Levi Mateus

Dos funcionários romanos na Palestina, nenhum era mais odiado que o publicano. O fato de serem os impostos ordenados por um poder estrangeiro, era contínuo motivo de irritação para os judeus, lembrança que era da perda de sua independência. E os cobradores de impostos além de instrumentos da opressão romana, eram extorsionários em seu próprio proveito, enriquecendo-se à custa do povo. Um judeu que aceitasse esse ofício das mãos dos romanos era considerado traidor da honra nacional. Desprezado como apóstata, classificavam-no entre os mais vis da sociedade.

A essa classe pertencia Levi Mateus, o qual, depois dos quatro discípulos na praia de Genesaré, foi o seguinte a ser chamado para o serviço de Cristo. Os fariseus haviam julgado Mateus segundo seu emprego, mas Jesus viu nesse homem uma pessoa aberta à recepção da verdade. Mateus escutara os ensinos do Salvador. Ao revelar-lhe o convincente Espírito de Deus sua pecaminosidade, anelou buscar auxílio em Cristo; estava, porém, habituado ao exclusivismo dos rabis, e não tinha nenhuma idéia de que esse grande Mestre houvesse de fazer caso dele.

Um dia, achando-se sentado na alfândega, viu o publicano a Jesus, que Se aproximava. Grande foi sua surpresa ao ouvir as palavras que lhe foram dirigidas: “Segue-Me.” Mateus “deixando tudo, levantou-se e O seguiu” Lucas 5:27, 28. Não houve nenhuma hesitação, nenhuma dúvida, nenhum pensamento para o lucrativo negócio a ser trocado pela pobreza e as privações. Era-lhe suficiente o estar com Jesus, ouvir-Lhe as palavras e a Ele unir-se em Sua obra.

O mesmo se deu com os discípulos anteriormente chamados. Quando Jesus pediu a Pedro e a seus companheiros que O seguissem, eles deixaram imediatamente os barcos e as redes. Alguns desses discípulos tinham queridos cuja manutenção deles dependia; ao receberem, porém, o convite do Salvador, não hesitaram nem inquiriram: “Como hei de viver, e sustentar minha família?” Obedeceram ao chamado; e quando, posteriormente, Jesus lhes perguntou: “Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa?” puderam responder: “Nada” Lucas 22:35.

A Mateus em sua riqueza, como a André e Pedro em sua pobreza, a mesma prova foi apresentada; a mesma consagração foi feita por cada um. No momento do êxito, quando as redes estavam cheias de peixe, e mais fortes eram os impulsos do viver anterior, Jesus pediu aos discípulos junto ao mar que abandonassem tudo pela obra do evangelho. Assim toda pessoa é provada quanto a seu mais forte desejo — se bens temporais, se a companhia de Cristo.

O princípio é sempre de caráter exigente. Homem algum pode ser bem-sucedido no serviço de Deus, a menos que nele ponha inteiro o coração, e considere todas as coisas por perda pela excelência do conhecimento de Cristo. Ninguém que faça qualquer reserva pode ser discípulo de Cristo, e muito menos Seu colaborador. Quando os homens apreciam a grande salvação, o espírito de sacrifício observado na vida de Cristo ver-se-á na sua. Por onde quer que Ele os guie, acompanhá-Lo-ão contentes.

A vocação de Mateus para ser um dos discípulos de Cristo, despertou grande indignação. Que um mestre de religião escolhesse um publicano como um de seus imediatos assistentes, era uma ofensa contra os costumes religiosos, sociais e nacionais. Procurando estimular os preconceitos do povo, os fariseus esperavam voltar a corrente dos sentimentos populares contra Jesus.

Criou-se entre os publicanos amplo interesse. Seu coração foi atraído para o divino Mestre. Na alegria de seu novo discipulado, desejou Mateus levar seus antigos companheiros a Jesus. Fez, portanto, um banquete em sua casa, reunindo os parentes e amigos. Não somente publicanos foram incluídos, mas muitos outros de duvidosa reputação, proscritos por seus mais escrupulosos vizinhos.

A festa foi oferecida em honra de Jesus, e Este não hesitou em aceitar a gentileza. Bem sabia que isso daria motivo de escândalo ao partido dos fariseus, comprometendo-O também aos olhos do povo. Nenhuma questão de política, entretanto, podia influenciar-Lhe os movimentos. Para Ele, as distinções exteriores não tinham valor. O que Lhe falava ao coração era a sede pela água da vida.

Jesus Se sentou como hóspede honrado à mesa dos publicanos, mostrando, por Sua simpatia e amabilidade social, reconhecer a dignidade humana; e os homens anelavam tornar-se dignos de Sua confiança. As palavras de Seus lábios caíam no sedento coração deles com um bendito e vivificante poder. Despertavam-se novos impulsos, e a esses excluídos da sociedade abriu-se a possibilidade de uma nova vida.

Em reuniões como essa, não poucos foram impressionados pelos ensinos do Salvador, os quais não O reconheceram senão depois de Sua ascensão. Quando o Espírito Santo foi derramado, e três mil se converteram num dia, houve entre eles muitos que tinham ouvido primeiramente a verdade à mesa dos publicanos, e alguns desses se tornaram mensageiros do evangelho. Ao próprio Mateus, o exemplo de Jesus na festa era uma lição constante. O desprezado publicano, tornou-se um dos mais devotados evangelistas, seguindo, em seu ministério, bem de perto, os passos do Mestre.

Quando os rabis ouviram falar da presença de Jesus na festa de Mateus, apoderaram-se da oportunidade de O acusar. Procuraram, porém, operar por intermédio dos discípulos. Buscando despertar-lhes os preconceitos, esperavam separá-los do Mestre. Era sua política, acusar Cristo perante os discípulos, e estes perante Cristo, alvejando onde lhes parecia mais fácil ferir. Tem sido essa a maneira por que Satanás tem operado sempre, desde a desarmonia no Céu; e todos quantos procuram causar discórdia e separação são atuados por seu espírito.

“Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” indagaram os invejosos rabis Mateus 9:11. Jesus não esperou que os discípulos respondessem à acusação, mas replicou Ele próprio: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque Eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” Mateus 9:12, 13. Os fariseus pretendiam ser espiritualmente sãos e portanto, não necessitados de médico, ao passo que consideravam os publicanos e gentios como perecendo das moléstias espirituais. Não era, pois, Sua obra, como médico, procurar a própria classe que Lhe necessitava o auxílio?

Conquanto os fariseus presumissem tanto de si, encontravam-se na verdade em piores condições que aqueles a quem desprezavam. Os publicanos eram menos hipócritas e presunçosos, estando assim mais aptos a receber a influência da verdade. Jesus disse aos rabis: “Ide, […] e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício” Mateus 9:13. Mostrou assim que, ao passo que pretendiam ser expositores da Palavra de Deus, lhe ignoravam por completo o espírito.

Os fariseus calaram-se por algum tempo, mas apenas se tornaram mais decididos em sua inimizade. Procuraram em seguida os discípulos de João Batista, e buscaram pô-los contra o Salvador. Esses fariseus não haviam aceito a missão do Batista. Apontaram-lhe escarnecedoramente à vida de abstinência, aos hábitos simples, à vestimenta ordinária, e o declararam fanático. Como lhes denunciasse a hipocrisia, resistiram-lhe às palavras, e procuraram suscitar o povo contra ele. O Espírito de Deus movera o coração desses escarnecedores, convencendo-os do pecado; mas rejeitaram o conselho de Deus, e declararam que João estava possesso do diabo.

Ora, quando Jesus veio, misturando-Se com o povo, comendo e bebendo à mesa deles, acusaram-nO de comilão e beberrão. Os próprios que faziam essas acusações, eram culpados. Como Deus é mal representado, e revestido por Satanás de seus próprios atributos, assim os mensageiros do Senhor eram desfigurados por esses homens maldosos.

Os fariseus não consideravam que Jesus comia e bebia com os publicanos e pecadores, a fim de levar a luz do Céu aos que se sentavam em trevas. Não queriam ver que toda palavra proferida pelo divino Mestre era uma semente viva que germinaria e daria fruto para a glória de Deus. Estavam decididos a não aceitar a luz; e, conquanto se houvessem oposto à missão do Batista, prontificavam-se agora a cortejar a amizade dos discípulos, esperando ganhar-lhes a cooperação contra Jesus. Faziam parecer que Ele estava anulando as antigas tradições; e comparavam a austera piedade do Batista com a maneira de Jesus em banquetear-Se com publicanos e pecadores.

Os discípulos de João achavam-se por essa época em grande aflição. Foi antes de sua visita a Jesus, com a mensagem de João. Seu amado mestre encontrava-se no cárcere, e eles passavam os dias em tristeza. E Jesus não estava fazendo nenhum esforço para libertar João, e parecia mesmo lançar descrédito sobre seus ensinos. Se João fora enviado por Deus por que seguiam Jesus e os discípulos caminho tão diverso? Os discípulos de João não tinham clara compreensão da obra de Cristo; pensaram que talvez houvesse algum fundamento para as acusações dos fariseus. Observavam muitas das regras prescritas pelos rabis, e esperavam mesmo ser justificados pelas obras da lei. O jejum era observado pelos judeus como ato meritório, e os mais rígidos dentre eles jejuavam duas vezes por semana. Os fariseus e os discípulos de João estavam jejuando, quando os últimos foram ter com Jesus, com a interrogação: “Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os Teus discípulos não jejuam?” Mateus 9:14.

Muito ternamente lhes respondeu Jesus. Não procurou corrigir-lhes a errônea concepção acerca do jejum, mas apenas fazê-los ver com justeza Sua missão. E fê-lo empregando a mesma imagem de que se servira o próprio Batista em seu testemunho de Jesus. João dissera: “Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim pois já este meu gozo está cumprido” João 3:29. Os discípulos de João não podiam deixar de recordar essas palavras do mestre, quando, tomando a ilustração, Jesus disse: “Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo?” Marcos 2:18.

O Príncipe do Céu estava entre Seu povo. O maior dom de Deus fora concedido ao mundo. Regozijo para os pobres; pois Cristo viera torná-los herdeiros de Seu reino. Regozijo para os ricos; pois lhes ensinaria a obter as riquezas eternas. Regozijo aos ignorantes; torná-los-ia sábios para a salvação. Regozijo aos instruídos; desvendar-lhes-ia mistérios mais profundos do que os que já haviam penetrado; verdades ocultas desde a fundação do mundo seriam reveladas aos homens, mediante a missão do Salvador.

João Batista rejubilara ao ver o Salvador. Que ocasião de regozijo não tinham os discípulos, a quem cabia o privilégio de andar e falar com a Majestade do Céu! Não era esse o tempo de lamentarem e jejuarem. Deviam abrir o coração para receber a luz de Sua glória, para que, por sua vez, projetassem a luz sobre os que estavam sentados nas trevas e sombras da morte.

Belo era o quadro que evocavam as palavras de Cristo; sobre ele, no entanto, pairava pesada sombra, que unicamente Seus olhos distinguiam. “Dias, porém, virão”, disse Ele, “em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão” Mateus 9:15. Quando vissem seu Senhor traído e crucificado, os discípulos se afligiriam e jejuariam. Nas últimas palavras que lhes dirigia no cenáculo, dissera: “Um pouco e não Me vereis; e outra vez um pouco, e ver-Me-eis.” “Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria” João 16:19, 20.

Quando Ele ressurgisse do sepulcro, a tristeza deles se converteria em alegria. Depois de Sua ascensão devia estar pessoalmente ausente; mas por meio do Consolador, achar-Se-ia ainda com eles, e não deviam passar o tempo em lamentações. Isso era o que Satanás queria. Desejava que dessem ao mundo a impressão de haver sido iludidos e decepcionados; mas deviam, pela fé, contemplar o santuário em cima, onde Jesus estava ministrando em favor deles; deviam abrir o coração ao Espírito Santo, Seu representante, e regozijar-se na luz de Sua presença. Todavia, sobreviriam dias de tentação e prova, em que seriam postos em conflito com as autoridades do mundo, e os chefes do reino das trevas; quando Cristo não estivesse pessoalmente com eles, e deixassem de perceber o Consolador, então seria mais próprio jejuarem.

Os fariseus procuravam exaltar-se pela rigorosa observância de formas, ao passo que tinham o coração cheio de inveja e contenda. “Eis”, diz a Escritura, “que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao Senhor?” Isaías 58:4, 5.

O verdadeiro jejum não é um serviço meramente formal. A Escritura descreve o jejum preferido por Deus: “que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo […] que deixes livres os quebrantados [ou oprimidos] e despedaces todo o jugo […]” “abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita” Isaías 58:6, 10. Aí se expõe o próprio espírito e caráter da obra de Cristo. Toda a Sua vida foi um sacrifício pela salvação do mundo. Quer jejuando no deserto da tentação, quer comendo com os publicanos no banquete de Mateus, estava dando a vida pela redenção dos perdidos. Não em ociosas lamentações, em simples humilhação do corpo e multidão de sacrifícios, está o verdadeiro espírito de devoção, mas revela-se na entrega do próprio eu em voluntário serviço para Deus e o homem.

Continuando Sua resposta aos discípulos de João, Jesus disse uma parábola: “Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho, pois que romperá o novo e o remendo não condiz com o velho” Lucas 5:36. A mensagem do Batista não devia ser entremeada com a tradição e a superstição. Uma tentativa de misturar as pretensões dos fariseus com a devoção de João, só tornaria mais evidente a rotura em ambas.

Nem podiam os princípios do ensino de Cristo ser unidos com as formas do farisaísmo. Cristo não cobriria a rotura feita pelos ensinos de João. Tornaria mais distinta a separação ente o velho e o novo. Jesus ilustrou posteriormente este fato, dizendo: “Ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão” Lucas 5:37. Os odres de couro usados como vasos para guardar o vinho novo, ficavam depois de algum tempo secos e quebradiços, fazendo-se então imprestáveis para tornar a servir ao mesmo fim. Por meio dessa ilustração familiar, Jesus apresentou a condição dos guias judaicos. Sacerdotes, escribas e principais se haviam fixado numa rotina de cerimônias e tradições. Contraíra-se-lhes o coração como os odres de couro a que Ele os comparara. Ao passo que se satisfaziam com uma religião legal, era-lhes impossível tornar-se depositários das vivas verdades do Céu. Julgavam a própria justiça como suficiente, e não desejavam que um novo elemento fosse introduzido em sua religião. Não aceitavam a boa vontade de Deus para com os homens como qualquer coisa à parte deles próprios. Relacionavam-na com méritos que possuíam por causa de suas boas obras. A fé que opera por amor e purifica a alma, não podia encontrar união com a religião dos fariseus, feita de cerimônias e injunções de homens. O esforço de ligar os ensinos de Jesus com a religião estabelecida, seria em vão. A verdade vital de Deus, qual vinho em fermentação, estragaria os velhos, apodrecidos odres das tradições farisaicas.

Os fariseus julgavam-se demasiado sábios para necessitar instruções, demasiado justos para precisar salvação, muito altamente honrados para carecer da honra que de Cristo vem. O Salvador deles Se desviou em busca de outros que recebessem a mensagem do Céu. Nos ignorantes pescadores, no publicano na alfândega, na mulher de Samaria, no povo comum que O escutava de boa vontade, encontrou Ele Seus novos odres para o vinho novo. Os instrumentos a serem usados na obra evangélica, são as pessoas que recebem com alegria a luz a elas enviada por Deus. São esses Seus instrumentos para a comunicação do conhecimento da verdade ao mundo. Se, mediante a graça de Cristo, Seu povo se torna odres novos, Ele os encherá de vinho novo.

O ensino de Cristo, conquanto representado pelo vinho novo, não era uma nova doutrina, mas a revelação daquilo que fora ensinado desde o princípio. Mas para os fariseus a verdade perdera sua original significação e beleza. Para eles, os ensinos de Cristo eram, em quase todos os aspectos, novos; e não eram reconhecidos nem confessados.

Jesus mostrou o poder dos falsos ensinos para destruir a capacidade de apreciar e desejar a verdade. “Ninguém”, disse Ele, “tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho” Lucas 5:39. Toda a verdade dada ao mundo por meio de patriarcas e profetas, resplandeceu com nova beleza nas palavras de Cristo. Mas os escribas e fariseus não tinham nenhum desejo quanto ao precioso vinho novo. Enquanto não se esvaziassem das velhas tradições, costumes e práticas, não tinham, na mente e no coração, lugar para os ensinos de Cristo. Apegavam-se às formas mortas, e desviavam-se da verdade viva e do poder de Deus.

Foi isso que se demonstrou a ruína dos judeus, e será a de muitas pessoas em nossos próprios dias. Há milhares a cometer o mesmo erro dos fariseus a quem Cristo reprovou no banquete de Mateus. Em lugar de abandonar certa idéia nutrida, ou rejeitar algum ídolo de opinião, muitos recusam a verdade descida do Pai da luz. Confiam em si mesmos, e dependem da própria sabedoria, e não compreendem sua pobreza espiritual. Insistem em ser salvos por alguma maneira em que realizem alguma obra importante. Quando vêem que não há nenhum modo de introduzirem o eu na obra, rejeitam a salvação provida.

Uma religião legal nunca poderá conduzir pessoas a Cristo; pois é destituída de amor e de Cristo. Jejuar ou orar quando imbuídos de um espírito de justificação própria, é uma abominação aos olhos de Deus. A solene assembléia para o culto, a rotina das cerimônias religiosas, a humilhação externa, o sacrifício imposto, mostram que o que pratica essas coisas se considera justo, e com títulos ao Céu, mas tudo é engano. Nossas próprias obras jamais poderão comprar a salvação.

Como foi nos dias de Cristo, assim se dá agora; os fariseus não conhecem sua necessidade espiritual. A eles se dirige a mensagem: “como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego e nu; aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestidos brancos para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez” Apocalipse 3:17, 18. Fé e amor são o ouro provado no fogo. Mas no caso de muitos se obscureceu o brilho do ouro, e perdeu-se o tesouro precioso. A justiça de Cristo é para eles um vestido sem uso, uma fonte intata. A esses é dito: “Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te pois de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti verei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” Apocalipse 2:4, 5.

“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” Salmos 51:17. O homem se deve esvaziar do próprio eu, antes de ser, no mais amplo sentido, um crente em Jesus. Quando se renuncia ao eu, então o Senhor pode tornar o homem uma nova criatura. Novos odres podem conter o vinho novo. O amor de Cristo há de animar o crente de uma vida nova. Naquele que contempla o autor e consumador de nossa fé, o caráter de Cristo se há de manifestar.

Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, Capítulo 28.

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Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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