Apocalipse 14:12 resume o princípio que orienta a tríplice mensagem angélica e o resultado de sua proclamação final: um povo que persevera na obediência aos mandamentos de Deus e na fé em Jesus. Essa é a experiência que caracteriza o remanescente fiel nos últimos dias.
Significativamente, o apóstolo João menciona primeiro o resultado da animosa persistência dos santos – a obediência à lei de Deus – e depois sua causa essencial – a fé em Jesus.
Num tempo em que a besta e sua imagem induzem o mundo à ilegalidade e a uma falsa fé, os santos se distinguem pela verdadeira fé em Jesus, a qual é inquestionavelmente demonstrada por sua obediência à lei de Deus. Nisso consiste o foco do conflito final entre a verdade e o erro.
Perseverança: a necessidade de todo crente
A perseverança cristã é fruto de uma convicção íntima e inabalável, que resiste à toda prova. A vida de Jesus Cristo é o maior exemplo de fé e perseverança.
Por isso, o Senhor anima o Seu povo, dizendo:
Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. (Tiago 1:12)
A epístola aos Hebreus exorta os crentes a não abandonar seu amor e confiança em Cristo, tendo em vista tão grande galardão (10:35)! No verso 36, o autor inspirado acrescenta:
Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.
A persistência na fé é considerada pelo apóstolo uma necessidade para o crente. Assim como o alimento e a água são essenciais à vida humana, a perseverança é essencial à vida cristã. Sem ela, o crente não pode cumprir a vontade de Deus nem alcançar a “promessa da eterna herança” (Hebreus 9:15).
A determinação em cumprir a vontade de Deus é a característica distintiva de Seu povo no tempo do fim. Não poderia ser diferente; a ameaça final contra a vida dos santos requer a mais firme resistência e perseverança (Apocalipse 13:15-17), e é nesse contexto que o chamado de Deus em Apocalipse 14:12 adquire contornos mais significativos.
Ele enfatiza a necessidade de uma vigorosa e constante comunhão com Deus, uma experiência fundamentada em verdades eternas e mantida pelo poder do Altíssimo. O próprio Salvador mencionou a perseverança como essencial nos últimos dias:
Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. (Mateus 24:13)
A menção de Jesus à necessidade de perseverança no tempo do fim é amplamente justificada por dois motivos: (1) o prêmio de infinito valor prometido aos santos; e (2) a exposição às seduções dos falsos profetas, cuja atuação nesse período ameaçaria os cristãos com enganos quase irresistíveis, incitando a apostasia e o pecado.
A derradeira prova de lealdade
A perseverança do remanescente final será provada em face da atividade global do anticristo.
A visão é descrita em linguagem simbólica, mas se refere a acontecimentos reais de alcance mundial (ver Apocalipse 1:1).
Aqui se descrevem potências religiosas apóstatas representadas pelas figuras do dragão, da besta que emerge do mar (Apocalipse 13:1-10) e do falso profeta (a besta que emerge da terra, conforme 13:11-17), que se dirigem a todos os poderes políticos do mundo com o objetivo de uni-los sob uma causa comum.
Isso significa que, pouco antes da vinda de Cristo, haverá uma convergência de interesses religiosos e políticos que culminará com uma nova configuração mundial, a qual declarará guerra ao Deus Todo-Poderoso e ao Seu povo.
Em outras palavras, o Apocalipse adverte que o mundo caminhará em direção a uma aproximação, uma união com base em interesses, necessidades e valores em comum. Conforme antecipa Daniel 2:43, não se trata de uma união orgânica e permanente, mas relativa e transitória.
O resultado dessa aproximação entre potências religiosas e políticas é uma ordem mundial em que todos têm “um só pensamento” (Apocalipse 17:13). Essa será a cosmovisão dominante no tempo do fim. Cosmovisão se refere à visão de mundo, ao espírito da época, neste caso caracterizada por movimentos de conciliação, convergência e cooperação em escala global.
Talvez nada represente melhor o verdadeiro espírito por trás dessa política do que o pôster promocional da União Europeia, cuja proposta é simbolizada por uma “torre de Babel”. A inversão de valores é evidente para os que conhecem o significado bíblico de Gênesis 11:1 a 9.
Para potencializar os efeitos de seu discurso conciliador, os agentes demoníacos são também “operadores de sinais”. Pode-se, assim, compreender melhor por que Cristo foi tão enfático quando advertiu Seus seguidores sobre o poder de apelo dos falsos profetas nos últimos dias (Mateus 24:24).
Com efeito, os fiéis discípulos de Jesus não têm de enfrentar somente instituições político-religiosas que reivindicam para si atributos que não lhes pertencem (sobre isso, clique aqui e aqui); enfrentam também uma cosmovisão dominante que absorve todas as demais cosmovisões compatíveis com seus valores, ao mesmo tempo em que repele as incompatíveis.
Perigo real e imediato
As consequências de um posicionamento que contrarie os valores considerados universalmente válidos pela nova ética global podem ser percebidas em questões atualmente sensíveis como a homossexualidade, o feminismo, a identidade de gênero, entre outras.
A palavra “preconceito” é então usada como arma de guerra ideológica, visto que, na perspectiva do discurso consensual globalista, não pode haver tolerância a pensamentos considerados politicamente incorretos.
O mesmo vale para o cristão que crê na Bíblia como a regra máxima de fé e prática, no relato literal da criação em seis dias, no conteúdo profético dos livros de Daniel e Apocalipse ou na volta de Jesus.
“Fundamentalismo” é um termo que tem suportado uma variedade de interpretações bastante flexíveis. Afinal, para ser um cidadão reconhecido pela nova ordem, é necessário suspender o juízo crítico e sujeitar-se à cosmovisão dominante, com seus valores híbridos e anticristãos universalmente aceitos.
É nesse contexto que a perseverança do crente se torna indispensável. Se todos são nossos amigos e concordam conosco, não há por que haver perseverança. Essa virtude é essencial quando estamos na contramão do mundo, do espírito da época, ao reconhecer que seus princípios são incompatíveis com o evangelho de Cristo (veja um exemplo notório, clicando aqui). O próprio Salvador afirmou:
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. (João 15:19) Nosso Redentor se refere aqui ao mundo em seu estado de rebelião contra Deus e Seu governo. Nessas condições, todos os que assumem a “vergonha da cruz” se tornam objeto de desprezo e ódio por parte de um mundo que não pode receber o Espírito da verdade, “porque não o vê, nem o conhece” (João 14:17).
O perigo reside em procurarmos mudar os sentimentos que o mundo tem a nosso respeito, aderindo ao seu discurso conciliador. Penso que a adoção da religião popular é o caminho mais rápido nessa direção.
Digo isso porque grande parte das igrejas cristãs está se convertendo em um espaço de transformação social marcada por uma mudança nos padrões de pensamento, comportamento e valores que incorpora elementos da chamada espiritualidade planetária. O Movimento de Crescimento das Igrejas e a Igreja Emergente são exemplos representativos (mais informações, clique aqui).
O diabo já está enredando o mundo em um engano de dimensões globais. A igreja cristã é agora a última fronteira a ser conquistada. Quais são as ideias que têm influenciado os cristãos a substituir a sólida base de sua fé – a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus – pelos valores da “nova” espiritualidade?
Em Apocalipse 3:10, Jesus Cristo promete preservar a igreja “da hora da tentação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”.