227 – Qual o significado de “Sábado Segundo-Primeiro” de Lucas 6:1?

“E aconteceu que, no sábado segundo-primeiro, passou pelas searas, e os seus discípulos iam arrancando espigas, e, esfregando-as com as mãos comiam.” Edição Revista e Corrigida.

Na Bíblia Almeida Revista e Atualizada no Brasil não aparece o problema: “Aconteceu que, num sábado, passando Jesus pelas searas, os seus discípulos colhiam e comiam espigas, debulhando-as com as mãos”.

A expressão sábado segundo-primeiro que aparece em muitas traduções tem dado muito trabalho aos comentaristas. Pelo fato dos estudiosos estarem muito divididos em suas explicações até hoje não foi possível chegar a uma solução definitiva.

Russel Norman Champlin escreveu:

 

“Essas palavras têm deixado perplexos a muitos eruditos, e a verdade é que não parece existir um meio de explicá-las convenientemente. Não aparecem em nenhum dos manuscritos antigos, e muitos acreditam que não são autênticas do texto, tendo sido resultado de anotações feitas por escribas, em manuscritos posteriores. 

 

Uma explicação possível sobre a sua existência é a observação que Lucas mencionara às atividades de Jesus em outros dias de sábado, antes dessa narrativa (ver Lucuas 4:31,32). Assim, este seria o segundo sábado mencionado por Lucas, ao descrever as ações de Jesus. É possível, pois, que isso seja tudo quanto está envolvido nas palavras ‘no segundo sábado depois do primeiro’”.

Essas palavras aparecem, segundo ele, em alguns manuscritos unciais e em poucas traduções. “A evidência textual favorece esmagadoramente a versão mais simples. É provável que algum escriba tenha feito essa adição, a fim de distinguir esse sábado dos outros dias de sábado, mencionados em narrativas próximas. 

Alguns editores têm defendido o texto mais longo, sobretudo porque é o texto mais difícil, podendo ter sido descontinuado de manuscritos mais antigos para efeito de simplificação do texto, posto que alguns podem ter deixado de compreender o sentido da observação”. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 2, pág. 60.

Adão Clarke se estende bastante em suas notas sobre Lucas 6:1 apresentando suas ideias e de outros estudiosos.

A essência do que ele escreveu seria o seguinte: este sábado tinha que ver com os que estavam incluídos nos dias que iam da Páscoa ao Pentecostes. E assim este “sábado segundo-primeiro” era o segundo sábado, a começar com o segundo dia da festa dos pães asmos, que era o primeiro dia da semana. 

Outros comentaristas concordam em que os judeus tinham três primeiros sábados: o primeiro, no primeiro sábado após a páscoa; o segundo, no primeiro sábado depois do pentecostes; e o terceiro, no primeiro sábado depois da festa dos tabernáculos.

Na apostila “História do Texto Bíblico” apresentamos esta ideia: Sendo que tal expressão não aparece em outra parte, tem sido um problema exegético difícil de ser solucionado. Em virtude da palavra não constar nos melhores manuscritos, poder-se-ia afirmar que ela não se encontra no original, não fosse a suspeita de que algum copista a tivesse omitido por causa de sua obscuridade.

O princípio da probabilidade transcricional torna necessário explicar a sua inserção, se não é genuína. Meyer engenhosamente sugere que a palavra é a fusão de duas notas marginais, opinião esta que foi adotada por W. H. e outros.

Como no versículo 6, está a expressão “noutro” (heteros) sábado, algum escriba pôs na margem do primeiro verso a nota “num primeiro” (proto). Mas a recordação de diversos incidentes, que se tinham dados em sábados anteriores, levou outro copista a acrescentar “num segundo” (deuteros) sobre a outra margem. 

Disto se originou o anômalo “deuteroproto”, que algum copista anterior intercalou no texto para confusão dos comentaristas. Ou seja, assim, ou não, o fato esclarece uma deturpação do texto original.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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