Adoração em Família

Um tempo para unir, para construir lealdade e compromisso


Pr. Clifford Goldstein

“As famílias felizes são semelhantes”, escreveu Leon Tolstoi, “e toda família infeliz é infeliz ao seu próprio modo”.

Talvez. Ou pode ser que a razão da infelicidade na família seja comum a todo tipo de infelicidade – falta de unidade, de intimidade cimentada pelo amor que nasce no Céu e se manifesta no lar, na Terra.

É exatamente nesse aspecto que a adoração em família pode ajudar, não como uma garantia de felicidade total, mas como um caminho para chegar o mais próximo possível dela. O culto em família é vital para se alcançar a felicidade que o Senhor deseja ver florescer nos lares cristãos. Por outro lado, é muito difícil para qualquer família construir a base espiritual necessária à felicidade, sem ele.

“Em cada família deve haver um tempo determinado para os cultos matutino e vespertino. Que apropriado é os pais reunirem os filhos em redor de si, antes de quebrar o jejum, agradecer ao Pai celeste Sua proteção durante a noite e pedir-Lhe auxílio, guia e proteção para o dia! Que adequado, também, em chegando a noite, reunirem-se uma vez mais em Sua presença, pais e filhos, para agradecer as bênçãos do dia findo!” – Orientação da Criança, pág. 520.

Uma hora para todos

Quando pensamos no culto da família, nossa tendência é pensar em crianças, embora muitas famílias não tenham mais crianças em casa. Não importa quantas pessoas vivam em nosso lar, se duas ou dez, pois o culto em família é exatamente o que é – culto da família. E adorar em família não é o mesmo que fechar-se sozinho no quarto para orar, nem é como adorar na igreja, no culto de sábado. O culto da família é algo entre pessoas que se amam e possuem afinidades.

O culto da família é um termômetro que reflete a própria família. Não importa a idade dos participantes, se dois ou seis anos de idade, doze ou dezesseis. O culto não deve ser desinteressante, longo e sem objetivo. Cultos sem vida entediam e massacram a família, anulando o efeito benéfico que poderiam trazer para a felicidade do lar.

“Sejam os períodos de culto familiar curtos e espirituais. Não deixeis que vossos filhos, ou qualquer membro da família, os tema, devido à sua monotonia ou falta de interesse.” – Orientação da Criança, pág. 521. A serva do Senhor, Ellen G. White, apresenta conselhos práticos e opina sobre o culto da família com sabedoria.

O culto da família é outra manifestação, outra expressão do que para nós, em geral, significa adorar: buscar a Deus colocando-nos em Suas mãos, com a expectativa de virmos a ser aquilo que Ele deseja que sejamos. “Mas agora, ó Senhor, Tu és nosso Pai, nós somos o barro, e Tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra de Tuas mãos” (Isaías 64:8). Conduzido por uma família expectante, com espírito de gratidão, dependência e submissão, semelhante culto pode ajudar seus membros a moverem-se na mesma direção espiritual, e crescer na graça de Deus. “Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 3:18).

No culto do lar, a família se dirige ao Senhor como uma comunidade unida, que leva ao Criador suas inquietações e agradecimentos. Isso ajuda os membros da família a entender que a amizade que os une não deriva de si mesmos, mas de Deus, a fonte da bondade e união. Quão importante é possuir uma defesa hoje, quando o demônio nos atinge com tantas coisas que, a menos que nos protejamos cuidadosamente contra elas, podem impor danos irreparáveis aos lares.

Somente Deus pode manter a família unida, ajudando-a a segui-lO. Além disso, só Ele pode operar em nós individualmente e como família. Assim como a oração pessoal abre para nós, como indivíduos, a porta do poder de Deus, o culto da família faz o mesmo para os seus membros. “Sem Mim”, disse Jesus, “nada podereis fazer” (João 15:5). Isso significa manter a nossa família fortemente unida e estabelecida no Senhor? Penso que sim.

A hora mais doce

O culto da família deve ser um momento de felicidade e libertação. A adoração em Israel pressupunha essas bênçãos (II Crônicas 29:30; Salmo 9:2 e 30:12; Isaías 35:10). A pior coisa que alguém pode fazer, especialmente com crianças, é tornar os momentos do culto da família uma oportunidade para reprimendas e correções. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1) – inclusive para corrigir e repreender. Mas os preciosos momentos diários nos quais a família se reúne para orar ao Senhor não são, definitivamente, esse tempo. As horas dos cultos da manhã e da tarde, escreveu Ellen White, “devem ser as mais agradáveis e auxiliadoras horas do dia.” – Orientação da Criança, pág. 522.

É difícil imaginar qualquer coisa mais capaz de afastar uma pessoa de Deus e do culto da família do que usar esse momento para punir e criticar. Ao invés disso, é melhor deixar a família exercitar a criatividade, relembrando momentos felizes para as crianças. Um culto familiar positivo fica gravado por toda a vida na mente das crianças que, ao se tornarem adultos, carregarão consigo suas lembranças. A melhor espiritualidade é aquela que vem agregada com felicidade espontânea e carinho. Medo, ressentimento e opressão não contribuem em nada para isso.

Poucas pessoas desenvolverão um bom relacionamento com Deus a menos que O adorem, leiam a Bíblia e orem no altar de família. Finalmente, a qualidade do culto familiar não pode ser maior do que a espiritualidade de cada um dos membros da família. A única maneira de um líder espiritual firmar-se no Senhor é através da experiência de conversão pessoal (ver João 3:3), de uma diária reconsagração ao Senhor. “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nEle” (Colossenses 2:6). Isso é vital.

Somente o poder de Deus nos dá a graça de que necessitamos para compreender os exaltados princípios envolvidos no culto da família. Não existe coisa pior do que um hipócrita, e o melhor culto familiar do mundo pode ser negado pela crueldade ou falta de bondade manifestadas a uma criança por seus pais. Não quero dizer que temos de ser perfeitos (nenhum de nós o é, especialmente os que somos pais). Significa apenas que a maioria de nós – através da oração pessoal, estudo da Bíblia e entrega ao Senhor – deve deixar que Deus manifeste Sua graça e poder santificador em nossa vida, para que possamos demonstrar as verdades que professamos à nossa família, em cada culto diário.

“Santifica-os na verdade;” Jesus orou, “a Tua palavra é a verdade” (João 17:17). Amor, perdão, aceitação, graça, misericórdia e a lei de Deus constituem os tópicos para a meditação da família no culto devocional do lar. Esses princípios divinos se manifestarão na vida dos que aderem à religião que neles se baseiam. Se praticadas, as verdades que professamos se multiplicarão no altar da família. Em contraste, professar o que não vivemos pode fazer com que essas verdades definhem sobre o mesmo altar.

A família é um dos mais preciosos dons de Deus para a humanidade. O amor manifestado e expresso entre os seus membros é um recurso poderoso para ajudar a entender o amor que Deus dedica a cada um deles. Entretanto, devemos lembrar que as graças da bondade, força e felicidade na família não surgem do nada – elas devem ser construídas. O processo exige esforço, paciência e espírito de perdão. Exige também tomar tempo; e dar tempo significa dar de si mesmo a uma causa, pois pode significar deixar de lado coisas que desejamos fazer para dedicar esse mesmo tempo aos outros (em uma comparação limitada, seria como o que Cristo fez por nós). Uma maneira de fazer isso á através do culto doméstico.

O culto da família é uma atividade para a qual nos sentimos obrigados, pois é isso o que se espera de um “lar adventista”. Nós o faremos porque nós e a nossa família amamos a Deus, mais do que amamos a nós mesmos.

Perguntas para debate

1. O que Ellen White diz sobre estabelecer um tempo fixo pela manhã e à tarde para o culto familiar? Como podemos reflexionar sobre esse conselho, à luz da situação das famílias em nossos dias?

2. De acordo com a mensagem, quais são os elementos mais importantes do culto da família?

3. O culto da família pode ser conduzido de diferentes maneiras. Descreva e discuta as várias maneiras, com sugestões de melhoria para cada uma.

Clifford Goldstein é diretor do Guia de Estudo da Bíblia Para Adultos, da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland.

Fonte: Revista Adventista (Casa Publicadora Brasileira), Nº 10. Outubro, 2002. Ano 98. págs. 18-19.


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Sobre Weleson Fernandes

Evangelista da Igreja Adventista do sétimo dia, analista financeiro, formado em gestão financeira, pós graduado em controladoria de finanças, graduado em Teologia para Evangelistas pela Universidade Adventista de São Paulo. Autor de livros e de artigos, colunista no Blog Sétimo dia, Jovens Adventista. Tem participado como palestrante em seminários e em Conferências de evangelismo. Casado com Shirlene, é pai de três filhos.

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