A Ciência e a Bíblia contra o aborto

 

Por Johny Chantre

A descriminalização do aborto é uma das grandes bandeiras da terceira onda feminista. Com frases prontas, elas tentam justificar esse ato vil como um direito próprio, uma vez que seriam elas as maiores prejudicadas com o nascimento de um filho e, sendo assim, deveriam decidir por continuar a gestação ou não.

É interessante notar em seus bordões e ideias, como: “Meu corpo, minhas regras”; “O embrião/feto é apenas um punhado de células”; “O embrião/feto não é uma criança, é algo descartável”; “O embrião/feto não sente dor porque não possui sistema nervoso”; “O embrião/feto não é um ser vivo”; “Ele é uma extensão do meu corpo”; etc., a total desvalorização do conceito de vida. Se essa luta, completamente egoísta e irresponsável, estivesse restrita ao mundo, menos mal. Infelizmente, não é esse o caso. Influenciados pela esquerda, principalmente em escolas e universidades, muitos jovens acabam trazendo essas ideias para dentro da igreja.

Por conta disso, percebi que seria interessante escrever sobre o tema, dissertando sobre aborto a partir de uma perspectiva celular, tendo como base a ciência e, sobretudo, a Bíblia, já que ninguém conhece mais sobre a vida e sobre os direitos de seus possuintes do que quem a concede, o próprio Deus. Deixo claro que questões como o aborto previsto em lei (anencefalia, risco de vida à mãe ou em caso de estupro) e os abortos motivados por falhas nos métodos contraceptivos não serão analisados neste texto, já que tais condições fogem dos principais motivos de se abortar.

Aborto e Ciência

Segundo o dicionário Aurélio, aborto significa: “Expulsão de um feto ou embrião por morte fetal, antes do tempo e sem condições de vitalidade fora do útero materno”. Antes de igualarmos o embrião a um ser humano em desenvolvimento (feto), precisamos entender o que seria um embrião.

Embrião, por definição, é uma estrutura originária da fertilização de um óvulo (gameta feminino) por um espermatozoide (gameta masculino). Logo após a fertilização, a estrutura gerada passa a ser chamada de zigoto. Em seguida, começa a dividir-se em várias células, iniciando o desenvolvimento de diversos órgãos e tecidos, recebendo então o nome de embrião até o final da 8° semana após a fertilização. Depois disso, passará a ser chamado de feto. Vamos observar alguns fatos que ocorrem nessas oito semanas:

Figura 1 – Fases embrionária e fetal. Fonte: Globo/Colégio QI

*  Na 3° semana inicia-se o processo de gastrulação, havendo a formação da mesoderme intra-embrionária, tubo neural (que dará origem ao cérebro e à medula espinhal) e a formação cardiovascular do embrião;

*  A partir da 4° semana a cabeça está em crescimento, o coração começando o bombeamento sanguíneo, e os braços e pernas, bem como olhos e orelhas, já podem ser observados (isso ao fim da 4° semana);

* Na quinta semana o embrião se altera menos, porém os membros superiores e inferiores já ganham forma de pás e nadadeiras, respectivamente.

* Da 5° à 8° semana o embrião começa a adquirir sua forma final, apresentando braços, pernas, cabeça, cotovelos, joelhos, nariz…

 

Figura 2 – Esquema mostrando em que período fetal se desenvolvem os órgãos.

A Citologia – ramo das Ciências Biológicas que estuda os seres vivos no nível celular – afirma que para um indivíduo ser classificado como ser vivo são necessários alguns pré-requisitos:

* Possuir Célula (vírus não é considerado ser vivo porque não possui célula);

* Material genético;

* Capacidade de reprodução;

* Metabolismo e desenvolvimento próprio.

Com base nesses pré-requisitos, por que um embrião não se encaixaria como ser vivo? Ele deixa de apresentar algo que o classificaria desse modo? Por que, então, as feministas não o consideram como ser vivo?

Permitam-me concordar com um bordão também muito utilizado pelas feministas: “O problema não está na vítima, e sim no agressor”. Correto. Mas por que esse senso de justiça não existe no caso dos bebês que ainda não nasceram? Por que as feministas não veem o bebê abortado como a vítima que de fato é? Engraçado é que se eu mostrar um embrião de um elefante, cachorro, gato, golfinho, etc., o consenso muda: o embrião passa a ser importante. Assim, surge outro problema que é bem atual: a humanização do animal. Como conseguem humanizar um animal e animalizar um humano? Como valorizam mais a vida de um animal que a de um humano?

Biologia Animal I e II foram umas das minhas disciplinas prediletas durante o período que cursei Ciências Biológicas na universidade. Ali aprendemos bastante sobre todos os seres classificados como animais, do “mais simples” ao mais complexo.

Conhecem as Esponjas do Mar? Pois bem, são animais pertencentes ao filo Porífera. São bem bonitos, possuindo cores variadas. Mas comparar uma esponja adulta com um embrião humano seria injusto e até infantil. Poríferos não possuem sistemas (cardiovascular ou circulatório, respiratório, endócrino, digestivo, nervoso…), não possuem tecidos definidos, nem órgãos. Por que, então, uma esponja é considerada ser vivo e um embrião não?

Cnidário é o filo ao qual pertence as hidras, medusa (água-viva), anêmonas e corais. São considerados seres vivos? Sim! Mas não possuem tecido muscular verdadeiro, seu sistema nervoso é difuso, a organização tecidual é considerada simples, sem sistema circulatório, respiratório, digestivo etc. Mesmo assim são considerados seres vivos. Ora, um embrião humano é muito mais complexo que qualquer um desses animais quando adulto.

O Reino Monera é formado por seres simples, unicelulares e procariotos. São exemplos deste reino: bactérias, archeas e cianobatérias. Não são também considerados seres vivos? Se numa escavação lá em Marte encontrarem uma bactéria, pode ter certeza que no mesmo dia aparecerá nos noticiários: “Há vida em marte”. E estarão corretos! É necessário comparar um embrião a uma bactéria?

Sendo assim, com base na biologia e em alguns exemplos de seres vivos simples e complexos – embora não tanto quanto os humanos -, justificar pela ciência que um embrião não é um ser vivo, e nisso basear um argumento pró-aborto, é uma ignorância sem tamanho.

Certa vez li que o feto é um “prolongamento do corpo feminino”. Concordaria se o ser humano possuísse duas cabeças, quatro braços, quatro pernas, dois corações, quatro pulmões, dois estômagos e o próprio DNA diferente. Isso é um absurdo! Não é necessário ser um PhD na área, é só ter o mínimo de conhecimento científico e ser verdadeiro consigo mesmo.

O que Deus pensa sobre o aborto?

É assustador ter de escrever sobre esse tema para irmãos e irmãs que também fazem parte da minha denominação. É triste ter de falar sobre algo que já devia estar “no sangue”, ter de defender esse pequeno ser em desenvolvimento, completamente indefeso e puro, que também valeu o sangue de Cristo na cruz. Sinceramente, é muito mais fácil falar sobre o aborto pelo prisma científico. Mas utilizarei a palavra de Deus para nos orientar daqui em diante.

Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA certa vez comentou: “Todos que são a favor do aborto já nasceram”. As pessoas que defendem o aborto não param pra prensar que elas tiveram o direito de nascer. Não refletem sobre a dor que não tiveram quando seus membros foram retirados de dentro do útero; claro, porque não foi com elas.

No inicio do artigo eu disse que esse ato é motivado principalmente por egoísmo, afinal, faz parte do egoísmo humano desejar aos outros o que não queremos para nós mesmos. Mas Jesus adverte: “Façam aos outros o que querem que eles façam a vocês; pois isso é o que querem dizer a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas” (Mt 7:12 – NTLH).

A legalização do aborto traria mais problemas que soluções, afinal, já é um ato irresponsável e que agora seria amparado pela lei. O que impede que o número de abortos aumente progressivamente? Só educação não basta. Vejamos o que está escrito em Gálatas 6:7-8: “Não vos enganeis; de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna”. Essa passagem evidencia o real motivo de se defender a legalização do aborto: a fuga da responsabilidade, onde em vez de cumprirem suas obrigações, preferem matar um indivíduo completamente inocente. Matar um inocente aos olhos de Deus.

Deus melhor do que ninguém sabe o valor de uma vida. Observe o que Deus pensa/age nestas condições:

 “Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão (Êxodo 21:22-25 – NVI).

 O Criador (e Juiz) não aprova que se mate o inocente: “[…] não matarás o inocente e o justo […]” (Êx 23:7).

 Jesus deseja que todas as criancinhas tenham a chance de ganharem a vida eterna: “Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o Reino do Céu é das pessoas que são como estas crianças.” (Mt 19:14, NTHL).

 Por fim, Paulo, em I Coríntios 3:16-17, escreveu: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus que sois vós é sagrado.”

Assim, tanto no Antigo como no Novo Testamento encontramos referências que desaprovam a prática do aborto e de outras atividades que interferem na verdadeira felicidade do ser humano.

Além disso, existem outros versículos que mostram que Deus se relaciona com o embrião/feto/bebês/crianças.

“Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jeremias 1:5).

“Pois tu formaste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” (Salmo 139: 13-16).

“Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então Isabel ficou possuída do Espírito Santo” (Lucas 1:41).

Conclusão

Com base nas evidências científicas e bíblicas, é simplesmente impossível negar a ideia de que um embrião/feto é um ser vivo. Que direito tem o humano de parar o coração de outro?

Acho que depois de tudo isso, devemos pensar com mais carinho quando se trata de defender a vida. Concordo que a mulher tem o direito de escolher se vai ter uma criança ou não, porém ela o faz antes da relação sexual. Se a mãe teve participação voluntária numa relação sexual que resultou em gravidez, ela exerceu sua liberdade de escolha.

Não existe isso de liberdade de decisão sem limites. A liberdade total fere a própria liberdade. A liberdade pessoal não pode violar os direitos de outra pessoa. Ou seja, você tem a liberdade de mexer o braço, mas essa liberdade termina onde começa o meu rosto. E o direito da mulher sobre seu corpo acaba onde começa o corpo do bebê. O fato de que esse bebê ainda não nasceu e não pode se defender não retira seus direitos fundamentais e inalienáveis, tampouco o principal: o direito à vida.

“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão”. (Salmos 127:3).

____________________________

Referências Bibliográficas:

– http://educacao.globo.com/biologia/assunto/fisiologia-humana/embriologia.html

– http://www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao7.php

– http://www.infoescola.com/embriologia/desenvolvimento-embrionario-humano/

– Amabis e Martho. Moderna Plus – Biologia – Biologia Das Células – Parte I – 1º Ano – 4ª Ed.

– Geoffrey M. Cooper and Robert E. Hausman. The Cell – A Molecular Approach.

– Bíblia Sagrada

– http://novotempo.com/namiradaverdade/nao-mataras-o-feto-ex-2013/

– https://estudos.gospelmais.com.br/dez-razoes-porque-o-aborto-e-um-erro.html#forward

– https://www.gotquestions.org/Portugues/aborto.html

– https://setimodia.wordpress.com/2008/12/02/o-dilema-do-aborto/

 

 

Fonte: Reação Adventista

Sobre Weleson Fernandes

Escritor & Evangelista da União Central Brasileira

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