Livres para viver

Quem dera pudéssemos comparar a nossa existência passageira com outra perfeita. Então veríamos nossa verdadeira condição. Pensamos que o que aqui somos é o máximo, pois realizamos, construímos e empreendemos. A ciência avança a cada dia. O conhecimento se multiplica. E nós nos convencemos de que estamos por resolver todos os nossos grandes problemas. Isso é assim por não conseguirmos comparar nossa existência com outra, que seja perfeita. Então nos enganamos, pensando que está bom. Pensamos dessa forma enquanto alguma desgraça não nos atinge de perto. Essas coisas ruins sempre acontecem com os outros, dizemos.

Essa vida, para muitas pessoas, é uma passagem de ilusão. Estão sempre procurando alguma coisa. Muitas vezes nem sabem o que procuram. E aí aparecem as soluções que se encontram na auto-ajuda, no prazer que nunca é permanente, nas drogas, no dinheiro, etc. Há muitas opções. Passa um ano, dois, muitos anos. E as pessoas continuam procurando. Acostumam-se a procurar, sem objetivo definido. Querem, no entanto, a felicidade de alguma maneira. Procuram porque precisam procurar; querem um sentido par a vida que não satisfaz. Andam cada vez mais confusas em direção ao nada.

Mas a vida tem sentido. O verdadeiro sentido da vida pode ser encontrado em Quem a criou. Somente DEUS, que é O Criador, o único que pode dar vida, fazer algo do nada, apenas Ele, através da palavra da Sua infinita inteligência e poder, pode nos ajudar.

A vida precisa ter motivos mais elevados que aqueles que aprendemos como sendo importantes. Assim, como a maioria das pessoas vive, a vida não pode ter sentido, os motivos estão na direção errada.

Vivemos pensando que os outros existem para nos satisfazer. Queremos enriquecer explorando alguém outro. Quando fazemos negócios, na compra e na venda, procuramos comprar pelo mínimo e vender pelo máximo. Esse é um dos princípios daqui da Terra, você sabe disso.

Quando construímos nossas casas, pensamos de todas as formas em como mostrar poder econômico para impressionar a outros. Há um desejo irrefreável de nos vermos superiores aos demais. Todos pensam assim, em maior ou menor intensidade. Como podemos viver bem entre nós, pensando dessa maneira? Você acha que algo assim pode funcionar sem que resulte numa corrida desesperada de exploração, enganos, mentiras, lutas e até guerras? Basta olhar ao redor para ver.

Quando casamos, entendemos que o nosso cônjuge tem obrigações para connosco, e passamos, inconscientemente, a fazer-lhe exigências. Isso vice-versa. Dessa maneira, como poderão dois encontrar o equilíbrio do bom relacionamento? Na melhor das hipóteses, tolerar-se-ão por algum tempo, ou até por toda a vida. Mas isso não é vida. DEUS jamais desejou que fosse assim.

Quando buscamos o esporte para nos distrair, também de forma inconsciente, nos dividimos uns contra os outros. O meu time é o melhor, óbvio. Mas não conseguimos perceber que tal atitude é a mais pura ilusão. Continuamos a vida toda defendendo que somos os melhores, e todos fazem isso. Todos são os melhores, os maiores, os primeiros, os mais poderosos, os que sabem mais, os que têm mais… Ora, essa é uma forma de enganar a nós mesmos. Isso não é verdade. E pensar nas inúmeras brigas e verdadeiras lutas de torcidas a partir de um ponto de vista falso. O esporte é bonito, mas a ideia de ser sempre o melhor, o primeiro, o maior, o infalível, o invencível, essa ideia é típica de quem vive em ilusão e não admite isso.

As corridas de automóveis, fórmula 1, por exemplo, são mais uma demonstração da vontade de ser o melhor, o primeiro e o único realmente bom. Isso leva milhares de pessoas a uma vida ilusória, sempre pensando que é superior. Tal coisa não funciona, somos atualmente aproximadamente seis bilhões de pessoas. Para o primeiro colocado, há lugar para apenas uma pessoa, as demais deverão estar em lugares inferiores.

O que estamos querendo aqui, na realidade, é explicar um fenômeno que nos parece normal, mas é um engano. Passamos a vida enganando e sendo enganados e, dessa maneira, indo de mal a pior (ver II Timóteo 3:13).

O verdadeiro sentido da vida não é esse. Querer ser mais, ser melhor, ser maior, ser o primeiro, ser mais famoso, ter ou ser mais não promove o bem, muito menos a felicidade. Resulta em uma satisfação passageira, que não pode atrair uns para juntos dos outros. Essa satisfação é egoísta, pois pensa só no eu, nada para os outros. Isso gera um estilo de vida sem sentido e leva-nos a lutarmos uns contra os outros. Exploramo-nos mutuamente, sempre que possível e, podendo passar para trás, isso será feito. Assim, estamos sempre desconfiando uns dos outros e nos precavendo de todas as maneiras. Dessa forma, nossas leis servem apenas como paliativos, soluções passageiras e parciais. Em pouco tempo, o problema ressurge, podendo ser ainda maior.

Vivemos assim, muitos até gostam, pensam que está bom. Assim pensam até que algo lhes aconteça que faça cair na realidade. Então agem desesperadamente, confusas, sem rumo.

Esse estilo de vida leva a lutas. São lutas pelo poder e pela supremacia. Jogam-se uns contra os outros, tanto nos lares quanto nas empresas e entre as nações. A diferença é apenas na proporção do número de pessoas envolvidas. Na família, a solução tem sido a separação. Absurdo, mas é isso mesmo, quando o que DEUS requer é tão simples e fácil de aplicar.

Entre as empresas, cria-se um contexto de competitividade destrutiva, não importando as consequências para as pessoas. E entre as nações, as soluções têm sido as guerras onde vence quem causa maior desgraça ao outro, até que esse outro não suporte mais. Muito inteligente, como se pode ver. Inteligência de um ponto de vista duvidoso. Essa inteligência é loucura perante DEUS.

Por trás desse sistema todo, está o grande enganador, o Satanás. Por inveja, ele desejou ser o maior no céu, queria ser como DEUS (ver Isaías 14:13 e 14). Essa natureza ele trouxe para a Terra, e nós, seres humanos, a aprendemos e a praticamos. Isso não acontece em parte alguma do Universo, senão aqui. Ele, Satanás, é denunciado pela Bíblia como o pai da mentira (S. João 8:44), aquele que sempre procura enganar, e, se possível, inclusive aqueles que decidiram obedecer aos bons princípios de DEUS (S. Mateus 24:24). Agora, nesses últimos tempos de maldade, ele está muito nervoso, pois aproxima-se o dia de sua derrota definitiva. Ele se parece a um leão desesperado (I Pedro 5:8). Mas a maldade, que com Satanás teve origem, não se levantará pela segunda vez (Naum 1:9).

Esta Terra, criada por DEUS, novamente será como foi ao sair das mãos do Criador. Sem dúvida. Sempre seremos livres para praticar inclusive a maldade, mas isso não mais acontecerá. As pessoas terão em seus corações os princípios da lei de amor, e os seguirão livremente, e serão perfeitamente felizes. Não haverá mais lágrima, nem dor, nem morte, já as primeiras coisas terão passado (Apocalipse 21:4).

Como será o estilo de vida desse lugar? Podemos usufruir algo desse estilo de vida já, hoje mesmo? Podemos e devemos. É-nos necessário aprender algo do estilo de vida do Céu para desejá-lo. Ao desejar viver num lugar perfeito, tornar-nos-emos cada vez mais obedientes aos livres princípios que podem nos tornar felizes hoje mesmo. Esses princípios são fáceis e funcionam de verdade. Siga o seguinte raciocínio: Imagine uma família de quatro pessoas, o pai e a mãe, uma filha e um filho.

O pai, em seus pensamentos, tem sincero desejo de servir a espoas. Passa tempo imaginando o que ela precisa, o que a faz feliz, de que coisas necessita, que dificuldades enfrenta, quais os seus pontos fortes e fracos e muito mais. Faz isso tudo para, de todo o coração, sem interesse de retribuição, sem querer ganhar nada com isso, apenas quer ajudar sua esposa. De todas as maneiras, há autêntico desejo de torná-la feliz.

Isso que esse pai pensa com relação a sua esposa, também ocorre com relação a sua filha e ao seu filho. Ele tem ali, em seu lar, três pessoas a quem servir, mas não lhe ocorre o interesse de por essas pessoas ser servido.

A esposa, de igual forma, segue o mesmo raciocínio, com relação ao seu marido, a sua filha e ao seu filho. Cada filho, de igual forma, com relação ao irmão ou irmã e com relação aos pais.

Bem, pode ver você que, para se obter um ambiente assim, é necessário muita inteligência, sabedoria diria melhor. Facilmente se pode concluir que, para dar ordens, mandar nos demais, não é necessário ser muito inteligente. Basta ter poder, mesmo que se trate da força bruta. Muitas vezes, sendo a força bruta insuficiente, utilizamos armas para ferir e matar.

Mas para servir, é preciso inteligência. É necessário saber o que se passa com os outros, do que necessitam, quais suas dificuldades, quais seus planos, quais seus desejos, o que os angustia, etc. É necessário saber muitas coisas com relação às pessoas que desejamos servir. E cada pessoa é diferente das demais. “Não por força ou por violência” disse o SENHOR (Zacarias 4:6). A força e a violência não se prestam para servir, mas para impor. Imposição tolhe a liberdade. O servir, promove a liberdade. A felicidade depende da liberdade.

Quanto mais servirmos, mais inteligentes deveremos ser, e, na realidade, mais inteligentes nos tornaremos. E, nessa inteligência, em forma de sabedoria, desejaremos servir cada vez mais ao nosso próximo. Desejaremos tornar o nosso próximo sempre mais feliz, promovendo-lhe o bem-estar, e, é bem verdade, esquecendo de nosso próprio bem-estar. Mas, agora vem o ponto principal. Numa família onde há quatro pessoas, cada uma terá três para servir. Três oportunidades para desenvolver sua inteligência e sua capacidade de tornar outros felizes. Mas, em decorrência, haverá três pessoas a servi-lo, inclusive para ajudá-lo a servir aos outros dois que restam.

Nesse espírito, haverá ajuda mútua entre as pessoas. Não haverá disputa sobre quem é o maior, quem é o primeiro, quem tem mais, quem pode mais, e coisas dessa natureza.

Você pode se imaginar num lar assim? Pense com vigor: como poderá ali haver desentendimento? Como poderão brigar? Como poderão ser infelizes? Por que iriam separar-se? É assim que DEUS quer que sejam nossos lares!

De onde podemos aprender isso? Da Bíblia, onde podemos aprender todas as coisas boas de que necessitamos para viver bem. Iremos, nesse ponto, examinar alguns trechos da Palavra de DEUS.

Jesus disse: “Tudo quanto quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles…” S. Mateus 7:12). Entendeu? Simples não? Fácil esse princípio, e funciona se posto em prática, isto é, se obedecido.

Vejamos outro. “O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir…” (S. Marcos 10:45). Ora, essa é a lei em toda a parte do Universo, menos aqui na Terra. JESUS, sendo DEUS, veio viver entre nós para nos ensinar o óbvio para sermos felizes: servir, não ser servidos.

Toda a natureza funciona assim. Por exemplo, as plantas nos fornecem oxigénio para que possamos respirar e viver. Nós fornecemos às plantas gás carbónico, para que elas possam viver. As plantas nos servem e nós servimos a elas. Há mútua necessidade, dependemos uns dos outros. A sabedoria do Criador o fez assim. Quando é assim, tudo funciona bem, mas quando alguém resolve interferir com destruição para satisfazer ambições egoístas, iniciam-se os problemas.

Nesse mesmo sentido, JESUS disse também: “Eu sou aquEle que serve” (São Lucas 22:27). Disse isso porque havia surgido entre os discípulos uma discussão sobre quem deles seria o maior no reino de JESUS. Ele lhes explicou que “os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (S. Lucas 22:25 e 26).

Você deve estar percebendo algo muito interessante. No Céu, parece que tudo está invertido, tudo é ao contrário da ordem das coisas na terra. Na realidade, é na Terra que está tudo invertido, para não dizer, errado.

Para ser importante no Céu, é preciso servir. Quanto maior a capacidade de servir, mais importante é. “Mas o maior entre vós seja o vosso servo” disse JESUS (S. Mateus 23:11). Em S. Mateus 20:26 e 27 Ele diz: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva, e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo.” DEUS é o maior de todos, pois Ele, em Sua infinita capacidade, serve a todos os que desejam ser servidos. Em todo o Universo, os seres criados desejam por Ele ser servidos, exceto aqui na Terra. Aqui resolvemos ser independentes do Criador. Esse é o verdadeiro critério de grandeza e de importância. Aí se encontra o sentido da vida e o segredo da felicidade. Esse é o caminho do cumprimento da Lei de DEUS. Faça uma experiência fácil. Combine com seus queridos em sua família e experimentem apenas servir uns aos outros, durante dez dias. Nunca mais desejarão voltar ao estado anterior…

Quando DEUS disse, “que nos amemos uns aos outros”, quis dizer que devemos “servir uns aos outros” (I S. João 3:11 e I. S. Pedro 4:10). Em todo o Universo, esse é o maior princípio. JESUS viveu aqui na Terra demonstrando isso. Servir é colocar o amor em prática no dia-a-dia, é agir em coerência com o amor.

Pode você entender por que livre para viver? É o mesmo que livres para servir. Todo o bem será um ato de livre iniciativa, porque desejamos fazer o bem, mais nada.

Comece hoje mesmo a viver. Sirva às pessoas e ensine-as a servir. Comece em sua casa, é para isso que DEUS instituiu o lar. É nessa pequena sociedade que nos cabe aprender a lei do servir, nunca a lei do explorar. E a felicidade aparecerá por si.

Autor: Prof. Sikberto Renaldo Marks, Mega Advento, Capítulo 4.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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