Após a ressurreição de Jesus, os discípulos ficaram confusos, temerosos e um tanto desorientados. Se reuniram no Cenáculo, o mesmo aposento usado para a celebração da última páscoa. Ali, aguardavam as horas passarem para ver o que iria acontecer com eles.
O evangelho de João, no capítulo 19, versos 19 a 31, relata a interessante experiência que os discípulos vivenciaram no dia da ressurreição quando o Senhor se apresentou entre eles. Estando as portas do lugar totalmente fechadas, Jesus apareceu. Essa mesma cena se repetiu oito dias depois. Nesta segunda ocasião, Tomé estava entre seus companheiros e viu a Jesus ressurreto e creu.
Os outros evangelistas apresentam alguns lances mais desse período que, de acordo com o livro de Atos, capítulo 1:3, foi de 40 dias. Esse curto espaço de tempo Jesus usou especialmente para confirmar a fé dos discípulos mais chegados e lhes passar instruções especiais quanto ao que deveriam fazer após Sua partida.
E foi assim que Se achando a um passo de voltar ao Seu trono celestial, Jesus deu novamente aos discípulos a grande comissão evangélica, registrada por Mateus, no capítulo 16:15: “Ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda criatura.”
Esta comissão Jesus havia transmitido aos Seus discípulos quando juntos haviam estado no cenáculo. Um maior número de Seus seguidores deveria ouvir isso também. A reunião aconteceu na Galiléia. Paulo, em primeira aos Coríntios, capítulo 15:6 diz que desta vez Cristo foi visto por mais de 500 irmãos. Para essa reunião, o próprio Cristo, antes de Sua morte, designara o tempo e o lugar (Mateus 26:32). O anjo no sepulcro, relembrara os discípulos de Sua promessa de os encontrar na Galiléia (Marcos 16:7). Essa notícia se espalhara entre os seguidores do Mestre e com vivo interesse aguardavam esse encontro. Vindos de várias direções, dirigiram-se ao lugar da reunião.
Reunidos em pequenos grupos na encosta da montanha, buscavam saber tudo quanto era possível dos que tinham estado com Jesus após a ressurreição. Os onze discípulos testemunhavam do que haviam visto e ouvido. Tomé lhes contava a história de sua incredulidade e dizia como suas dúvidas haviam se dissipado.
Então achou-Se Jesus no meio deles. Em Suas mãos e pés divisaram os sinais da crucifixão. Seu semblante irradiava uma glória especial. Esta foi a única entrevista com muitos crentes, depois de Sua crucifixão.
As palavras de Cristo na encosta da montanha foram o anúncio de que Seu sacrifício em favor do homem era pleno, completo. As condições para expiação haviam sido cumpridas. Concluíra a obra para qual viera ao mundo. E agora se achava no caminho de volta ao trono celeste. E, então, revestido de ilimitada autoridade repetiu a todos a comissão dada aos 11 discípulos: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:19 e 20).
Atos 1:6 a 8 confirma que antes de deixar Seus discípulos Cristo declarou positivamente a natureza do Seu reino. Disse-lhes não ter sido Seu desígnio estabelecer no mundo um reino temporal, mas sim espiritual. Não haveria de governar como rei terrestre no trono de Davi. Cristo lhes mostrou que tudo quanto havia acontecido fora predito nas Escrituras através dos ensinos dos santos profetas.
Jesus ordenou, então, que os discípulos iniciassem a obra em Jerusalém. Mas não deveriam parar por aí. Deveriam espalhar as boas notícias de salvação em todos os lugares, até os confins da Terra. Prometeu que receberiam o poder do Espírito Santo para que pudessem fazer, em nome de Jesus, os mesmos sinais e maravilhas.
Depois dessa grande reunião, Jesus estava pronto para as despedidas. Os discípulos já não relacionavam mais a Jesus com a cruz e o sepulcro. Para eles, Cristo era agora um Salvador vivo.
Como local de Sua ascensão, Jesus escolheu o Monte das Oliveiras, tantas vezes consagrado por Sua presença. Com os discípulos, foi para lá. Com as mãos estendidas, em posição de bênção, subiu lentamente dentre eles.
Lucas narrou assim a ascensão de Jesus: “E quando dizia isto, vendo-O eles, foi elevado às alturas e uma nuvem O recebeu, ocultando-O, a seus olhos. E estando com os olhos fitos no Céu, enquanto Ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, porque estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o Céu O vistes ir” (Atos 1:9 a 11).
Cristo subiu aos Céus na forma humana. Os discípulos viram a nuvem ocultá-Lo. O mesmo Jesus que andara e falara e orara com eles. Aquele que partira com eles o pão e que há pouco havia subido ao Monte, esse mesmo Jesus fora agora partilhar do trono do Pai.
Os discípulos voltaram para Jerusalém e já não mais se lamentavam, antes sim, estavam cheios de louvor e gratidão a Deus. Com regozijo contavam a maravilhosa história da ressurreição de Cristo e de Sua ascensão ao Céu. Não tinham mais qualquer desconfiança do futuro. Sabiam que Jesus estava no céu e que continuariam a ser objetivo de Seu compassivo interesse.
Ao Jesus retornar ao Céu, Ele conservou Sua forma humana. Em Suas mãos e pés permanecem o sinal do Seu sofrimento. Este é um laço que jamais se partirá. Foi por isso que disse: “… Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus” (João 20:17). A família no Céu e a família na Terra, são uma só. Para nosso bem subiu nosso Senhor, para nosso bem Ele vive! E, muito breve, voltará segunda vez!
Autor: Pr. Montano de Barros