“Voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também.”
Segundo pesquisa feita pelo pastor John N. Loughborough, a Bíblia contém nada menos que 3.573 promessas (Preparai o Caminho, MM 1972, p. 188). Desde Gênesis 3:15, elas se difundem pelas páginas sagradas incutindo fé, segurança e fortalecimento. As promessas de Deus nos asseguram crescimento na graça (2Pe 1:4-7) e nos estimulam à purificação “de toda impureza” aperfeiçoando nossa santidade no temor de Deus (2Co 7:1). São cumpridas em razão de Seu caráter – Ele não mente (Nm 21:19), e do plano de redenção cumprido em Cristo (2Co 1:20).
Devemos confiar em Suas promessas e sentir a virtude encorajadora que elas encerram. Quem já não se viu fortalecido com a promessa do Salmo 91:15: “na sua angústia Eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei”?
As promessas de Deus são fruto do Seu amor. Por isso, elas se tornam fonte de esperança. A maior esperança decorre da maior promessa, a qual se liga ao plano redentor de Deus, se levamos em conta que não há algo mais importante do que nossa salvação.
Caminhamos para o momento em que esse plano alcançará plena e definitiva aplicação na experiência de quantos tenham Jesus como Salvador e Senhor. Isso se dará com Sua segunda vinda à Terra. A maior de todas as promessas foi feita pelo próprio Senhor pouco antes de Ele retornar ao Céu: “voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também” (Jo 14:3). Como disse Paulo, essa é nossa “bendita esperança” (Tt 2:13).
A ênfase da Bíblia sobre a vinda de Jesus é incontestável. São cerca de 2.500 referências. No Novo Testamento, ela é mencionada em média a cada 20 versos. Nunca o Senhor prometeu tanto, nunca Ele cumprirá tanto. Ela tem o aval de Deus, pois Este seria incapaz de insistir num fato que poderia ocorrer ou não. Jesus voltará! Temos a palavra divina empenhada.
Tanta ênfase é porque a vinda de Jesus iniciará a última fase do processo que resulta na erradicação definitiva do pecado. A História chegará ao fim com a restauração plena de todas as coisas. A vinda de Cristo marca esse momento longamente esperado, para o qual as profecias apontam.
Entre todas as esperanças, a vinda de Jesus é a maior. No dia em que Ele Se manifestar, todo membro da família de Deus na Terra se unirá à família de Deus no Céu. Então, “estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4:17).
Falta pouco
Para nossa alegria, constatamos que não está longe o dia em que essa esperança será concretizada; o cumprimento das profecias não deixa dúvida sobre isso. Jesus afirmou: “quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mt 24:33). “Estas coisas” são os eventos mencionados em Seu discurso escatológico (Mt 24, 25; Mc 13; Lucas 21), indicadores da proximidade do fim. Entre elas estão: angústia entre as nações, homens desmaiando de terror, guerras, fome, pestes, terremotos, surgimento de falsos profetas e falsos cristos operando prodígios, multiplicação da iniquidade e pregação do evangelho a todo o mundo.
Paulo afirmou que os últimos dias seriam tempos difíceis (2Tm 3:1-5), nos quais se vive o apogeu do desregramento moral, da violência, idolatria, aparência de piedade, opressão, corrupção e do desrespeito aos princípios mais elementares de justiça.
Tiago se refere ao conflito entre capital e trabalho “nos últimos dias”, resultando em arrocho salarial por um lado e, por outro, em fortunas acumuladas (Tg 5:1-6). Quem poderia negar o desequilíbrio econômico no mundo, tanto em termos de indivíduos como de nações? Vultosas somas estão nas mãos de poucos, enquanto muitos passam fome.
A isso se somam as advertências dos cientistas quanto aos perigos da poluição atmosférica, do efeito estufa, destruição da camada de ozônio, redução das reservas de água potável no mundo, e de outros males provenientes dos atentados ecológicos tão comuns hoje; além de outras questões, como explosão demográfica, avanço da Aids e o espectro da fome. Que mais queremos ver que nos convença de que o fim está próximo?
Como será
Segundo Hebreus 9:28, Jesus voltará “sem pecado”, ou seja, não voltará com a missão de morrer por pecadores. O propósito da segunda vinda é outro. Quando Ele voltar, não mais estará sujeito às consequências do pecado, como em Sua primeira vinda. Quando andou na Terra, sentia, como qualquer mortal, fome, sede, fadiga, frio, calor, tristeza, angústia, dor, e foi tentado.
Na primeira vinda, Sua condição de humilhação foi tal, principalmente na hora de Seu sacrifício, que “não tinha aparência nem formosura; olhamo-Lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dEle não fizemos caso” (Is
53:2, 3). Porém, ao voltar, virá em glória e “para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram” (2Ts 1:10). Voltará “na Sua glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9:26). Será um quadro além do que se pode descrever!
Na ascensão, anjos de Deus reafirmaram a promessa de Sua volta e deram um lampejo de como ela será (At 1:11). Tendo sido literal Sua ascensão, assim será Sua volta. Não será simbólica, como alguns imaginam que a segunda vinda se dá quando a pessoa morre, ou quando se converte. A ascensão foi corporal, Sua vinda será corporal. Ele não virá como espírito desencarnado, pois na ressurreição Seu corpo tornou a viver (Lc 24:36-43; At 1:3, 4). Jesus também não voltará secreta ou invisivelmente, porque assim não foi Sua ascensão. Os discípulos O viram subir. “Eis que vem com as nuvens, e todo olho O verá” (Ap 1:7; ver Mt 24:30).
Jesus previu que alguns afirmariam que Sua vinda seria invisível, e nos advertiu: “Se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-Lo ali! Não acrediteis… Portanto, se vos disserem: Eis que Ele está no deserto!, não saiais. Ou: Ei-Lo no interior da casa!, não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do homem” (Mt 24:23-27). A figura do relâmpago ilustra a visibilidade da Sua vinda. Ele disse que o relâmpago “se mostra”. Não é necessário que alguém venha contar que Cristo já voltou, pois Sua segunda vinda será testemunhada por todos.
Por que voltará
Jesus voltará para buscar Seus filhos e conduzi-los ao lar que lhes está preparando. Porém, esse é apenas um lado da moeda. A Bíblia informa que os desobedientes e ímpios serão destruídos pela presença do Senhor (1Ts 5:3; 2Ts 1:8, 9; 2:8). O segundo desses textos afirma que Jesus virá “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Esses sofrerão penalidade de eterna destruição…”
Haverá então dois grupos de salvos. Os que se acham nas sepulturas e os vivos. Os primeiros ressuscitarão incorruptíveis. Os outros serão transformados num piscar de olhos, adquirindo o mesmo estado dos que ressuscitaram: corpo jovem perfeito, sadio e imortal (1Co 15:51-53). Então, os dois grupos de juntarão numa inumerável multidão que será arrebatada “para o encontro com o Senhor nos ares” (1Ts 4:17).
Hoje, fala-se muito no arrebatamento secreto. Entretanto, não há uma única passagem bíblica que ao menos sugira esse tipo de arrebatamento da igreja, anos antes da segunda vinda de Jesus; nem noutra ocasião qualquer. O único arrebatamento dos crentes é o descrito em 1 Tessalonicenses 4:16, 17, que não é secreto. Esse texto fala de alarido, voz de arcanjo, sonido de trombetas, mortos ressuscitando, salvos ascendendo ao Céu entre nuvens de glória.
O texto deixa transparecer que o arrebatamento visível dos crentes ocorrerá no dia da manifestação gloriosa de Jesus em Sua segunda vinda; não antes. Ele não pode ser um sinal da proximidade da vinda de Jesus; é um evento a ocorrer por ocasião dela. A Bíblia desconhece qualquer dicotomia entre uma coisa e outra. Os acontecimentos são simultâneos. Aquele que, fundamentado na teoria do arrebatamento secreto da igreja, decide aguardar esse evento, para somente então se preparar para a vinda de Jesus, na esperança de que, depois, ainda haverá sete anos até que Ele venha (de acordo com essa teoria), não se preparará nunca, porque esse tipo de arrebatamento jamais ocorrerá.
Prontidão e vigilância
Viver sob a motivação da vinda de Jesus é ter a vida inteiramente dedicada a Ele, e todos os interesses voltados para o alto (Cl 3:1, 2). É manter a consciência atenta para os solenes acontecimentos que ora se processam e que logo culminarão com o aparecimento do Rei da glória.
Vivemos o tempo áureo tanto do cumprimento profético como da especulação profética. Isso nos deve manter duplamente prevenidos: enquanto devotamos total atenção à maneira pela qual Deus está conduzindo a História e cumprindo cada lance de Seu propósito salvador, cumpre-nos estar alertas contra ensinos
distorcidos e que nos desviarão do caminho por Ele proposto.
Diante dos eventos finais hoje em andamento, Jesus nos desafia com a necessidade de nos mantermos sóbrios, de vigiar e orar (Lc 21:34, 36). Sua vinda a este mundo será a culminação da História e a concretização de todos os sonhos e esperanças. Cumpre-nos estar prontos, hoje, para que quando Ele Se manifestar, sejamos por Ele recebidos e com Ele desfrutemos a eternidade.
José Carlos Ramos – Professor de Teologia, jubilado, reside em Engenheiro Coelho, SP. Texto publicado na Revista Ministério Jan/Fev/2012.