O Colapso da Moralidade

“Assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24:37-39).

A condição do mundo de hoje reflete muito bem essa predição de Cristo. Seja pelos jornais, revistas, rádio ou noticiários de televisão, não passa um dia sem algum relato desmoralizador das doenças da sociedade. Surpreendentemente e em muitos aspectos, os próprios canais da mídia não apenas revelam os próprios males que registram, mas freqüentemente são seus promotores globais.

Uma das características da sociedade antediluviana era a capacidade altamente cultivada de se comunicar. A habilidade de falar o mesmo idioma, comunicando as invenções imaginativas do homem, provocou a intervenção de Deus na construção da Torre de Babel. Essa aceleração das habilidades se agigantou a ponto de impedir que Deus e Seu plano para a humanidade estejam presentes hoje na indústria da mídia e comunicação. Embora disponíveis para melhores propósitos, computadores, celulares, vídeos, dvds e TV por satélite e cabo estão entre os modernos meios de comunicação altamente sofisticados que levam a sociedade de hoje à proliferação da imoralidade. Ellen White escreveu o paralelo entre nosso tempo e o de antes do dilúvio: ‘A sociedade no tempo presente é corrupta, assim como foi nos dias de Noé. Deus concedeu ricos dons à longeva raça antediluviana, a apenas um passo do paraíso, e eles tinham um vigor físico e mental de que os homens têm agora somente uma pálida idéia; as bênçãos divinas e a força e a habilidade que Deus lhes deu foram, porém, usadas para fins egoístas, para satisfazer apetites ilícitos e para condescender com o orgulho. Eles baniram Deus de seus pensamentos; desprezaram Sua lei; calcaram aos pés Sua norma de caráter. Regalaram-se em prazeres pecaminosos, corrompendo seus caminhos diante de Deus, e uns aos outros. A violência e o crime enchiam a Terra. Não era respeitada a relação matrimonial nem os direitos de propriedade. Os clamores dos oprimidos penetraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Contemplando o mal, os homens se transformaram à sua imagem, até que Deus não mais pôde tolerar a sua perversidade, e eles foram destruídos pelo Dilúvio” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p.421,422).

Inicialmente, grande parte do pecado de nossa geração contemporânea não pareceu florescer completamente. Apareceu primeiro como leviandade e frivolidade e, então, intensificou-se em conduta degradante, violenta. “[Cristo] nos apresenta… os resultados da desenfreada complacência com o apetite. As faculdades morais são debilitadas a tal ponto que o pecado não parece condenável. O crime é considerado com leviandade, e a paixão controla a mente, até que, afinal, os bons princípios e impulsos são desarraigados, e o nome de Deus é blasfemado. […] Esse estado de coisas é o mesmo apontado por Cristo como devendo existir em Sua segunda vinda” (Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, p. 24; cf.2Tm 3:1-5).

Deus nos chama a fugir da corrupção que caracteriza o mundo. Em nossos lares e em nossa vida pessoal, devemos estabelecer limites ao que estamos dispostos a assistir e ler. Cada família deve tornar claros a todos os seus membros os valores que, como cristãos, deseja preservar. Devemos estabelecer controles para a TV a cabo e para a Internet, porque, por esses meios, a corrupção moral alcança o recinto sagrado de nosso lar. Em tempos como este, precisamos de rededicação diária a Cristo e constante caminhada com Ele.

Casamento – Um dos sinais mais distintos da vinda de Jesus é o colapso do lar e do casamento. Em menos de 30 anos, tornou-se incomum ver os casamentos durarem 25 anos. Podemos achar que os cristãos estão imunes à decadência moral no mundo, mas não é este o caso. Embora muitas igrejas cristãs tentem dissuadir seus membros de buscar o divórcio, uma pesquisa feita por George Barna mostra que, nos Estados Unidos, os cristãos nascidos de novo revelam a mesma taxa de divórcios dos não-cristãos. Trinta e cinco por cento dos dois grupos passou pelo divórcio. Embora as razões legais para divórcio não incluam egoísmo, autopromoção, grosseria, brutalidade, rigidez, crueldade e sensualidade como causas para o colapso do casamento, se pudéssemos falar com as pessoas envolvidas, provavelmente encontraríamos essas características entre os motivos para a deterioração do casamento.

Como acontece isso nos casamentos cristãos? Vamos olhar alguns assuntos, começando com o dinheiro. Em sua maioria, os cristãos seriam os primeiros a argumentar que não são ávidos por dinheiro. Mas a sociedade é muito sutil a respeito das pressões que o dinheiro exerce sobre o casamento. Não importa quão bem-intencionado comece o casal, o desafio é mostrar como são bem-sucedidos como casal na casa em que vivem, como essa casa é mobiliada, onde passam as férias, que tipo de carro dirigem e, quando têm filhos, que escola eles freqüentam. Todas essas coisas exigem dinheiro. Se os cônjuges não forem cuidadosos, podem concentrar-se em como conseguir o dinheiro para alcançar esses objetivos, esquecendo-se de que um casamento duradouro está baseado em três – Deus, marido e esposa. Eles podem se esquecer de abrir o lar para a hospitalidade cristã e ajudar os outros como Deus deseja.

Um casamento que perde o foco nos três – Deus, marido e esposa -freqüentemente se torna grosseiro, egoísta, cruel, traiçoeiro e viciado em sensualidade. Todas essas características levam ao abuso. Este começa de maneiras sutis: colocação de apelidos, humilhação e desrespeito. O cônjuge nunca é “bom” Uma atmosfera em que o cônjuge seja constantemente cético, cruel, grosseiro e egoísta começa a destruir o desejo de adoração cristã no lar e, então, de comunhão na igreja. Esse mesmo abuso cresce na forma de abuso físico e, freqüentemente, sexual. Muitas vezes, o abuso é injustamente desculpado por causa do chamado bíblico à submissão. Mas esse é um chamado para a vida em harmonia e respeito mútuo.

Pertencemos a uma igreja mundial que não tolera o abuso em qualquer forma – físico, espiritual, emocional ou sexual. O abuso contraria o que Deus diz por meio de Seu profeta:

“Eu odeio o desmembramento violento de uma só carne’ no casamento” (Ml 2:16, Mensagem).* Deus fala fortemente aqui. “Desmembramento” é uma palavra forte para se usar com referência à violência.

Às vezes, achamos que o abuso não é tão sério, mas Deus o considera com muita seriedade. Quando pensamos que homem e mulher foram criados à imagem de Deus, podemos compreender que qualquer forma de abuso provoca a ira de Deus! Não existe base bíblica para o abuso.

Falta de honestidade – Paulo indica que o pecado não existe só nos elementos criminosos da sociedade. Ele também é expresso em comportamentos que incluem relações pessoais e comerciais. Ele fala de “injustiça” – todas as ofensas contra nosso vizinho, nossos pais, nosso país. Isso inclui crimes cometidos por grandes corporações empresariais.

Paulo diz que a ira de Deus se expressa contra toda maldade e desonestidade humana. “Eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!… E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuí-dos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia (Rm 1:25-31).

Nestes últimos dias, “vivemos em meio a uma epidemia de crime… E enquanto o mundo está cheio desses males, o evangelho é tantas vezes apresentado de maneira tão indiferente, que não produz senão uma fraca impressão na consciência ou vida dos homens” (Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, p. 25). Não devemos correr em busca de um abrigo e nos esconder de medo daquilo que é um sinal da vinda de Jesus. Cristo diz que, por causa da maldade acrescida, freqüentemente, o amor seria difícil de se encontrar (Mt 24:12). Como povo de Deus, a esperança dentro de nós precisa ser uma baliza poderosa do amor de Deus nas trevas da pecaminosidade do mundo pós-moderno. Devemos viver o amor de Deus em relacionamentos plenos de graça. O Espírito Santo pode dirigir a vida dos embaixadores de Deus no caminho da vida justa, guiando outros à cruz de Jesus, nosso Senhor.

Paulo disse a Timóteo que “cada parte das Escrituras é assopradapor Deus e, de uma ou outra forma, útil – mostrando-nos a verdade, expondo nossa rebelião, corrigindo nossos enganos, nos preparando para vi -ver da forma como Deus deseja. Pela Palavra, somos reunidos e moldados para as tarefas que Deus tem para nós” (2Tm3:17, Mensagem).

As pressões nos relacionamentos de todas as direções cumprem a predição de que estes são tempos difíceis. Mas as promessas da Palavra de Deus nos dão certeza e esperança de que podemos enfrentar qualquer desafio que nos sobrevenha. Isso acontecerá tão-somente se, pessoalmente e em oração, nos mantivermos em contato com a graça de Deus; quando Ele habitar em nosso coração, nossa mente e nossa vida.

‘Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mt 24:13).

W. S. Lee e Wilma Kirk-Lee, casados há 41 anos, oferecem apoio e fortalecimento a casais há mais de 30 anos nos Estados Unidos, Canadá, e em várias partes do mundo. Eles vivem em Houston, Texas. Artigo publicado na Revista Adventista de Outubro/2008.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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