Nos primeiros capítulos de Gênesis, na parte em que Deus chama a atenção para duas árvores do Jardim do Éden, dentre as muitas que havia, me pergunto sempre o que mais existia por de trás das advertências dadas pelo Criador e qual sua importância. O relato levanta diversas questões. No centro, a árvore do conhecimento do bem e do mal, proibida por Deus; não distante, a árvore da vida, incentivada pelo Senhor. Por quê? E qual o interesse de aquele ser sagaz em convencer o homem a tocar naquela que fora proibida por Deus? O bem e o mal dividindo o mesmo tronco, no mesmo lado, misturados, mesclados como uma coisa só! Como poderia? Obviamente que se separarmos os dois; o mal, ninguém o adota! Ninguém o quer, ninguém o almeja ou deseja! Mas e o bem? Que bem era esse? Pode o bem estar junto ao mal?
O papel de coadjuvante não fora do casal e sim do intruso que veio para derrubar uma regra, uma ordenança. Não fora de maneira abrupta, mas de modo sorrateiro, distorcendo a verdade, os princípios, a lei. Afinal, o que disse a tal criatura rastejante para subverter àqueles outrora comissionados para guardarem o que fora estabelecido? “Porque Deus sabe que o dia que dele comerdes se abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. E ela estava certa! Era justamente o que Deus não queria. Só que Deus simplificou a história, dizendo ao homem que se comesse daquela árvore, morreria, ao passo que a velha serpente sofisticou a mesma história, relativizando a ordem de Deus, colocando dúvidas em seu significado.
Há um terrível e macabro fundamento! É a conclusão a que chego olhando tudo o que aconteceu depois desse episódio e que ainda ocorre no universo contemporâneo. O que enfrentamos hoje é uma continuação desse evento. O convite satânico continua sendo dado com velha retórica de combater o que é injusto através do bem que está na mesma árvore que o mal.
Essa árvore vem travestida em seus frutos de justiça social, igualdade, liberdade, minorias, politicamente correto, desconstrução disso e daquilo, gêneros, diversidade, destituição da base familiar e relativismo; tudo com um considerável teor positivo de democracia, mas que se alimenta vorazmente da mesma raiz ambígua. Ambos, tanto o bem quanto o mal militam do mesmo lado neste cenário. Por isso, Deus apontou e liberou a árvore da vida antes da queda ou golpe se assim quisermos simbolizá-lo. O contrário da vida então seria o bem e o mal, ou seja, a morte! Quando o bem e o mal são relativizados, logo coexistem na mesma origem, pois se revezam dentro do mesmo objeto. Por isso a ideia de que todo mal tem uma parte boa e todo bem tem a parte má, acaba sendo uma evidência do mundo sem Deus, previsto por Ele naquele jardim.
Na verdade, toda a trama dessa árvore simbolizada ali ocorre nos dias de hoje. Todo sentido de justiça e comportamento do homem vem sendo baseado em algo volátil, confuso e extremamente utópico, mas que ganha força como uma ideologia de salvação dos conflitos humanos. É a verdadeira massa de manobra, que obedece cegamente a essa visão, e se reproduz anarquicamente em seus deveres, embora sejam escravas. E são esses os frutos rasos, danificados, vazios e que já nascem podres. É essa a geração perversa e pervertida pronta para ser degustada por abutres em seu adestramento, algo que vai além de uma doutrina, algo que trata da aniquilação, da perdição.
Realmente isso existe fora da esfera da vida. Eles mesmos provam que a história bíblica é verídica, pois enquanto sustentamos a árvore da vida, eles provam a sua participação letal na árvore do conhecimento do bem e do mal.
Por Alex Bezerra
Fonte: Reação Adventista