Exploração de Recursos Humanos e Naturais – Um Tempo de Oportunidade para a Missão !

Durante os últimos quarenta anos, as barreiras geográficas e culturais têm sido reduzidas. Recordo vividamente o ano de 1969, quando ouvi a voz de Neil Armstrong falando da superfície da Lua. Pela primeira vez, vimos fotos de nosso próprio planeta por inteiro. Isso levou ao surgimento de um novo termo – aldeia global. Desde aquela época, o mundo atingiu quase que total e instantânea interconectividade por meio do desenvolvimento da internet. Como cristãos, precisamos perguntar: Qual é nosso papel neste mundo em rápida mudança? Como podemos empregar tais mudanças na missão da Igreja?

Por várias razões, a globalização tem sido uma parte intrínseca da missão da Igreja. Acreditamos que o conflito cósmico é de natureza global, como o é o problema do pecado.

Afirmamos que Cristo morreu em favor de cada ser humano do mundo. Ele é a solução global para o problema do pecado. Também estamos persuadidos de que nossa missão é de natureza global porque ela precisa alcançar cada nação, povo e língua (Ap 14:6). As forças do mal têm um movimento global contra Cristo e Seu povo, mas elas serão derrotadas pelo Cordeiro (Ap 17:14).

Quão significante é a globalização?

A globalização tem aspectos positivos e negativos:

Migração mundial – A globalização tem levado à abertura de fronteiras nacionais. Durante os últimos 25 anos, o foco da missão da Igreja tem sido a Janela 10/40 – em pessoas que vivem entre os graus 10 e 40 ao norte do Equador, da costa oeste da África aos limites orientais da Ásia – porque é nessa área do mundo que vivem muitas pessoas ainda não alcançadas pelo evangelho. Como resultado da migração, muitos milhões de pessoas na Janela 10/40 têm se mudado para a Europa e os Estados Unidos. Hoje, seis milhões de muçulmanos vivem nos Estados Unidos, mais de um milhão vivem no Reino Unido e mais 3,4 milhões vivem na Alemanha. A migração está levando não-cristãos para áreas em que possam estar mais abertos ao evangelismo e à mudança religiosa. A migração também leva o cristianismo vibrante da África e do Caribe para áreas pós-cristãs da Europa e da América do Norte.

Viagem aérea – Nós, agora, podemos estar em qualquer lugar do mundo dentro de poucas horas. O computador e a televisão nos permitem estar “conectados” com coisas que consideramos significantes. Essa conectividade oferece oportunidades de influenciarmos e ser influenciados por outras culturas ao redor do globo. Enquanto as pessoas aprendem sobre outros países, tornam-se interessadas em descobrir o que elas sentem que estão perdendo. Assim, deixam seu país de origem para viver em algum outro lugar, rompendo laços de família e tornando-se vulneráveis em um país estrangeiro. Que oportunidade é esta para a Igreja oferecer a esses viajantes segurança, apoio e, acima de tudo, esperança!

Viagens rápidas e disponíveis também permitem aos membros da Igreja explorar novos territórios, pessoas e culturas. Missões não residenciais e a curto prazo têm-se tornado uma realidade para membros da Igreja.

Internet – A troca de informação instantânea facilitada pela Internet é uma característica importante da globalização. Qualquer pessoa, da Albânia ao Zimbabué, pode abrir uma conta e acessar a Internet em uma lan-house – mesmo pessoas que não podem ter um computador. A interconectividade da Internet tem tornado possível para não-cristãos investigarem o cristianismo ou a Bíblia. Eles podem fazer perguntas e receber respostas, tudo sem se expor a riscos, caso vivam em circunstâncias melindrosas.

Sistema econômico – A globalização e a economia de mercado livre têm criado milhões de empregos para as pessoas ao redor do mundo, mas a economia da aldeia global também criou um mecanismo para maior exploração econômica, degradação ambiental e cultural, poluição e opressão política.

As únicas pessoas consideradas de valor são aquelas que têm produtos para vender e que têm dinheiro para comprar os produtos. Isso, por sua vez, leva muitas pessoas à margem da vida econômica e somente os mais fortes e bem-sucedidos competidores sobrevivem, aumentando, desse modo, a lacuna entre ricos e pobres. A injustiça social tornou-se um modo de vida e uma realidade aceitável. Diz-se que os 20 por cento mais ricos da população mundial têm acesso a aproximadamente 83 por cento da riqueza, enquanto os 80 por cento mais pobres lutam para viver com 1,4 por cento dos recursos do mundo. A globalização tem contribuído para a opressão do pobre.

Aspectos ecológicos – Para aumentar a produção econômica, a expansão da mecanização e a industrialização massiva, têm-se reduzido o meio ambiente a mero objeto sem valor intrínseco. A natureza é vista como um meio de exploração tanto quanto possível para satisfazer os desejos humanos, e os recursos naturais são exauridos em favor do lucro rápido sem que sejam considerados os custos ambientais e sociais. O dilema ecológico de hoje é o resultado direto do crescimento industrial e tecnológico de nosso moderno estilo de vida.

Aspecto religioso – A ameaça da globalização e as tendências do secularismo freqüentemente associadas têm criado hostilidade entre as sociedades. Constantemente, pessoas jovens religiosamente comprometidas têm sido vítimas da exploração de fundamentalistas religiosos e organizações fundamentalistas. É nesse contexto de hostilidade religiosa que a missão de hoje está acontecendo. Se não tentarmos entender o fenômeno da globalização, perderemos uma oportunidade de ouro para o avanço do Reino de Deus neste mundo. A Igreja precisa desenvolver planos para levar a esperança cristã aos beneficiados e aos prejudicados e marginalizados da globalização.

A globalização à luz das Escrituras e da missão

Devemos entender o fenômeno da globalização não somente no cumprimento da ordem de Deus para “encher a terra e sujeitá-la” (Gn 1:28), mas também na comissão de Jesus para “fazer discípulos de todas as nações” (Mt 28:19). Hoje, Deus está usando os modernos meios de migração do mundo, as viagens aéreas e a Internet para fazer com que o evangelho eterno seja ouvido por todos os “que vivem sobre a Terra, ou seja, cada nação, tribo, língua e povo” (Ap 14:6). O evangelismo é ampliado grandemente pelo uso dos meios tecnológicos disponíveis hoje. As estações de TV e de rádio adventistas estão propagando o evangelho eterno para o mundo. Os evangelistas podem utilizar os últimos recursos tecnológicos para tornar mais atrativas suas apresentações. Que bênção!

O lado negativo do fenômeno da globalização é a crescente destruição da criação de Deus e o resultante aumento da pobreza e sofrimento entre as pessoas. Quanto a nós, cristãos, como reagimos diante do problema da pobreza no mundo?

Em Marcos 6, vemos o longo discurso de Jesus evangelizando “as ovelhas sem pastor” (v. 34). Ele mostrou-lhes o caminho para Deus, que é o próprio caminho da libertação de cada ser humano. Ele revelou-lhes sua cegueira e sua mais profunda escravidão. No fim do dia, as pessoas estavam com fome, e os discípulos fizeram Jesus tomar conhecimento disso: “Manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar algo para comer” (v. 36, NVI) . Isso era o mesmo que dizer a Ele: o Senhor terminou Sua missão. Já fez Sua parte para ajudar as pessoas, deu a elas a mensagem espiritual. Agora é necessário deixá-las ir para que possam resolver seus problemas materiais.

A resposta de Jesus foi surpreendente: “Dêem-lhes vocês algo para comer” (v. 37, NVI) , querendo dizer: “Minha missão ainda não terminou. Não podemos reduzi-la à Minha mensagem e pregação. Não podemos ser negligentes com a fome e as misérias materiais das pessoas. Não podemos abandoná-las. Então, dêem-lhes comida, libertem-nas de sua miséria material. Isso também é parte de nossa missão.”

Durante esta semana, estamos considerando os sinais da volta de Cristo. Não são sinais de desespero, mas de esperança e alegria. Assim como Jesus usou os discípulos para alimentar as multidões naquele dia, quando era “tarde” (v. 35), Ele nos convida hoje a estar envolvidos em Seu ministério final. Que possamos, enquanto observamos os sinais de Sua vinda, unir-nos a Seu ministério na Terra, especialmente o ministério aos Seus “pequeninos”.

Nascido na Alemanha, Rudi Maier tem servido no trabalho missionário no Paquistão e no Sri Lanka. Desde 1988, está ligado ao Departamento de Missão Mundial da Universidade Andrews. Este artigo foi publicado na Revista Adventista de Outubro/2008.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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