Há famílias que são regidas pela vontade dos filhos, os quais podem ser chamados de “tiranos pós-modernos”. Infelizmente, a maioria dos pais e avós de hoje faz as vontades dessa geração que não conhece limites. Mas essa atitude de benevolência consentida contrapõe-se diametralmente à severidade com que os pais, no passado, tratavam os filhos. Os dois extremos devem ser descartados
No livro Disciplina, Limite na Medida Certa (Integrare Editora: São Paulo, SP, 2006), p. 69, o psiquiatra e educador Içami Tiba menciona quatro gerações de filhos, tendo como ponto de partida o tempo em que “os pais patriarcas autoritários mais adestravam do que educavam”. Segundo ele, o pai era uma “figura distante, ameaçadora e punitiva”. Um olhar bastava para que o filho entendesse o recado.
Esse modelo suscitou uma geração de rebeldes, entre os quais, os hippies, que não repetiram o “esquema educacional de seus pais patriarcas” e se calaram “diante dos seus filhos, que acabaram se tornando ‘folgados’, porque não receberam limites” (ibid, p. 70). A geração dos “folgados” é neta do grande patriarca, ou seja, “são os adultos jovens de hoje, que não conseguem impor limites a seus filhos, porque também não os tiveram” (p. 71).
Os filhos dos “folgados” quase não têm contato com os pais, que passam a maior parte do tempo fora de casa. Essa geração, quando não está na escola, fica em casa recebendo “atenção terceirizada”, mas sem orientação nem rumo. Em tais circunstâncias, os filhos obtêm tudo o que desejam, extorquindo os pais “com agressões e chantagens afetivas, birras e pirraças, gritos e lágrimas, até dominá-los” (ibid.) E a coisa vai longe: a tirania da criançada de hoje chegou à escola, cujos professores e funcionários procuram agir cautelosamente para evitar atrito com a tirania de menores insubordinados.
Contudo, você como pai não precisa entrar nessa onda. A educação de seus filhos pode e deve ser pautada por princípios. Suas iniciativas devem seguir parâmetros equilibrados, evitando o autoritarismo que gera filhos ressentidos e a atitude benevolente que abre caminho para caprichos fora da ordem.
A educadora cristã Ellen G. White recomenda: “Todo lar cristão deve ter regas; e os pais devem, em suas palavras e comportamento de um para com o outro, dar aos filhos uma vida de precioso exemplo do que desejam que eles sejam” (O Lar Adventista, p. 305). A mesma autora adverte: “Quando os pais não requerem obediência imediata e perfeita dos filhos, deixam de colocar o devido fundamento do caráter em seus pequeninos. Preparam os filhos para desonrá-los quando forem mais velhos, e trarão tristeza ao seu coração quando se aproximarem da sepultura” (Orientação da Criança, p. 86).
Siga o caminho do equilíbrio. Vale a pena investir numa educação baseada no respeito, na ordem e obediência. Tudo isso com a chancela do exemplo dos pais. Com muita propriedade, Sêneca afirmou: “É longa a estrada dos preceitos; a dos exemplos é breve e mais segura.”
Autor: Pr. Rubens Lessa