O impacto do cristianismo na primeira onda do feminismo

Vanessa Raquel de Almeida Meira*

Isaac Malheiros*

RESUMO:

Esse artigo fará uma reflexão sobre a influência do cristianismo igualitário sobre os movimentos de emancipação feminina que compuseram a Primeira Onda do Feminismo dos séculos XIX e XX. Ao analisar-se alguns movimentos cristãos igualitários, começando com os Shakers Quakers, passando pelo movimento Holiness, os Adventistas, a Ciência Cristã e os pentecostais, é possível observar um padrão de oportunidades para a participação e liderança femininas. No entanto, movimentos cristãos igualitários, como os Quakers, são frequentemente negligenciados em pesquisas e publicações sobre as origens dos movimentos dos direitos das mulheres. Tal negligência é injustificável. Neste artigo, através de pesquisa bibliográfica histórica, será destacada a herança religiosa das personagens que protagonizaram o início do feminismo nos EUA. O artigo revelará que lançar luz sobre as raízes religiosas do feminismo pode inspirar mulheres religiosas que não nutrem simpatia pelo feminismo contemporâneo por causa do anticlericalismo e das fortes críticas e acusações lançadas contra o cristianismo por setores do movimento.

PALAVRAS-CHAVE: Feminismo. Quakerismo. Shakerismo. Sufragismo.

Introdução 

Ao longo da história do cristianismo tem havido “teologias da igualdade original da mulher com o homem, restaurada em Cristo”.3 Ruether chama tais expressões de “feminismo escatológico”, uma perspectiva que se desenvolveu paralelamente e em oposição às antropologias patriarcais. Os Quakers e os Shakers foram exemplos de grupos cristãos que sustentaram a igualdade original de homens e mulheres na criação e sua restauração em Cristo.4

Ao analisarem-se os movimentos cristãos igualitários, começando com os Shakers Quakers, passando pelos grupos gerados pelo movimento Holiness, os Adventistas, a Ciência Cristã e os pentecostais, é possível observar um padrão de oportunidades para a participação e liderança femininas.5

Movimentos cristãos igualitários, como os Quakers, são frequentemente negligenciados em pesquisas e publicações sobre as origens dos movimentos dos direitos das mulheres.6 Tal negligência é injustificável, e se apoia em uma generalização das principais correntes do cristianismo (quando se afirma que “a igreja oprimiu mulheres” ou que “o cristianismo oprimiu mulheres”, de que igreja e de que cristianismo está se falando?).

Mas há autores se esforçando para desfazer tais equívocos. O livro Women of Spirit,por exemplo, faz distinção entre o “protestantismo da corrente principal” e o “protestantismo sectário”, vendo nesse último uma tradição mais consistente de empoderar mulheres.

A desconstrução da religião se tornou um dos principais objetivos de importantes setores do feminismo. Tal desconstrução se manifesta em diferentes formas, sendo uma delas a crítica ao cristianismo. Algumas pesquisadoras do feminismo estão defendendo o completo abandono do judaísmo e do cristianismo, enquanto outras tentam salvar tais religiões de sua tradição sexista através de uma reforma revisionista.8 Setores do feminismo contemporâneo anunciam o “fim de Deus” (o Deus judaico-cristão), ou pelo menos o fim de um mundo tão influenciado por Cristo e por Javé.9

Naomi Goldenberg, por exemplo, é uma das autoras que acreditam na eliminação da tradição judaico-cristã e defendem uma “espiritualidade da Deusa”. Ela afirmou que “nós mulheres vamos dar um fim a Deus”,10 que “havia uma magnificência ligada à ideia de vê-lo [Deus] ir”, e que tinha voltado com alegria à pós-graduação “para estudar o final de Deus”.11 Mary Daly é outra importante pensadora feminista que rejeita totalmente a tradição judaico-cristã.12 E, em uma entrevista, Gloria Steinem afirmou que a religião é o maior problema do feminismo hoje.13

Um dos efeitos dessa crítica feminista às religiões foi o abandono de qualquer fé religiosa por mulheres, ou, no mínimo, a criação de espaços alternativos de espiritualidade. Por outro lado, houve também a criação de um sentimento antifeminista em mulheres religiosas que não se viram representadas por esses setores do movimento.

Por isso, há uma necessidade de se destacar mais claramente o background religioso do movimento feminista e reivindicar a legitimidade de sua importância histórica. Mulheres religiosas precisam saber que houve influência do cristianismo no início dos movimentos pelos direitos das mulheres. A participação de cristãos na Primeira Onda do Feminismo não deve ser superestimada, mas também não deve ser descrita como ações limitadas e circunstanciais.

Esse artigo tem como objetivo demonstrar que a presença cristã no movimento de Primeira Onda não foi marginal, e que essa herança precisa ser resgatada. Não se pode recapitular a história da consciência ocidental omitindo trechos tão relevantes e positivos.

A crítica feminista radical ao cristianismo tende a ser injusta, pois generaliza defeitos e simplifica um quadro tão diversificado quanto o cristianismo. Curiosamente, a mesma academia teológica que consagrou a hipótese de Walter Bauer a respeito da diversidade do cristianismo primitivo14 por vezes trata o cristianismo (primitivo e posterior) como um bloco monolítico no tema do papel da mulher.

É preciso reconhecer que o cristianismo não pode ser restrito às igrejas denominacionais mainstream. Quakerismo também é cristianismo. Da mesma maneira, a Reforma radical, o movimento Holiness, os reavivamentos adventistas e pentecostais, e outros movimentos que contribuíram para a emancipação feminina, também são “cristianismo”.

Tal face igualitária do cristianismo é tão academicamente respeitável quanto as faces mais misóginas e limitadoras. Se a academia restringe o cristianismo a determinadas denominações, e se debruça apenas sobre determinados períodos misóginos da história, tomando tais denominações como representativas de todo o cristianismo, a análise da relação entre religião e feminismo será sempre estereotipada e equivocada.

Os antecedentes religiosos do feminismo

Em suas críticas ao feminismo contemporâneo, Camille Paglia afirma que há importantes elementos na história do feminismo que geralmente são combatidos ou deixados de fora da “narrativa feminista padrão”. Segundo ela, isso pode ser percebido na frequente crítica à cultura ocidental, ao sistema capitalista e à religião. Paglia afirma que a história feminista tem insuficientemente reconhecido o nível de influência que a religião exerceu sobre as feministas da Primeira Onda nos EUA.15

Como diz Salisbury:

“Ao longo de toda a era cristã houve homens e mulheres que viram na sexualidade e o relacionamento entre os dois sexos em termos diferenciados das concepções patrísticas, que acabaram por predominar no pensamento ocidental. Essas ideias também fazem parte de nossa história intelectual”.16

Para Ruether, a visão inicial igualitária e contracultural é a verdadeira face do cristianismo (tal visão teria sido suprimida com o tempo por aqueles que moldaram o cânone escrito do cristianismo).17

Há na história uma série de “cristianismos alternativos” igualitários, como o montanismo18 e algumas formas de gnosticismo.19 Mesmo no cristianismo dominante, o igualitarismo é perceptível nas mulheres místicas, nas comunidades religiosas femininas   e   movimentos   cristãos   populares.20    Surgiram   diversos movimentos igualitários na Reforma, nos quais as mulheres tinham o direito de pregar e ensinar publicamente e agirem como líderes da igreja.21

No século XVII, grupos puritanos radicais acreditavam que homens e mulheres podiam ser igualmente usados pelo Espírito como pregadores da Palavra, independentemente de classe social, nível cultural ou autorização institucional. Mulheres pregadoras batistas são denunciadas já em um documento de 1641.22

A abertura para que mulheres pregassem e até exercessem o ministério já encontra precedentes na Inglaterra do século XVII entre grupos batistas, congregacionais e Quakers.23 Há, de fato, uma bem documentada tradição de mulheres pregadoras entre batistas e Quakers no século XVII, e nos movimentos Holiness e pentecostais dos séculos XIX e XX.24

Os séculos XVIII e XIX viram florescer comunidades cristãs utópicas que pregavam uma sociologia messiânica igualitária contracultural. A expressão máxima dessas comunidades utópicas talvez tenha sido os Shakers.25

Como é possível perceber, a partir do século XVII, o papel da mulher na sociedade americana foi se alterando gradualmente. Vários fatores contribuíram para essas alterações, fatores nomeadamente religiosos.26 Até Simone de Beauvoir, por exemplo, reconhece que o quakerismo e seu ativismo social inspirou e “deu o tom a todo o feminismo norte-americano”.27

Mulheres metodistas já pregavam publicamente no final do século XVIII. Clarissa Danforth (1792–1855) foi ordenada ao ministério da igreja Free Will Baptist em 1815. Sarah Moore Grimké (1792–1873) e Angelina Emily Grimké (1805–1879), as irmãs Grimké, foram uma das primeiras mulheres americanas a defenderem a abolição da escravatura e os direitos das mulheres. O livro de Sarah, “Letters on the Equality of the Sexes and the Condition of Woman” (1838), foi a primeira argumentação pública de grande alcance em favor dos direitos das mulheres.28 O igualitarismo Quaker foi um fator motivador essencial para elas.

Existem outros vínculos históricos menos óbvios entre o cristianismo e o feminismo, como o caso de Mary Wollstonecraft. Patricia Howell Michaelson29 faz uma ligação entre o papel das mulheres Quakers e a obra “Vindications”, de Mary Wollstonecraft, publicada pela primeira vez em 1792. As teorias de igualdade de gênero tanto de Wollstonecraft quanto dos Quakers são marcadas pelo princípio da razão como um valor fundamental do comportamento humano e pertencente a homens e mulheres. Wollstonecraft foi influenciada pela religião, mas, apesar disso, seus escritos são utilizados por um feminismo que tenta excluir a religião.

Antes das principais publicações e discurso em favor das mulheres, Judith Sargent Murray (1751-1820), de família cristã congregacional, e depois cristã universalista, publicou “On the Equality of the Sexes” em 1790 (a igualdade a que ela se referia era a igualdade intelectual).30

Hannah Mather Crocker era filha de um pastor Congregacionalista, e exibia uma forte fé cristã. Ela publicou “Observations on the Real Rights of Women, with Their Appropriate Duties, Reminiscences and Traditions of Boston, Agreeable to Scripture, Reason and Common Sense” em 1818.31

Houve muitos homens igualitaristas que apoiaram a luta feminina. William Lloyd Garrison era cristão, e fez seu primeiro discurso sobre princípios igualitários na Park Street Church, em Boston, em 1829.32 Garrison está homenageado no calendário litúrgico da Igreja Episcopal.

Entre os negros, houve vários cristãos abolicionistas e ativistas dos direitos femininos. Harriet Ross Tubman (c. 1820-1913) ex-escrava, abolicionista, era uma cristã devota.33 Frederick Douglas, um pregador licenciado pela African Methodist

Episcopal Zion Church,34 foi um dos homens participantes da histórica Convenção de Seneca Falls. Mulheres importantes da luta feminina, como Sojourner Truth e Harriet Tubman, também frequentavam essa igreja metodista.35

O igualitarismo cristão dos Quakers Barbara Brown Zikmund mostra a relação entre o desenvolvimento do feminismo e o crescimento do “cristianismo sectário” nos EUA do século XIX. E os Quakers, mais que qualquer outro grupo, deram oportunidade às mulheres exercerem liderança.36 Apesar de ter havido relativa igualdade entre gêneros em grupos Protestantes Radicais, os Quakers foram os que desenvolveram tal crença com mais clareza e convicção.37

Não foi por coincidência que as mulheres Quakers assumiram a liderança dos mais importantes movimentos de reforma social do século XIX.38 A força da herança Quaker já pode ser vista no estado de Nova Jersey, onde as mulheres solteiras votavam desde 1776, enquanto os outros estados ou proibiam a emancipação feminina ou se calavam sobre o tema.39

Os Quakers (ou Sociedade dos Amigos) são um movimento religioso de tradição protestante fundado pelo inglês George Fox em 1652. Destacaram-se como pacifistas, abolicionistas e igualitaristas de gênero. Lideraram e se envolveram em movimentos contra o tráfico de escravos e a escravidão, pela reforma das prisões, pela abolição da pena de morte e contra as guerras entre nações.

Para os Quakers, a dominação masculina era uma manifestação do pecado. A igualdade entre homens e mulheres foi restaurada em Cristo, que ordenou que homens e mulheres fossem anunciadores proféticos do evangelho.40

Os Quakers sistematizaram teologicamente as propostas igualitárias, em boa medida graças aos esforços de Margaret Fell, esposa de George Fox.41 Ela, suas filhas e Fox defendiam a igualdade de homens e mulheres como uma verdade bíblica, sustentada na criação e na doutrina da “imagem de Deus”.42

Por causa do conceito de Luz Interior (fruto da atuação direta do Espírito Santo no interior de cada pessoa, indistintamente), os Quakers não admitiam distinções sociais humanas (livre – escravo, sacerdote – leigo, homem – mulher), pois todos são iguais perante Deus.43 Por isso, mulheres e homens tinham igual liberdade para pregar e ensinar.

A educação que os Quakers ofereciam às suas meninas e mulheres era um destaque. Desde o início, George Fox se esforçou por providenciar escolas para as meninas, criando algumas escolas exclusivamente femininas. Eles insistiam que meninos e meninas deveriam aprender a ler a Bíblia.44

Os Quakers traduziram sua teologia da igualdade de gênero original e restaurada em uma participação das mulheres no trabalho missionário, pregando e liderando reuniões. Mas, inicialmente, eles não se lançaram em um ativismo público pela igualdade das mulheres na sociedade em geral porque sua visão sectária inicial os levara a ver o mundo não-Quaker como um mundo caído do qual eles deveriam manter distância.

Mas no século XIX essa postura sectária foi contestada por várias feministas abolicionistas de tradição Quaker, particularmente por Sarah e Angelina Grimké e Lucretia Mott, que uniram a teologia Quaker com o pensamento democrático americano. Estas mulheres são as matriarcas do feminismo norte-americano. Elas inauguraram a luta pelos direitos civis das mulheres na sociedade norte-americana que iria ser levada a efeito por mulheres Quakers mais jovens, como Susan B. Anthony.45

O quakerismo proporcionou um ambiente onde mulheres podiam ser ouvidas em pé de igualdade com os homens.46 Nas reuniões Quakers, qualquer pessoa, homem ou mulher, pode ser movida pelo Espírito a falar.47 As mulheres Quakers pregadoras desempenharam um importante papel ao servirem de modelo para discursos públicos femininos. Elas abriram caminho para que mulheres pudessem discursar em espaços públicos e diante de auditórios diversos.48

E, no século XIX, as mulheres Quakers se tornaram cada vez mais visíveis, e desempenharam papel fundamental no surgimento da Primeira Onda do feminismo.49 Como destaca Ruether:

Subjacente a este ministério ativo das mulheres Quakers como pregadoras, missionárias, escritoras e líderes de reuniões de mulheres estava uma teologia Quaker da igualdade espiritual dos homens e mulheres na criação, uma igualdade que foi restaurada por meio da redenção em Cristo.50

A experiência pioneira dos Shakers

As publicações feministas em português raramente citam os Shakers, uma ancestral ramificação feminista e igualitária do movimento Quaker, mas eles são altamente relevantes. Os Shakers surgiram no século XVIII através de uma carismática líder inglesa chamada Ann Lee. Após se mudarem para NovaYork, esse grupo cresceu e obteve renome em meados do século XIX.

Ann Lee elaborou uma teologia de um Deus andrógino e foi pioneira numa forma de culto ao Deus que é Mãe e Pai. Bem antes do feminismo contemporâneo, ela impôs uma estrita igualdade sexual em todos os níveis de sua comunidade, a propriedade compartilhada dos bens e a valorização da pureza. As mulheres tinham tanta voz que as comunidades Shakers por vezes eram uma ginocracia.

Os Shakers eram celibatários, pois criam que as relações sexuais causavam a poluição espiritual. Isso explica o decréscimo numérico e sua quase extinção. Após a morte da fundadora carismática mãe Ann Lee, em 1788, os Shakers institucionalizaram a igualdade dos sexos em sua teologia, governo e prática diária.51

Glendyne Wergland analisou as experiências das mulheres nas comunidades Shakers e concluiu que eles alcançaram um notável grau de igualdade de gênero num momento histórico em que as mulheres ainda sofriam sob as restrições legais e sociais da tradição patriarcal. Para ela, a experiência das mulheres Shakers também serviu de modelo para a promoção dos direitos das mulheres na cultura política americana.52

As raízes religiosas das abolicionistas e sufragistas

A história registra que o movimento dos direitos das mulheres surgiu, em parte, da luta abolicionista da década de 1840, e foi composto em grande medida por mulheres de tradição Quaker.53 Foi o movimento abolicionista que deu às mulheres americanas a primeira chance de se organizarem para a ação política, como a luta pelo direito feminino de voto (sufragistas). Ali elas aprenderam a criar campanhas de contestação, a fazer reuniões públicas e falar em público. O movimento abolicionista e o de emancipação da mulher se apoiavam mutuamente, e é preciso destacar que a primeira geração de feministas foi composta essencialmente por abolicionistas cristãs. Susan Brown Anthony (1820-1906), um dos nomes mais importantes da Primeira Onda do feminismo, era uma cristã Quaker. Foi presa por votar em 1872, quando não era permitido, e em 1890 organizou em Washington a primeira convenção para o voto feminino. Sua atuação foi tão destacada que a emenda permitindo o voto feminino nos EUA recebeu seu nome (Emenda Anthony).54

A firmeza de Susan Anthony foi produto de sua estrita educação Quaker.55 Os valores religiosos de Anthony têm sido subestimados ou tratados como um mero detalhe em estudos biográficos, mas é preciso destacar que ela manteve seus princípios Quakers.56 Susan Anthony não compartilhava da visão crítica que outras sufragistas, como Elizabeth Cady Stanton, tinham a respeito da religião.57 E mesmo Elizabeth Stanton, uma das mulheres mais importantes da Primeira Onda do feminismo, apesar de sua postura mais crítica à religião, era ligada à Igreja Episcopal. Stanton liderou a publicação de uma versão feminista da Bíblia, a Bíblia das Mulheres. Muitas mulheres sufragistas faziam parte do grupo cristão protestante Woman’s Christian Temperance Union, a primeira grande agremiação de mulheres a promover esforços organizados em prol de reformas sociais nos EUA.58 Esse grupo foi fundado em 1874 com o apoio e a liderança de muitas mulheres cristãs, como Hannah Withall Smith (que era Quaker).

O movimento de temperança da década de 1870 foi chamado de Cruzada das Mulheres ou Guerra Santa das mulheres. As mulheres se reuniam em grupos do lado de fora dos saloons, e ali elas oravam, cantavam hinos e obstruíam a entrada. Muitos saloons tiveram que fechar ou se mudar.59

Woman’s Christian Temperance Union foi a maior e mais influente associação de mulheres que existira até então. Para uma comparação, a associação sufragista National American Woman Suffrage Association tinha apenas treze mil membros em 1893, enquanto a Woman’s Christian Temperance Union contava com quase dois milhões.60 A organização do grupo e a mobilização de mulheres em torno de causas sociais contribuiu para o maior envolvimento feminino na política.

A luta sufragista, motivada por ideais e paradigmas religiosos, portanto, não pode ser automaticamente definida como um movimento revolucionário ou classista. Na verdade, o conservadorismo da maioria das líderes sufragistas é percebido em sua simpatia pelo movimento de temperança, que tinha como um dos principais objetivos proibir o consumo de bebidas alcoólicas nos EUA, o que finalmente levou à Lei Seca.61

Segundo Ruether, a Primeira Onda de feminismo foi liberal e se manifestou na Convenção de Seneca Falls em 1848,62 considerado um evento fundante da Primeira Onda. Essa primeira convenção pelos direitos das mulheres nos EUA ocorreu numa Igreja Metodista Wesleyana, o que é uma demonstração simbólica do vínculo entre a Primeira Onda e o cristianismo. Foram dois dias de discussão, e, no final, mulheres e homens assinaram uma Declaração de Sentimentos, com reivindicações e um plano de ação para o movimento pelos direitos das mulheres. O documento contém doze resoluções pedindo igualdade de tratamento para homens e mulheres perante a lei e o direito de voto para as mulheres.63 Pelo menos um quarto das assinaturas da Declaração de Sentimentos era de mulheres Quakers.64

O documento de Seneca Falls é pleno de referências religiosas à criação divina. Ele termina com uma resolução que incentiva homens e mulheres a se esforçarem para “derrubar o monopólio do púlpito e para assegurar às mulheres participação igual aos homens […]”.65

Outro produto da Convenção de Seneca Falls foi uma segunda convenção, mais radical, organizada em Rochester, em agosto do mesmo ano. Foi organizada por Lucretia Mott e Elizabeth Stanton, acompanhada por três outras mulheres Quakers (Mary Ann McClintock, Jane Hunt e Martha Wright). De um modo geral, o sufragismo está estreitamente vinculado aos setores igualitários do cristianismo do século XIX. E esse vínculo aparece claramente quando verificamos os grandes nomes que fazem parte da história da luta pelos direitos femininos, o que faremos a seguir.

A presença cristã na linha cronológica da Primeira Onda do Feminismo

Abigail Quincy Smith Adams (1744-1818), primeira dama dos EUA (foi esposa do presidente John Adams), era de família Quaker, filha de um ministro Quaker, que posteriormente tornou-se cristã unitariana. Em 1776, através de cartas, ela pressionou seu marido, congressista na época, para a criação de leis igualitárias que beneficiasse as mulheres.66 Apesar de não ter dado resultado, essas cartas são um dos primeiros escritos conhecidos pedindo direitos iguais para as mulheres.

Quaker Anne Knight (1781-1862) foi quem produziu o primeiro folheto a favor do voto feminino em 1847.67 Anna Haslam (1829-1922), uma sufragista Quaker, estava entre as que subscreveram a petição do Women’s Suffrage Committee, apresentada por John Stuart Mill ao parlamento inglês em 1866.68

Lucretia Mott (1793-1880), uma das principais personagens da histórica Convenção de Seneca Falls, era ministra Quaker e uma cristã piedosa.69 Eliza Gurney (1801-1881) foi evangelista Quaker; Sybil Jones (1808-1873) foi evangelista e missionária Quaker; e Elizabeth Leslie Rous Comstock (1815-1891) foi uma ministra Quaker.70

Também eram Quakers as já citadas irmãs Sarah Moore Grimké (1792-1873) e Angelina Emily Grimké71 (1805-1879), Abigail Hopper Gibbons72 (1801-1893), Abigail Kelley Foster73 (1810-1887) e Hannah Whital Smith74 (1832-1911), uma das fundadoras do Woman’s Christian Temperance Union.

Amelia Jenks Bloomer75 (1818-1894) era cristã, não era Quaker, mas foi incentivada por seu marido, um Quaker editor de um jornal, a escrever artigos sobre o tema dos direitos da mulher. Assim, ela se tornou posteriormente a editora do primeiro jornal dedicado à causa feminina, The Lily.

Rebecca Webb Pennock Lukens (1794-1854) foi a primeira mulher de negócios dos EUA, proprietária e gerente de uma companhia industrial do ramo do aço e ferro. Apesar de não ser ativista, inspirou outras mulheres com sua vida. Sua tradição Quaker é destacada como fator primordial em sua carreira de liderança.76

Eram Quakers as abolicionistas e sufragistas Sarah Pugh77 (1800-1884), Elizabeth Buffum Chace78 (1806-1899) e Mary Grew79 (1813-1896). Harriet Bishop80 (1817-1883), sufragista, foi missionária e professora batista. Lucretia Longshore Blankenburg (1845-1937) foi uma sufragista Quaker.81 Isabella Ford (1855–1924), escritora e sufragista inglesa, também era de tradição Quaker.82

Outra importante ativista do direito feminino foi Sojourner Truth (1797-1883), ex-escrava, abolicionista, pregadora cristã. Não era Quaker, mas após fugir do seu dono com a filha bebê em 1826, e deixar para trás os outros quatro filhos, Sojourner viveu durante algum tempo com uma família Quaker que lhe deu a única educação que recebeu na vida. Foram eles que também a ajudaram a recuperar um dos seus filhos. Posteriormente ela se converteu ao cristianismo e viajou pelo país para ajudar nas causas abolicionistas e promover os direitos das mulheres.83

A grande oradora Anna Elizabeth Dickinson84 (1842-1932), primeira mulher a fazer um discurso político no congresso americano, e a ativista dos direitos das mulheres Marta Carey Thomas85 (1857-1935), eram Quakers.

A sufragista e defensora dos direitos femininos Lucy Stone (1818-1893) não era Quaker, mas foi influenciada pelo pensamento igualitário das já mencionadas irmãs Grimké. Stone fez seu primeiro discurso feminista no púlpito da Igreja Evangélica Congregacional pastoreada por seu irmão William Bowman Stone, em 1847.86 Indignada com o modo como a Biblia era utilizada para legitimar o sexismo, Stone gastou vários anos aprendendo hebraico e grego para descobrir se a Bíblia de fato apoiava tais interpretações. Ela acreditava que a Bíblia, corretamente interpretada, estava do lado da igualdade de direitos para homens e mulheres.87

Alice Paul (1885-1977), outra sufragista americana e ativista dos direitos das mulheres, agiu fortemente influenciada pelos valores Quakers.88

Esse não é um levantamento histórico exaustivo. Muitos outros nomes poderiam surgir em uma pesquisa mais detalhada. Mas é suficiente para demonstrar que o cristianismo não pode ser acusado de ser opressor de uma maneira generalizada, pois foi um dos principais fatores motivadores para o ativismo da Primeira Onda. O mais correto, e justo, seria afirmar que houve setores do cristianismo que reproduziram a opressão cultural, e houve setores que ergueram a bandeira da libertação feminina.

Há lugar para mulheres religiosas

Após analisar os dados históricos apresentados neste artigo, é possível afirmar que há sim lugar par mulheres religiosas na luta feminista. Ruether defende que o feminismo não deve tomar essas expressões marginais do cristianismo como norma e nem deve rejeitar todo o cristianismo dominante como inutilizável para mulheres. Segundo ela, o feminismo deve descobrir o que é utilizável tanto nas tradições cristãs marginais quanto na tradição dominante.89

Em tempos em que é muito comum ouvir críticas feministas aos valores judaico-cristãos e sua “educação repressora e castradora”, é preciso resgatar historicamente esse importante traço libertador que se manteve vivo no seio do cristianismo através dos séculos.

Liderança feminina nas igrejas é um tema que poderia ser mais bem explorado por pesquisadores da história do feminismo, olhando além das igrejas mainstream. Mesmo não estando diretamente ligados aos movimentos feministas da Primeira Onda, é importante destacar que muitos movimentos cristãos deram espaço para importantes lideranças femininas como Phoebe Palmer (movimento Holiness), Ellen G. White (adventista) e Aimee Semple McPherson (Igreja do Evangelho Quadrangular).

A história da Primeira Onda do feminismo responde a uma pergunta de Camille Paglia: “O feminismo é intrinsecamente um movimento da esquerda, ou pode haver um feminismo baseado em princípios conservadores ou religiosos?”90 Nem todas as mulheres irão se interessar em uma revolução feminista à moda classista ou radical, mas as sufragistas podem ser uma inspiração. Como foi visto, as sufragistas norte-americanas reivindicaram a igualdade entre os gêneros mais por causa dos valores religiosos dos Quakers do que por algum idealismo revolucionário secular.

Segundo Zikmund:

Dentro da própria igreja mulheres foram emancipadas através de estruturas informais […]. Finalmente, as mulheres foram expostas à competente liderança de mulheres capazes e articuladas entre os Shakers, Quakers, Adventistas do Sétimo Dia, Cientistas Cristãos, e nos reavivamentos de Santidade e Pentecostais. O cristianismo sectário do século dezenove empoderou muitas mulheres em cargos de liderança, apesar da sua ambiguidade a respeito das relações simbólicas do ”masculino” e do “feminino”.91

Considerações finais

O peso das igrejas tradicionalmente fechadas à emancipação feminina não sufocou as comunidades cristãs que valorizavam a liberdade feminina e a igualdade na história do cristã. Graças a essas comunidades, o pensamento igualitário não se perdeu dentro do cristianismo. Tal visão sempre existiu, e foi preservada dentro do cristianismo, o que possibilitou, aliás, a exposição de uma de suas facetas neste artigo. A visão igualitária também compõe a diversificada herança cristã. Depois de tantos séculos, é preciso avaliar como o exemplo e o ensino dessas comunidades podem nos ajudar hoje.

Redescobrir essa história nos permite reivindicar uma parte de nosso passado cristão e nos ajuda a retratar o cristianismo com mais isenção e menos estereótipos. Além disso, há na história dessas comunidades um rico material para pesquisa, uma relevante e influente linha de pensamento que deu dignidade e independência às mulheres. Quem deseja explorar historicamente visões positivas sobre a mulher dentro do cristianismo não encontra um vazio, mas farto material ainda inexplorado.

Talvez a ênfase no feminismo de Primeira Onda seja mais benéfico ao feminismo liberal individualista, em contraste com outras tradições da libertação feminina (como o feminismo classista, socialista e radical). Mas as tradições feministas não deveriam se apresentar como concorrentes uma das outras. Quando os setores revolucionários do feminismo tecem ácidas críticas à religião, propondo rupturas radicais com a tradição judaico-cristã (ou até mesmo sua eliminação), causará repulsa em mulheres religiosas e mais identificadas com o pensamento liberal ou conservador. Isso (e não explicações simplistas sobre o patriarcado internalizado) explica em parte o sentimento antifeminista encontrado em muitas mulheres.

Redescobrir as raízes religiosas ligadas ao feminismo pode ajudar a desfazer estereótipos e conquistar a simpatia, o apoio e até o envolvimento de uma grande parcela e mulheres. Além disso, pode inspirar e motivar mulheres religiosas na luta contra superestruturas religiosas mais opressoras sem abrir mão de sua própria herança cristã.

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Notas de Rodapé:

1 Pedagoga, mestranda em Teologia na Escola Superior de Teologia (São Leopoldo-RS), na área de Religião e Educação, integrante do grupo de pesquisa em Currículo, identidade religiosa e práxis educativa, bolsista da CAPES.

2 Mestre em Teologia (EST), doutorando em Teologia na Escola Superior de Teologia, São Leopoldo- RS, bolsista da CAPES.

3 RUETHER, Rosemary R. Sexismo e religião: rumo a uma teologia feminista. São Leopoldo: Sinodal, 1993. p. 88.

4 RUETHER, 1993, p. 90.

5 ZIKMUND, Barbara Brown. The Feminist thrust of sectarian Christianity. In: RUETHER, Rosemary R.; MCLAUGHLIN, Eleanor (eds.). Women of Spirit: female leadership in the jewish and christian traditions. New York: Simon and Scuster, 1979. p. 221.

6 ZIKMUND, 1979, p. 217.

7 RUETHER; MCLAUGHLIN, 1979.

8 GOLDENBERG, Naomi R. Changing of the gods: feminism and the end of traditional religions. Boston: Beacon Press, 1979. p. 10.

9 GOLDENBERG, 1979, p. 10.

10 ALCOFF, Linda; CAPUTO, John D. Feminism, Sexuality, and the Return of Religion. Bloomington: Indiana University Press, 2011. p. 59.

11 GOLDENBERG, 1979, p. 3.

12 RUETHER, 1993, p. 38.

13     Disponível   em:    <http://www.huffingtonpost.com/2014/02/11/gloria-steinem-makers-conference- jennifer-aniston_n_4764866.html>. Acesso em 27 jun. 2016.

14 BAUER, Walter. Orthodoxy and Heresy in Earliest Christianity. Philadelphia: Fortress, 1971.

15 PAGLIA, Camille. Feminism Past and Present: Ideology, Action, and Reform. Arion: A Journal of the Humanities      and                      the      Classics.               Vol.     16,     n.     1,     2008.     p.     6.     Disponível     em:

<http://www.bu.edu/arion/files/2010/03/Feminism-Paglia1.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2016.

16 SALISBURY, Joyce E. Pais da Igreja, Virgens Independentes. São Paulo: Página Aberta, 1995. p. 196

17 RUETHER, 1993, p. 35.

18 FIORENZA, Elisabeth Schussler. Word, Spirit and Power. In: RUETHER, Rosemary R.; MCLAUGHLIN, Eleanor (eds.). Women of Spirit: female leadership in the jewish and christian traditions. New York: Simon and Scuster, 1979. p. 39-44.

19 PAGELS, Elaine. The gnostic gospels. New York: Random, 1979. p. 471-474.

20 RUETHER, 1993, p. 36.

21 RUETHER, 1993, p. 36.

22 IRWIN, Joyce L. Womanhood in Radical Protestantism, 1525-1675. New York: The Edwin Mellen, 1979. p. 212-214.

23 BRAITHWAITE, William Charles. The Beginnings of Quakerism. Cambridge: Cambridge University Press, 1955. p. 12, 44, 157-158.

24 RUETHER, 1993, p. 164.

25 RUETHER, 1993, p. 37.

26 NUNES, Rosa Maria Magalhães. Anne Hutchinson – Uma Pregadora e Defensora da Liberdade Religiosa em New England. Dissertação (mestrado). Lisboa: Universidade Aberta, 2009. p. 86.

27 BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: fatos e mitos. Vol 1. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970. p. 162.

28 BIRNEY, Catherine H. The Grimke Sisters Sarah and Angelina Grimke: The First American Women Advocates of Abolition and Women’s Rights. New York: Boston, Lee and Shepard, 1885. Disponível em: <https://archive.org/details/grimksisterssara00birn&gt; Acesso em: 17 jun. 2016.

29 MICHAELSON, Patricia Howell. Religious Bases of Eighteenth-century Feminism: Mary Wollstonecraft and the Quakers. Women’s Studies. Vol. 22, n. 3, 1993. p. 281-295.

30 Resumo biográfico disponível em: <http://www.jsmsociety.com/Biography.html>. Acesso em: 23 Mai 2016.

31 Resumo biográfico disponível em: <http://hmcsociety.wix.com/hmcs>. Acesso em: 23 maio 2016.

32 Disponível em: <https://archive.org/stream/garrisonsfirstan00garr#page/77/mode/2up&gt;. Acesso em: 23 maio 2016.

33 RAPPAPORT, Helen. Encyclopedia of Women Social Reformers, Vol. 1. Santa Barbara: ABC Clio, 2001. p. 718.

34 Disponível em: <http://www.pbs.org/thisfarbyfaith/people/frederick_douglass.html>. Acesso em: 17 jun. 2016.

35 LEE, Maurice S. The Cambridge Companion to Frederick Douglass. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. p. 63.

36 ZIKMUND, 1979, p. 217.

37 IRWIN, 1919, p. 161-162.

38 WAYNE, Tiffany K. Women’s Roles in Nineteenth-century America. Westport: Greenwood Press, 2007. p. 59.

39 COPPENS, Linda Miles. What American Women Did: 1789-1920. Jefferson: McFarland & Company, 2007. p. 7.

40 RUETHER, Rosemary Radford. Women and Redemption: A Theological History. Minneapolis: Fortress Press, 2012. p. 5.

41 FIORENZA, 1979, p. 36.

42 Um dos textos mais importantes é Women’s Speaking Justified, Proved, and Allowed of by the Scriptures. Disponível em: <http://www.qhpress.org/texts/fell.html>. Acesso em 24 jun. 2016.

43 ZIKMUND, 1979, p. 217.

44 IRWIN, 1979, p. 129-130.

45 RUETHER, 2012, p. 5.

46 Para uma exposição mais detalhada do papel da mulher na história do quakerismo, ver HUBER, Elaine C. “A woman must not speak”: Quaker Women in the English Left Wing. In: RUETHER; MCLAUGHLIN; p. 153-182. Huber demonstra que as mulheres Quakers não apenas tinham liberdade para pregar e ensinar a religião publicamente, mas também lideravam em atividades seculares e gerenciavam recursos financeiros. Para uma exposição mais detalhada de outros aspectos do estilo de vida Quaker, ver LOUKES, Harold. The Quaker contribution. Naperville: SCM Press, 1965. p. 90-124. 47 WAYNE, 2007, p. 53.

48  WAYNE, 2007, p. 59.

49 ZIKMUND, 1979, p. 217.

50 RUETHER, 2012, p. 112.

51 Sobre o shakerismo, ver CARREIRA, Shirley de Souza Gomes. Shakerismo na América do Norte: ascensão e queda de uma comunidade utópica. Recôncavo: Revista de História da UNIABEU. Ano 1, Número         2,         Janeiro-Julho         de         2012.      p.        85-97.                                                                                       Disponível em:

<http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/reconcavo/article/view/515/pdf_253>. Acesso em: 23 maio 2016.

52 WERGLAND, Glendyne. Sisters in the Faith: Shaker Women and Equality of the Sexes. Amherst: University of Massachusetts Press, 2011.

53 RUETHER, 2012, p. 122.

54 MCHENRY, Robert (ed.). Famous American Women: A Biographical Dictionary from Colonial Times to the Present. Springfield: G&C Merriam Company, 1980. p. 10-11.

55 WAYNE, Tiffany K. Women’s Rights in the United States: A Comprehensive Encyclopedia of Issues, Events and People. Santa Barbara: ABC Clio, 2015. p. 131.

56 JAMES, Edward T.; JAMES, Janet Wilson; BOYER, Paul S.; COLLEGE, Radcliffe (eds.). Notable American Women, 1607-1950: A Biographical Dictionary. Cambridge: Belknap Press, 1971. p. 51-53.

57 GOLDENBERG, 1979, p. 11. Para Goldenberg, Elizabeth Stanton queira revolucionar, acreditava na eliminação do judaísmo e do cristianismo ao publicar The Woman’s Bible (1895). Lucy Stone e Elizabeth Stanton representam dois setores do feminismo contemporâneo crítico da religião: os que querem reformar as tradições religiosas, preservando o que não é sexista, e os que querem a total ruptura das tradições religiosas (p. 10-13).

58 Outros grupos cristãos mobilizaram mulheres para o ativismo social. Um grupo importante foi a New York Female Moral Reform Society, estabelecida em 1834, com Lydia Finney (esposa do evangelista Charles Grandison Finney) atuando como presidente. A preocupação desse grupo era manter as mulheres fora da prostituição.

59 PAGLIA, 2008, p. 6.

60 MASSON, Erin M. The Women ‘s Christian Temperance Union 1874-1898: Combating Domestic Violence. William & Mary Journal of Women and the Law. Vol 3, 1997, p. 163, nota 2. Disponível em:

<http://scholarship.law.wm.edu/wmjowl/vol3/iss1/7>. Acesso em: 21 Jun. 2016.

61 PAGLIA, 2008, p. 5.

62 RUETHER, 1993, p. 166.

63 IMBORNONI, Ann-Marie. Women’s Rights Movement in the U.S.: History of the American Women’s Rights    Movement                               1848–1920.                     Disponível                        em:

<http://www.infoplease.com/spot/womenstimeline1.html>. Acesso em: 16 maio 2016.

64 HEWITT, Nancy A. Feminist Friends: Agrarian Quakers and the Emergence of Woman’s Rights in America. Feminist Studies. 12.1, 1986. p. 27-49.

65 RUETHER, 1993, p. 166.

66 O conteúdo dessas cartas pode ser visto em: <http://www.thelizlibrary.org/suffrage/abigail.htm>. Acesso em: 13 Jun. 2016.

67 ROWBOTHAM, Sheila. Women in Movement: Feminism and Social Action. New York: Routledge, Chapman and Hall, 1992. p. 57.

68 ROWBOTHAM, 1992, p. 70.

69 MCHENRY, 1980. p. 295.

70 ZIKMUND, 1979, p. 217-218.

71  MCHENRY, 1980, p. 169-170.

72  MCHENRY, 1980, p. 152-153.

73  MCHENRY, 1980, p. 138-139.

74 MCHENRY, 1980, p. 385.

75 MCHENRY, 1980, p. 39.

76 MCHENRY, 1980, p. 257.

77 JAMES; JAMES; BOYER et al, 1971. p. 104.

78 JAMES; JAMES; BOYER et al, 1971, p. 317.

79 JAMES; JAMES; BOYER et al, 1971, p. 91.

80  JAMES; JAMES; BOYER et al, 1971, p. 151.

81  JAMES; JAMES; BOYER et al, 1971, p. 170.

82 ROWBOTHAM, 1992, p. 132; CRAWFORD, Elizabeth. The Women’s Suffrage Movement: A Reference Guide 1866-1928. London: UCL Press, 1999. p. 226.

83 WAYNE, 2015, p. 193-195.

84 WAYNE, 2015, p. 66.

85  WAYNE, 2015, p. 231.

86  WAYNE, 2015, p. 181.

87 GOLDENBERG, 1979, p. 13.

88 ADAMS, Katherine H.; KEENE, Michael L. Alice Paul and the American Suffrage Campaign. Chicago: University Of Illinois Press, 2008. p. 1-19; MCHENRY, 1980, p. 319.

89 RUETHER, 1993, p. 38.

90 PAGLIA, 2008, p. 4.

91 ZIKMUND, 1979, p. 222.

_______________

Referências Bibliográficas

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Fonte: Reação Adventista

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Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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