O Espírito Santo e o Pecado Imperdoável

Deus não só nos tirou toda a desculpa para continuar no pecado, depois de o termos reconhecido como tal, como há grande perigo em assim proceder. Esse hábito de pecar e arrepender-se, de adiantar-se e apostasiar, envolve o cometimento do pecado imperdoável.

O apóstolo, depois de haver advertido aos hebreus que ainda necessitavam que se lhes ensinasse os primeiros rudimentos da experiência cristã, quando, visto o tempo que professavam a Cristo, deviam já ser mestres dos outros, os incita a caminhar para a perfeição. O motivo para esta séria exortação, ele lhes dá nas seguintes palavras: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, se vierem a recair, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a benção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada e perto está da maldição; cujo fim é ser queimada.” Heb. 6:4-8.

Deus não rejeita arbitrariamente uma alma. Quando a chuva muitas vezes repetida de sua graça não produz fruto permanente, mas em lugar do fruto se apresentam unicamente espinhos e abrolhos, então nada mais resta senão a rejeição e a destruição pelo fogo. Caro leitor, já tendes sido iluminado quanto aos vossos pecados em que ainda viveis? Tendes já provado a palavra de Deus e sua virtude purificadora? Conheceis o modo de se conseguir a vitória pela fé na sua promessa? Tendes já alguma vez experimentado essa vitória? Então há grande risco para vós em voltar a produzir espinhos e abrolhos. Se produzirmos espinhos, conhecendo que são espinhos e não ignorando o meio da graça divina que nos torna capazes de produzir os frutos do Espírito, que recurso ainda resta a Deus senão o da rejeição e da destruição pelo fogo? Tudo que Ele tem para nos fazer frutificar são as chuvas de sua graça e virtude, mas que será, se, depois destas “muitas vezes terem vindo sobre nós” o resultado só for espinhos e abrolhos? O caso se resume numa única sentença: avançar para a frente ou perecer: a apostasia deve ter um termo, o pecado cessar. Contudo há ainda esperança para aqueles que, visto o tempo que professam a Cristo, já deviam ser mestres, mas ainda necessitam que se lhes ensine os princípios da experiência cristã.

Foi a esta mesma classe de apostasiados que a palavra foi dirigida com o fim de incitá-los a “avançar para a perfeição.” Ela dá esperança para aqueles que estão tão “perto” de cometer o pecado imperdoável. “Porém, ó amados”, continua o apóstolo, “de vós esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação (frutos do Espírito), ainda que assim falamos.” V.9

O pecado contra o Espírito Santo não consiste nalgum pecado tão torpe que Deus não possa perdoar; “porque todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens.” Mas se nós continuarmos a negligenciar o nosso dever, se sufocarmos a convicção que o Espírito Santo opera em nós, recusando renunciar pecados que Ele nos tem revelado, os nossos corações se endurecem e podemos atingir a uma condição em que será impossível “renovar-nos para arrependimento;” colocamo-nos a nós mesmos fora do alcance do Espírito de Deus, a única coisa que nos pode convencer de pecados e mudar o Ímpio e enganoso coração do homem. Nenhum coração é mais endurecido que aquele que despreza o convite da graça e se obstina contra o Espírito de Deus. O pecado mais comum contra o Espírito Santo é a negligência persistente do seu convite para o arrependimento. Foi assim que os judeus pecaram contra o Espírito Santo. Cada passo para a frente na rejeição de Cristo é um passo dado no sentido da rejeição da salvação, um passo para o pecado imperdoável. Rejeitando a Cristo, o povo judeu cometeu esse pecado, e pela negligência ou desprezo do convite da graça incorremos nele também.”

Amados, avancemos para a frente, caminhemos para a perfeição! Temos de avançar ou perecer. Mas como avançar? Se não estais avançando é porque tendes chegado a uma prova em vossa vida diante da qual estacastes, em vez de vencê-la pela fé na promessa de Deus. A sua promessa é esta: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele (Deus) é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e purificar-nos de toda a injustiça.” (1 João 1:9).

Qual foi essa prova diante da qual tendes recuado? Qual é esse pecado que tendes deixado de tirar do meio pela fé na graça de Deus? Ou se é mais de um, quais são esses pecados? Confessai-os a Deus e crêde que ao mesmo tempo que Ele os perdoa, também Ele vos purifica dos mesmos. Se são pecados que tendes cometido uns contra outros, “confessai vossas culpas uns aos outros, para que sareis.” Fazei-o agora mesmo. Se são culpas que se entendem com pessoas que não podeis atingir pessoalmente, escrevei-lhes a vossa confissão. Fazei-o já. Satanás vos diz: “Deixai-o para amanhã,” o Espírito de Deus vos exorta: “Fazei-o hoje mesmo.” Tendo confessado as vossas culpas, impetrai o perdão de Deus. Tendes a promessa dEle de que, isto feito, Ele vos perdoa. Mas com o perdão e a purificação desses vossos pecados suplicai-Lhe também a virtude para no futuro vencer tais tentações. “Pedi e recebereis.” “Esta é a Vitória que venceu o mundo, a nossa fé.” “Qualquer coisa que pedirdes, orando, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.” Será assim se o crerdes. Não espereis sentir que estais perdoado e purificado; mas dizei; “Eu creio, não porque o sinto, mas porque Deus o prometeu. Tendo feito isto, dai testemunho do fato. Se crerdes que estais perdoado e purificado desses pecados, Deus o tornará um fato e estais salvo. Assim procedei com todo o pecado de que fordes convencido pelo Espírito Santo e avançareis para a perfeição, fugindo do risco de cometer o pecado imperdoável.

Artigo publicado na Revista Adventista de Março de 1908.

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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