O Dia em que Você foi Sequestrado

Em 21 de Janeiro de 1986, um acontecimento terrível abalou o Brasil e todos os noticiários passaram a comentar. Por volta de 1h da tarde, na maternidade Santa Lucia do Distrito Federal (Brasília), um bebê foi seqüestrado. Uma mulher que se identificou como funcionária, disse a mãe do bebê, que era necessário levar o recém nascido, para fazer exames de rotina. Na realidade, alguém, que não podia ter filhos, registrou o bebê e o criou como filho. Com base nos retratos falados da seqüestradora, diversas mulheres suspeitas foram interrogadas. A polícia investigou 12 crianças mas nenhuma delas era Pedrinho. A família adotiva passou a chamá-lo de Junior.

16 anos se passaram, Outubro de 2002, uma pessoa próxima à família adotiva, ouve comentários suspeitos sobre a verdadeira filiação de Junior, e procura no site de “Crianças desaparecidas” na Internet (Missing Kids). Depois de ver a semelhança entre Pedrinho e o Sr. Jairo Tapajós (o pai Biológico) que colocou na Internet uma foto dele mesmo quando tinha 10 anos, a denúncia anônima é feita ao SOS Criança de Brasília. Homens da Policia Federal filmam e fotografam Pedrinho na cidade de Goiânia e constatam a semelhança do adolescente com a família biológica.

Finalmente em 07 de Novembro de 2002, Pedrinho é convencido a fazer um exame de DNA, o resultado sai no dia seguinte e confirma que Junior é na realidade Pedrinho, a sua verdadeira identidade é declarada. Agora, Pedrinho, tinha que escolher se mora ou não com seus pais verdadeiros.

Qual seria sua reação se soubesse que um de seus filhos foi seqüestrado? O que você faria?

Ou, se de repente você descobrisse que seus pais não são seus pais verdadeiros, por que ao nascer você foi um bebê roubado na maternidade? Pois hoje estou aqui para lhe dar está notícia e provar que você também foi seqüestrado.

Pois hoje estou aqui para lhe dar esta notícia e provar a você que você foi mesmo seqüestrado!

Eles são um casal muito especial, hoje eles mostram fotografias de quando ela estava grávida com muita alegria.

Lembram da época do pré-natal, contam da alegria que sentiam na época e de como nunca esperavam que aquilo tudo se transformaria, no maior pesadelo de suas vidas!

Entrevista Exclusiva do Está Escrito com Maria Auxiliadora Braule (Lia).

– Ele nasceu quase meia noite no dia 20 de Janeiro de 1986, e no dia 21 ele foi pro quarto junto comigo, por volta das 6 horas da manhã. Ele foi roubado por volta das 11 horas da manhã, por essa pessoa que se apresentou como assistente social do hospital. Que falou que ele precisava ir ao berçário fazer um exame. Quem me acompanhava neste momento era a minha mãe. Eu fiquei muito nervosa, porque eu já tinha tido uma criança e depois de três dias de vida, havia morrido, eu fiquei muito angustiada, pensando que o mesmo estava acontecendo com ele.

Ás vezes as pessoas me perguntam:

– Mas você não observou se a pessoa usava um crachá do hospital? Eu não observei nada disso, a partir do momento que ela disse que o meu filho precisava de um exame, pra mim foi terrível, ela me desarmou completamente. Então por volta de 1 hora da tarde, entre entradas e saídas do quarto, ela ficou por volta de uma hora comigo no quarto. Uma hora total de tempo. Daí pra frente ela retirou ele do meu quarto e o levou para o berçário. E nesse ínterim, quando chegou o médico e perguntou:

– Cadê o bebê?

Eu falei:

– Está no berçário com a assistente social, ela o levou para fazer um exame! E ele me perguntou:

– Mas exame de que? Ele nasceu tão bem! Eu vou ver o que aconteceu?

Eu fiquei preocupadíssima , eu estava preocupada com a saúde dele, não estava preocupada que ela o tivesse levado. Jamais isso passou pela minha cabeça.

Repórter: Como foi sair do Hospital sem o Bebê?

Lia:- É a pior sensação assim que eu guardo na minha cabeça, da minha vida inteira. É essa de você chegar em casa. De você estar preparada para a vinda de uma criança, de você ter curtido tudo e você chegar em casa de mãos vazias, e além de tudo, além de eu voltar pra casa sem o meu filho, eu voltei sem a minha mãe também, porque ela sofreu um enfarto, porque ela ficou no hospital no mesmo dia. Foi uma seqüência de coisas trágicas na mesma hora. Sabe então, foi muito triste, foi uma das coisas que eu tenho horror de lembrar!

Dois lados completamente diferentes.

De um lado pais que esperaram por um filho que nasceu, foi roubado e nunca mais apareceu.

De outro lado um filho que sempre pensou estar em sua casa, com sua mãe verdadeira, de repente tem a vida virada de cabeça pra baixo ao descobrir que a mãe que ele sempre aprendeu a amar, o roubou da maternidade quando ainda era um bebê.

Mas vamos continuar ouvindo a entrevista exclusiva da Mãe de Pedrinho

Vocês esperaram que alguém pedisse resgate?

Dona Lia: Um filho desaparecido é uma luta diária, uma angústia o tempo todo, qualquer criança que eu via na rua, com todas as idades, eu procurava por ele. Houve um pedido de resgate. O meu marido que é mais racional, ficou aguardando isso acontecer. Ele achava que era um seqüestro pra fim de resgate.

Houve o pedido de resgate, mas era uma pessoa que ficava fazendo chantagem com a gente, mas não tinha nada a ver com ele.

A Bíblia conta á história de um resgate que foi pago, de pessoas resgatadas, e de um resgatador.

HISTÓRIA DESDE O PRINCÍPIO

Esta história se encontra no livro de Rute.

Israel estava passando por uma época de seca e fome terrível. Por isso Elimeleque, marido de Noemi decide ir com a esposa e os dois filhos homens para uma terra distante, um lugar chamado Moabe, apenas um pequeno distrito ao oriente do Mar Morto, entre o Rio Arnon e o vale de Zered. Seu limite do lado oriental era bem definido pelo Deserto da Arábia.

Mas era uma terra elevada e fértil, ficando a 1000 metros acima do Mar Mediterrâneo e uns 1400 metros acima do Mar Morto.

As chuvas ali eram suficientes para madurar as colheitas, mas mesmo assim, as pessoas que ali habitavam em Moabe, por morarem num lugar alto, aumentavam ainda mais sua provisão de água construindo poços também. E em Moabe os filhos de Elimeleque e Noemi se casaram com duas boas moças moabitas.

MORREM OS HOMENS DA CASA

De repente, uma desgraça inesperada acontece: Elimeleque e seus dois filhos morrem, deixando as três mulheres viúvas. No antigo Oriente Próximo, o valor de uma mulher e sua dignidade pessoal dependiam muito de sua ligação com os homens de sua casa, no caso, o marido, o pai, ou os filhos.

Por isso, perder de repente seus parentes do sexo masculino era uma desgraça sem tamanho, pois além de sofrer pela ausência da pessoa amada, a viúva ficava sem amparo masculino, o que lhe tornava a vida muito difícil.

O LEVIRATO

Deus sabia que coisas como esta aconteceriam no meio de seu povo, por isso em Israel uma mulher que ficasse viúva nunca ficaria desamparada, pois havia leis instituídas por Deus que davam cobertura aos órfãos e às viúvas. Por exemplo, todo agricultor tinha o dever de deixar sempre uma sobra em suas plantações para as viúvas poderem colher para si e para seus filhos.

Havia também uma outra lei, a chamada lei do levirato que possibilitava uma viúva ser resgatada pelo parente mais próximo de seu marido morto, se o parente assim o desejasse. Assim, ele compraria as

propriedades que foram do marido e se casaria com a viúva.

Este parente mais próximo era chamado de: o parente resgatador.

Noemi já era velha e não podia ser resgatada, mas não lhe restava outra saída a não ser voltar para sua terra, pois pelo menos teria como sobreviver.

AS NORAS CONTRARIAM O COSTUME DO ORIENTE

Segundo o costume do Antigo Oriente Próximo, as duas noras deveriam então retornar à casa de seus pais até que conseguissem um novo casamento. Esta era a lei que regia também aos Moabitas (Gênesis 38:11 e Levítico 22:13). Mas estas duas noras amavam demais a sua sogra, tanto que decidiram segui-la de volta para a sua terra.

Noemi acabou de arrumar as malas e suas noras também fizeram o mesmo. Mas antes de seguirem viagem, Noemi olhou para as duas e falou com firmeza, tudo está descrito em Rute 1:8: ” Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o SENHOR use convosco de benevolência, como vós usastes com os que morreram comigo”.

Em outras palavras ela quis dizer o seguinte:

– Escutem aqui vocês duas: Vocês nem sejam bobas de querer me seguir, pois não é razoável! Aqui moram seus pais, seus parentes, seus deuses, sua religião, seu sustento, seu futuro!

As três mulheres começaram a chorar. Realmente Noemi tinha razão.

Não fazia sentido abandonar sua família, sua terra, afinal elas eram muito jovens ainda!

Com dor no coração, Orfa uma de suas noras se despediu da sogra em meio a prantos e fez o que era razoável: voltou para a casa dos seus pais.

Enquanto Orfa se afastava chorando, chega á vez de Rute.

Agora é Rute quem olha para sua sogra e diz:

– Escute aqui você, pare com essa coisa de dizer para eu voltar para meus parentes e para meu povo e para meus deuses, pois: “Aonde quer que você for eu irei também, aonde quer que pousar eu também pousarei, o seu povo é o meu povo, e o seu Deus é o meu Deus! E onde você morrer eu também morrerei, e ali eu serei sepultada. Só a morte poderá me separar de você” Rute 1:16 e 17 (BLH)

Rute não se contentou apenas com o razoável! Ela conheceu a Deus através de sua sogra e agora ela queria muito mais a Deus do que todas as outras coisas. Ficar ali seria enterrar para sempre seu relacionamento com Deus.

Rute queria muito mais de sua espiritualidade.

Tem pessoas que são como Órfa. Um dia ficam conhecendo mais a respeito da verdade, da Bíblia, sentem-se chamadas por Deus, ficam até felizes, mas quando Deus pede um compromisso maior, fogem de Deus e do compromisso. São pessoas que se contentam em levar uma religião só da boca pra fora.

São aqueles que dizem:

“-Ah, eu nasci nesta religião e vou morrer nela”.

Mas nem seguem a dita religião!

Mas outros não! Outros são como Rute: Conhecem a palavra de Deus. Apaixonam-se por Jesus. Sentem o chamado. E mesmo que muitos o chamem de louco, não se prendem nem a religião tradicional, nem a status que talvez venham a perder.

Para eles, nada é mais importante do que atender o chamado do Senhor!

Agora veja que diferença entre o que foi o futuro de Órfã e o de Rute: Quando você olha na Bíblia, vê que nunca mais se ouve falar em Órfã, porém, ao olhar a Genealogia de Jesus, vai ver que o Salvador do

mundo foi descendente de Rute.

Rute almejou mais de Deus, e teve mais!

Assim que chegaram de volta a Belém, Rute ergueu a cabeça e se pôs a trabalhar como lhe era

possível. Foi até os campos de um homem chamado Boaz, um homem muito bondoso e fiel a Deus e começou a apanhar mantimento para ela e sua sogra.

Logo Noemi descobre que Boaz começou a se apaixonar por Rute. Ela se lembra então que ele é um parente resgatador de sua família e aconselha Rute a falar com ele sobre seu resgate.

BOÁS ACEITA SER O RESGATADOR

Com muito cuidado Rute se aproxima e conversa com ele. Acompanhe comigo em Rute 3:9 – “Disse ele:

Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador…”

O coração de Boaz se enche de alegria e ele aceita resgatar a Rute, segundo as leis de Israel.

Diante do tribunal Boaz faz um concerto com toda a sociedade. Está em Rute 4:9-10 – “Então, Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que comprei da mão de Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom; 10 e também tomo por mulher Rute, a moabita, que foi esposa de Malom, para suscitar o nome deste sobre a sua herança, para que este nome não seja exterminado dentre seus irmãos e da porta da sua cidade; disto sois, hoje, testemunhas”.

A história de Rute e Boaz está na Bíblia porque é um exemplo da história de toda a humanidade:

Deus um dia criou este planeta e o deu de presente ao homem. Mas o homem se vendeu como escravo do pecado e da morte, passando para as mãos do ladrão, do usurpador,do seqüestrador o certificado de propriedade da Terra e da sua própria vida!

É aqui que se fundem as histórias de Rute, do Pedrinho e a nossa história.

Você pode imaginar que Jesus, após haver planejado seus filhos e haver criado toda a Terra para o

homem, viu seu filho Adão sendo roubado pelas mãos de Satanás! Logo após sua criação, o homem foi roubado das mãos do Pai Amoroso.

Jesus não se contentou e se ofereceu para ser o nosso parente resgatador! Ele pagou o preço do resgate com o seu próprio sangue.

Veja o que Está Escrito na Bíblia em Marcos 10:45

“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”.(Marcos 10:45 RA)

Dá pra notar como a Bíblia fala em resgate?

Fico feliz ao ver o final da história de Pedrinho, pois ele aceitou seus pais verdadeiros e agora estão tirando o atraso destes anos de distância. Finalmente depois de tantos anos seus pais podem vê-lo, abraçá-lo, estar com ele. Pedrinho aceitou a seus pais.

Mas a sua história com o Pai de Amor ainda não terminou. Não sei se você notou a sutileza do último verso que lemos:

“… para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. (Marcos 10:45 RA)

Ali diz em resgate de muitos. Muitos não quer dizer todos.

Que será que isto quer dizer?

Será que isto quer dizer que Jesus não deu seu sangue por todas as pessoas?

Sim! Lógico que deu! O problema não está no sacrifício que Jesus fez, o problema é que mesmo ele tendo pago, o preço do resgate, muitos não aceitam a Jesus! Vivem deixando pra depois! Põem defeito em tudo, e continuam se arrastando, levando um enorme vazio dentro de si mesmos.

Lembra o que diz João 3:16 “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”

Você percebeu? Vida eterna é pra todo o que crê em Jesus.

E você? Crê em Jesus?

Veja a última parte da entrevista com a Sra. Maria Auxiliadora Braule, a mãe do Pedrinho.

Repórter:- A senhora tinha certeza que iria encontrar o Pedrinho?

Dona Lia – Eu tinha certeza sim, eu sempre acreditei no meu coração que aquilo que Deus quer fazer ninguém pode mudar. Algumas pessoas me diziam:- Isso é muito difícil!

Eu só dizia: – Que pena que você não acredita, porque o dia que você me ver com ele na rua, você vai estranhar, vai dizer:- Que legal né? Hoje eu ando com ele na rua, em casa e parece tão normal! Eu já antevi isso aí! As pessoas perguntam: – Como ele está se adaptando na sua casa? Normal! Ele está vivendo como se nunca tivesse estado longe de lá, eu não compreendo bem, a agente se reconhece,

cada parte da casa, cada pessoa ele tem uma afinidade imediata. Eu tinha essa certeza, eu alimentei isso e todo mundo da família também. As pessoas não acreditavam. É por isso que eu sempre digo não perca a fé, sempre há esperança. Enquanto há vida, há esperança. A minha preocupação maior era eu me manter viva, porque as vezes eu ficava meio depressiva e aí eu tinha medo, e dizia: – Meu Deus não me deixe morrer, porque se eu morresse aí eu não poderia encontrá-lo, era só me manter viva para esse momento.

Jesus quer tirar você dos braços do seqüestrador! Quer abraçá-lo, conversar com você, quer tirar o atraso de anos esperando por você!

Qual é a sua resposta?

Pedrinho aceitou o amor de seus pais, e você?

Agora eu gostaria de convidar você para nós elevarmos uma oração aos céus.

Oração

Querido Deus, um dia nós nos perdemos, fomos seqüestrados, toda a humanidade. Mas hoje Senhor acabamos de descobrir que somos filhos do Senhor. E que vivemos neste mundo, nessas condições, porque fomos seqüestrados uma dia.

Senhor, queremos voltar para os teus braços. Por favor nos liberte dos braços do nosso seqüestrador. Ajuda-nos a estarmos pertinho do Senhor. Pelo seu poder, em nome de Jesus. Amém.

 

Autor: Pr. Fernando Iglesias

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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