O Grande Engano do Espiritualismo

O fascínio pelo mundo do espírito é cada vez maior. Pessoas alegam experimentar coisas bizarras como o sentimento de que um animal de estimação pula em sua cama quando ali não há nenhum bicho; ou uma pessoa sente o cheiro de flores quando um ente querido morre a muitos quilômetros de distância, e não existe nenhuma flor ao redor. Outros alegam ter poderes especiais: um “dom de percepção extra-sensorial” para ler a história da vida dos outros, incluindo o passado, presente e futuro; ou capacidade para “canalizar” vibrações de energia do mundo do espírito para a cura de doenças físicas e de problemas emocionais; ou habilidade para ajudar outros a entrar em contato com vidas passadas.

No mundo inteiro, pessoas de quase todas as religiões, incluindo cristãos, muçulmanos, hindus e budistas, acreditam que a vida continua após a morte. Essa crença abre a porta para a instalação de uma série de fenômenos sobrenaturais estranhos. Alimentando esse engano, há narrativas de pessoas que dizem ter passado por experiências de “quase morte” Livros, filmes e outros veículos de comunicação fazem sugestões sutis (às vezes nem tanto) a respeito da vida após a morte. Em geral, essa mensagem vem revestida de linguajar humorístico e aparentemente inocente. Alguns vêem isso como um entretenimento não prejudicial, sem perceber que ele tende a minar e obscurecer o ensino da Bíblia de que “os mortos não sabem coisa nenhuma” (Ec 9:5), e que a morte é como um sono (Jo 11:13; lTs 4:13). O pior é a contribuição para a idéia de que existe vida fora do corpo e a insinuação de que os vivos podem fazer contato com os mortos.

O mundo do espírito e espiritualismo

A popularidade de programas de TV, apresentando supostos contatos sobrenaturais com os assim chamados espíritos de pessoas mortas, mostra claramente que o espiritismo está amplamente disseminado na cultura ocidental.

A Bíblia, porém, de forma clara e direta, se posiciona contra essa atividade: “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os advinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:19,20).

Quando Isaías escreveu essas palavras, as Escrituras consistiam na Lei (o Pentateuco) e no testemunho dos profetas. Tais fontes são dignas de nossa confiança porque representam a voz de Deus para Seu povo. Neste mundo, não faltam “vozes” que pretendem cativar nossa atenção por meio da literatura e de outros veículos. No entanto, muitas delas não merecem nosso crédito porque são “inspiradas” em fontes esquematizadas pelo diabo, para nos levar ao erro.

A voz de Deus, que se expressa por meio de Seus mensageiros inspirados, é a única fonte em que podemos confiar plenamente. Infelizmente, “cada dia acrescenta suas lastimáveis evidências de que a fé na segura Palavra da Profecia está em declínio, e que em seu lugar superstições e satânicos enganos estão cativando a mente de muitos” (Ellen G. White, Profetas, e Reis, p. 210). Satanás maquina diferentes enganos para diferentes classes de pessoas. Aqueles que nunca imaginaram visitar uma seção mediúnica, agora são seduzidos a observá-las pela televisão. E podem ficar fascinados com os prodígios, mesmo os que sabem que estão diante de uma manobra que contraria a Bíblia.

O engano básico do pensamento da Nova Era é que todas as pessoas têm poderes espirituais dentro de si, os quais apenas aguardam para ser acionados. Essa suposta sabedoria, que apela para nossos desejos egoístas, é realmente terrena, animal e demoníaca (Tg 3:15). A repetição feita pelos meios de comunicação pode fazer com que mensagens como essa passem a ter lugar comum em nossa mente, deixando-a insensível ao perigo e incapaz de reconhecer as operações de Satanás. Estamos sujeitos a ser influenciados por algumas dessas mensagens e a considerar menos interessante o estudo da Bíblia. Além disso, Satanás não se incomoda tanto com o tipo de engano que utiliza para nos atrair. O que importa a ele é que sejamos atraídos. Felizmente, a Palavra de Deus nos esclarece a verdade e, por meio dela, podemos reconhecer as mensagens ao nosso redor que conduzem para o mal e ainda saber qual é seu propósito.

Esses são os espíritos que nos combatem: não espíritos de pessoas mortas, mas de anjos maus. “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6:12). Nossos reais inimigos são seres que não podemos ver e que estão tentando nos afastar de Deus. Existem, igualmente, exércitos espirituais prontos a nos defender contra as forças do mal. A guerra que começou no Céu chegou até nós (Ap 12:13), tornando toda a Terra o campo de batalha do Universo.

Anjos e espiritualismo

Alguns pensam que os anjos estão apenas aguardando nossa palavra de comando, e tudo o que precisamos fazer é ordenar-lhes para que entrem em ação. Pode ser verdade; mas, nesse caso, podemos estar tratando com outro tipo de anjos! Anjos maus nos enganarão e nos usarão, se permitirmos.

Os anjos de Deus não operam desse modo. Eles não podem ser manipulados por nossos caprichos e não estão interessados em prestar serviço a nossos propósitos egoístas. No Jardim do Getsêmani, Jesus disse a Pedro que Ele poderia dispor de, no mínimo, doze legiões de anjos (72 mil!). Mas não disse que convocaria os anjos. Em vez disso, Jesus disse: ‘Acaso, pensas que não posso rogar a Meu Pai, e Ele Me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26:53). Jesus não realizou nada sem primeiro saber qual era a vontade de Seu Pai. Se Ele não chamou anjos para ajudá-Lo, temos nós algum direito de fazê-lo?

Jesus também nos ensinou que o último engano teria o propósito de iludir os escolhidos, “se possível” (Mt 24:24). Em Apocalipse, vemos Satanás e seus aliados enviando espíritos imundos para enganar os habitantes da Terra. Esses espíritos operam milagres para iludir o máximo de pessoas e agrupá-las num exército para enfrentar Deus na batalha do Armagedom. Assim, antes da volta de Jesus, espíritos demoníacos operarão milagres para enganar aqueles que preferem confiar e acreditar no que vêem em vez de aceitar o testemunho dos profetas. Como Satanás pode se transformar em anjo de luz (2 Co 11:14), seres espirituais podem assumir várias aparências, inclusive fazer de conta que têm piedade religiosa (ver O Desejado de Todas as Nações, p. 256). Através de agentes humanos, os demônios de Apocalipse 16 atuarão na cura de enfermos e trarão “revelações” que contradizem as Escrituras (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 624).

A Bíblia é clara: os mortos não sabem coisa nenhuma. Nossos reais inimigos são os espíritos das trevas, anjos maus, que rodeiam a Terra com enganos que incluem os milagres orquestrados por Satanás. Está diante de nós a montagem do cenário para a terrível e última mentira que atrairá o mundo. Para que estejamos protegidos contra ela, necessitamos prestar atenção à clara orientação da Palavra de Deus com respeito ao que acontecerá e dar os passos necessários para RESISTIR aos esquemas satânicos.

Talvez o acróstico seguinte (baseado na palavra inglesa “RESIST”) possa nos ajudar:

Reconhecer o inimigo, incluindo suas muitas vozes. Mesmo Jesus só foi capaz de fazer isso por meio das Escrituras (Mt 4) .

Excluir todo mal que Satanás pode introduzir. Conhecendo Jesus pessoalmente, não de segunda ou terceira mão (At 19:13-18), teremos coragem para eliminar de nosso lar qualquer influência que possa permitir aos anjos maus um ponto de apoio para que eles permaneçam conosco (At 19:19).

Submeter a Deus nossa vida e cada coisa que temos (Tg 4:7). Agindo assim e convidando a presença de Deus para o nosso lar, Satanás será obrigado a sair.

Interceder (em oração) por nós mesmos, por pessoas queridas e pelos outros, incluindo nossos inimigos. Algumas influências más são tão fortes que serão eliminadas somente com persistente oração e desprendimento (Mc 9:29; Ef 6:18).

Sondar a Palavra de Deus (por meio de seu estudo). Muitas peças da armadura disponível para nossa proteção espiritual são relacionadas por Paulo e estão à nossa disposição (Ef 6:14-17), mas a Bíblia é a única arma – no seu sentido exato – que é mencionada. Para ser eficaz, ela não deve ser controlada independentemente por mãos humanas, mas pelo Espírito Santo em nós (v. 17).

Transmitir a verdade a outros, que também serão capazes de ensinar a outros (2 Tm 2:2). Desse modo, a obra do reino de Deus derrubará as fortalezas de Satanás e preparará o caminho para o retorno de Cristo (2 Co 10:3-5).

Clinton Wahlen é diretor associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral. Ele também serviu como editor associado do Journal e é o autor de Jesus and the Impurity of Spirits in the Synoptic Gospels, publicado por Moh Siebeck. Artigo publicado na Revista Adventista de Outubro/2008.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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