As Coisas Sagradas

Deus fala de diversas maneiras (Hb 1:1). Ele usa sonhos e visões, as Escrituras, a consciência, o pregador e, inclusive, certos objetos e espaços. No caminho de Padã-Arã, Jacó teve uma visão e sentiu que o Senhor estava naquele lugar, que ele considerou ser “a casa de Deus” (Gn 28:17), o que lhe despertou reverência. Mais tarde, ele convocou a família a “purificar-se” para subir àquele lugar, que chamou de “Betel” (Gn 35:2, 3).

Deus falou a Moisés por meio de uma sarça ardente e ordenou que ele tirasse as “sandálias” porque o “lugar” em que pisava era “terra santa” (Êx 3:5). Ao povo de Israel, Deus Se revelava por meio de objetos e cerimônias do santuário. Essas coisas eram consideradas sagradas, pois eram “mediadoras” da revelação de Deus. Os objetos do santuário (altares, mesas, cortinas, vasos, taças, lâmpadas, instrumentos musicais, a própria arca) eram “utensílios sagrados” (1Cr 22:19), expressão que ocorre 87 vezes no Antigo Testamento, principalmente no contexto do santuário.

Para manusear esses objetos, os levitas deviam “santificar-se” (1Cr 15:12; Is 52:11); deviam “lavar os pés e as mãos” a fim de não profanar as coisas sagradas (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 348). A falta de discernimento em ignorar essas coisas decorria da intemperança.

Numa das piores apostasias, o rei Acaz tomou “os utensílios da Casa de Deus” e os profanou (2Cr 28:24). Esses utensílios foram levados para Babilônia (2Cr 36:18; Dn 1:12), e o uso profano que deles fez o rei Belsazar foi motivo de sua condenação (Dn 5:3, 23). Mais tarde, retornaram para o templo, após o cativeiro (Ed 6:5; Ne 13:9).

Os utensílios eram objetos comuns, mas desde sua fabricação eram destinados a propósito santo; por isso, eram considerados sagrados.

Assim como os judeus, os cristãos têm coisas sagradas pelas quais Deus lhes fala. Na verdade, em todas as culturas a religião é uma atividade permeada de símbolos. Os protestantes dão pouca atenção aos símbolos devido à ênfase na presença invisível de Deus. O catolicismo é exaustivo no uso dos símbolos e reverencia as imagens, condenadas pela Bíblia.

Imagens idólatras são representação de Deus e de santos às quais se adora em lugar de Deus. Já as “coisas sagradas” são objetos usados por Deus para Sua revelação. Essas coisas não são santas em si mesmas; a santidade consiste na destinação e no uso delas para a revelação divina.

Existe hoje a tendência de desmistificar ou dessacralizar essas coisas, reduzindo-as ao nível das coisas comuns. “As coisas e lugares sagrados quase já não são discernidos; o que é santo e elevado não é apreciado” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 496).

Ellen G. White diz que “da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cristãos devem aprender como considerar o lugar em que o Senhor deseja Se encontrar com Seu povo”. Por algum motivo, porém, “as coisas sagradas e preciosas, destinadas a ligar-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre a mente e o coração” (Ibid., p. 491).

Ela considera “coisas sagradas” os cânticos de louvor, a oração, a pregação; mas também objetos, espaços e tempo. “Devem existir regulamentos quanto ao tempo, lugar e maneira de adorar. Nada do que é sagrado, nada do que está ligado à adoração a Deus, deve ser tratado com negligência ou indiferença” (Ibid.). O lugar físico de culto, seja um santuário ou uma sombra na floresta, será santificado pela presença de Deus e “será santo ao Senhor dos exércitos” (Ibid., p. 492). Assim, são “sagrados a hora e o lugar das orações e cerimônias do culto público, porque Deus está ali” (Educação, p. 242, 243). A própria Bíblia é santa. “Devemos mostrar respeito para com o volume impresso, nunca fazendo dele usos comuns, nem manuseando-o descuidadamente”(Ibid., p. 244).

Deus nos fala de diferentes formas. Disso decorre o respeito por espaços e coisas como a Bíblia, igreja, púlpito, hinos, pregação, prece, cerimônias. Nenhuma dessas coisas sagradas deve ser considerada comum, pois afinal, Deus as usa para falar a nós.

Como Jacó, devemos nos purificar para ir a “Betel”, onde ouvimos a voz de Deus.

Texto de autoria de Vanderlei Dorneles, editor de livros na Casa Publicadora Brasileira. Publicado na RA de Ago/2011.


Descubra mais sobre Weleson Fernandes

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

Verifique também

Cristo precisa ser o centro da vida do cristão

Há adventistas que falam mais de sábado e Ellen White do que de Cristo. Há …

Como As Crônicas de Nárnia me ensinaram sobre o que é ser cristão

“Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. (Mateus …

Falar com Deus

Quando tudo estiver complicado : Ore Quando tudo estiver maravilhoso: Ore A oração é o …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×

Sejam Bem Vindos!

Sejam bem Vindo ao Portal Weleson Fernandes !  Deixe um recado, assim que possível irei retornar

×