O inocente no lugar do pecaminoso
Não se podem tornar os jovens tão quietos e sérios como as pessoas de idade, a criança tão sóbria como o pai. Conquanto as diversões pecaminosas sejam condenadas, como devem ser, provejam os pais, professoras ou pessoas delas encarregadas, no lugar das mesmas, prazeres inocentes, que não mancham nem corrompem a moral. Não prendam os jovens a rígidas exigências e restrições que os induzam a sentir-se oprimidos, e a infringi-las, precipitando-se em caminhos de loucura e destruição. Com mão firme, bondosa e considerada, mantenham as regras, guiando e regendo-lhes o espírito e desígnios, não obstante com tanta brandura, tanta sabedoria e amor que eles reconheçam que tudo tem em vista seu máximo bem.
Há distrações, como a dança, o jogo de cartas, xadrez, damas, etc., que não podemos aprovar porque o Céu as condena. Essas diversões abrem a porta para grandes males. Não são benéficas em sua tendência, antes exercem efeito excitante, produzindo em alguns espíritos uma paixão por aquelas diversões que conduzem ao jogo e à dissipação. Tais divertimentos devem ser condenados pelos cristãos, pondo-se em seu lugar alguma coisa que seja perfeitamente inofensiva.
Ao mesmo tempo que restringimos nossos filhos com relação a esses prazeres mundanos que têm a tendência de corromper e desencaminhar, devemos prover-lhes recreação inocente, levá-los por caminhos prazerosos que nenhum perigo ofereçam. Nenhum filho de Deus precisa ter uma experiência triste ou penosa. Os mandamentos divinos, as divinas promessas, têm como objetivo a nossa felicidade. Os caminhos da sabedoria “são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz”. Provérbios 3:17.
Embora evitemos o falso e artificial, apostas em corridas de cavalos, jogo de cartas, loteria, pugilismo, bebidas alcoólicas, o uso do fumo, devemos proporcionar fontes de prazer que sejam puras, nobres e edificantes.
O aspecto útil da ginástica
Os exercícios de ginástica preenchem um lugar útil em muitas escolas; mas, sem uma inspeção cuidadosa, são muitas vezes levados ao excesso. Muitos jovens, pelas proezas de força que tentam realizar nos salões de ginástica, têm trazido sobre si lesões para toda a vida.
O exercício em um salão de ginástica, ainda que bem dirigido, não pode tomar o lugar do recreio ao ar livre, e para tal nossas escolas devem oferecer melhores oportunidades.
Jogos de bola — Diretrizes básicas
Não condeno o simples exercício de brincar com uma bola; mas isso, mesmo em sua simplicidade, pode ser levado ao excesso.
Preocupam-me muito sempre os resultados quase inevitáveis que vêm na esteira dessa recreação. Eles levam a um gasto de meios que deviam ser aplicados em levar a luz da verdade às pessoas que estão perecendo sem Cristo. Divertimentos e gasto de meios para satisfação própria, que levam passo a passo à glorificação do eu, bem como o treinamento nesses jogos para obtenção de prazer produzem amor e paixão pelas coisas que não favorecem o aperfeiçoamento do caráter cristão.
A maneira como eles têm sido conduzidos no colégio não leva o sinal do Céu. Não fortalece o intelecto. Não refina nem purifica o caráter. Há caminhos que conduzem para hábitos, costumes e práticas mundanas, e os praticantes se tornam tão absorvidos e enfatuados que são pronunciados no Céu como mais amantes dos prazeres do que amantes de Deus. Em vez de o intelecto se tornar fortalecido para fazerem melhor obra como estudantes, para serem melhor qualificados como cristãos a fim de realizarem os deveres cristãos, esses exercícios enchem o cérebro com pensamentos que desviam a mente dos estudos.
É a glória de Deus que se tem em vista nesses jogos? Eu sei que não é. O caminho de Deus e Seus propósitos são perdidos de vista. A maneira como seres inteligentes se aplicam, ainda em período de experiência, está-se sobrepondo à revelada vontade de Deus e pondo em seu lugar as especulações e invenções do instrumento humano, com Satanás a seu lado a imbuir-lhes o espírito. … O Senhor Deus do Céu protesta contra a ardente paixão cultivada pela competição nos jogos assim tão empolgantes.
Esportes atléticos
Os estudantes devem fazer exercício vigoroso. Poucos males há que devem ser mais temidos do que a indolência e a falta de um objetivo. Não obstante, a tendência da maior parte dos esportes atléticos é assunto de ansiosa preocupação por parte dos que levam a sério o bem-estar da juventude. Os professores ficam incomodados ao considerar a influência desses esportes tanto no progresso do estudante da escola como no seu êxito na vida posterior. Os jogos que ocupam tanto o seu tempo lhe estão desviando o espírito do estudo. Não estão ajudando os jovens a se prepararem para o trabalho prático e ardoroso da vida. Sua influência não tende para o refinamento, generosidade, ou verdadeira varonilidade.
Alguns dos mais populares divertimentos, tais como o futebol americano e o boxe, se têm tornado escolas de brutalidade. Estão desenvolvendo as mesmas características que desenvolviam os jogos na antiga Roma. O amor ao domínio, o orgulho da mera força bruta, o descaso da vida, estão exercendo sobre a juventude um poder desmoralizador que nos apavora.
Outros jogos atléticos, embora não tão embrutecedores, são pouco menos reprováveis, por causa do excesso com que são praticados. Estimulam o amor ao prazer, alimentando assim o desinteresse pelo trabalho útil, a disposição de evitar os deveres práticos e as responsabilidades. Tendem a destruir a graça pelas sóbrias realidades da vida e seus prazeres tranqüilos. Dessa maneira, abre-se a porta para a dissipação e desregramento, com os seus terríveis resultados.
Vida menos complexa
Nos tempos primitivos, era simples a vida entre o povo que estava sob a direção de Deus. Viviam junto ao coração da natureza. Os filhos participavam do trabalho dos pais, e estudavam as belezas e mistérios do tesouro da natureza. Na quietude do campo e do bosque ponderavam aquelas grandes verdades, transmitidas como um sagrado depósito, de geração em geração. Tal ensino produzia pessoas fortes.
Na presente época, a vida se tornou artificial e os homens degeneraram. Apesar de não podermos voltar completamente aos hábitos simples daqueles tempos primitivos, deles podemos aprender lições que tornarão nossos momentos de recreação o que esse nome implica: momentos de verdadeira construção de corpo, mente e espírito.
Famílias em passeios
Famílias que vivem numa cidade ou vila devem se unir e deixar as ocupações que as têm sobrecarregado física e mentalmente, e fazer uma excursão para o campo, ao lado de um agradável lago, ou num formoso bosque, onde o cenário da natureza é belo. Devem prover-se com alimentos simples, saudáveis, os melhores frutos e cereais, e estender a mesa à sombra de alguma árvore ou sob a cúpula do céu. A viagem, o exercício e o cenário ativarão o apetite, e eles poderão deliciar-se com uma refeição que fará inveja aos reis.
Nessas ocasiões, pais e filhos devem sentir-se livres dos cuidados, dos trabalhos e de toda preocupação. Devem os pais tornar-se crianças com seus filhos, tornando tudo para eles tão agradável quanto possível. Seja o dia todo dedicado à recreação. Exercícios ao ar livre para aqueles cujo trabalho tem sido dentro de casa e sedentário serão benéficos à saúde. Todos os que podem, devem considerar um dever seguir esse procedimento. Nada há a perder, mas muito a ganhar. Eles podem retornar a suas ocupações com nova vida e novo ânimo para empenhar-se em seu trabalho com zelo, e estarão melhor preparados para resistir a enfermidades.
Felicidade nos encantos da natureza
Não pense que Deus deseja que nos abstenhamos de tudo que é para nossa felicidade. Tudo que Ele requer de nós é que deixemos aquilo que não é para nosso bem.
Esse Deus que plantou as nobres árvores e as revestiu de rica folhagem, e deu-nos os brilhantes e belos matizes das flores, e cuja mão e amorável operação vemos em todo o reino da natureza, não deseja fazer-nos infelizes. Não é Seu propósito que não tenhamos gosto ou prazer nessas coisas. É Seu desejo que nós as desfrutemos, que sejamos felizes diante dos encantos da natureza, que são de Sua própria criação.
Reuniões sociais
Reuniões para intercâmbio social tornam-se proveitosas e instrutivas no mais alto grau quando os que se reúnem têm o amor de Deus vibrando no coração, quando se reúnem para trocar idéias com respeito à Palavra de Deus ou para considerar métodos para o progresso da obra e fazer o bem aos semelhantes. Quando o Espírito Santo é considerado hóspede bem-vindo nessas reuniões, quando nada é dito ou feito que O faça afastar-Se entristecido, então Deus é honrado e os que se reúnem são refrigerados e fortalecidos.
As nossas reuniões devem ser dirigidas de tal maneira, e nossa conduta aí deve ser tal que, ao voltarmos para casa, possamos ter uma consciência livre de ofensa para com Deus e o homem; a consciência de não havermos ferido ou, de algum modo, causado algum dano àqueles com quem estivemos em contato, ou exercido sobre eles qualquer nociva influência.
Jesus participava
Jesus reprovava a condescendência própria em todas as suas formas, todavia, era de natureza sociável. Aceitava a hospitalidade de todas as classes, visitando a casa de ricos e pobres, instruídos e ignorantes, procurando elevar-lhes os pensamentos das coisas comuns da vida para as espirituais e eternas. Não consentia com o desperdício, e nem uma sombra de mundana leviandade Lhe manchou a conduta; todavia, achava prazer em cenas de inocente felicidade, e sancionava, com Sua presença, as reuniões sociais. Um casamento judaico era ocasião impressionante, e sua alegria não desagradava ao Filho do homem. … Ao espírito de Jesus, a alegria das bodas apontava ao regozijo daquele dia em que levará Sua esposa para o lar do Pai, e os remidos juntamente com o Redentor se assentarão para a ceia das bodas do Cordeiro.
Exemplo na conversação e conduta
Ao iniciar Suas atividades, quando convidado, para um banquete ou festa oferecidos por algum fariseu ou publicano, Ele aceitava o convite. … Mas nessas ocasiões, Cristo dominava a conversação à mesa e dava muitas lições preciosas. E os que estavam presentes O ouviam, pois Ele havia curado os seus doentes, confortado os tristes, tomado nos braços os seus filhos e os abençoado. Publicanos e pecadores eram atraídos a Ele, e quando falava, tinha a atenção deles sobre Si.
Cristo ensinou os Seus discípulos como conduzir-se quando em companhia de outros. Ensinou-lhes pelo exemplo que, ao assistir a qualquer reunião pública, não precisavam desejar dizer alguma coisa. Sua conversação diferia profunda e decididamente daquilo que tinha sido ouvido em festas no passado. Cada palavra que proferia era para os Seus ouvintes um cheiro de vida para vida, e eles O ouviam com submissa atenção, como se desejosos de ouvir com um determinado propósito.
Uma agradável reunião social
Ao final de minha longa jornada pelo leste, cheguei a meu lar em tempo de passar as vésperas de Ano Novo em Healdsburg. O salão do colégio havia sido preparado para uma reunião da Escola Sabatina. Ciprestes entrelaçados, folhas de outono, pinheirinhos e flores haviam sido arrumados com gosto; e um grande sino de folhas pendia da arcada da porta para a entrada do salão. A árvore estava bem carregada de donativos, os quais deviam ser usados em benefício dos pobres e ajudar a comprar um sino. … Nessa ocasião, nada foi dito ou feito que ferisse a consciência de alguém.
Um dos presentes me disse: “Irmã White, que pensa disto? Está em harmonia com nossa fé?” Respondi-lhe: “Com a minha fé está.”
Atrair os jovens
Deus gostaria que cada lar e cada igreja exercesse um poder salvador para atrair as crianças dos sedutores prazeres do mundo e das associações com aqueles cuja influência teria tendência corruptora. Temos que pensar em salvar os jovens para Jesus.
Ellen G. White, Fundamentos do Lar Cristão, Capítulo 27.