10 Razões Por Que Lucas 23:43 não Serve Para Provar a Teoria da Imortalidade da Alma

Diz o texto: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43) Versão Almeida—Corrigida e Revisada.

1º – Porque parte de um pressuposto não comprovado: de que o homem foi dotado por Deus de uma alma imortal na criação—informação não fornecida na Bíblia—e que após a morte tal alma continua consciente e viaja rumo ao local de seu destino eterno, havendo, porém dúvida entre cristãos se os condenados já vão para o inferno e os salvos para o céu, ou se ficam num local intermediário de espera até o dia do juízo, quando se definiria definitivamente a sorte de cada um.

2º – Porque a nota tônica da escatologia bíblica no que tange ao galardão dos justos é que ele ocorre unicamente por ocasião da volta de Jesus: Mat. 16:27; 25:31-34; II Tim. 4:8; 1 Ped. 5:4; Apo. 22:12; 1 Tes. 4:17, além de inúmeras outras passagens.

3º – Porque boas traduções rezam que o ladrão pedia a Jesus que se lembrasse dele “quando vieres no Teu reino”. Assim, por exemplo o fazem Matos Soares, a Trinitariana, a Versão Italiana de G. Deodatti, a francesa de L. Sègond, a inglesa de King James e outras. “Quando vieres no Teu reino” e não “quando entrares”“Quando vier . . . então Se assentará no trono da Sua glória. . . ”. Mat. 25:31. Para essa ocasião pedia o ladrão um lugar no reino, e não para aquele dia em que agonizava ao lado de Jesus. A expressão “hoje” ligada ao verbo não é redundante, mas enfática, como em Deu. 20:18; Zac. 9:12; Atos 20:26, e outros passos. Jesus dá certeza ao moribundo naquele hora extrema que não seria esquecido quando Ele retornasse em glória.

4º – Porque Jesus não poderia estar no mesmo dia com o malfeitor arrependido porque três dias depois disse à Madalena: “Não me detenhas que Eu ainda não subi para o Meu Pai” (João 20:17). Se não havia ainda subido para o Pai como poderia estar no mesmo dia com aquele homem?

5º – Porque uma análise cuidadosa da cena do Calvário revela que o ladrão não morreu naquele mesmo dia, pois S. João 19:31-33 nos diz que os judeus pediram a Pilatos para que os corpos não ficassem no sábado na cruz, e assim foi ordenado que lhes quebrassem as pernas.

Por que “quebrar as pernas” dos justiçados? Porque o crucificado não morria no mesmo dia. Cristo não morreu dos ferimentos ou da hemorragia, mas de quebrantamento do coração por suportar os pecados do mundo. Mas os outros, não, e as crônicas descrevem o condenado esvaindo-se lentamente durante dias.

Se era necessário quebrar as pernas aos dois malfeitores, antes do pôr-do-sol, é porque não haviam, morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram ainda, pelo menos, um dia a mais que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia junto de Jesus?

6º – Porque há traduções bem autorizadas que vertem o texto de Luc. 23:43 de forma a harmonizá-lo com o teor da Bíblia a respeito do galardão no reino, quando Jesus voltar. E vamos citá-las:

A) Tradução Trinitariana, em português, editada em 1883, pela “Trinitarian Bible Society” de Londres. Diz: “Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso”.

B) Emphasized New Testament, de Joseph B. Rotherham, impresso em Londres, em 1903, assim reza: “Jesus! Lembra-te de mim na ocasião em que vieres no Teu reino. E Ele disse-lhe: Na verdade, digo-te neste dia: Comigo estarás no Paraíso”.

C) The New Testament, de George M. Lamsa, de acordo com o Texto Oriental, traduzido de fontes originais aramaicas, diz: “Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”.

D) A chamada Concordant Version, em inglês, assim traduz: “E Jesus lhe disse: ‘Na verdade a ti estou dizendo hoje, comigo estarás no Paraíso”.

E) O famoso Manuscrito Curetoniano da Versão Siríaca, existente no Museu Britânico assim reza: “Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, que comigo estarás no Jardim do Éden”.

F) O comentário da Oxford Companion Bible, que diz: “’Hoje’ concorda com ‘te digo’ para dar ênfase à solenidade da ocasião; não concorda com ‘estarás’”.

G) No Apêndice n°. 173, o famoso Oxford Companion Bible, esclarece: “A interpretação deste versículo depende inteiramente da pontuação, a qual se baseia toda na autoridade humana, pois os manuscritos gregos não tinham pontuação alguma até o nono século, e mesmo nessa época somente um ponto no meio das linhas, separando cada palavra. . . . A oração do malfeitor referia-se também àquela vinda e àquele Reino, e não a alguma coisa que acontecesse no dia em que aquelas palavras foram ditas”.

H) Conclui o mesmo comentário, no final do mesmo Apêndice: “E Jesus lhe disse: ‘Na verdade te digo hoje’ ou neste dia quando, prestes a morrerem, este homem manifestou tão grande fé no Reino vindouro do Messias, no qual só será Rei quando ocorrer a ressurreição – agora, sob tão solenes circunstâncias, te digo: serás comigo no Paraíso”.

7º – Porque a profecia sobre a natureza humana que Cristo prevê: “Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste” (Heb. 10:5). Como a premissa de o homem ser dotado de uma alma imortal não foi comprovada, como poderia Jesus ter recebido algo assim. E se recebeu uma “alma imortal” humana estaria por toda a eternidade preso a isso?

8º – Porque o conceito bíblico de Paraíso é a Nova Terra restaurada, quando os que nela habitarão terão corpos transformados, e não um ambiente de espíritos desincorporados. Em 2 Coríntios 12:2-4, Paulo relata uma experiência extática de ter sido “arrebatado ao paraíso”, que ele localiza no “terceiro céu” (2 Cor. 12:2) mas não dá detalhes a respeito. Em Apocalipse 2: 7, o Senhor oferece esta promessa: “Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus”.

Aqui o paraíso é associado com a árvore da vida, que, segundo Apocalipse 22:2, será encontrada na Nova Jerusalém: “No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos”. Tudo isso sugere que o Paraíso é a eterna habitação dos remidos no Éden restaurado.

Portanto, quando Jesus assegurou ao ladrão penitente de um lugar com Ele no “paraíso” estava-Se referindo às “muitas moradas” na “casa” de Seu Pai e ao tempo em que Ele for “preparar lugar” para receber os Seus para Consigo estarem para sempre (João 14:1-3).

9º – Porque o conceito de imortalidade da alma é incompatível com o teor do ensino bíblico sobre o estado dos mortos. A Bíblia não ensina que os mortos estão conscientes, e sim o contrário disso—ensina a inconsciência, o sono, o total alheamento do que se passa. O que a Bíblia tem a ensinar sobre o estado de uma pessoa morta como segue:

Está dormindo. Que a morte é um sono ocorre 75 vezes nas Escrituras, sendo 47 vezes no Velho Testamento e 18 no Novo Testamento. A teologia popular procura em vão desembaraçar-se desta verdade, alegando ser uma “aparência”, mas Jesus afirma que o sono é a morte real e não a aparência dela. João 11:13 e 14.

Está na sepultura. João 5:28 e 29; Mat. 28:6; João 11:43.

Está no pó da Terra. Gên. 3:19; Sal. 22:15; Isa. 26:19; Jó 7:21; Dan. 12:2, e outros textos.

Está inconsciente, sem ação mental em absoluta inatividade. Sal. 6:5; 146:3 e 4; Ecl. 9:5,6 e 10; 3:20; Isa. 38: 18 e 19.

Não está no Céu. João 3:13; 7:33 e 34; Atos 2:34.

O mau não está no inferno. Está “reservado” no túmulo até o dia do juízo. Jo 21:30; II S. Ped. 2:9, e outros passos.

Estão num mesmo lugar, bons e maus. Ecl. 3:20; 6:6.

O morto será despertado pelo milagre da ressurreição. Isa. 26:19; Dan. 12:2; Eze. 37:12; Luc. 20:37 e 38; João 5:28 e 29; I Cor. 15:42, 44 e 52:; I Tes. 4:16; Apo. 20:6, 13 e outros passos.

A recompensa de cada um só será dada quando Cristo voltar. Mat. 16:27; Apo. 22:14; I Ped. 5:4; 5. Luc. 14:14b; II Tim. 4:1, e outros passos. Os heróis da fé, que dormem desde tempos remotos, alcançarão a recompensa também nessa ocasião. Heb. 11:39 e 40. Só o que vence adquire a imortalidade. Apo. 2:7 e 11.

10º – Porque a crença na imortalidade da alma é característica de TODOS os povos pagãos, em vista de desconhecerem as verdades evangélicas. Daí, por ignorarem a promessa da ressurreição dos mortos, desenvolvem idéias de sobrevivência de um espírito no homem que prossegue vivendo após a morte. Até atribuem espíritos a coisas inanimadas como rios, montanhas, árvores. Não se sabe de nenhum povo pagão, antigo ou moderno, que tenha a concepção de que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”. – João 5:28, 29.

Autor: Azenilto Brito


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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