
Judaizante Gnóstico – Século II – Ásia Menor
Abstinência em comer carne, tomar bebidas alcoólicas, proibição do casamento e dedicação às práticas ascéticas. Taciano, o Assírio (120-180), foi o fundador da seita dos encratitas.
Ele realizou um inteligente sincretismo religioso das doutrinas de Marcião e de Saturnino.
Essa seita é chamada de encratitas por causa de sua temperança, domínio próprio, continência e autocontrole.
Muitas vezes os encratitas também foram chamados de “severianos”, em homenagem a Severus que se tornou um líder proeminente na direção do movimento encratita.
Os encratitas formavam uma seita cristã ascética e gnóstica no segundo século depois de Cristo. Eles eram radicais. Proibiam o casamento e aconselhava a abstinência de carne e de bebidas alcoólicas.
Irineu de Lyon (130-202) foi o primeiro a mencionar em seus livros a existência da seita dos encratitas. Ele afirmou que os encratitas nasceram a partir das doutrinas de Saturnino e Marcião.
Hipólito de Roma (sec. III) refere-se aos encratitas como ortodoxos, mas com práticas equivocadas: “reconhecendo o que é de Deus e de Cristo de maneira similar à Igreja. Porém, sobre seu estilo de vida, eles passam os dias inflados com orgulho”; “se abstendo de comida animal, bebendo apenas água e proibindo o casamento”; “estimados cínicos ao invés de cristãos”.
Os encratitas tinham tendências judaizantes, aceitavam a Lei, os Profetas e os Evangelhos. Porém, rejeitavam o livro Atos dos Apóstolos e amaldiçoavam a Paulo e as suas epístolas, a quem consideravam herético.
Além das preferências judaizantes, os encratitas possuíam uma tendência gnóstica siríaca.
Por abominarem o casamento, chegaram a declarar que as mulheres seriam obra de Satanás. Por abominarem as bebidas alcoólicas chamaram o vinho de “gotas de veneno da grande Serpente”.
Imaginavam-se superiores aos demais cristãos por absterem-se de alimento cárneo, por beberem somente água e proibindo o casamento entre eles. Pelo resto de suas vidas entregavam-se às práticas ascéticas.
Os encratitas eram encontrados em grande número e estavam espalhados por várias regiões na Ásia menor, em Pisídia, na Frígia, Selêucia, Isáuria, Panfília, Cilícia, Galácia, Antioquia e na província romana da Síria.
Com o passar do tempo dividiram-se em diversos grupos, entre os quais se destacam:
1. Os “apostolici”. O movimento condenava a propriedade privada.2. Os “aquarii”. A seita substituía o vinho pela água durante a santa ceia.
Após o Concílio de Niceia em 325, os bispos de várias regiões da cristandade obtiveram o apoio dos imperadores romanos para dizimar as seitas declaradas heréticas.
Mediante o Édito de Tessalônica de 380, o imperador romano Teodósio I (347-395) decidiu tornar o catolicismo a religião oficial do Império Romano.
Com esse propósito, Teodósio declarou em 382 a morte a todos que professassem o nome de encratitas e aquarianos e ordenou que fossem realizadas extensas buscas por estes heréticos, considerados maniqueístas disfarçados.
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