Miller, a IASD e a Marcação de Datas

Caro amigo:

O problema é que cada um conta a história como lhe convém, ou segundo certas perspectivas preconceituosas.

Na verdade, eu desafiaria quem quer que seja a mostrar QUE OUTRAS DATAS foram marcadas oficialmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Isso é puramente uma distorção dos fatos.

Miller realmente errou na sua marcação de datas, mas os adventistas, que se organizaram como Igreja em 1863, JAMAIS aceitaram marcação de datas.

O que se passa é que houve vários grupos que se dispersaram a partir do movimento milerita, e eram também chamados de “adventistas”, mas não tiveram nada a ver com os adventistas do sétimo dia.

Entre esses, realmente, houve vários marcadores de datas, inclusive um tal Jonas Wendell que marcava a data de 1874, e influenciou Charles Russell, fundador das “testemunhas de Jeová”.

Portanto, embora alguns digam que Russell foi adventista, isso é verdade só em parte. O fato é que nada teve a ver com os adventistas do sétimo dia, tanto que ele se refere à sua experiência inicial como tendo assistido a reuniões dos “segundos adventistas”. Eu tenho a coleção completa dos 6 volumes dos Studies in the Scriptures, de Russell.

A própria Sra. White declarou:

”Muitos que se têm chamado adventistas, têm marcado tempo. Repetidamente marcaram uma data para a vinda de Cristo; e repetidos fracassos têm sido o resultado. O tempo exato da vinda de nosso Senhor, diz a Bíblia, acha-se além do conhecimento dos mortais. Mesmo os anjos que ministram aos que hão de ser herdeiros da salvação, não sabem o dia nem a hora. ‘Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do Céu, nem o Filho, mas unicamente Meu Pai’. Mat. 24:36. Como passou repetidamente a data marcada, o mundo está hoje em mais profundo estado de incredulidade do que antes, com respeito ao próximo advento de Cristo. Consideram com aborrecimento os fracassos dos que marcaram tempo; e por isso que os homens têm sido assim enganados, dão costas à verdade comprovada pela Palavra de Deus, de estar às portas o fim de todas as coisas”. — Testemunhos Seletos, Vol. 1, pág. 504

Mas que tal apresentarmos uma perspectiva NOSSA sobre a experiência de Miller? Antes lembraria que os apóstolos de Cristo também tiveram expectativas falsas a respeito da natureza do Reino que Cristo prometeu instaurar. Veja Lucas 24:21 (“e nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel”) e Atos 1:6 e 7 (“Então os que estavam reunidos lhe perguntavam: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para Sua exclusiva autoridade”).

Assim, os fundadores humanos da Igreja Cristã também “erraram”. E o que dizer do grave erro de Pedro, que mereceu séria reprimenda de Paulo, em Gálatas 2:11ss?

Muitos pensam que Miller é alguém de quem temos de nos envergonhar – mas estão errados. Aquele fazendeiro sem instrução teológica leu as Escrituras corretamente e reconheceu que elas previam o retorno pré-milenial de Cristo. Miller transcendeu a maioria dos eruditos estudiosos de seu tempo. Todos os principais comentários bíblicos usados nos lares americanos pela maior parte do século XIX ensinavam a vinda pós-milenial de Cristo.

Quem se empolgaria com um evento pelo menos mil anos distante? Adam Clarke, o Bispo Barnes, e antes deles Matthew Henry, cometeram esse mesmo erro. Miller ajudou a causar uma reviravolta no mundo religioso a respeito dessa questão vital que ressoa por todo o texto do Novo Testamento – a vibração com a esperança do breve retorno de nosso Senhor. Abrigar essa esperança é apropriado, vivamos na era apostólica ou agora.

Seguindo-se às duas guerras mundiais, quase todo o mundo religioso tem seguido a direção indicada por Miller. O fato de que estava errado em seguir a maior parte dos protestantes de seu tempo em seu empenho por fixar “datas proféticas” não diminui significativamente a sua estatura.

Quão apropriada foi a ocasião para a essência da mensagem ASD. Por exemplo, Darwin escreveu o seu primeiro esboço de “A Origem das Espécies” em 1844 e, simultaneamente, Deus reviveu a verdade do sábado para desafiar todas as teorias ateístas com respeito à origem da vida.

O espiritismo moderno também emergiu nos anos da década iniciada em 1840 e foi contestado pela ênfase do adventismo na imortalidade condicional. Também foi por essa ocasião que Marx e Engels escreveram o “Manifesto Comunista”, afirmando que “lei, moralidade, e religião, são apenas preconceitos burgueses”. Desse modo, afirmo que Deus suscitou o movimento adventista para Seus propósitos nos últimos dias.

Quanto à questão de estar a Reforma ligada ao adventismo, sim, cremos que o movimento adventista teve a intenção divina de ser um prosseguimento da Reforma.

Em Sua providência, Deus dirigiu a atenção dos adventistas para a arca e o propiciatório do lugar Santíssimo – a lei e a graça combinadas. Não pode haver um evangelho forte sem uma forte doutrina da lei.

Isto é o que os adventistas tinham que oferecer ao mundo, com referência particular ao sábado, que está no próprio coração da lei que autentica o todo. É pelo fato de a lei e o evangelho procederem do Criador que têm validade e significado.

 

Nota:

Tanto no mundo religioso como no secular, não poucos são aqueles que atacam e fazem pesadas críticas gratuitas e – diga-se de passagem – infundadas e levianas à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Essas acusações ou críticas injustas, quando não são dirigidas a aspectos doutrinários “distintivos” dos adventistas no meio evangélico, muitas vezes convergem para a questão da marcação de datas no Movimento Millerita – que precede a fundação da Igreja Adventista. Embora ele anteceda a própria existência da IASD, e esta Igreja desde os seus primórdios desestimule e até coíba a marcação de datas para o advento de Cristo, como afirma o Prof. Azenilto Brito, não há do que se envergonhar da obra e pessoa de Miller; muito pelo contrário, temos a convicção de que ambos foram suscitados por Deus (Apocalipse 10:1-10). Surgimos e seguimos nestes trilhos da Verdade: “Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (Apocalipse 10:1).

IASD em Foco

Autor: Prof. Azenilto Brito


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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