Que Fazer com o Sentimento de Culpa?

De todos os conflitos emocionais que atribulam o coração, um dos mais generalizados e mais difíceis de superar é o sentimento de culpa. Este nasce da consciência e convicção que tem o homem de sua própria pecaminosidade.

O sentimento de culpa é uma convicção natural que surge como consequência de nossas próprias faltas. É uma consequência do pecado; desse mesmo pecado que nos separa de Deus, nos entristece, e é capaz de conduzir-nos ao desespero e à ruína, se não for aplicado o grande remédio. Por outro lado, há uma forma – e uma só – de terminar com o sentimento de culpa: é a que veremos a seguir neste estudo.

O rei Davi depois de haver caído numa grave falta moral, expressou a angústia e abatimento que o dominavam, nestas significativas palavras: “Envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a Tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” (Salmo 32:3-4). E logo acrescentou, numa sentida oração que dirigiu a Deus: “Não me repulses da Tua presença, nem me retires o Teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da Tua salvação” (Salmo 51:11-12).

Por que perdera a alegria? Por que estava angustiado? Era o pecado que o desesperava. Era o sentimento de culpa, consequente da violação da lei de Deus, que o submergia nessa profunda tristeza. E rogava ao Senhor que não o privasse de Sua presença e que, graças ao maravilhoso remédio provido por Seu amor, lhe devolvesse a alegria dasalvação que dele fugira.

A condição de Davi é típica da experiência de milhares de homens e mulheres que em nossos dias vivem perplexos, oprimidos por um tremendo drama interior, angustiados por um problema para o qual não encontram solução satisfatória.

Que fazer, pois, com o sentimento de culpa?

A única esperança de reconquistar a paz e a felicidade é o retorno da alma a Deus, fonte única e suprema de toda felicidade. Porém, como o pecado abriu um abismo entre nós e nosso Criador, Cristo, com Sua vida de perfeita justiça e Sua morte expiatória, estendeu a ponte que nos permite o acesso a nosso Pai celestial.

Por meio de Jesus, e mercê de nossa fé nEle, conseguimos a reconciliação com Deus. Aceitando-O como nosso Salvador pessoal, como nosso Substituto que paga o preço de nossa redenção, e voltando-nos para Ele, entregando-Lhe nossa vida, recebemos como dom gratuito, outorgado pela graça do Senhor, a justificação.

Desejamos investigar agora na Palavra de Deus como se processa nosso encontro com Cristo; o que significa recorrer a Ele; o que nos induz a nEle depositar nossa fé.

Porque a fé é um princípio ativo que se traduz em ação. E nossa fé em Jesus, nossa aceitação do Seu sacrifício, nos leva a dar dois passos, que especificamente, tornam possível nossa justificação, eliminam o sentimento de culpa, e nos convertem em beneficiários do perdão de Deus e da paz que só Ele nos pode dar. Referimo-nos ao arrependimento e confissão.

O Arrependimento

O arrependimento é uma atitude da mente, um estado da alma, que constitui a primeira condição indispensável para que Cristo aplique em nossa vida Sua virtude curadora.

Quando São João Batista pregava a mensagem de reforma às margens do rio Jordão dizia: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus” (Mateus 3:2).

Na memorável ocasião em que São Pedro pregou de Cristo a uma vasta multidão, o dia de Pentecostes, os circunstantes, tomados de uma profunda convicção de sua pecaminosidade, exclamaram suplicantes: “Que faremos, irmãos?” O apóstolo respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados” (Atos 2:37-38).

Mais tarde, falando em Jerusalém, deu a mesma instrução fundamental: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (Atos 3:19).

No arrependimento verdadeiro que, juntamente com a confissão, cura a alma de sua culpabilidade e lhe devolve a paz, há três elementos básicos:

1) Reconhecimento do pecado, falta ou imperfeição do caráter.
2) Tristeza pelo pecado.
3) Repúdio, isto é, desejo de abandoná-lo.

Não é mero temor ao castigo ou terror em face das consequências do mal praticado, mas uma tristeza pelo pecado em si, mágoa por haver ofendido a nosso amante Pai celestial. O mero temor pelos possíveis resultados não proporciona alívio nem atrai o perdão e a salvação. Ao contrário, submerge a pessoa na angústia. Tal é o caso de Judas, cujo medo o levou ao desespero e ao suicídio. Tal também o caso de Esaú, que só quis livrar-se das consequências da profanação em que incorreu ao vender os benefícios espirituais da primogenitura por um prato de lentilhas. Porém seu falso arrependimento não o fez odiar o pecado e abandoná-lo, mas persistiu numa vida depravada.

O arrependimento salvador que, permite ao Senhor proporcionar à alma Sua graça redentora, é, por outro lado, resultado da obra do Espírito de Deus no coração. Uma das funções do Espírito Santo é, conforme explica São João, convencer o homem do seu pecado (João 16:8).

Cada vez que o ser humano sente uma leve insinuação que no íntimo de sua consciência o faz experimentar pesar por haver agido mal, ou pelos defeitos de seu caráter, pode estar seguro de que se trata da obra benéfica e poderosa do Espírito divino que o está guiando ao arrependimento. Portanto, ao indivíduo compete responder-Lhe, pois de outra sorte, desprezando-O com indiferença, contrista o Espírito Santo e endurece seu coração, tornando-o menos sensível a essa voz celestial que o chama (Efésios 4:30).

Em compensação, quando o coração não se endurece, mas reconhece sua necessidade de Deus, quando cede à suave influência do Espírito Santo, o pecador começa a compreender a santidade da lei divina, e sente o terror de aparecer tal como é, com sua impureza, à vista de Deus. Anela ser purificado e restituído à glória do Céu, e coloca-se em situação de permitir ao Senhor favorecê-lo com Sua graça perdoadora e purificadora.

Um coração orgulhoso, cheio de presunção, não vê suas debilidades nem percebe seus pecados, fecha as portas para a graça de Deus. Por outro lado, o arrependimento sincero, a convicção e reconhecimento da própria pecaminosidade, ensejam a benção e favor divinos.

Para ensinar esta grande verdade Jesus relatou a seguinte parábola: “Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu e o outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê, propício a mim, pecador ! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado” (Lucas 18:10-14).

De fato, o reconhecimento de nossa premente necessidade, e a contrição do coração, constituem o maior argumento ante o trono do Altíssimo, para conseguir a justificação por meio de Cristo, e por conseguinte, o perdão e a paz.

A Confissão

Jesus disse uma vez aos fariseus: “Os sãos não precisam de médico” (Lucas 5:31). Na realidade, a Bíblia nos ensina que “não há justo, nem seque rum…pois todos pecaram” (Rom 3:10 e 23). Porém lamentavelmente há pessoas que pensam estar sãs, e assim impossibilitam a maravilhosa ação terapêutica de Cristo, o grande Médico do Céu. O melhor remédio nada fará pelo enfermo que não reconheça sua condição e esteja disposto a tomar o medicamento.

A confissão é o segundo passo que o homem dá para alcançar a justificação pela fé. O pecador, arrependido, humilhado e contrito, consciente de seu pecado, apresenta-se diante do Senhor, e exercendo fé no sacrifício de Cristo, confessa suas faltas e perde perdão.

A confissão é o complemento indispensável ao arrependimento, para obter a justificação pela fé. “O que encobre as suas transgressões” – dizem as Escrituras – “jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13).

Sendo assim, como se deve fazer a confissão? Infelizmente, nesta matéria, assim como em várias outras, o cristianismo popular, apartando-se do claro ensinamento da Bíblia e do único método propiciado pelas Escrituras e reconhecido por Deus, incorreu num grave equívoco.

Conforme as Escrituras, o grande Livro de Deus, base única de nossa fé, a confissão auricular é de todo ineficaz e inoperante, e ademais, a experiência dá testemunho de seus graves prejuízos e más consequências.

A Bíblia ensina que a confissão deve ser feita a deus, não a um homem. Lemos: “Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e Tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (Salmo 32:5). Note-se aqui que a confissão é feita “ao Senhor” e não a um ministro.

Como demonstração categórica de que nenhum ministro tem a faculdade de receber confissões e pronunciar a absolvição, e que estas funções pertencem exclusivamente a Deus, vemos o claro ensino do próprio apóstolo São Pedro, que, ao condenar uma vez o delito de simonia, disse ao culpado: “Arrepende-te, pois, da tua maldade, e roga ao Senhor; talvez que te seja perdoado o intento do coração” (Atos 8:22). São Pedro não se arrogava atribuições de perdoar ou absolver a este pecador, e o instruiu para que se arrependesse e elevasse sua confissão diretamente a Deus.

Graças a Deus não necessitamos ir com as intimidades de nossa vida a um ser humano, tão falível quanto nós, mas podemos recorrer diretamente a Cristo, que é nosso Sumo Sacerdote e nosso melhor amigo. O homem perverteu o plano de Deus para obter sua libertação do sentimento de culpa. A confissão auricular e a psicanálise são deformações, substitutos pobres e inoperantes do método bíblico, autorizado pelo Céu, e único sistema eficaz.

À base de todo problema emocional há, em geral, um problema moral. À base de todo conflito há, de ordinário, a transgressão de um princípio moral. E o pecado é eliminado pelo arrependimento e confissão. A psicanálise não cura: só pode aclarar, na melhor das hipóteses, a confusão mental. A confissão auricular não cura a alma. Unicamente o arrependimento e a confissão, nos podem livrar do sentimento de culpa, se praticados conforme indica a Bíblia.

Método para Falar com Deus

O cristão tem o privilégio de falar com Deus como a um amigo e abrir-Lhe plenamente seu coração por meio da oração. A oração é a prece elevada ao Senhor de forma espontânea, e neste sentido diferencia-se fundamentalmente da reza, que é a repetição de uma fórmula escrita por outrem. É o diálogo livre da alma com seu Deus.

Pela oração expressamos louvores e gratidão a nosso pai Celestial, que nos cumula de graça, todos os dias. Em oração levamos a Deus nossas angústias, fardos e aflições, e Lhe apresentamos todos os problemas, pedindo-Lhe Sua graça, direção e ajuda, pois Ele tem uma solução para cada um deles. Pela oração colocamos, todos os dias, nossos planos aos pés de Cristo, para pedir-Lhe que nos guie pelas Suas providências.

Por meio desta conversação íntima com deus confessamo-Lhe de forma específica e detida todos nossos pecados, nossos erros, faltas, imperfeições, e Lhe pedimos perdão conforme a sua promessa. Pois a confissão não deve ser feita de modo ligeiro ou de forma descuidada, mas ser sincera, profunda, específica e mencionar pecados particulares.

É também por meio da oração que pedimos a Deus Seu poder e graça para vencer o pecado e sobrepormo-nos ao mal, para viver uma vida triunfante e feliz sobre a qual a tentação deixe de ter império.

A Benção do Perdão

São João escreveu: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). De sorte que, se nossa contrição é sincera, nosso arrependimento profundo e nossa confissão franca e completa, teremos fé em Cristo como nosso Salvador e abrigaremos a absoluta segurança de que Deus cumprirá Sua promessa; e antes de levantarmos os joelhos, agradeceremos a deus pela benção do perdão.

Saíremos de nossa audiência com deus, realizada na intimidade de nossa câmara secreta, totalmente aliviados, reconfortados e felizes, porque o peso da culpa terá desaparecido para sempre.

“Quanto dista o Oriente do Ocidente” – nos diz a Palavra inspirada – “assim afasta de nós as nossas transgressões” (Salmo 103:12). “Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miquéias 7:19). Graças a Deus por estas categóricas promessas. É realmente admirável o resultado do arrependimento e confissão: como põe em ação o amor e a misericórdia de Deus, e enchem a alma de paz.

Mahatma Gandhi, grande líder da índia, não era cristão, porém cria na paternidade de Deus. Certo dia, quando criança, furtou dinheiro de seu pai e comprou carne. Ao deitar-se naquela noite não tinha paz no coração. Depois de horas de agonia, saltou da cama e , não se animando a falar diretamente com o progenitor, escreveu a confissão.

Foi então à habitação onde este jazia enfermo, e lhe entregou a nota. À medida que este lia a confissão do filho, corriam-lhe profusamente as lágrimas pelas faces. O rosto triste, porém perdoador e cheio de amor daquele pai, nos dá uma imagem exata de nosso Pai celestial, que está desejoso de perdoar nossos pecados, porque nos ama entranhavelmente.

Com razão diz o salmista: “Bendize, ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de Seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida, e te coroa de graça e misericórdia” (Salmo 103:2-4).

Quão desesperadora é a agonia do que não confessa seus pecados, e quão maravilhosos a paz e gôzo do homem que foi perdoado. Na experiência do rei Davi achamos um contraste notável e exemplificador. Vejamos seu estado antes de haver confessado seu pecado: “Enquanto calei” – disse ele “os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus gemidos todo o dia. … E o meu vigor se tornou em sequidão de estio” Achava-se enfermo, com os ossos envelhecidos, gemendo pelo tormento e angústia.

Porém logo se produz uma mudança admirável. Resolve confessar suas culpas. “Confessei-Te o meu pecado” – expressa ao relatar sua história – “e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e Tu perdoaste a iniquidade do meu pecado”.

Quando isto ocorreu, quando, contrito ante Deus, abriu-Lhe o coração e confessou sua maldade, foi alcançado pelas ondas do amor divino, cumpriu-se a promessa do Céu, e se sentiu amplamente perdoado e reabilitado, restituído à harmonia com o Pai celestial.

Depois desta experiência tão reconfortante, expressou Davi a felicidade e paz que o inundavam com estas palavras: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é encoberto.Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade” (Salmo 103:2-4, 32:3-5, 1 e 2).

Naturalmente para que possa ser exercido o perdão misericordioso de Deus em nosso favor, requer-se que, quando tivermos ofendido ao nosso próximo, além da confissão à Deus, confessemos também a nosso semelhante a falta, peçamos perdão e façamos, no possível, a reparação necessária. O apóstolo São Tiago nos instrui neste sentido: “Confessai, pois, os vossos pecados unas aos outros” (Tiago 5:16).

Além disso, é condição básica que nós mesmos estejamos dispostos a perdoar aos que tenham faltado conosco. Na oração magistral do pai Nosso, Cristo nos ensinou a orar desta maneira: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas” – continua dizendo Jesus – “Também vosso pai celeste vos perdoará; se , porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:12, 14 e 15).

Ninguém se desanime pensando que por natureza é rancoroso e portanto não pode perdoara seus semelhantes. Quando Cristo toma posse do coração, transforma sua natureza, e implanta no homem uma nova modalidade de vida, e o que de outra maneira é impossível, se torna perfeitamente natural. O fato é que não podemos receber o perdão de Deus e a paz se abrigarmos ódio e rancor. Muitas das angústias humanas tem sua raíz num espírito degenerado, que não se enterneceu pelo amor de Deus, que conserva sua velha natureza, e , portanto não perdoa nem esquece. Na experiência de tal pessoa não podem existir o gôzo e a felicidade que Cristo lhe quer dar.

Em resumo, pois, uma vez cumpridos estes dois requisitos, o arrependimento e a confissão, e mercê da fé que a pessoa exerce em Cristo, fica perdoada, reconciliada com Deus, justificada, e com direito à vida eterna pelos méritos da vida perfeita e morte expiatória de Jesus. E o coração se enche de paz e contentamento. Realiza-se plenamente, então, a experiência que é mencionada na Epístola aos Romanos: “Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom 5:1).

Um Caminho Sempre Livre

Ocorre sem dúvida às vezes que a pessoa que está atribulada pela convicção de sua culpabilidade, sente-se indigna de ira Deus e de buscar a Cristo para apresentar seu arrependimento na presença do pai e fazer a confissão de suas faltas. A fé nas seguras promessas de Deus deveria vencer este obstáculo, de vez que o Senhor está ansioso por receber-nos tais como somos, perdoando-nos, reabilitando-nos com Sua graça, e desejando recolher-nos nos braços de Seu amor e misericórdia. Por meio de nosso Salvador, o caminho a Deus está sempre livre.

Cristo conhece nossa condição e nos compreende, porque passou por todas as tentações. Portanto está em situação de nos ajudar. “Porque não temos Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas, antes foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:15-16).

Em um dos livros cuja leitura tem feito maior bem neste mundo, depois da Bíblia, Caminho a Cristo, achamos estas palavras, escritas com toda devoção por sua autora, Ellen G.White, pessoa de vida piedosa e de profunda experiência cristã: “Quando virdes vossa pecaminosidade, não espereis até que vos tenhais melhorado. Quantos há que julgam não ser suficientemente bons para ir a Cristo! Tendes esperança de tornar-vos melhor mediante vossos próprios esforços? “Pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal”(Jer 13:23). Só em Deus é que há socorro para nós. Não devemos esperar persuasões mais fortes, melhores oportunidades ou um temperamento mais santo. De nós mesmos nada podemos fazer. Temos de ir a Cristo exatamente como nos achamos” (Caminho a Cristo pág.28).

“Jesus estima que a Ele nos cheguemos tais como somos, pecaminosos, desamparados, dependentes. Podemos ir a Ele com todas as nossas fraquezas, leviandade e pecaminosidade, e rojar-nos arrependidos a Seus pés. É Seu prazer estreitar-nos em Seus braços de amor, atar nossas feridas, purificar-nos de toda a impureza” (Caminho a Cristo, pág 50).

O maravilhoso amor perdoador de Deus nunca desiludirá ao penitente contrito. Pelo contrário, há grande gôzo no Céu por um pecador que se arrepende (Lucas 15:7). Isto é o que se depreende da maravilhosa parábola do filho pródigo, relatada pelo Mestre, cuja primeira parte transcrevemos a seguir:

“Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte que me cabe dos meus bens. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante, e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente…Então caindo em si, disse: quantos trabalhadores de meu pai tem pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o Céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado seu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: trazei depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se” (Lucas 15:11-24).

Quando aquele filho mau compreendeu a condição lastimável na qual se encontrava, arrependeu-se e decidiu levantar-se e ira seu pai para confessar-lhe seus erros e faltas. Porém é maravilhoso o amor daquele pai que corre ao seu encontro, e nem sequer permite que termine seu discurso, mas com abundantes lágrimas de alegria, o estreita carinhosamente ao peito, ordena que lhe troquem os andrajos por um vestido novo, e ordena a preparação de um banquete para festejar o regresso do filho amado. O pai carinhoso é o amante Pai celestial.

Cristo quer aliviar-nos da pesada carga de nossas culpas; anela devolver-nos a paz, gôzo e felicidade. Quer reconciliar-nos plenamente com o Pai. Porém, espera nosso regresso. Como o homem da parábola, todos os dias espreita o horizonte para vislumbrar nossa silhueta. Prometeu perdoar-nos com Sua misericórdia infinita, e encher-nos da doce paz do Céu. Hoje mesmo podemos experimentara benção, a paz do perdão e libertação de todo sentimento de culpa, se nos prostarmos em oração secreta aos pés de Jesus. É maravilhoso aprendera dialogar com Ele, abrir-Lhe nosso coração, contar-lhe nossas lutas, confiar-Lhe nossos problemas, confessar-Lhe nossas faltas e perdir-Lhe perdão, e solicitaro poder do Céu para viver a vida cristã vitoriosa.

A Jesus se conhece, na verdade, de joelhos. Um ministro religioso que estava em visita a Copenhage, Dinamarca, enquanto transitava pelas ruas, chegou à catedral onde está a célebre estátua de Cristo, esculpida por Thordwaldsen. Deteve-se ali para examinar a excelsa beleza daquela peça extraordinária. Sua excelência artística sobrepujava toda descrição.

Porém notou que não podia ver bem o rosto de Cristo, pois Ele se achava inclinado para a terra. Acercou-se mais, e nem assim ainda podia observá-lo. Por fim notou um pequeno genuflexório aos pés daquele Cristo de pedra. Ajoelhou-se com reverência e viu o rosto, e tão só ali pode vê-lo e admirá-lo perfeitamente.

Só de joelhos, no maravilhoso diálogo da oração, se pode conhecera Jesus, nosso melhor amigo. Somente ali se chega a compreender Sua misericórdia e Seu amor perdoador. Só quando o coração está contrito e humilhado aos pés de Jesus, a alma se enche da doce paz do Céu. De Seu amável rosto irradia amor e bondade. Aprenda cada um de nós a manter esta íntima comunhão com Ele, e saia refrigerado com o gôzo e felicidade que este diálogo nos proporciona.

Extraído do Livro “Paz na Angústia”, de Fernando Chaij, CPB-1967.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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