Platão e Santo Agostinho

O conceito de alma imortal teve nos gregos os seus grandes difusores. Entre o sétimo e quinto século a.C. ele passou dos seus misteriosos cultos para a filosofia e foi, depois, juntamente com a cultura helênica, intensamente difundida por todo o mundo antigo, por ocasião das conquistas de Alexandre, o Grande.

A idéia da vida além-túmulo onde as almas dos perversos receberiam doloroso castigo era atraente e espalhou-se para todos os lugares. A natureza da alma era assunto obrigatório e causa de debates intermináveis entre os filósofos; dentre estes, talvez o maior proponente da imortalidade da alma tenha sido Platão, no quarto século a.C., discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles.

Segundo Platão, a morte é o grande amigo da alma, que é por ela libertada do corpo. Foi ele o grande inspirador de Santo Agostinho na formulação de suas teses teológicas que, ainda hoje, são acatadas e observadas pelo catolicismo romano e pela absoluta maioria do cristianismo dito protestante ou evangélico.

Os fundamentos da doutrina reencarnacionista e espírita são manifestados no seu livro basilar, O Evangelho Segundo o Espiritismo . O item IV de sua introdução tem como título: Sócrates e Platão, precursores da idéia cristã e do espiritismo . Ora, toda a introdução da referida obra é uma apologia aos filósofos gregos, especialmente Sócrates e Platão. No referido item IV é citado que eles pressentiram a idéia cristã e que se encontram igualmente em suas doutrinas os princípios fundamentais do Espiritismo . São descartados os principais fundamentos do Cristianismo, a Bíblia Sagrada e os profetas hebreus.

Agostinho, conhecido como o pai da igreja latina, teve uma juventude pródiga e sensual. Decidindo-se a investigar a natureza do homem, deixou de lado as Sagradas Escrituras, preferindo os filósofos e sábios gregos e romanos aos profetas e apóstolos hebreus. A História assim se refere a ele: A busca e a investigação tornaram-se, daquele momento em diante, seu objetivo primordial. De início, decidiu-se ao estudo das Escrituras, mas logo se cansou: o admirador de Virgílio, Terêncio e Cícero ficou desiludido diante do estilo simples da Bíblia (Grandes Personagens da História Universal, Agostinho , p. 145).

Tinha ele uma grande capacidade retórica e admirável inteligência. Continua o relato histórico: De volta à cidade natal, Agostinho abre uma escola particular, onde ensina gramática e retórica. Gosta de ensinar, durante treze anos esta será sua profissão. Seus múltiplos interesses intelectuais, entre os quais o ocultismo e a astrologia, não o impedem de tornar- se excelente professor, capaz de despertar a curiosidade de seus alunos (Idem, destaque acrescentado). Antes de tornar-se padre e bispo de Hipona, vagueou por vários caminhos que tiveram influência marcante nos seus conceitos e tratados teológicos. É interessante a seqüência dos testemunhos históricos a seu respeito: A inquietude é tema tipicamente agostiniano, um aspecto permanente de seu desenvolvimento. O despertar de seu espírito crítico levou-o a abandonar o cristianismo que sua família professava. Agostinho adotou o maniqueísmo, pretendendo seguir a força única da razão. Durante doze anos foi seguidor de Mani, profeta persa que pregava uma doutrina na qual se misturavam Evangelho, ocultismo e astrologia. Segundo Mani, o bem e o mal constituíam princípios opostos e eternos, presentes em todas as coisas. Era uma religião teoricamente severa, mas cômoda na prática: o homem não era culpado por seus pecados, pois já trazia o mal dentro de si (Idem).

Torna-se fácil, portanto, compreender a teologia agostiniana pelo que dele se testemunha a seguir: Agostinho procura uma filosofia capaz de englobar o cristianismo e a salvação. Adota algumas posições dos seguidores de Platão, como a concepção de dois níveis de conhecimento um através dos sentidos, e outro percebido unicamente pela razão. E junta-lhes a figura de Cristo. Com esses elementos iniciais ergue um edifício filosófico que muito influenciaria o pensamento ocidental e, que, em alguns aspectos, conserva ainda hoje a sua força polêmica (Ibid., p. 156).

Para que se tenha idéia do que representou e representa a teologia de Santo Agostinho é interessante que se tenha conhecimento do alto apreço que o inspirador do espiritismo tem por ele. Eis o que ele manifesta, a respeito do filósofo e teólogo, no Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo : Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte; a razão disso encontramos na vida desse grande filósofo cristão, que pertence a essa vigorosa falange dos pais da igreja, aos quais a cristandade deve seus mais sólidos alicerces (Capítulo I, item 11).

Ora, esse testemunho diz, por si só, de que lado este filósofo católico, mas não cristão estava e qual o tipo de alicerce que ele ajudou a construir. Certamente que não o do Cristianismo puro e apostólico, cujas bases ele realmente ajudou a lançar por terra.

Fonte: O Eterno Evangelho


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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