Perdão e Salvação

“Qual é a nossa iniquidade, qual é o nosso pecado, que cometemos contra o Senhor, nosso Deus?” (Jeremias 16:10)

O homem ao pecar transgride a lei de Deus, não existe pecado que não seja a violação dos princípios desta lei (Êxodo 20:3-17), sendo a morte a consequência por esse ato.1 E nada que o pecador ofereça de si mesmo pode pagar a dívida de sua transgressão. No entanto, ao reconhecer o seu erro (unicamente pela atuação do Espírito Santo),2 ele proporciona condições para que se inicie o processo de arrependimento(a)que o conduzirá ao perdão.

Esse perdão é concedido quando alguém deposita o seu pecado no sacrifício de Jesus ocorrido na cruz do Calvário, e não porque tenha algum direito inerente sobre isso (Isaías capítulo 53; João 1:29). Senão fosse a intervenção de Cristo ao morrer em nosso lugar (por causa de nossas transgressões), não teríamos nenhuma possibilidade de remissão e pereceríamos. É esta inigualável oportunidade concedida por Deus que a Bíblia chama de “graça“; e revela o Seu inexplicável amor pela humanidade (João 3:16-17). Por estes motivos é que a graça requer fé alicerçada em Jesus, qualquer outra forma de confiança é inútil e ofensiva para Deus (Romanos 9:30-33; João 14:6; I João 2:1-2).

graça promove também a tranquilidade de espírito ao eliminar a aflição ocasionada pelo sentimento de culpa. Esta garantia de estar livre tanto da penalidade quanto da angústia pelo pecado cometido, habilita o indivíduo a se reconciliar com Deus, pois, nele prevalece a certeza que os obstáculos que os separavam não mais existem (Isaías 1:18; Isaías 43:25-26; Miquéias 7:18-19). E, ao mesmo tempo que concede-se o perdão, proibi-se o retorno às práticas pecaminosas. As palavras de Cristo quanto a isso são: “Vai e não peques mais.” (João 8:11). Porém, isso não retira a liberdade de alguém envolver-se novamente com o pecado, ou seja, de voltar a pecar contra a lei de Deus, optando deste modo pelo caminho da perdição(b).

O perdão recebido não anula a obediência aos preceitos da lei.3 É inconcebível alguém professar seguir a Cristo e ao mesmo tempo desrespeitar os Seus mandamentos.4 Tal atitude anula a oportunidade de herdar a vida eterna. Perdão e salvação são coisas distintas. Perdão é a absolvição, é a remissão da penalidade por transgredir a lei de Deus, ou seja, é a aplicação imediata da graça quando ocorre o arrependimento e aceitação do sacrifício de Jesus para quitar o pecado. Salvação é permanecer em comunhão com Deus através da fé em Cristo e obediência aos Seus mandamentos após receber o perdão (Apocalipse 14:12 cf I João 2:1-4).

Em última análise salvação é a permanência na graça. É manter atuante ou válido o perdão recebido evitando a pratica do mal. O pecador pode ser perdoado várias vezes de seus maus atos e nunca obter a salvação se abandonar o que lhe é exigido – fé e obediência (Ezequiel 33:12-16 cf Mateus 7:22-23).

O erro mais comum no cristianismo é imaginar que o perdão (concedido pela graça), ou, a fé (no sacrifício de Cristo) anulam a obediência à lei. Satanás é o originador deste desprezível ensino e muitos iludidos por seus sofismas descartam os Dez Mandamentos como – um dos – requisitos para alcançar a salvação, e assim trilham em direção a ruína na qual ele esta condenado (Apocalipse 12:17; Apocalipse 22:14-15).

Deus através de Sua graça perdoa, habilita e guia o pecador arrependido rumo a vida eterna; não existe outro meio para atingir este objetivo (Efésios 2:8-9 cf Atos 15:11). Acolhido pela graça, o pecador é auxiliado a manter a fé em Jesus e a obedecer aos Seus mandamentos. Sem esta ajuda divina não haveria chance alguma de alguém, após receber o perdão, permanecer no caminho da salvação.

O próprio Cristo esclareceu esta questão ao declarar que para obter a vida eterna (salvação) é necessário obedecer aos Dez Mandamentos (Mateus 19:16-22)(c). E este ensino é muitíssimo claro, não há possibilidade de alguém ter acesso ao Seu reino, ignorando a Sua lei que proíbe: blasfemar o nome de Deus, criar e adorar imagens, matar, roubar, desonrar os pais, adulterar; enfim, não existe condição alguma de alguém receber a vida eterna enquanto intencionalmente permanece transgredindo algum mandamento do Decálogo (cf Tiago 2:10-12). A graça e a  não são permissões para negligenciar a lei de Deus(d), mas, frequentemente são citadas como pretexto para justificar os pecados cometidos conscientemente contra ela.

“Perante o crente é apresentada a maravilhosa possibilidade de ser semelhante a Cristo, obediente a todos os princípios da lei. Mas por si mesmo é o homem absolutamente incapaz de alcançar esta condição. A santidade que a Palavra de Deus declara dever ele possuir antes que possa ser salvo, é o resultado da operação da divina graça, ao submeter-se à disciplina e restritoras influências do Espírito de verdade. A obediência do homem só pode ser aperfeiçoada pelo incenso da justiça de Cristo, o qual enche com a divina fragrância cada ato de obediência. A parte do cristão é perseverar em vencer cada falta. Constantemente deve orar para que o Salvador sare os distúrbios de sua alma enferma do pecado. Ele não tem sabedoria ou a força para vencer; isso pertence ao Senhor, e Ele os outorga a todos os que em humildade e contrição dEle buscam auxílio.”5

Em relação a fé em Cristo, o outro requisito extremamente importante para conquistar a salvação, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6); seria ela suficiente para herdar a vida eterna? “Se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” (Tiago 2:14). Em Tiago capítulo 2, tem-se o nítido ensino da interdependência entre a fé em Jesus e as obras decorrentes da obediência da lei. Estas obras são na realidade os resultados do amor em seguir a Deus (João 14:15-21; I João 5:1-5; II João 1:4-6).

A quebra dessa relação, “fé e obras”, pode ser exemplificada pela atitude dos demônios(e) que crêem em Deus e tremem (Tiago 2:19 cf Lucas 4:41) mas, se desviaram da conduta de vida estabelecida por Ele. Serão salvos porque acreditam em Deus? De modo algum! Embora eles estejam convictos do poder do Criador e conheçam os propósitos de Sua lei, optaram em obedecer a Satanás (Apocalipse 12:9 cf Isaías 14:12-14, Ezequiel 28:12-19). As obras desses demônios revelam o caráter que desenvolveram e que domina suas vidas. Neste aspecto, a atitude deles não difere do comportamento dos cristãos que professam acreditar no poder e autoridade de Deus mas, na prática, recusam-se em seguir as orientações de vida determinadas pelos mandamentos de Sua lei (Isaías 24:4-6 cf Apocalipse 20:12-13; Apocalipse 22:12). Apresentam uma “fé” vazia, contraditória e incapaz de testemunhar a favor deles (Tiago 2:17 cf Romanos 2:13). Na verdade, a grande maioria mantém apenas a convicção de que Deus existe e, que Jesus foi morto na cruz do Calvário(f). Isso não é a fé exigida pela graça; não é a fé que motiva o pecador a obedecer a Deus. A verdadeira fé conduz o pecador arrependido a submeter-se aos caminhos estabelecidos por Deus independente das circunstâncias.

Considerações Finais

Embora a Bíblia apresente as condições para que o pecador obtenha o perdão e, consequentemente alcance a salvação, sempre surgirá alegações contrarias à elas por partes daqueles que não desejam um compromisso verdadeiro com Deus; estarão a sustentar uma “fé” que atenda as suas necessidades particulares e, ardorosamente, se apoiarão em teorias humanas para amenizar suas consciências quando o Decálogo lhes apontar seus respectivos pecados (cf Marcos 7:7-9; II Timóteo 4:3-4).

Quanto a crença que cada um sustenta, Paulo declara: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova” (Romanos 14:22).


a. Sem o arrependimento é impossível obter o perdão e, na ausência deste, não há possibilidade de salvação (II Coríntios 7:10; Salmos 32:1-5).

b. É por meio do Espírito Santo que o pecador reconhece, arrepende-se, roga por perdão e evita as más obras. Quando as Suas orientações são ignoradas perde-se os meios pelas quais estas virtudes são alcançadas. O santo Espírito trabalha constantemente para direcionar o pecador numa vida de retidão (de acordo com a vontade de Deus expressa em Sua lei). Entretanto, Ele abandona todo aquele que insistentemente evita Suas instruções, deixando-o a mercê de suas próprias escolhas pecaminosas; as quais inevitavelmente o conduzirá a morte eterna. Este ato de ignorar o Espírito Santo caracteriza-se como uma blasfêmia contra Ele, e para este crime não há perdão (Mateus 12:32-33; Marcos 3:29).

c. Acesse: Mandamento “Omitido”

d. Acesse: A Graça e a Lei de Deus

e. Anjos caídos que serviram e estiveram face-a-face com Deus (Apocalipse 12:7-9).

f. Acesse: Finda-se o Tempo (em: Graça: Fé e Obediência).

1. I João 3:4; Romanos 4:15; Romanos 7:7 cf Romanos 3:19-20; I Coríntios 15:56.

2. João 16:7-11; Atos 7:51; Tito 3:4-7.

3. Romanos 6:15 cf I João 5:1-4, I João 2:3-4, Provérbios 28:9.

4. Romanos 3:31; I João 5:1-5; João 14:12-15, 21; II João 1:4-6 (cf Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18); Hebreus 8:10-12; Hebreus 10:16-17.

5. WHITE, E. G. Atos dos Apóstolos, sec. V, cap. 52, p. 532.

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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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