Justiça e Salvação

Foto: Divulgação CPBA atmosfera de um tribunal frequentemente evoca medo e ansiedade, devido à seriedade do juiz, à frieza dos advogados, à transparência das testemunhas, à concentração do escrivão, à vigilância dos policiais e à curiosidade dos espectadores. Para aqueles que se encontram no banco dos réus, a agonia da espera pelo veredicto intensifica a aflição. Os julgamentos, inegavelmente, inspiram apreensão, pois determinam destinos.

Entretanto, o que ocorre nos tribunais terrenos é apenas um reflexo pálido do que se desenrola no Supremo Tribunal de Justiça do Universo: o santuário celestial. Este tribunal não é presidido por um juiz vestido de toga preta, mas pelo “Juiz de toda a Terra” (Gn 18:25), que é Jesus, nosso Sumo Sacerdote, Rei e “reto Juiz” (2Tm 4:8). Ele é aquele a quem o Pai confiou “todo julgamento” (Jo 5:22). O profeta Daniel descreve Seu governo nos seguintes termos: “Foi-Lhe dado o domínio, a glória e o reino, para que as pessoas de todos os povos, nações e línguas O servissem. O Seu domínio é domínio eterno” (Dn 7:14).

A Bíblia está repleta de referências ao julgamento celestial, destacando especialmente o caráter irrepreensível do Juiz. O livro de Salmos, por exemplo, enfatiza que a justiça divina não é apenas um meio de punição contra o mal, mas também um instrumento de salvação para aqueles que depositam sua confiança na graça divina.

O Salmo 71:2 diz: “Livra-me por Tua justiça e resgata-me; inclina-me os ouvidos e salva-me.” Esse conceito foi libertador, especialmente para Martinho Lutero, que antes via a justiça divina como um chicote para punir pecadores. Antes de ouvir a frase na escada de Pilatos, “O justo viverá pela fé”, Lutero aprendeu com seu amigo Staupitz que deveria confiar exclusivamente no Salvador que perdoa pecados. Essas “palavras produziram profunda impressão na mente de Lutero […], e seu coração perturbado recebeu paz” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 105).

Para nós, que vivemos na época em que “é chegada a hora em que Ele vai julgar” (Ap 14:7), essa paz é crucial. Como podemos experimentá-la? A obra Juízo Sem Medo (CPB, 2023, 152 páginas) nos guia nesse processo, lembrando-nos de que o julgamento pré-advento não deve ser motivo de ansiedade ou desespero. Pelo contrário, é a melhor notícia para aqueles que permanecem ao lado de Deus no conflito cósmico. Em outras palavras, para aqueles que aceitam a graça de Cristo, o juízo divino é uma mensagem de esperança.

Em uma época em que o liberalismo teológico opõe o amor de Deus ao Seu juízo, devemos nos firmar no ensino bíblico de que o julgamento divino é intrínseco às boas-novas do evangelho. O salmista afirma que Deus “ama a justiça e odeia a iniquidade” (Sl 45:7). Com base nessa premissa, Roy Gane, professor de Bíblia Hebraica e Línguas do Antigo Oriente Próximo da Universidade Andrews, oferece uma perspectiva sólida sobre o livro de Daniel, demonstrando como o caráter de Deus é vindicado no julgamento. Além disso, a obra aborda questões sobre o início do juízo pré-advento, as razões pelas quais Deus realiza esse julgamento e a identidade do “chifre pequeno”, entre outros temas relevantes.

MILTON ANDRADE é editor na CPB

TRECHO

“O juízo é a realização da esperança e dos anseios da humanidade. Em nossa mente, além de transmitir a ideia de crime e castigo, ele inspira medo e apreensão. A Bíblia, porém, apresenta o juízo do ponto de vista dos oprimidos, da vítima sofredora e, assim, coloca-o no contexto da salvação e da vitória sobre o opressor e o mal” (p. 8).

Fonte: Revista Adventista

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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