205 – É o Sábado só para os Judeus?

Em seu afã de diminuir a importância da guarda do sábado na vida do cristão, muitos têm percorrido pelo perigoso caminho de distorcer versos Bíblicos e fazerem declarações que não estão em harmonia com a palavra e Deus; uma destas erradas afirmações diz que “o Sábado é só para os judeus”.

Para entendermos este assunto, inicialmente vamos estudar alguns trechos do livro “Sutilezas do Erro”, pág. 179 – 183:

“A idéia fixa é que o sábado é judaico, e nada mais! Dizem que o sábado fora dado a Israel, e não ao mundo, e em abono de tal heresia citam Êxodo 20:1 e 2; 34:27 e 28; Deuteronômio 4:8 e Romanos 9:4.

“Antes de entrarmos no mérito destas passagens, convém notar que certos teólogos deixam, inadvertidamente, escapar expressões que destoam da posição doutrinária que assumem, e mais se adaptam á doutrina Adventista.  

 

“Strong não é anominiano. (contra a importância da lei ou vigência dela). Contradiz a idéia de que o Sábado é mosaico. Diz ele: “O Sábado é de obrigação perpétua como memorial instituído por Deus, de sua atividade criadora. A exigência do Sábado é anterior á época do Decálogo, e forma uma parte da lei moral. Feito na criação aplica-se ao homem como homem, em toda a parte e em qualquer tempo, em seu presente estado de existência” .

 

“Por esta declaração do mestre batista se evidencia que o sábado não se originou do legalismo de Israel. E acrescenta: “No Velho Testamento há indicações da observância do dia do Sábado antes da legislação mosaica” . A origem do Sábado, 2.500 anos antes que houvesse a nação israelita, prova que não era judaico. Observado pelos patriarcas, foi transmitido ás nações da antiguidade. Tornou-se mundial, mesmo entre as nações pagãs. 

“John G. Butler, escritor batista do Livre Arbítrio, no seu tratado teológico, diz: “Sabemos também, pelo testemunho de Filo, Hesíodo, Josefo, Porfírio e outros, que a divisão do tempo em semanas e a observância do sétimo dia eram comuns nas nações da antiguidade. Como, então, poderia ter-se originado a não ser pela tradição, que vinha de sua instituição no jardim do Éden?”  

“De fato, o citadíssimo historiador judaico Flávio Josefo, escreveu também: “não há cidade dos gregos, nem dos bárbaros, nem nação alguma, em que nosso costume de repousar no sétimo dia não tenha chegado” .  

“Por aí se vê que as nações não judaicas observavam o sábado original.

“E agora um testemunho Arqueológico. O Congregationalist (Boston), de 15 de novembro de 1882, referindo-se aos “Tijolos da Criação”, encontramos pelo Sr. Smith, nas margens do rio Tigre, próximo á Nínive, diz:

““O Sr. George Smith diz em sua obra ‘Descobertas Asírias’ (1875): ‘No ano 1869 descobri, entre outras coisas, um curioso calendário dos assírios, no qual cada mês se divide em quatro semanas, e os sétimos dias, ou Sábados, são marcados como dias nos quais nenhum trabalho se podia empreender… O calendário ontem listas de trabalho proibido nesses dias, o que evidentemente corresponde ao sábado dos judeus. (Grifos nossos).

“Não parece dúvida, que o Sábado era guardado pelo mundo gentílico e pagão pela influência do povo de Deus, dos israelitas, então detentores dos oráculos divinos.Israel como povo escolhido deveria ser uma luz. Deveria levar a revelação a todos os povos. Falhou. As bênçãos imutáveis de Deus, porém, foram transferidas aos gentios.Se mudança houve, se falha houve, se fracasso houve foi nos homens.

“Nossa doutrina, no tocante a Israel, pode assim ser resumida: “O que Deus se propusera a fazer para o mundo por meio de Israel, a nação escolhida, realizará Ele hoje, finalmente por meio de sua igreja na terra. Ele arrendou a vinha aos lavradores” . Os privilégios de Israel transferiram-se á nós. Somos os “outros lavradores”,mas as bênçãos são as mesmas.

“Diz o teólogo batista Langston: “Não obstante o grande fracasso do povo eleito, não se perdeu o precioso tesouro que lhe fora confiado para entregar ao mundo, nem se transformaram os planos divinos, porque hoje, todas as nações estão-se enriquecendo com a revelação de Deus-o precioso tesouro uma vez entregue a Israel”  (Grifos nossos).Sim, Deus não muda, os homens é que fracassam.

“Somos o Israel espiritual. Deus não tem nenhuma promessa para os gentios, senão quando se tornam Israel.O gentio, como gentio, está completamente sem esperança, e isto a palavra de Deus declara repetidamente.Jesus era da raça de Israel.Também os profetas, e todos os apóstolos, os autores do Novo Testamento eram israelitas.

Jesus mesmo declarou que “a salvação vem dos judeus” S.João 4:22. Ler Efés. 2:12.Somente Israel será salvo.Na gloriosa cidade que dará a seus filhos, há doze portas, e seus nomes são os das doze tribos de Israel.Mesmo o estrangeiro, o gentio terá de tornar-se membro da família de Deus, do Israel espiritual.Não há uma lei para o judeu e para o gentio,que peregrina conosco,como peregrinavam com o Israel literal. Núm. 15:16.

“O gentio – diz outro comentarista batista de renome – “por sua fé se torna descendente espiritual de Abraão, membro do Israel de Deus.A Jerusalém palestiniana e seu povo são repudiados categoricamente:”está em escravidão com seus filhos.Gál.3:25.Os crentes gentios são como os filhos da promessa.V.28.

Israel segundo a carne passa a ser “lançado fora”,não será “herdeiro” das promessas proféticas (v.30), antes identifica-se com a escrava Agar e com o bastardo Ismael:mas o filho, o herdeiro o Isaque o Israel real, o povo de Deus, a Jerusalém celestial e seus filhos, são os crentes gentios, incorporados com Jesus e Paulo e os outros apóstolos, no tronco indestrutível da árvore de Abraão e da aliança da graça”. 

“Consideremos agora sucintamente algumas passagens com que se procura atribuir caráter meramente nacional e local ao dia de repouso ordenado por Deus. Êxodo 20:1 e 2; 34:27 e 28; Deuteronômio 4:8, 10-15, 44; Romanos 9:4. Procura-se tirar a ilação de que o Sábado foras dado a Israel e não ao mundo.

“Ora não se pode contestar que o povo de Israel era, naquela ocasião, o legítimo povo de Deus, detentor de sua mensagem para o mundo. Sendo assim, gostaríamos de perguntar-lhe: a quem deveria confiar sua lei?Aos egípcios?Aos Assírios?Aos Amalequitas?Aos Amorreus?A quem afinal?A resposta só pode ser uma: aos israelitas.Necessariamente aos israelitas.

E a eles foi outorgado o maior padrão moral de todos os tempos: o Decálogo, em cujo coração há o mandamento positivo do dia de repouso.A solenidade do momento da outorga dessa majestosa lei exigia que Deus impressionasse aquele povo, para mostrar -lhes o privilégio deles e a autoridade do doador.Daí a razão do preâmbulo.”Eu sou o Senhor teu Deus…E para que não pairassem dúvidas a respeito,acrescenta:… Aquele que te tirou da servidão do Egito.

Nota-se que é um preâmbulo.Não é parte integrante da lei.Pode-se comentar que a lei era também um memorial da graça divina,pois o próprio Deus que proferiu foi aquele que conduziu seu povo para fora do Egito,livrando-o do jugo vil da escravidão.

“As escrituras consideram o Egito como símbolo do estado de pecado(Apoc.11:8),e sendo assim,o livramento de Israel, do Egito literal, pode ser comparado com o livramento de todo o povo de Deus,do poder do pecado. Diz a Bíblia que o Senhor livrou seu povo da terra de faraó a fim de poder dar-lhes sua lei. (Salmo 105: 42-45). Do mesmo modo, por meio do evangelho, Cristo nos liberta do jugo do pecado (João 8:34-36; II Pedro 2:19) a fim de que possamos guardar sua lei (João 15:10; Romanos 8: 1-4). Notemos o seguinte: Deus primeiramente salvou Israel; depois deu-lhes sua lei para ser guardada.

“Em Deut. 5, temos o decálogo repetido com aplicação especial aos israelitas, e isto prova que a lei Divina a todos os povos em todas as circunstâncias. O livramento dos Israelitas constituiu uma razão adicional porque deveriam reverenciar o Sábado: a de terem conseguido um descanso dos trabalhos escravos do Egito. 

Deviam deixar os servos repousarem também no Sábado. Diz o texto: “… para que o teu servo e a tua serva descansem como tu”, e a seguir diz: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito…”.

“Em Romanos 9:4 se lê: “Que são Israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas”. Não sabemos o que o oponente pretende provar com este texto. 

Note-se que o apóstolo Paulo não os chama de “hebreus” ou “Judeus” num sentido nacional, mas de Israelitas, título que lhes designa a posição de o povo escolhido de Deus. No Novo Testamento este título é transferido á igreja cristã, á qual o mesmo Paulo se refere como “o Israel de Deus”. Gálatas 6:16. Sim os Israelitas são detentores das bênçãos de Deus, no presente como passado.     

“A Bíblia denomina o Sábado de “Sábado do Senhor” e não sábado de Israel num sentido nacional, ou restrito. 

“Deixemos, para finalizar, que a Bíblia fale por si, sem comentários:

“É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios certamente… porque nem todos os que são de Israel são Israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos… E, se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa… 

Naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunhão de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança… mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto… E ouvi o número dos assinalados eram cento e quarenta e quatro mil assinalados de todas as tribos de Israel”. Romanos 2:28; 9:6 e 7; Gálatas 3:29; Efésios 2:12 e 13; Apocalipse 7:4.

“Todas as bênçãos Divinas, inclusive o Sábado, se transferem para o Israel espiritual”.

Provas Bíblicas de que o sábado nunca foi só para os judeus

Gênesis 2:1-3 – “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército.  E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.  E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera”.

Quando Deus abençoou e santificou o dia de Sábado, os Judeus não existiam, mas somente Adão e Eva. Se o sábado fosse só para os judeus, porque deus inventou esta instituição no jardim do éden? 

Êxodo 20:10 – “Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro…”.

Convido você neste momento a pegar sua Bíblia ler comigo neste texto de Êxodo. Pergunto: Ali está escrito que o sétimo dia é o Sábado dos judeus? Não. Como está escrito? “O sétimo dia é o Sábado do Senhor”. Portanto, o ensinamento de que o sábado foi só para os judeus não é Bíblico, pois a Bíblia não fala que o sábado é dos judeus, mas do Senhor.

Números 15:16 – “A mesma lei e o mesmo rito haverá para vós outros e para o estrangeiro que mora convosco”. 

As leis que Deus dava não eram somente para os judeus, mas para os estrangeiros, ou seja, todas as pessoas.  Isto é muito claro nas Escrituras.

Isaías 56:1-8 – “Assim diz o SENHOR: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, prestes a manifestar-se.  Bem-aventurado o homem que faz isto, e o filho do homem que nisto se firma, que se guarda de profanar o sábado e guarda a sua mão de cometer algum mal.  Não fale o estrangeiro que se houver chegado ao SENHOR, dizendo: O SENHOR, com efeito, me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca.  

Porque assim diz o SENHOR: Aos eunucos que guardam os meus sábados, escolhem aquilo que me agrada e abraçam a minha aliança,  darei na minha casa e dentro dos meus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.  

Aos estrangeiros que se chegam ao SENHOR, para o servirem e para amarem o nome do SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o sábado, não o profanando, e abraçam a minha aliança,  também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos.  Assim diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos”.

Deus disse que os estrangeiros e eunucos que guardassem o Sábado estavam fazendo aquilo que agrada a Deus. Como que o sábado seria um dia apenas para os judeus guardarem?

No verso oito podemos ver uma extraordinária revelação! Deus está falando que ainda congregará pessoas de outras denominações religiosas á sua verdadeira igreja nesta terra para guardarem o Sábado!

Portanto vemos que o Sábado é para “todos”, inclusive para os gentios, pois por sua fé o gentio se torna descendente espiritual de Abraão. Por acaso não somos o “Israel Espiritual?” Não somos descendentes de Abraão?

O sábado foi estabelecido por Deus para que dedicássemos um tempo de vinte e quatro horas exclusivamente a Ele. O Senhor está desejoso de ter-nos com Ele a fim de nos dar poder e descanso ao nosso corpo e mente. Aproveitemos esta oportunidade de comunhão com o Criador. Tudo o que Ele faz é para nosso bem, inclusive a instituição do Sábado.  

Deus lhe abençoe em sua caminhada cristã!

 

 

Leandro Soares de Quadros.

Instrutor Bíblico

“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”. (Êxodo 20:8).


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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