O próprio Senhor Jesus estabelece a distinção entre as ressurreições, como está manifesto através de Suas palavras: Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação (S. João 5:28-29).
A primeira ressurreição, denominada a ressurreição da vida, é também chamada, pelo Senhor, de ressurreição dos justos, como está escrito: Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar, mas recompensado te será na ressurreição dos justos (Lucas 14:13-14).
Nessa ocasião é que os que foram declarados justos pela fé em Cristo receberão a coroa da vida, o seu galardão, o prêmio da vida eterna. Ressuscitarão, não com o corpo com que desceram ao túmulo; se a ele desceram marcados pelo sofrimento provocado pela doença ou pela tortura, dele sairão com o corpo transformado e glorificado com que receberão a Jesus nas nuvens e com o qual viverão eternamente. A fragilidade e debilidade de antes contrastará com a saúde imortal e a perfeição do novo corpo, semelhante ao de Cristo.
Somente ao saírem dos seus túmulos é que os salvos tomarão consciência de que estiveram mortos. O primeiro pensamento que terão será exatamente o último que tiveram antes de morrer, não importa o período em que permaneceram mortos. Retomarão o seu raciocínio exatamente no ponto em que foi ele cortado pela morte. Este raciocínio será aquele mesmo que tinham no último vislumbre de consciência, antes de exalar o último suspiro.
Por esta razão a morte para eles é como se não tivesse existido. Por esta mesma razão é que o apóstolo assim se expressou: Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne (Filipenses 1:21-24).
Ora, Paulo sabia que ao morrer ele estaria seguro no túmulo, a salvo de todas as tribulações da vida, aguardando no sono e na inconsciência da morte o dia de voltar à vida, na ressurreição dos justos. A morte, então, é lucro para aquele que tem assegurada a sua salvação. Paulo sabia que, ao morrer, ele estaria com Cristo, porque não veria, nem sentiria passar o tempo que separaria o dia da sua morte do dia da volta de Jesus.
Nessa ocasião ele sabia que irá receber a coroa da vitória, no verso já citado: Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda (II Timóteo 4:6-8). Ao se referir à partida ele falava de sua morte próxima, bem como naquele dia representava o dia da ressurreição, por ele referida como o dia da Sua vinda . Estar na carne significa, claramente, estar vivo.
São inúmeros os textos, aparentemente contraditórios e que precisam ser corretamente entendidos, que se referem à morte e à ressurreição e são erroneamente compreendidos como se imediatamente após a morte as pessoas pudessem receber algum prêmio ou castigo. O efeito é, na prática, o mesmo, pois ainda que se tenham passados muitos milênios, para o morto ressuscitado é como se houvesse passado apenas uma ínfima parcela de tempo entre a sua morte e ressurreição. Este período de tempo pode ser medido e compreendido como um piscar de olhos.
Por isto é que Paulo se expressa assim: Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com Ele… (II Tessalonicenses 2:1). Pode -se notar que o apóstolo nem considera o tempo que o separa do dia da vinda de Jesus, quando ocorrerá a reunião entre Ele e todos os que forem por Ele salvos. Por esta mesma razão é que ele afirma que é melhor deixar o corpo e habitar com o Senhor (II Coríntios 5:8).
João, o discípulo amado, nas revelações que recebeu de Jesus, deixou claro que existe um intervalo de mil anos entre uma ressurreição e outra. Eis suas palavras: E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele mil anos Apocalipse 20:5 e 6.
Fonte: O Eterno Evangelho