Na “Liquid Church” (Igreja líquida), por exemplo, o culto é descrito como “Intenso e apaixonado. Sonhador e reflexivo”.

Os elementos de culto propostos por Kimball em Emerging Church parecem ser sérios e ponderados. Há um incentivo ao uso da música sem permitir que a letra seja esquecida, bem como as leituras bíblicas feitas antes dos cânticos, as ofertas, a Santa Ceia, a leitura de credos e a oração. Além do mais, um capítulo inteiro do livro é dedicado à forma da pregação.Existem vários aspectos positivos nas declarações feitas por Kimball,como, por exemplo, o fato de que no ato de cantar não se deve ser apenas um observador, alheio ao que se está cantando. Em sua comunidade, os músicos costumam ficar ao fundo do auditório para não se tornarem o foco durante os cânticos e não darem a impressão de uma apresentação musical. Contudo, junto a tudo isto ocorrem várias práticas estranhas ao protestantismo histórico e que se associam mais ao catolicismo romano, algumas delas bem características do  misticismo medieval e até pagãs. Um dos exemplos oferecidos pelo próprio autor do livro é a queima de incenso durante a experiência das ofertas, dando ao adorador a noção de que “as suas orações e ofertas estavam, na verdade, subindo a Deus como um aroma agradável”.

Várias das igrejas emergentes encontradas na internet também possuem as suas estações de oração nas quais os participantes circulam, dando “passos de oração”. Segundo Kimball, em um dos programas de sua igreja as estações representavam cada uma das disciplinas ou aspectos de uma vida cristã sadia.

Encontravam-se nelas objetos relacionados ao seu tema. Em uma das estações, descreve Kimball, colocaram uma cruz feita de espelhos onde cada um poderia contemplar-se na cruz e ter uma noção de como Cristo havia levado os pecados nela. Todo o experimentalismo tem como objetivo atrair o jovem pós-moderno em busca de experiências sensoriais e levar-lhe a mensagem do evangelho.

Todavia, Kimball adverte contra o perigo das experiências chamarem mais atenção para si mesmas do que para Jesus. Existem, inclusive, sugestões de como o ambiente de culto pode ser preparado para oferecer uma atmosfera mais favorável ao culto multisensorial. Propõe-se a não linearidade dos assentos, mas a circularidade do ambiente e a presença de simbologia por todos os lados. Dentro de todo este contexto encontramos muito da busca de uma “nova espiritualidade” mística. A prática da “oração contemplativa”, em que a união mística com Deus é buscada através da meditação com a repetição de mantras, é incentivada por ministérios que tem sido formadores dentro do movimento, especialmente o Youth Specialties, fundado por Mike Yaconelli, que promove retiros contemplativos para jovens. Lendo partes do capítulo sobre a pregação, poder-se-ia confundi-lo como o desafio de um pregador reformado que conclama ao retorno à pregação bíblica profunda. De fato, Kimball condena a superficialidade da pregação nas igrejas das últimas décadas e mostra a necessidade de voltar à exposição bíblica como forma de ensino para o povo de Deus.

O problema aparece, no entanto, quando a proposta de pregação se volta para o estilo narrativo e são apresentadas as diferenças entre a pregação da igreja moderna e aquela a ser praticada na igreja emergente. Ele afirma que na igreja moderna o “sermão é o ponto focal do culto” enquanto que na igreja emergente “o sermão é uma parte da experiência do ajuntamento de culto”; “o pregador serve como um despenseiro das verdades bíblicas para ajudar a resolver problemas pessoais na vida moderna… [ele] ensina como a sabedoria antiga da Escritura se aplica à vivência do reino como um discípulo de Jesus”; “a mensagem bíblica é comunicada primariamente por palavras… [ela] é comunicada por um misto de palavras, elementos visuais, artes, silêncio, testemunho e história”.

Nesse sentido, a pregação no culto cristão deixa de ser uma exposição objetiva da verdade para ser a experiência individual de uma espiritualidade impossível de ser definida. O conteúdo da pregação emergente, para ser relevante, vê a Bíblia como “uma narrativa viva que ilumina a nossa história e não como uma verdade proposicional que deve ser observada”.

Segundo o Presidente Mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia:

“Fique longe de materiais espirituais não-bíblicos, ou métodos de Formação Espiritual que estão enraizados no misticismo, como as orações contemplativas, orações centrantes e o Movimento da Igreja Emergente nas quais elas são promovidas. Procure dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia Pastores Humildes, Verdadeiros Evangelistas e Acadêmicos Bíblicos, Líderes e Departamentais que podem providenciar métodos evangelísticos e programas baseados em princípios bíblicos sólidos da Bíblia e do Grande Conflito”. Ted Wilson-Pte IASD.

 

  • Os Novos Adventistas: Pós-Modernos, Carismáticos e Ecumênicos

Segundo o Pastor Douglas Reis da Igreja adventista do sétimo dia, em um de seus artigos ele escreve da seguinte maneira  [“tem percebido uma diluição dos valores adventistas entre os que fazem parte dessa denominação, sejam membros regulares ou líderes. Em parte, a assimilação de valores da pós-modernidade tem enfraquecido conceitos caros à denominação, como, por exemplo, a afirmação de que temos uma verdade a ser dada ao mundo. Já conversei pessoalmente com muitos adventistas que acreditam que deveríamos ser mais “humildes” e reconhecer que “não somos melhores do que os outros”. Segundo eles, se continuarmos nos intitulando “os donos da verdade” afastaremos as pessoas. Nossa missão seria conduzir a Cristo, não à nossa denominação, porque as doutrinas não são importantes e, sim, o relacionamento com a pessoa de Cristo.

Por trás dessas afirmações, encontramos sérios problemas. Afinal, se as doutrinas não importam, por que sustentá-las? O crer em Cristo, não é em si mesmo uma doutrina (um ensinamento)? Seria essa a única doutrina que teríamos o direito de compartilhar com as pessoas? Partindo do pressuposto de que todos têm o direito a ter suas crenças particulares, nosso respeito pela opinião e crenças alheias não deveria nos impedir de querer “forçar” as pessoas a crerem como nós? E, se isso for assim mesmo, como concluiremos a “grande comissão” (Mt 28:18-20), a ordem de Jesus para pregarmos a todas as pessoas, de todos os lugares e culturas?

Assim, me parece que alguns estão confundindo genuína humildade com relativismo, a ideia de que todas as crenças não representam a verdade última, somente opiniões equivalentes, uma vez que seriam todas culturalmente condicionadas. Será que o adventismo está fadado a ser isso – uma opinião qualquer de um determinado grupo religioso que está feliz em manter uma política de não interferência em relação a outros grupos sociais, assumidamente religiosos ou não?

Esse pensamento não se restringe a muitos adventistas que encontrei; trata-se de algo de amplitude maior. O pós-modernismo é uma forma de pensar e viver de toda a sociedade ocidental (e influencia até mesmo culturas orientais que adotam comportamentos ocidentais). Por isso, não causa surpresa que muitos cristãos tenham escrito, palestrado e feito conferências sobre o assunto, especialmente nos últimos, diríamos, vinte anos. Os adventistas, por seu turno, não estão alheios aos desafios da pós-modernidade. Teólogos e pensadores do movimento vêm dedicando atenção ao tema. Quero destacar dois escritos recentes que expressam preocupação com a influência pós-moderna sobre a igreja.

O conhecido historiador e pensador adventista George Knight escreveu recentemente o provocativo A visão apocalíptica e a neutralização do adventismo. Knight discute o conceito de relevância, que permeou o protestantismo liberal na década de 1960. “O que provaram, no entanto, foi que o atalho para a irrelevância é a mera relevância”, afirma o autor. Ele conclui: “Afinal, quem precisa obter mais daquilo que pode ser encontrado na cultura dominante?”.

O ponto não é que os cristãos (e os adventistas em particular) não devam ser relevantes para a sociedade na qual estejam inseridos. O livro se prontifica a esclarecer que, na tentativa de alcançar os demais com sua mensagem, muitas denominações se preocuparam tanto em se aculturar que acabaram assimilando valores do pensamento da sociedade, sendo absorvidas pela cultura dominante. “O cristianismo saudável deve, por necessidade, estar acima da cultura dominante e se apegar às verdades que a cultura julga detestáveis.” Como exemplo de que o cristianismo seja contracultural (nesse aspecto) Knight cita o sermão do monte, cujo sistema de valores “difere radicalmente daquele adotado pelo mundo e pela maioria das igrejas.”

Aos adventistas que ignoram as lições do protestantismo liberal, Knight adverte contra a insistente busca pela relevância nos seguintes termos: “Desperdiçamos tempo demais tentando tornar Deus um cavalheiro do século XXI ao apresentá-lo como um grande intelectual adventista ou um bondoso médico do hospital adventista.” Ao invés disso, deveríamos nos lembrar que temos uma mensagem profética a transmitir. “O Apocalipse de João é o julgamento da mentalidade pós-moderna, que evita qualquer certeza a respeito da verdade religiosa e procura em seu lugar uma espiritualidade nebulosa.”

Mais recentemente, o teólogo adventista Fernando Carnale escreveu o bombástico artigo The eclipse of Scriptura and the protestization of the adventist mind [O eclipse da Escritura e a protestantização da mente adventista]. Carnale afirma ter detectado “profundas divisões teológicas presentemente operando na igreja adventista que não desaparecerão pela inércia ou pronunciamento administrativo. Assim, sua existência secularizará a mente das gerações mais jovens transformando o adventismo em uma denominação evangélica pós-moderna.” Ele escreve que o processo se acha ligado à forma como se busca fazer evangelismo. Com o intuito de atrair os jovens, “o ministério evangélico e o louvor tem se tornado pós-moderno, ecumênico, progressivamente independente da Escritura e mais próximo da Igreja Católica Romana.” Infelizmente, os adventistas têm adotado e reproduzido as mesmas práticas evangelísticas. Quais serão as consequências?

“As ‘consequências não intencionais’ desse curso de ação estão transformando o adventismo em uma genérica denominação secular e não bíblica. A emergência de uma nova geração de adventismo carismático ecumênico está em curso. Embora use as Escrituras funcionalmente, como um meio para receber o Espírito, esta geração não pensará ou agirá biblicamente.”

Diante desse quadro, é válido que se amplie a discussão sobre pós-modernidade. É bem verdade que o termo se ache divulgado, mas isso acaba contribuindo mais para confusões sobre seu real sentido. Com frequência, pós-moderno é um termo aplicado às artes (plásticas, em geral), justamente o contexto de onde se originou a expressão. Alguns aplicam pós-moderno a um estilo de se vestir ou se comportar. Enquanto tais entendimentos superficiais da pós-modernidade vigorarem, ficará difícil compreender com clareza os desafios que se interpõem entre o adventismo e sua missão. ]

 

Comentários da Ellen G White

Ellen White diz: Isto é adoração a Besta e sua Imagem. É apostasia disfarçada… vinda dos Estados Unidos e trazidas para o Brasil por pastores vivendo em apostasia. Estas comunidades não fazem parte do Remanescente de Deus, só falam dEle.

“O nome Adventista do Sétimo Dia é uma contínua repreensão ao mundo protestante. É aqui que está a LINHA DIVISORIA entre os que adoram a Deus e os que adoram a besta e recebem seu sinal.” Igreja Remanescente pag 86

“Declarou o Senhor que a história do passado se repetirá, ao começarmos a obra finalizadora. Cada verdade por Ele dada para estes últimos dias deve ser proclamada ao mundo. Cada coluna que Ele ergueu, deve ser fortalecida. Não podemos agora descer dos fundamentos que Deus estabeleceu. Não podemos agora entrar para qualquer organização nova; pois isso significaria apostatar da verdade.” Ig.Remanscente. Pag.68

“Muitos supõem que, para se aproximar das classes mais altas, é preciso adotar uma maneira de vida e um método de trabalho que se harmonize com seus fastidiosos gostos. Uma aparência de riqueza, custosos edifícios, caros vestidos, equipamentos e ambiente, conformidade com os costumes do mundo, o artificial polimento da sociedade da moda, cultura clássica, as graças da oratória, são considerados essenciais.
Isso é um erro. O caminho dos métodos do mundo não é o caminho de Deus para alcançar as classes mais elevadas. “O que na verdade os tocará é uma apresentação do evangelho de Cristo feita de modo coerente e isento de egoísmo”. Ellen White, livro “A Ciência do Bom Viver”, cap.14.

“O nome Adventista do Sétimo Dia exibe o verdadeiro caráter de nossa fé e será próprio para persuadir os espíritos indagadores.”  “Somos adventistas do sétimo dia. Envergonhamo-nos, acaso, de nosso nome? Respondemos: “Não, não! Não nos envergonhamos. “É o nome que o Senhor nos deu”. Esse nome indica a verdade que deve ser o teste das igrejas.” Carta 110, 1902.

“Veja que importante advertência Ellen White diz: Não podemos agora descer dos fundamentos que Deus estabeleceu. Não podemos agora entrar para qualquer organização nova; pois isso significaria apostatar da verdade.” Ig.Remanscente. Pag.68

“Se Deus aborrece um pecado mais do que outro, do qual seu povo é culpado, é de nada fazer no caso de uma crise. Indiferença e Neutralidade numa crise religiosa são considerados por Deus como um crime grave e igual ao pior tipo de hostilidade contra Deus” Ellen White, R.H Set.9,1873

 

CONCLUSÃO

Como foi proposto no início, este artigo tem somente a intenção de oferecer uma avaliação preliminar, tendo em vista que muito do que ainda vamos entender por igreja emergente está por vir. Do que até agora se configura como tal, podemos destacar pontos positivos e negativos do movimento. A busca da comunicação efetiva dentro da cultura é, com certeza, um ponto que deve levar a igreja à reflexão, e nisto o movimento emergente nos chama a atenção. O perigo de tornar-se irrelevante é sempre presente para a igreja em qualquer tempo e, com certeza, a igreja de “nosso tempo” deixa de falar efetivamente em muitas situações, principalmente pelo medo de expor-se e viver no mundo. Conforme a oração do Senhor em João 17, não somos do mundo, mas vivemos nele e nele temos que pregar o evangelho de Cristo. Essa pregação precisa ser compreensível e relevante, e o uso de uma linguagem efetiva e compreensível ao homem dos dias de hoje é fundamental.

O lado negativo desse aspecto, parece-me, é que o movimento emergente prega um tipo de “relevância a qualquer custo”. Para ser relevante, o movimento (ou aqueles que são reconhecidos como seus líderes) tem proposto a negação de fundamentos bíblicos essenciais, como a caracterização da verdade bíblica. Alguns teólogos tem sido o referencial para o desenvolvimento desse tipo de pensamento, entre eles Stanley Grenz. Outro ponto importante é o desejo da chamada igreja emergente de ser missional. Se as comunidades emergentes tomarem o termo missional como o desejo de autenticidade, a negação da hipocrisia e do espírito farisaico e a vontade de não manter estruturas que facilitem esse estado de coisas, estarão, com certeza, mais próximas de apresentar o verdadeiro evangelho com impacto em meio à sua geração e cultura. Creio que algumas delas provavelmente o farão.

O lado negativo, no entanto, está na adoção do conceito missional inclusivista. Essa proposta leva o movimento ao radicalismo do anti-radicalismo, a ponto de propor que a mensagem do evangelho de Cristo não é radical, do tipo “quem não é por mim é contra mim”, mas uma mensagem condescendente, receptiva de diferenças e não-condenatória. Afinal, nesse sistema de pensamento tudo o que se propõe como exclusivo é considerado preconceituoso. Outro aspecto positivo do desejo missional é o envolvimento das comunidades com ações de caráter social que, de fato, ajudam e tocam as classes menos favorecidas da sociedade, buscando a erradicação da fome e da pobreza.

Todavia, como todo envolvimento da igreja em causas sociais, as comunidades emergentes correm o risco de fazerem da causa social tanto o seu fim último como a sua motivação primeira. Em que pesem os aspectos positivos do movimento, a sua fundamentação filosófico-teológica nos faz avaliar a sua proposta geral como mais negativa do que positiva. A adoção da mentalidade pós-modernista e do pluralismo da verdade nega, no seu cerne, a proposta bíblica e seus absolutos. Entre os pensadores emergentes está clara a proposta do pluralismo da verdade, no qual “o conhecimento não mais é visto como verdade absoluta; ao contrário, o conhecimento é visto em termos de reorganizar informações em novos paradigmas”.

A crença em absolutos não é um marco ou privilégio da igreja moderna, mas é fruto da revelação objetiva de Deus através dos séculos. Outro grande perigo apresentado pelo movimento é a adoção de práticas pagãs na igreja. As práticas de meditação e contemplação propostas por muitos de seus líderes são contrárias aos ensinamentos da Escritura e se configuram como tentativas idólatras de alcançar a divindade. É preocupante ver os passos que estão sendo dados em nome de uma busca espiritual que desconsidera a  Escritura como fonte de toda a verdade.

Pode a igreja viver assim? Não creio. Uma igreja em que o fundamento básico, a verdade, está disfarçada, não poderá sobreviver, porque necessariamente deixará de ser igreja. Portanto, a igreja emergente, seja como movimento ou como igreja, deve passar, assim como já passaram muitos outros movimentos contemporâneos que começaram como “a resposta” para os problemas da igreja. A negação aberta das características de autoridade, convicções e expressão doutrinal clara apontam para a direção oposta do que as Escrituras afirmam e a igreja experimentou e comprovou durante toda a sua história.

Certamente, as igrejas emergentes são um desafio a toda postura conservadora. Mark Driscoll disse que “a igreja emergente é a última versão do liberalismo. A única diferença é que o antigo liberalismo se acomodava à modernidade e o novo liberalismo se acomoda à pós-modernidade”.  Muitos estão preocupados com a tendência pós-modernista de colocar a verdade sob suspeita assim como a ideia reconstrucionista, que não está preocupada com a interpretação correta do texto bíblico, mas com a experiência e as preferências dos leitores. Ou seja o verdadeiro objetivo da igreja cristã seria de reavivar e reformar, por isso que a proposta do movimento emergente colidem com a Sagrada Escritura, dessa forma não fazem parte do plano de Deus.

São inquietantes a rejeição à doutrina, o relativismo e a abertura indiscriminada. Não há dúvida de que o movimento emergente estimula a reflexão profunda sobre a adaptação da igreja à cultura atual em métodos e formas, ao mesmo tempo que mantém sua identidade e sua mensagem. Como alguém expressou, “o movimento como um todo necessita aderir às verdades fundamentais da fé cristã”.

A Igreja Emergente   ignora as profecias, embora cerca de 25% da Bíblia seja composta de profecias, e metade dessas profecias tratem de acontecimentos ainda no futuro. Este fato está relacionado com o modo como a Igreja Emergente faz pouco caso do julgamento divino. Uma vez que grande parte das profecias a serem cumpridas no futuro dizem respeito ao julgamento de Deus de uma forma ou outra, o estudo das profecias, especialmente aquelas relacionadas com o Fim dos Tempos, é seriamente negligenciado.

Cristãos conhecidos, como David Wilkerson, têm expressado pesar por certas tendências das igrejas emergentes e estão convidando seus ouvintes a repassar algumas das advertências e admoestações bíblicas ; (Gl 1:7; 1Tm 4:1; Mt 24:24; At 20:28-31). Passagens como essas serão sempre oportunas para olhar criticamente esse e outros movimentos que estão surgindo nestes tempos peculiares e intrigantes da história da igreja.

Para finalizar gostaria de compartilhar  um trecho de um artigo  do  Pr. Rubens Lessa:

“Voltemos para as veredas antigas. Elas não são antiquadas, pois a Palavra de Deus não envelhece. É sempre atual. Se você é músico ou cantor, volte para as veredas antigas. Se você é pastor ou líder, volte para as veredas antigas. Se você é professor, volte para as veredas antigas. Se você é médico missionário, volte para as veredas antigas! Se você deseja morar no reino eterno, volte para as veredas antigas. Ande de mãos dadas com Jesus por essas veredas de paz” (Revista Adventista, setembro de 2008).

Escrito por: Weleson Fernandes

Referências:

 

1.  Ver D. A. Carson, Becoming Conversant With Emerging Church (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2005); Eddie Gibbs and Ryan K. Bolger, Emerging Churches (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2005); Doug Pagitt and Tony Jones (editores), An Emergent Manifesto of Hope (Grand Rapids, MI: Baker Books); The Emerging Church (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2003); Brian McLaren, Una Ortodoxia Generosa (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2004).
2. http://verdaderavida.wordpress.com/2009/01/26/iglesia-emergente/, acesso em 01/04/2017

3.  Wolfgang Bühne, Explosión Carismatica: Um Análisis Crítico de las Doctrinas y Práticas de las Llamadas “Três olas del Espíritu Santo”, (Terrassa, Espanha: Clie, 1994).

4. John Leland: “As chamadas igrejas ‘emergentes’ já são um boom nos Estados Unidos.”

5. Dietrich Bonhoeffer, El Precio de la Gracia (Salamanca: Sígueme, 1968); The Cost of Discipleship (Nova York: MacMillan Coimpany, 1963); Vida en Comunidad (Buenos Aires: La Aurora, 1970); John A. T. Robinson, Sincero para com Dios (Barcelona: Ediciones Ariel, 1967); Harvey Cox, El Cristiano como Rebelde (Barcelona: Fontanella, 1969); The Secular City:
Secularization and Urbanization in Theological Perspective (Nova York: MacMIllan, 1966).
6.  Sujetos a la Roca, “Cristianismo em crisis, iglesia emergente”.
7.  Ministério de Apologética e Investigação Cristã: “Que é a igreja emergente?”

8. http://elhogarcristiano.wordpress.com/2011/04/21/falsas-doctrinasel-movimiento-apostata-de-la-iglesiaemergente-o-iglesias-en-casas, acesso em 21/07/2011.

9. http://entrecristianos.com/20080621458/los-cuatro-tipos-de-iglesias-emergentes, acesso em 21/07/2011.
10.  GRENZ, Stanley, Renewing the center: evangelical theology in a post-theological era

11.   VEITH, Gene Edward Jr. Tempos pós-modernos. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 1999, p.42

12. KIMBALL, Emerging churches, p. 175

13.  FROST, Pamela. The emerging church – the invasion of mysticism. Trabalho não publicado apresentado na conferência Christian Witness for a Pagan Planet (Testemunho cristão para um planeta pagão), janeiro de 2006, Escondido, Califórnia.  FIDES REFORMATA XI, Nº 1 (2006): 95-112

14.  GIBBS, Eddie e BOLGER, Ryan. Emerging churches: creating Christian community in postmodern cultures. Grand Rapids: Baker Academics, 2005.

15.  Ver os sites http://www.youthspecialties.com e a gama de eventos em http://ymsp.org/events/ index.html. Os direitos sobre as publicações de Yaconelli e do Youth Specialties foram adquiridos recentemente  pela Editora Zondervan. Sobre a “oração contemplativa”, sua história e prática, ver o site

16. FIDES REFORMATA XI, Nº 1 (2006): 95-112

17. McLAREN, A generous orthodoxy, p. 276-277.

18. Ver o site http://www.nationalpastorsconvention.com/content.aspx?sp=emergent. Alguns dos temas tratados na convenção de 2006 foram: “Desenhando reuniões de culto emergente” (Dan Kimball)

19. Igreja reimaginada: a formação spiritual do povo em comunidades de fé” (Doug Pagitt); “Proibida a entrada de perfeitos: criando uma cultura do ‘Venha como estás’ na sua igreja” (John Burke); “Uma introdução ao pós-modernismo” (Tony Jones); “Nova teologia para um novo mundo” (Doug Pagitt eTony Jones); “O caminho sagrado: práticas espirituais antigas para vida e ministério” (Tony Jones, atualmente o coordenador nacional do Emergent-US).

20.  JOHNSON, Phil. A critical look at the emerging church movement.

21. Ibid., p. 36. O desconstrucionismo é o método de pensamento da pós-modernidade, que sempre parte da hermenêutica da suspeita. Ver KIMBALL, The emerging church, principalmente o segundo capítulo: “How I moved from being seeker sensitive to post-seeker sensitive”, p. 31

22.   Kimball fala da sua busca de metodologias para aplicação em seu pastorado desde o início dos anos 80 em igrejas como Willow Creek Community Church (Chicago) e Saddleback Church (Orange County, Califórnia), igrejas “com propósito”.

23.  .http://igrejaemergente.blogspot.com/2006_01_01_igrejaemergente_archive.html. (acesso em 20 fev. 2006).

24.   KIMBALL, Dan. The emerging church. Grand Rapids: Zondervan, 2003; McLAREN, Brian. A generous orthodoxy: why I am a missional, evangelical, post/protestant, liberal/conservative, mystical/ poetic, biblical, harismatic/contemplative, fundamentalist/calvinist, anabaptist/anglican, methodist, catholic, green, incarnational, depressed-yet-hopeful, emergent, unfinished Christian. Grand Rapids: Zondervan, 2004.

25. Ver CAMPOS, Heber Carlos de. O pluralismo do pós-modernismo. Fides Reformata 2/1 (1997),p. 5-28.

Esse modelo é comum no Brasil, onde vemos várias igrejas com cultos em separado e com estilos diferentes.

26.  Ver LYOTARD, François. A condição pós-moderna. 5ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1998. Segundo GOUVÊA, Ricardo Quadros, “a desconstrução implica na subversão, na descentralização de qualquer origem perceptível de discursos autoritativos associados a ‘metanarrativas’, isto é, macroestruturas teóricas como, por exemplo, sistemas filosóficos ou teológicos. As metanarrativas são desconstruidas através de uma ‘arqueologia do conhecimento’ e de uma tipologia dos discursos…

O Pós-Modernismo rejeita e busca desconstruir qualquer noção de verdade que se proponha unitária,  absoluta, universal, ou mesmo coerente”. A morte e a morte da modernidade: quão pós-moderno é o Pós-Modernismo? Fides Reformata 1/2 (1996):59-

27.  [1]George Knight, A visão apocalíptica e a neutralização do adventismo: estamos apagando nossa relevância? (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010).
[2]Idém, p. 20, 27.
[3]Fernando Carnale, The eclipse of Scriptura and the protestization of the adventist mind: Parte 1: The assumed compatibility with evangelical theology and ministerial practices, JATS, 21/1-2 (2010): 133-165.
[4]Idem, p. 133-135.     (Douglas Reis – Questão de Confiança)

Escrito por Weleson Fernandes[1]

 

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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Um comentário

  1. Obrigado, Weleson, pelo excelente artigo! Sem dúvida, é um assunto sobre o qual devemos nos debruçar mais à luz da Bíblia e do Espírito de Profecia a fim de proteger o acampamento do Senhor de influências nocivas como esta.

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