‘Jesus meu coach’? Me poupe!

[Davi Boechat: Alguns meses atrás, escrevi um artigo que obteve surpreendente repercussão. Ele abordava alguns dos problemas da Bíblia White, um lançamento polêmico que foi confrontado através de uma pesquisa minuciosa que fiz. O texto teve imensa aceitação, mas também trouxe uma multidão de objetores. Um deles tentou eclipsar meus argumentos apontando o que, para ele, seriam problemas mais sérios na igreja. Meu tempo e energia, dizia, deveriam estar focados no coaching, que à época começava a inspirar ações e materiais denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O leitor tentava encontrar um erro no outro para que esse diminuísse o erro que promovia e, sem muito conhecimento, defendia. Apesar disso, seu diagnostico de que o coaching era um problema na igreja não estava de todo errado nem podia ser ignorado por mim. Estou convencido de que precisamos ter uma reação a tal método: total rejeição. A razão para isso? Essa ferramenta está baseada em uma visão do homem que conflita com o Evangelho. Qualquer tentativa de acomodá-la, portanto, irá gerar uma tensão com a mensagem de Deus para sua igreja. Abaixo, você lerá trechos que extraí do livro “Radical: resgatando a sua fé de um cristianismo impotente” (LAN Editora, 2015), escrito por David Platt (foto). Estou certo de que as palavras desse pastor e doutor em teologia norte-americano trarão boas razões para descartarmos o coaching, considerando-o um método ilegítimo no âmbito da fé cristã. Curiosamente, o livro de Platt não tinha como objetivo lidar com coaching de forma específica, mas com a mentalidade que insiste em entulhar a igreja de conteúdos descartáveis. O texto em seguida é um apanhado geral dos dois primeiros capítulos da obra feito com citações extraídas das páginas 12, 13, 18, 24, 30, 31, 42, 44 e f45. Aprecie!]

Aparentemente Jesus não estava interessado em fazer marketing pessoal para as massas. Seus convites para potenciais seguidores eram claramente mais exigentes do que as multidões estavam prontas para aceitar. […] Eu logo percebi que estava na contramão da cultura da igreja ocidental em que o sucesso é definido por multidões maiores, orçamentos maiores, e prédios maiores. Eu estava agora sendo confrontado por uma realidade chocante: Jesus de fato rejeitava as coisas que a cultura da minha igreja dizia que eram mais importantes. […] Estou convencido de que nós, como seguidores de Cristo, temos abraçado valores e ideias que não são apenas antibíblicas, mas que contradizem o Evangelho que afirmamos crer.

Em algum lugar no meio do caminho o que é radical acerca da nossa fé foi substituído pelo […] que é confortável. Estávamos nos conformando com um um cristianismo que gira em torno de nós mesmos enquanto a mensagem central do cristianismo na verdade em a ver com nos entregarmos.

Estamos começando a redefinir o cristianismo. Estamos cedendo à perigosa tentação de pegar o Jesus da Bília e transformá-Lo nua versão retorcida do Jesus com o qual estamos mais acostumados. […] Um Jesus que quer que sejamos equilibrados, que quer que evitemos extremos perigosos e que, aliás, quer que evitemos todo e qualquer perigo. Um Jesus que nos traz conforto e prosperidade à medida que colocamos um verniz cristão em nossos desejos mundanos.

O custo da falta de discipulado é profundamente maior para nós que o custo do discipulado, pois quando abandonamos as bugigangas desse mundo e aceitamos o convite radical de Jesus, descobrimos o tesouro infinito de conhecê-lo e de experimentá-lo.

Com as melhores das intenções temos na verdade nos afastado de Jesus. Em muitas áreas, temos abraçado cegamente involuntariamente valores e ideias que são comuns na nossa cultura, mas antiéticas para o Evangelho que Ele nos ensinou. Aqui estamos nós num mundo dominado pelo autoavanço, pela autoestima, e pela autossuficiência, e em meio às culturas cada vez mais caracterizadas pelo individualismo, materialismo, e universalismo. No entanto, eu quero lhe mostrar a nossa necessidade desesperada de lembrar as palavras de Jesus e ouvi-las, de crer nelas, e de obedecê-las. Nós precisamos retornar com urgência ao Evangelho bíblico, pois o custo de não fazer isso é grande para as nossas vidas, para as nossa famílias, para as nossas igrejas, e para o mundo à nossa volta.

O Evangelho revela realidade eternas sobre Deus que às vezes preferimos não encarar. Preferimos sentar, desfrutar dos nossos clichês, e enxergar Deus como um Pai que pode nos ajudar, o tempo todo ignorando Deus como um Juiz que pode nos condenar. Talvez essa seja a razão pela qual enchemos as nossas vidas com baboseiras constantes do entretenimento na nossa cultura – e na igreja. Temos medo de que se pararmos e realmente enxergarmos Deus em Sua Palavra, talvez descobriremos que Ele invoca maior admiração e requer uma adoração mais profunda do que estamos dispostos a Lhe oferecer.

Entretanto, essa é exatamente a questão. Nós não estamos prontos para dar a Deus o que Ele pede porque nossos corações estão voltados contra Ele. A revelação de Deus no Evangelho não só revela que Ele é, mas também que nós somos.

O Evangelho nos confronta com a falta de esperança da nossa condição pecaminosa. Porém, não gostamos do que vemos sobre nós mesmos no Evangelho, então recuamos dele. Vivemos em uma época de auto-melhora. Certamente existem medidas que podemos tomar para nos tornarmos melhores. Então modificamos o que o Evangelho diz sobre nós.

Não não somos maus, pensamos, e certamente não estamos mortos espiritualmente. Você nunca ouviu sobre o poder do pensamento positivo? Eu posso me tornar alguém melhore experimentar o melhor da vida agora. É por isso que Deus está aqui – para fazer isso acontecer. A minha vida não está seguindo corretamente, mas Deus me ama e tem um plano para consertá-la. Eu simplesmente preciso seguir alguns passos, pensar em certas coisas, marcar algumas alternativas, e então ficará tudo bem.

Ambos nossos diagnósticos da situação e a nossa conclusão a respeito da solução cabem muito bem numa cultura que exalta autossuficiência, a autoestima e a autoconfiança. Nós já temos uma visão bem elevada da nossa moralidade, então quando adicionamos uma oração supersticiosa, uma dose subsequente de frequência à igreja, e obediência a algumas partes da Bíblia, temos certeza de que ficará tudo bem no final.

Note o contraste, entretanto, quando diagnosticamos o problema biblicamente. O Evangelho dos dias modernos diz: ‘Deus ama você e tem um plano maravilhoso para a sua vida. Portanto, siga esses passos e você será salvo’. Enquanto isso, o Evangelho bíblico diz: ‘Você é inimigo de Deus, morto em seu pecado e, no seu presente estado de rebelião, você sequer pode ver que precisa de vida, e muito menos voltar à vida sozinho. Portanto você é radicalmente dependente de Deus para fazer algo na sua vida que você nunca poderia fazer’.

O primeiro vende livros e atrai multidões. O segundo salva almas. Qual é importante?

O nosso entendimento de quem Deus é e de quem nós somos afeta drasticamente o nosso entendimento de quem Cristo é e por que precisamos Dele.

Fonte: Reação Adventista

 

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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