Resgatar laços com judeus e a fé judaica: fogo estranho?

Recentemente postei um texto intitulado “Voltando para casa”. No artigo eu cito uma série de profecias bíblicas a respeito de um poder que (1) se colocaria no lugar do povo de Deus; (2) mudaria os tempos e a Lei; (3) buscaria exercer a autoridade do próprio Yahweh. Uma análise atenta dessas profecias e a comparação delas com os eventos históricos revelam que tal poder é Roma, tanto em sua fase pagã, quanto em sua fase cristã. Essa tem sido a interpretação adventista desde sempre.

Entretanto, uma vez que eu coloquei Roma como sendo uma contrafação de Israel e afirmei, simbolicamente, que devemos voltar para Jerusalém (nossa casa), dois irmãos adventistas que vez ou outra comentam na página fizeram uma crítica. Na concepção deles, minha abordagem é estranha à teologia oficial adventista – um “fogo estranho”, para usar as suas palavras. Um dos irmãos foi até irônico. Afirmou:

“Daí haverá a reconstrução de Jerusalém, o anticristo comandará a terra de la, depois o arrebatamento secreto, 7 anos para os que ficaram se arrepender, daí a terceira vinda de Jesus é, fim. Adoro esse enredo. Parece livro e filme.. Não, pera..

Kkkkkkk

É engraçado como o acréscimo e enfoque no termo judaico cristão invade estudos bíblicos básicos da igreja adventista. Um flerte estranho. Tem fogo estranho nessa nova onda”.

O comentário do irmão faz alusão a crenças de origem dispensacionalistas, como as que influenciaram o enredo da série de livros de ficção evangélica “Deixados para Trás”, de Tim LaHayen e Jerry B. Jenkins. O dispensacionalismo é uma vertente teológica da escatologia cristã formulada por John Nelson Darby, no século XIX. A vertente se caracteriza por dividir a história da salvação em dispensações, onde Deus agiria de modo distinto em cada uma delas.

Um dos pontos fundamentais do dispensacionalismo é sua interpretação majoritariamente futurista das profecias da Daniel e Apocalipse. Em outras palavras, para dispensacionalistas a maior parte das profecias contidas nos dois livros ainda está para se cumprir e ocorrerão nos últimos anos desse mundo. Isso quebra radicalmente com a linha de interpretação historicista, que era defendida pelos primeiros protestantes e que vem sendo sustentada pelos adventistas até hoje. Na interpretação historicista, a maior parte das profecias vem sendo cumpridas gradualmente ao longo da história.

Dentro do futurismo da vertente dispensacionalista, o poder do qual as profecias dizem que se levantaria arrogantemente não é identificado como Roma, mas como um homem, um indivíduo. Trata-se do “Anticristo”, que ainda virá. Nesse esquema de coisas, Israel tem papel fundamental, pois o futurismo desloca a profecia das setenta semanas (Dn 9) para o fim do mundo e entende que Jesus só voltará após a reconstrução do templo. Em suma, na escatologia dispensacionalista o templo físico onde era vigente o sistema levítico ainda tem grande importância para o mundo cristão.

No mesmo período da futura reconstrução, a vertente dispensacionalista entende o Anticristo dominará o mundo por sete anos. A perseguição dos cristãos ocorrerá no meio desse período, momento em que os crentes mais fieis serão arrebatados para o céu, enquanto os cristãos mais falhos permanecerão na terra sofrendo pelo restante dos três anos e meio. O retorno de Jesus, dentro dessa visão, inaugura um milênio aqui na terra.

Há outros detalhes sobre o dispensacionalismo e também subvertentes. Mas com esta muito breve descrição já é possível tecer alguns comentários sobre a crítica do irmão que fez alusão a esse sistema.

Comentário 1: Em primeiro lugar, trata-se de um enorme despropósito sugerir que estou flertando com o dispensacionalismo apenas porque afirmei que, simbolicamente, devemos voltar para Jerusalém. Ora, em nenhum momento eu sustentei uma interpretação futurista. Em todo o texto, fui estritamente historicista, identificando claramente o poder soberbo das profecias como Roma (como tem sido feito pela IASD desde sempre). Não defendi que a possível construção do terceiro templo em Jerusalém é profética e condição para Cristo voltar. Não defendi que a Jerusalém física tem importância escatológica. Não sustentei (como alguns dispensacionalistas fazem) que os judeus podem ser salvos sem Cristo porque possuem uma aliança com Deus. Não defendi um arrebatamento secreto, nem sete anos de domínio do “Anticristo”, nem um milênio aqui na terra. Esses são pontos cruciais na doutrina dispensacionalista e eu não apoiei nenhum deles.

Comentário 2: Em segundo lugar, o irmão me parece ter alguma dificuldade de entender linguagem figurada. Não faz mal, eu posso ajudar. Quando os protestantes comemoraram 500 anos de Reforma, em 2017, católicos romanos criaram uma campanha intitulada “Voltem para casa”. A “casa” em questão é Roma. Não Roma no sentido literal, mas Roma como uma metáfora para “todo o conjunto de doutrinas e crenças católicas romanas”. O reverendo Augustos Nicodemus, na ocasião, fez um texto dizendo que os protestantes voltaram para casa há 500 anos e que eram os católicos que precisavam retornar. Claramente, “casa” é uma metáfora para os ensinos bíblicos. O que eu fiz foi entrar na brincadeira. Conclamei todos os cristãos, protestantes e católicos, a voltarem para a casa verdadeira, Jerusalém. Essa Jerusalém, obviamente, também uma metáfora para ensinos bíblicos, mas incluindo doutrinas que os protestantes no geral ainda não aceitaram, como o sábado, a distinção entre alimentos, a mortalidade da alma, etc.

Como é fácil notar, todo esse conjunto de doutrinas aponta para as raízes judaicas do evangelho. Tentar negar isso é se afogar no antissemitismo histórico promovido pela Igreja romana desde os primeiros séculos. Jesus era judeu. Os discípulos eram judeus. A primeira Igreja era judaica. O Deus pregado era Yahweh, Deus crido pelos judeus. As Escrituras eram judaicas. Os primeiros locais de reunião (Sinagogas) eram judaicos. O dia de guarda e principal dia de culto era Sábado. O primeiro concílio da Igreja foi em Jerusalém. Quando, portanto, o sábado, os alimentos kosher e outros pontos bíblicos são negados, o que está sendo feito é uma negação das raízes judaicas. Em lugar delas, os cristãos ao longo da história passaram a guardar o domingo, crer em almas imortais e inferno eterno, purgatório, veneração de santos, Papa, etc. Simbolicamente, trocamos Jerusalém por Roma.

Isso é tão óbvio que um adventista não deveria achar “fogo estranho” um texto que fala sobre o retorno às raízes judaicas. Retornar às raízes judaicas é simplesmente retornar à Bíblia. Se o referido irmão guarda o sábado, por exemplo, já está conectado a um elemento presente na fé dos judeus. Quem é conhecido por guardar o sábado? Não são os judeus? E quem era conhecido por guardar o sábado na época de Jesus? Não eram os judeus? A Bíblia Sagrada não foi produzida por judeus/hebreus? Então, por qual razão seria “fogo estranho” reconhecer isso?

Fogo estranho é, na verdade, o conjunto de doutrinas e crenças antibíblicas criadas e/ou mantidas pela Igreja Romana. Elas se tornaram tradição, substituíram doutrinas bíblicas e muitas delas ainda fazem parte da maioria das igrejas protestantes.

Comentário 3: Em terceiro lugar, a abordagem mais judaica que uso não modifica nenhum ponto da escatologia adventista. Eu simplesmente observo que Roma se levantou contra o povo de Deus em dois momentos: antes e depois de Cristo. E de duas formas: perseguindo as pessoas e contrariando a fé judaica. Quando falo da fé judaica aqui, me refiro não só a fé dos judeus que não aceitaram Jesus, mas aos elementos judaicos da fé cristã, como a guarda do sábado. Em suma, Roma perseguiu judeus e cristãos, antes e depois de Cristo, como império e como religião, atacando pessoas e doutrinas. Isso é um fato reconhecido pela interpretação adventista clássica.

O irmão acha a abordagem estranha porque aprendemos com séculos de antijudaísmo a nos separar de tudo o que pareça judaico (ou maquiar o que parece judaico para não ser tachado de judaizante). Mas a verdade é que a fé cristã é judaica. E se o evangelho não tivesse se romanizado, hoje a maioria dos cristãos guardaria o sábado, não comeria alimentos impuros e chamaria as igrejas de sinagogas. O cristianismo seria um judaísmo crente em Yeshua, com judeus étnicos e gentios que aceitaram a fé judaica. Deus nunca projetou a crença em Jesus como sendo uma novidade na fé judaica e um elemento que cria duas religiões distintas. A crença em Jesus como Messias era para ser apenas uma continuidade da fé judaica. Era uma profecia do próprio judaísmo. Assim, quando os apóstolos e outros aceitaram Jesus, não estavam aderindo a algo novo, a algo distinto da fé judaica; não estavam mudando de religião. Estavam apenas aceitando o Messias do judaísmo. Do ponto de vista da verdade, quem mudou a religião, quem se desviou do judaísmo foram os judeus que desprezaram seu próprio Messias.

Tendo isso em mente, nenhum cristão deveria se sentir envergonhado por parecer um judeu em muitos aspectos. Ora, foi de lá do judaísmo que viemos. O livro que é nossa única regra de fé e prática é judaico. E não é demais dizer que, em sua fé, um adventista é tão judeu quanto Pedro, Tiago, João, Paulo, Apolo, Priscila, Áquila, etc.

Aparentemente, caímos no erro que o apóstolo Paulo alertou que não caíssemos. Diz o autor inspirado:

“Se, porém, alguns dos ramos [judeus naturais] foram quebrados, e tu, sendo oliveira brava [gentios], foste enxertado em meio deles [judeus] e te tornaste participante da raiz e da seiva da oliveira [Israel], não te glorie contra os ramos [judeus]; porém, se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti” (Rm 11:17-18).

Ao longo de quase dois mil anos, a Igreja tem incentivado seu membros a se gloriarem contra os judeus (e, por conseguinte, contra os elementos mais judaicos da fé bíblica, como o sábado). Isso é histórico. Não se trata de revisionismo pós holocausto. Do segundo século em diante, por meio de literalmente dezenas de concílios e dezenas de escritos de teólogos, judeus e fé judaica foram tratados com desprezo. Sínodos de diversos lugares proibiram cristãos de comerem com judeus, de aceitar comida abençoada por judeus, de comemorar festas com eles, etc. Houve sínodo proibindo a guarda do sábado. Em muitos lugares, judeus foram proibidos de assumir cargos públicos. Homens como João Crisóstomo chamaram a Sinagoga de bordel e casa de demônios. Homens como Justino Mártir afirmaram que circuncisão e sábado haviam sido dados aos judeus por causa da injustiça e maldade deles. O concílio de Niceia proibiu a comemoração da Páscoa no mesmo dia dos judeus, em razão de eles serem considerados culpados da morte de Cristo. Cristãos que comemoravam a Páscoa no dia 14 de Nissan foram excomungados em diversos lugares.

A história das investidas da Igreja contra judeus e elementos judaicos da fé é extensa e ricamente documentada. Isso é fogo estranho. É paradoxal que os primeiros apóstolos tenham feito oposição aos judeus descrentes que proibiam o comer à mesa com gentios para séculos depois bispos gentios proibirem cristãos de comerem com judeus. Também é paradoxal que os apóstolos tenham passado a vida frequentando sinagogas, festas judaicas e guardando o sábado para séculos depois bispos gentios classificarem tais atos como heresia. Isso é fogo estranho.

Comentário 4: Em quarto lugar, a minha abordagem mais judaica é legítima dentro do adventismo. Um dos maiores teólogos de nossa Igreja, Jacques Benjamin Doukhan a sustenta. Doukhan é um judeu de etnia e religião que aceitou a Jesus. Doutor em língua hebraica pela Universidade de Estrasburgo e em Exegese do Antigo Testamento pela Universidade Andrews (onde lecionou durante anos), ele já escreveu uma lição da Escola Sabatina (a de Provérbios, de 2015). Recentemente a CPB traduziu um livro dele intitulado “Segredos de Daniel”. Há, ainda sem tradução para o português, a sequência: “Segredos de Apocalipse”. Também recentemente a UNASPRESS traduziu um livro dele sob o título “No Caminho de Emaús: cinco importantes profecias messiânicas explicadas”, onde faz um excelente trabalho de análise exegética das profecias mesiânicas. Em nenhuma dessas obras, Doukhan se afasta da interpretação clássica adventista a respeito das profecias de Daniel e Apocalipse. Em nenhum desses livros Doukhan se aproxima do dispensacionalismo.

A grande diferença da visão de Doukhan para muitos teólogos adventistas é que ele não crê na teologia da substituição, onde Israel é rejeitado e substituído pela Igreja. Essa teologia tem sido aceita ao longo de séculos, tendo se formado a partir do antijudaísmo da Igreja de Roma (falo sobre isso no artigo “O Status de Israel na Nova Aliança“). Em seu livro “O Mistério de Israel”, dividido em quatro seções, ele se propõe a refutar a teologia da substituição (seção 1) e a teologia dispensacionalista (seção 2). Na terceira seção, ele fala sobre a sua visão:

“Nesta visão, ambos os povos, a igreja e Israel, foram necessários como povo de Deus, mas não no mesmo sentido que Deus firmou duas alianças diferentes e paralelas (i.e., dispensacionalismo). E também não no sentido de que Deus firmou duas alianças sucessivas: a segunda (a ‘nova’) substituindo a primeira (a ‘antiga’ [i.e. teoria da rejeição-substituição]). Portanto o plano inicial de Deus fora, realmente, ter apenas ‘um povo’ para testemunhar dEle.

 Mas um acidente histórico aconteceu, ‘o mistério da iniquidade’ (2 Ts 2:7), como Paulo o descreveu, que impediu os Judeus de aceitarem a Jesus de um modo dramático. Sendo assim, gerou a necessidade de duas entidades separadas, Israel e a igreja, cada uma reivindicando o direito de ser o povo de Deus. Mas, de fato, cada uma testemunha da verdade que fora ausente na outra. Israel tinha a lei, mas sem Jesus, e a igreja tinha Jesus, mas incrivelmente deitou por terra a lei, assim cumprindo suas missões, por necessidade, separadamente na cena da história da salvação” (DOUKAHN, 2018, p. 75).

Para Doukhan, as duas entidades cumprem suas funções como testemunhas da Lei e de Cristo. Isso não implica que Israel será salvo sem Cristo ou que os cristãos devem crer que a construção do terceiro templo é algo relevante para a volta de Jesus. Doukhan, aliás, rejeita essas ideias durante o livro. Também não quer dizer que devemos nos voltar para elementos judaicos que compunham o sistema levítico, pois este sistema é cumprido no próprio sacrifício de Cristo (o que não é um rompimento na religião judaica, mas apenas o cumprimento dos símbolos e profecias da mesma). Doukhan fala disso em um artigo sobre se as festas levíticas ainda são normativas para cristãos (ver aqui). E por falar em Levítico, a maior autoridade do mundo cristão neste livro, o teólogo adventista Dr. Roy Gane é outro que concorda com a teologia de Doukhan a respeito de Israel. Mesmo aqueles que talvez não adotem a teologia de Doukhan tem respeito por ela.

Na contracapa de “O Mistério de Israel”, o renomado teólogo adventista Angel Manuel Rodriguez afirma que o “volume deve ser lido por todos os adventistas”. É interessante que Rodriguez diga isso, pois Doukhan, a respeito dos adventistas que ainda sustentam a teologia da substituição, não poupa críticas:

“Da perspectiva Adventista do Sétimo Dia, a teoria da rejeicionista-substitucionista é ainda mais problemática porque, a Teologia Adventista do Sétimo Dia, claramente identifica a rejeição da lei pela igreja como o sinal da apostasia. Assim, para Ellen G. White, o abandono da lei pelos cristãos é um pecado da mesma gravidade que a rejeição de Jesus pelos judeus: ‘Quando os judeus rejeitaram a Cristo, rejeitaram a base de sua fé. E, por outro lado, o mundo cristão de hoje, que tem a pretensão de ter fé em Cristo, mas rejeita a lei de Deus, comete um erro semelhante ao dos iludidos judeus’. Além disso, o paralelo de Ellen White entre ‘os judeus’ e ‘o mundo cristão’ sugere que desde que ele não pudesse ser aplicado a todo o mundo cristão (pois muitos cristãos guardaram a lei), do mesmo modo ele não implica todos os judeus. Devemos, contudo, entender sua diferença para com as duas entidades em um senso limitado e genérico.

Os adventistas que ainda adotam a visão substitucionista deveriam se perguntar: se a igreja substituiu Israel, então qual igreja? Se respondermos, ‘a igreja constituída dos primeiros cristãos no tempo de Paulo,’ devemos compreender então que naquela época a igreja ainda não existia como uma entidade separada. O cristianismo era ainda um fenômeno judaico tomando lugar nos confins espirituais de Israel. Ou se nos referirmos a um ‘remanescente’ invisível, devemos então reconhecer que este não é um substituto, desde que sempre houve um remanescente. Este ‘novo’ remanescente invisível é no máximo uma continuação do antigo. Mas, qualquer que seja a resposta que possamos dar a essa questão, ainda estaremos com problemas por causa da longa extensão do tempo entre aqueles primeiros cristãos e a Igreja Adventista” (IBDEM, p. 84).

Em outro trecho, afirma:

“Não é suficiente proclamar que temos a doutrina verdadeira da reconciliação por que temos a Torá e o Messias. Devemos também fazer a reconciliação e torná-la viva em nossa vida e em nossa identidade histórica. O rigor e a beleza da Torá, o trabalho da ética em nossa vida diária, não é incompatível com a graça e a verdade de Jesus Cristo. Justiça (não legalismo) e amor (não sentimentalismo) são ambos necessários. O Antigo Testamento é tão vital quanto o Novo Testamento. Hebreu é tão importante quanto grego. O estudo sério das escrituras é tão fundamental quanto a missão. A criação física e concreta e a sensação de alegria na vida são tão cruciais quanto a santificação espiritual e escatologia. Devemos descobrir que o grande Deus é tão importante quanto o amoroso Pai e o querido Jesus. O dever de relembrar a revelação passada é tão fundamental quanto esperar pela salvação futura.

 O adventismo do sétimo dia ainda não tem se empenhado totalmente nesta reconciliação e difícil tensão teológica, que é a essência de sua identidade. Tendemos a ignorar ou enfatizar um em demérito do outro. Geralmente, é o lado judaico – a Torá – que fica negligenciado, em plena consciência, em prol do outro lado: os ‘cristãos’. Até mesmo os adventistas comuns sentem-se mais confortáveis sendo identificados como ‘cristãos’ (i.e. eles vivem em uma sociedade cristã e vêm de famílias tradicionalmente cristãs). Ainda mais importante, eles não gostam de ser rotulados como judeus ou serem suspeitos de judaizar. É como se eles tivessem esquecido a história, a história que eles foram chamados a mudar. Tal medo – essa repulsa antissemítica – levou os cristãos de suas raízes naturais para a apostasia” (IBDEM, p. 90).

A posição de Doukhan, que eu também defendo, é que a teologia da rejeição de Israel e sua substituição pela Igreja abriu as portas para que a Igreja rejeitasse, por exemplo, o sábado e se desfizesse da importância da Torá, julgando tais elementos como judaicos demais e o judaísmo como uma religião distinta do cristianismo. De outro lado, fechou mais ainda os judeus para a mensagem do evangelho. Isso sem contar que nessa teologia está a noção cristã errônea (prevalente durante séculos) de que todo o povo judeu foi responsável pela rejeição e morte de Yeshua. Assim, o substitucionismo criou uma fissura no povo espiritual de Deus e, por consequência, na religião. Para mim, se há um fogo estranho no cristianismo, esse fogo estranho é o antijudaismo.

Comentário 5: Finalmente, uma quinta ponderação: Ellen White insistiu diversas vezes em seu ministério que a missão aos judeus era importante e que havia uma profecia bíblica a respeito de sua conversão. Por exemplo, no livro “Evangelismo”, um compilado de diversos textos de White sobre a obra evangelística, encontramos as seguintes passagens nas páginas 578 e 579:

Nesta nossa época, vemos os gentios começarem a se regozijar com os judeus. Há conversos judeus ora trabalhando em _____ e em várias outras cidades, em favor de seu próprio povo. Os judeus estão vindo para as fileiras dos escolhidos seguidores de Deus, e estão sendo contados com o Israel de Deus nestes dias finais. Assim alguns deles serão mais uma vez reintegrados com o povo de Deus e as bênçãos do Senhor repousarão ricamente sobre eles, se chegarem à posição de regozijo apresentada na Escritura: “E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o Seu povo.” —Manuscrito 95, 1906.

Há uma poderosa obra a ser feita no mundo. O Senhor declarou que os gentios serão recolhidos, e não somente os gentios, mas os judeus. Há entre os judeus muitos que serão convertidos e por meio de quem veremos a salvação de Deus sair como lâmpada ardente. Há judeus por toda parte, e a eles deve ser levada a luz da verdade presente. Há entre eles muitos que virão para a luz, e que proclamarão a imutabilidade da lei de Deus com admirável poder. O Senhor Deus operará. Fará coisas maravilhosas em justiça.—Manuscrito 87, 1907.

Tem sido para mim coisa estranha que tão poucos se sintam preocupados com o trabalho pelo povo judeu, disperso por tantas terras. Cristo estará convosco ao buscardes fortalecer vossas faculdades perceptivas, a fim de verdes mais claramente o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. As faculdades adormecidas do povo judeu devem ser despertadas. As Escrituras do Antigo Testamento, misturadas com as do Novo, serão para eles como o alvorecer de uma nova criação, ou como a ressurreição da alma. Avivar-se-á a memória ao verem Cristo descrito nas páginas do Antigo Testamento. Salvar-se-ão almas dentre a nação judaica, ao serem as portas do Novo Testamento descerradas com a chave do Antigo TestamentoCristo será reconhecido como o Salvador do mundo, ao ver-se quão claramente o Novo Testamento explica o Antigo. Muitos dos judeus hão de, pela fé, aceitar a Cristo como seu Redentor. — Carta 47, 1903.

Haverá muitos conversos entre os judeus, e esses conversos ajudarão a preparar o caminho do Senhor, e fazer no deserto caminho direto para nosso Deus. Judeus conversos hão de ter parte importante a desempenhar nos grandes preparativos a serem feitos no futuro para receber a Cristo, nosso Príncipe. Nascerá uma nação em um dia. Como? Por homens que Deus designou se converterem à verdade. Ver-se-á “primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga”. Cumprir-se-ão as predições da profecia. —Manuscrito 75, 1905.

De que profecia Ellen White está falando neste último texto? Da evangelização de muitos judeus no tempo do fim. Ela fala sobre isso em três textos. O primeiro está no livro “Profetas e Reis”, páginas 153 e 154. Falando sobre a desobediência das dez tribos de Israel que levaram ao seu cativeiro, White afirma:

As profecias de juízo pronunciadas por Amós e Oséias foram acompanhadas por predição de glória futura. Às dez tribos, desde muito, rebeldes e impenitentes, não foi dada nenhuma promessa de completa restauração de seu anterior domínio na Palestina. Até o fim do tempo eles deviam ser “errantes entre as nações”. Mas por intermédio de Oséias foi dada uma profecia que punha perante eles o privilégio de ter uma parte na restauração final que deve ser feita para o povo de Deus no fim da história da Terra, quando Cristo aparecerá como Rei dos reis e Senhor dos senhores. “Por muitos dias”, o profeta declarou, as dez tribos deviam ficar “sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou terafim”. “Depois”, continuou o profeta, “tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao Senhor, e a Sua bondade, no fim dos dias”. Oséias 3:4, 5.

Na sequencia, White une o povo de Deus no Antigo Testamento ao seu povo no Novo como sendo uma coisa só: a Igreja. Essa abordagem é bíblica e se baseia na promessa abraâmica, na qual a aliança se estende do povo judeu para o mundo todo, tornando hebreus e gentios crentes um só povo em Yeshua (Gn 12:1-3; Jr 31:31-37; Is 56:1-8; Zc 8:20-23; Rm 4:9-25 e 11:17-32; Gl 3:6-9; Ef 2:11-22). Assim, White entende que a promessa aos judeus (simbolizado pelas dez tribos) será cumprida nos judeus crentes do tempo do fim, em união com os gentios crentes no mesmo Yeshua.

Ela continua o seu texto afirmando que na passagem de Oseias 2:14-17, Deus se refere “a Israel como aquele a quem Ele ansiava por mostrar misericórdia”. No parágrafo seguinte diz: “Nos últimos dias da história da Terra, o concerto de Deus com Seu povo que guarda os Seus mandamentos deve ser renovado”. White cita ainda outras passagens de Oseias, Isaías e Amós sobre o retorno de remanescentes dos judeus ao seu Deus. Ligando isso ao tempo do fim, afirma:

“Libertar-se-ão de todo o embaraço, e estarão perante o mundo como monumentos da misericórdia de Deus. Obedientes aos divinos reclamos, serão reconhecidos pelos anjos e pelos homens como os que têm guardado “os mandamentos de Deus, e a fé em Jesus”. Apocalipse 14:6, 7, 12.

Em suma, Ellen White, numa passagem explicativa sobre judeus, em um livro sobre Profetas e Reis, entende que um remanescente de judeus se converterá nos últimos dias, unindo-se ao restante da Igreja, passando a ser igualmente conhecidos como os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Doukhan comenta esse texto:

É interessante notar, no contexto de suas declarações sobre conversões em larga escala, que ela não retrata o Israel Judeu como um povo rejeitado, definitivamente banido de Deus. Em vez disso, Ellen White descreve os judeus em uma situação de expectativa. […] Assim, o Israel Judeu pertence a um estágio transitório, “por muitos dias […] sem rei […] ou terafim.” Isto é, sem um governo teocrático e, ainda assim, exercendo uma função como testemunha. A caracterização de Ellen White, do povo judeu, durante aquele tempo é significante. “Nos últimos dias da história da Terra, o concerto de Deus com Seu povo que guarda os Seus mandamentos deve ser renovado.” (DOUKHAN, p. 135).

Ele também explica em uma nota de rodapé a respeito das dez tribos de Israel:

“O conceito das 10 tribos não deve ser empregado literalmente. Quando o reino do norte desapareceu, muitas pessoas de lá juntaram-se ao reino do sul. Já que a Bíblia relata que muitos israelitas, revoltados pela infidelidade religiosa do norte, fugiram para o reino da Judéia (2 Cr 15). Assim, as 10 tribos sobreviveram na nova entidade representada pelo reino do sul. E além destes sobreviventes físicos, as 10 tribos foram também mantidas vivas de uma forma espiritual. As Escrituras usam metaforicamente o tema da restauração das 10 tribos para expressar a esperança dos profetas que sonhavam com a ressurreição da nação (Jr 31:3, 5, 19; Ez 37:15-28)” (DOUKHAN, p. 143).

Um segundo texto de Ellen White sobre o tema está no compilado Manuscripts Releases, volume 1.

Deve haver um verdadeiro e sincero trabalho missionário para os judeus. Um pouco está sendo feito, mas não é nada comparado com o que pode ser feito. Há uma falha decisiva em se apossar deste trabalho como deveríamos. Deixe o povo do Senhor meditar e orar sobre este assunto. “Assim diz o Senhor dos exércitos; como te julguei castigar, quando vossos pais me provocaram ira, diz o Senhor dos exércitos, e não me arrependi; assim também pensei nestes dias em viver bem em Jerusalém e na casa de Judá; não temais”. ( Zacarias 8:14, 15 ).

Vamos lembrar que o tempo é curto. Diga às pessoas que oportunidades de ouro para o serviço estão sendo negligenciadas. Todas as nações devem ser advertidas e instruídas a buscar o Senhor sem demora; pois aquele poderoso anjo que enganou tantas hostes angélicas está trabalhando incansavelmente para pôr em operação suas artimanhas sedutoras, com as quais enganou milhões e através dos quais deseja enganar o mundo inteiro. A obra da qual o profeta Zacarias escreve é ​​um tipo de restauração espiritual a ser feita para Israel antes do fim dos tempos. “Assim diz o Senhor”, declarou o profeta: “Vossas mãos sejam fortes, vós que ouvis nestes dias estas palavras, pela boca dos profetas. (…) Não serei para o restante deste povo como no antigo dias …. Pois a semente será próspera; a videira lhe dará o fruto e a terra lhe dará crescimento, e os céus darão o seu orvalho; e farei com que o remanescente deste povo possua todas essas coisas (https://m.egwwritings.org/en/book/61.2346#1783).

Em um terceiro texto sobre o tema, citado na versão americana do Comentário Bíblico Adventista, volume 6, página 1079, ela afirma: “A obra para os judeus, como descrita no décimo primeiro capítulo de Romanos, é uma obra a ser tratada com especial sabedoria”. Aqui White demonstra que Paulo se referia a uma obra aos judeus a ser realizada no tempo do fim.

Voltando ao compilado “Evangelismo”, lemos na página 554 o seguinte:

Paulo reuniu, em suas viagens, as missões internas e estrangeiras. Ora prega aos judeus em seu próprio lugar de culto. Ora prega aos gentios diante de seu templo e na própria presença de seus deuses. Tampouco proclama Paulo aos judeus um Messias que veio destruir a velha dispensação, mas sim que veio desenvolver toda a dispensação judaica de acordo com a verdade. Aqueles dentre os discípulos que levaram a palavra da verdade mais longe, estavam prontos a suportar a prova de qualquer entrevista com os que se mantinham próximos de casa. Aí obteve decidida vitória, e os conversos judeus tomaram a elevada posição de reconhecer que o cristianismo e a salvação eram para todas as nações, línguas e povos sobre a face da Terra. —Carta 17, 1900.

Em suma, a abordagem de Paulo não era substitucionista. Nem poderia ser. Afinal, ele era judeu e o evangelho era judaico. Numa edição da Revew and Herald de 1905, White escreveu:

Chegou a hora em que os judeus devem receber luz. O Senhor quer que encorajemos e sustentemos os homens que trabalharão em linhas corretas para esse povo; pois haverá uma multidão convencida da verdade, que tomará posição por Deus. O tempo está chegando, quando haverá tantos convertidos em um dia, como se eles estivessem no dia do Pentecostes, depois de os discípulos terem recebido o Espírito Santo.

Os judeus serão uma força na obra pelos judeus; e veremos a salvação de Deus. Estamos de modo geral muito limitados. Precisamos ter a mente mais aberta (Review and Herald, 29 jun. 1905 – https://m.egwwritings.org/en/book/821.25567#25567).

No livro Atos dos Apóstolos, das páginas 211 a 213, White também fala sobre a obra final aos judeus:

Quando esse evangelho for apresentado em sua plenitude aos judeus, muitos aceitarão a Cristo como o Messias. Entre os ministros cristãos há poucos que se sentem chamados a trabalhar pelo povo judeu; mas aos que têm sido passados por alto, bem como a todos os outros, deve chegar a mensagem de misericórdia e esperança em Cristo.

Na proclamação final do evangelho, quando deve ser feito um trabalho especial pelas classes de pessoas até aqui negligenciadas, Deus espera que Seus mensageiros tomem interesse especial pelo povo judeu, o qual se encontra em todas as partes da Terra. Ao serem as Escrituras do Antigo Testamento relacionadas com o Novo numa explanação do eterno propósito de Jeová, isto será para muitos judeus como o raiar de uma nova criação, a ressurreição da esperança. Ao verem o Cristo da dispensação do evangelho retratado nas páginas das Escrituras do Antigo Testamento, e perceberem quão claramente o Novo Testamento explica o Antigo, suas adormecidas faculdades despertarão e eles reconhecerão a Cristo como o Salvador do mundo. Muitos receberão a Cristo pela fé como seu Redentor. Em relação a eles se cumprirão as palavras: “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome”. João 1:12.

Há entre os judeus alguns que, como Saulo de Tarso, são poderosos nas Escrituras, e esses proclamarão com maravilhoso poder a imutabilidade da lei de Deus. O Deus de Israel fará que isso ocorra em nossos dias. Seu braço não está encolhido para que não possa salvar. Ao trabalharem com fé Seus servos pelos que de muito têm sido negligenciados e desprezados, Sua salvação será revelada.

“Assim diz o Senhor, que remiu a Abraão, acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se descorará a sua face. Mas quando vir a Seus filhos, a obra das Minhas mãos, no meio dele, santificarão o Meu nome, e santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel. E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão doutrina”. Isaías 29:22-24.

Sobre o modo de evangelizar judeus, Ellen White cita o apóstolo Paulo como exemplo em “Obreiros Evangélicos”, página 118, mostrando a relevância do apego às raízes judaicas:

Paulo não se aproximava dos judeus de maneira a despertar-lhes os preconceitos. Não lhes dizia, a princípio, que deviam crer em Jesus de Nazaré; mas insistia nas profecias que falavam de Cristo, Sua missão e obra. Levava seus ouvintes passo a passo, mostrando-lhes a importância de honrar a lei de Deus. Dava a devida honra à lei cerimonial, mostrando que fora Cristo que instituíra a ordem judaica e o serviço sacrifical. Levava-os, então, até ao primeiro advento do Redentor, e mostrava que, na vida e morte de Cristo, se havia cumprido tudo como estava especificado nesse serviço sacrifical.

Em outro parte do Manuscripts Releases, volume 1, há outras citações de Ellen White a respeito do assunto (https://m.egwwritings.org/en/book/61.799). Duas que nós ainda não vimos são:

Somos claramente ensinados que não devemos desprezar os judeus; porque entre eles o Senhor tem homens poderosos, que proclamam a verdade com poder. – Medicina e Salvação, 87 (1907), 4 . ( “Nosso Dever para com os Judeus”, 16 de agosto de 1907. )

Devemos nos afastar de nossa pequenez e fazer planos maiores. Deve haver um maior alcance para trabalhar para aqueles que estão próximos, e aqueles que estão longe … Que haja esforços especiais feitos para a iluminação dos judeus. Toda alma convertida causa alegria nas cortes celestiais. – Medicina e Salvação, 87 (1907), p . 8 . ( “Nosso Dever para com os Judeus”, 16 de agosto de 1907. )

Como fica claro, Ellen White entendia haver uma profecia a se cumprir entre os judeus nos últimos tempos. Não se relacionava à restauração do reino teocrático de Israel em toda a sua glória, como no passado. Muito menos a uma correlação entre a reconstrução do templo e a volta de Jesus. A profecia tinha a ver com uma evangelização em massa do povo judeu. E, por esta causa, ela insistia que deveríamos fazer um trabalho especial para com eles. Isso, evidentemente, requer um mergulho nas raízes judaicas.

A visão de Ellen White sobre os judeus e Israel era muito equilibrada. Se, por um lado, ela entendia que Israel como nação (isto é, uma entidade político-administrativa com terras e líderes político-religiosos) foi rechaçado por Deus durante 18 séculos, por outro lado, o povo não foi rejeitado. Por conseguinte, as promessas de reconciliação feitas a Israel, no Antigo Testamento, poderiam ser alcançadas por judeus crentes em Yeshua no tempo do fim (juntamente com o restante da Igreja). Para Ellen White, portanto, judeus crentes em Yeshua e cristãos de origem gentílica são parte do mesmo povo de Deus, numa linha contínua que vai do Antigo ao Novo Testamento.

Considerações Finais

Resta evidente ao fim desse artigo que a acusação feita ao meu texto de que estou flertando com o dispensacionalismo e colocando “fogo estranho” na doutrina adventista é absolutamente falsa. O que tenho feito é apenas conclamar o povo adventista e o povo cristão no geral a voltar para as raízes judaicas do evangelho e se engajar na reparação da brecha que Roma criou entre judeus e cristãos, Torá e Messias, Lei e graça, Antigo e Novo Testamento, judaísmo e cristianismo, Israel e Igreja. Isso não é “fogo estranho”, mas sim a missão de qualquer cristão bíblico (Ml 4:1-6; Rm 11:1-5 e 17-32).

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DOUKHAN, Jacques B. “O Mistério de Israel”, tradução livre, 2018.

Por Davi Caldas

Fonte: Reação Adventista

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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